segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Enfrentar a justiça por ajudar migrantes? Na Europa é cada vez mais comum

Há cada vez mais pessoas alvo de processos judiciais por prestarem ajuda a migrantes. Em Itália e na Grécia mas também na Polónia e na Hungria, que não têm mar. Com os fluxos migratórios longe de acalmar - estão, aliás, a voltar a crescer - é pouco provável que a situação venha a modificar-se num futuro próximo. Neste episódio discute-se a criminalização da ajuda humanitária e os pontos fortes e fracos da nova lei de vistos de trabalho que Portugal aprovou em outubro

A criminalização da ajuda humanitária não é um fenómeno recente. A maioria das leis dos Estados-membros da União Europeia preveem penas pesadas para crimes como “auxílio à imigração ilegal” ou “tráfico de seres humanos” há décadas, e ainda bem que assim é. Desde o eclodir da urgência humanitária, em 2014/2015, os trabalhadores humanitários queixam-se que estas tipificações criminais estão a ser cada vez mais usadas para tentar dificultar a ação das organizações de auxílio e resgate de pessoas em trânsito.

Qualquer coisa pode ser considerada auxílio à imigração ilegal, oferecer comida e um cobertor, por exemplo, como foi o caso de Sarah Mardini, uma refugiada síria presa na Grécia, em 2018, precisamente por isso, apesar de ao seu lado estarem membros da Guarda Costeira grega também a prestar auxílio a quem ia chegando à ilha de Lesbos.

O caso de Sara foi finalmente ouvido esta semana, precisamente na ilha de Lesbos, e o juiz considerou a investigação dos procuradores tão porosa que devolveu o caso todo para nova investigação. Com este caso como pano de fundo, neste episódio de O Mundo a Seus Pés falamos com Miguel Duarte, ativista que já fez sete viagens em barcos de resgate de migrantes, e Emellin de Oliveira, jurista e investigadora na área da imigração junto do Nova Asylum Policy Lab, onde trabalha para escrutinar e melhorar as leis públicas portuguesas para estas populações, para debater as consequências deste fenómeno e também o que é bom e menos bom na nova lei de vistos de trabalho para estrangeiros que Portugal aprovou em outubro.

expresso.pt

www.miguelimigrante.blogspot.com 


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