Líbano anunciou hoje ter bloqueado os pedidos de autorização de residência dos funcionários do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) devido a divergências sobre a questão do regresso dos refugiados sírios.
"Foram dadas instruções à direção do protocolo para suspender, até nova ordem, os pedidos de residência relativos ao ACNUR", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros libanês num comunicado.
O ACNUR "semeia o terror nas mentes (dos refugiados) invocando o serviço militar obrigatório, o risco em termos de segurança, a questão da habitação e a suspensão das ajudas da ONU" em caso de retorno.
O Líbano acolhe perto de 1,5 milhões de refugiados sírios, um milhão dos quais estão inscritos junto do ACNUR, que fugiram da guerra que devasta o país desde 2011.
A decisão das autoridades libanesas diz respeito quer aos novos pedidos quer à renovação das autorizações de residência dadas à diretora do ACNUR no Líbano, Mireille Girard, e à sua equipa.
O chefe da diplomacia libanesa acusou na quinta-feira na rede social Twitter o ACNUR de "intimidar" os refugiados sírios registados no Líbano para os impedir de regressarem ao seu país.
Gebran Bassil criticou a agência da ONU por "trabalhar contra a política de um país soberano (o Líbano)", lamentando que, apesar das advertências das autoridades libanesas, o ACNUR continue "a sua política de integrar refugiados no Líbano".
As tensões foram conhecidas em abril quando a agência da ONU recusou participar no processo de retorno à Síria de 500 refugiados, organizado pelas autoridades libanesas em cooperação com os sírios. Girard foi na altura convocada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O regresso dos refugiados sírios deve integrar a lista de prioridades do novo governo libanês, que está a ser constituído.
O ACNUR considera que as condições humanitárias e de segurança na Síria não são propícias a um regresso dos refugiados e receia as partidas forçadas.
A guerra na Síria já causou mais de 350.000 mortos e forçou ao exílio vários milhões, a maioria dos quais se refugiou nos países vizinhos, nomeadamente na Turquia, no Líbano e na Jordânia.
DN
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