Pesquisa buscou identificar de que forma haitianos, cubanos e colombianos se instalaram nas cidades
/NICOLE MORÁS/DIVULGAÇÃO/CIDADES
O Vale do Taquari, desde 2010, tem se tornado destino de fluxos migratórios para colombianos, cubanos e, principalmente, haitianos. Em razão dessa intensificação migratória, a professora Fernanda Cristina Wiebusch Sindelar, da Universidade do Vale do Taquari (Univates), juntamente com a professora doutora Rosmari Cazarotto, desenvolveu o estudo "Dinâmicas que movem os fluxos migratórios do Haiti, da Colômbia e de Cuba para o Vale do Taquari/RS, de 2010 a 2019", para compreender o impacto e as motivações dessas migrações.
Os pesquisadores realizaram um estudo exploratório de abordagem quanti-qualitativa, com o objetivo de reunir elementos que contribuíssem para a identificação e a explicação de particularidades dos projetos migratórios de cada nacionalidade. Os dados do artigo foram coletados entre os anos de 2018 e início de 2020 e inicialmente realizou-se a sistematização de dados secundários, obtidos no Departamento de Polícia Federal, no Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra) e no Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra). Os dados foram organizados em mapas e gráficos, com o objetivo de melhor caracterizar os migrantes quanto à origem e ao destino na região do Vale do Taquari.
Conforme o estudo, os haitianos estão entre os principais imigrantes, com 66,9%. A razão de virem para o Brasil é, principalmente, devido ao forte terremoto que devastou o país em 2010, provocando uma crise econômica e humanitária. As motivações predominantes para se mudarem para o Vale do Taquari são uma melhor qualidade de vida e oportunidades de emprego, caracterizada como migração laboral.
"A inserção dos haitianos na região se dá, sobretudo, em espaços que dinamizam a divisão territorial do trabalho da cadeia produtiva e seu complexo agroindustrial de carnes. Por isso, além da cidade média de Lajeado, algumas cidades menores também se destacam. Contudo, apesar de ocuparem vagas formais de trabalho, muitos haitianos se encontram em situação instável ou com sobrecarga de trabalho, porque atuam em dois empregos para poder enviar remessas financeiras aos familiares que ficaram no Haiti", explica a professora Fernanda Sindelar.
Em segundo lugar estão os colombianos, com 8,4%, tendo como a principal motivação para a imigração na região a mobilidade acadêmica internacional, fortalecida pelas parcerias entre universidades e as conexões sociais. No total foram 252 colombianos que chegaram durante o período em análise (2018 a 2020), a maior parte deles caracterizada como migração de curto prazo. Quanto aos imigrantes cubanos, eles chegaram à região para atuação médica na rede pública de saúde, no atendimento básico, por meio do programa Mais Médicos, criado pelo governo federal em 2013
As pesquisadoras identificaram diferenças nas condições de mobilidade de haitianos, colombianos e cubanos: trabalho, programas universitários e programa de governo, respectivamente. Para a autora Fernanda Sindelar, é importante debater a mobilidade contemporânea porque as migrações internacionais influenciam as dinâmicas regionais, sendo fundamental reconhecer a existência desses movimentos e compreender os diferentes efeitos causados, entre eles os econômicos, sociais e culturais.
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