sexta-feira, 1 de junho de 2018

Lampedusa: oração dos bispos africanos pelos imigrantes mortos


Papa Francisco visita os imigrantes, em Lampedusa, em julho de 2013
Dois dias intensos de encontros com uma visita ao centro de acolhimento de Lampedusa, ao monumento Porta da Europa e a celebração da missa na paróquia da ilha.


Uma delegação do Governo de Burkina Fasso e um grupo de bispos de Burkina Fasso e Níger foram à Ilha de Lampedusa, situada na Sicília, sul da Itália, para recordar os imigrantes vítimas de naufrágios no Mar Mediterrâneo e agradecer ao povo da ilha pelo acolhimento durante todos estes anos.

Os bispos vieram, ao Vaticano, para a visita ad Limina e decidiram visitar Lampedusa onde chegaram, nesta terça-feira (29/05), para um visita de dois dias, com a delegação do Governo de Burkina Fasso.

Encontros e oração
Dois dias intensos de e
ncontros com uma visita ao centro de acolhimento de Lampedusa, ao monumento Porta da Europa e a  celebração da missa na paróquia da ilha.

Nesta quarta-feira (30/05), acompanhados por representantes institucionais nacionais e locais, os bispos fizeram uma homenagem às milhares de vítimas de naufrágios, foram ao cemitério e ao Cais de Nossa Senhora de onde partem vários socorros e chegam várias pessoas em busca de um futuro melhor. Os bispos africanos lançaram uma coroa de flores no mar a bordo de um barco da Guarda Costeira.

Mundo mais solidário

A delegação dos bispos é guiada pelo presidente da Conferência Episcopal de Burkina e Níger, Dom Paul Y. Ouedraogo, arcebispo de Bobo-Dioulasso, em Burkina Fasso, que na entrevista ao pe. Jean-Pierre Bodjoko, sublinha o espírito com o qual os bispos fazem essa visita e a dor pela perda de tantas vidas nas águas do Mediterrâneo. Em suas palavras, o forte desejo a fim de que o mundo seja sempre mais globalizado no âmbito da  solidariedade.

Dom Ouedraogo: “Queremos viver esta viagem como uma verdadeira peregrinação. Trata-se de um local que foi alcançado, a Porta da Europa, por aqueles que conseguiram escapar da morte no deserto e da morte no Mediterrâneo. Queremos nos recolher em oração por todos aqueles que morreram nesta estrada da imigração. Queremos rezar também por aqueles que conseguiram chegar aqui e hoje procuram organizar uma nova vida. Para nós é também a ocasião para agradecer a população de Lampedusa, pois foi ela quem socorreu aqueles que conseguiram fazer a travessia, permitindo-lhes reencontrar a sua dignidade de homens e mulheres. Estamos fazendo esta peregrinação seguindo as pegadas do Santo padre com o pensamento voltado aos migrantes que são africanos. São filhos da África a maioria e nós devemos não somente rezar por eles, mas fazer o possível para que esta migração não seja considerada sempre a única solução aos problemas dos jovens, porque são sobretudo eles que se lançam nesta aventura”.

O problema dos imigrantes é fonte de preocupação para o senhor?

Dom Ouedraogo: "Certamente! Nos preocupa porque como você sabe o Níger é um país por onde passam aqueles que se aventuram no deserto. Os países envolvidos são Burkina Fasso e Níger de onde eles partem, passando pela Argélia ou pela Líbia. Obviamente, estamos preocupados com essas pessoas. Depois, tem também o aspecto da experiência que estamos fazendo há alguns anos com a Comunidade de Santo Egídio: é na troca de ideias que pensamos que uma iniciativa desse tipo reacenderia a esperança, mas sobretudo interpelar ainda o mundo para que faça um apelo à sua capacidade de solidariedade. É verdade que a globalização tocou os mercados e a economia, mas no âmbito da solidariedade, do amor ou simplesmente do sentido de humanidade, a globalização não produziu ainda grandes resultados.”


Radio Vaticano

www.miguelimigrante.blogspot.com

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