Campanha a favor da saída da União
Europeu revelou sentimento anti-imigrantes.
A comunidade imigrada no Reino Unido manifesta-se claramente preocupada
com o resultado do referendo de quinta-feira, 23, em que os britânicos votaram
a favor da saída da União Europeia (UE).
Apesar de o processo da saída do bloco estar ainda longe do seu término,
já que pode durar dois anos, as preocupações aumentam, nomeadamente para
cidadãos originais dos países africanos de língua portuguesa que, embora tenham
passaporte comunitário, nunca adquiriam a nacionalidade britânica.
O angolano Luís Prata Fernandes, analista de marketing com nacionalidade
portuguesa e passaporte da UE, admite que a preocupação seja grande, mas também
entre “os jovens ingleses que votaram a favor da manutenção no bloco".
Quanto aos cidadãos dos países de língua portuguesa, Fernandes reconhece
qua decisão afecta-os sobremaneira “tanto a nível da autorização de trabalho,
como do próprio emprego”, em virtude de a maioria ter passaporte comunitário,
mas não a nacionalidade britânica.
No seu caso, conta Luís Prata Fernandes que vive há seis anos em
Londres, “pensava em fazer algum investimento aqui, mas agora tenho de pensar
se é a melhor altura e o melhor país para o fazer”.
A maior parte dos angolanos que reside no Reino Unido tem residência e
cidadania do Reino Unido por terem chegado ao país como exilados no tempo da
guerra, mas o mesmo não acontece com outros cidadãos lusófonos.
“Cabo-verdianos, guineenses,
são-tomenses e portugueses têm passaporte comunitário, mas na sua maioria
possuem nacionalidade portuguesa, o que coloca-os em risco de ficarem na
condição de ilegais depois da saída do Reino Unido”, aponta o jornalista
angolano Ngola Nvunji, que dirige o canal no youtube Mwangole TV.
Nvunji afirma haver “muita preocupação, também pelo facto de campanha
toda ter estado assente num discurso anti-imigrante.
“Os estrangeiros são acusados de tomarem o trabalho dos ingleses, de não
haver casa por causa dos estrangeiros e das escolas estarem cheios de
estrangeiros”, exemplifica aquele jornalista que lembra ainda que “pesa ainda a
ameaça da deportação dos que praticaram crimes e, por agora, há muitos
lusófonos nas cadeias, principalmente jovens”.
Quanto ao futuro, há especulações, dúvidas e cautela.
O professor universitário moçambicano Gil Laurenciano adverte no entanto
para eventuais “movimentações independentistas internos” porque este resultado
“pode criar um precedente junto dos que defendem a saída da Escócia de do País
de Gales do Reino Unido”.
Para Laurenciano, há que esperar os próximos movimentos para se saber
como a Europa vai manter-se unida.
Reacções nos Estados Unidos
O Presidente americano Barack Obama garantiu o país manterá as parcerias
com o Reino Unido e com a União Europeia, sublinhando respeitar a opção do
eleitorado pelo ‘Brexit’.
“A relação especial entre os Estados Unidos e o Reino Unido é duradoura
e como membro da NATO, o Reino Unido continua a ser fundamental na política
externa, de segurança e económica dos Estados Unidos”, disse Obama, que realçou
também o relacionamento do seu país com a União Europeia.
Por sua vez, o candidato republicano à presidência americana Donald
Trump considerou que a decisão do referendo é boa para o Reino Unido e para os
Estados Unidos e afirmou que a União Europeia poderá enfrentar uma crise.
A candidata democrata Hillary Clinton disse respeitar a decisão soberana
no povo e que neste momento de incertezas é necessário ter uma pessoa na Casa
Branca com calma e capacidade de liderança para defender os interesses dos
americanos e apoiar amigos e aliados.
Voz da America
www.miguelimigrante.blogspot.com
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