terça-feira, 7 de junho de 2016

Estrangeiros estão entre os 290 mil “escravos modernos” do Japão, diz estudo

Apesar de a escravatura tradicional, onde uma pessoa é possuída pela outra, ter sido abolida oficialmente há mais de um século, estima-se que quase 46 milhões de pessoas em todo o mundo continuem presas a trabalhos análogos à escravidão, de acordo o Índice Global de Escravidão de 2016.

O termo genérico “escravidão moderna” é usado para descrever situações onde pessoas são forçadas a exercer uma atividade contra a sua vontade, sob ameaça de punição, violência ou morte. O termo também é usado para descrever os empregos com remuneração abaixo do nível de subsistência.

Divulgado no fim do mês passado, o estudo internacional estima que 290.200 pessoas no Japão se encaixam no perfil dos “escravos modernos”. As vítimas são principalmente estrangeiros de países asiáticos que são recrutados para trabalhos com baixa remuneração onde ficam presos a contratos e dívidas insolvíveis.

Patrocinado pelo governo japonês, o programa de estágio técnico é a principal porta de entrada para esse tipo de trabalhador, de acordo com organizações de combate ao tráfico internacional de pessoas.

Segundo os críticos, a principal falha no programa está no fato de que esses “estagiários” não são considerados como trabalhadores pela lei japonesa, ou seja, não têm os mesmos direitos e benefícios de um trabalhador comum.

Com a falta de fiscalização nos países de origem, empresas agenciadoras cobram taxas abusivas para trâmites burocráticos, passagem aérea e hospedagem no Japão, em troca de um suposto treinamento técnico com altos ganhos. De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, as dívidas assumidas passam de US$10.000 por pessoa.

Até o final do ano passado, mais de 180 mil estrangeiros, principalmente chineses e vietnamitas, estavam no país para “adquirir habilidades técnicas para serem usadas no desenvolvimento de seus países de origem”, de acordo com o governo. No entanto, a grande maioria exerce funções que requerem baixa habilidade técnica, principalmente na agricultura e industria da pesca.

A australiana Fiona David, que chefiou o estudo patrocinado pela fundação “Walk Free”, revela que há relatos preocupantes de que o crime organizado no Japão estabeleceu um sistema de recrutamento de mulheres de países asiáticos para trabalhos sexuais.

No quesito “resposta governamental”, o Japão ficou com a nota “CCC”, ao lado de países como Arábia Saudita e Qatar, e abaixo do Brasil, que ficou com a nota “BB”. Segundo o levantamento, a baixa nota do Japão indica que, apesar de ser um dos países mais ricos do mundo, faz pouco para combater o problema.

O relatório acrescenta que as vítimas da escravidão moderna no Japão podem esperar aproximadamente o mesmo nível de ajuda de países pobres como Mianmar e Tadijiquistão.

Em números absolutos, a Coreia do Norte ficou com o pior resultado, com 4,4% de sua população sujeita à escravidão moderna. A Índia teve o maior número total, com 18,4 milhões de pessoas escravizadas.

Alternativa jp
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