quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Cruz Vermelha Brasileira e CICV atuam juntos para conectar migrantes e suas famílias na fronteira do Brasil com a Venezuela

 

Equipes de trabalho do CICV e CVB reunidas na sede do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Boa Vista, Roraima.

Programa de Restabelecimento de Laços Familiares já possibilitou mais de 570 mil chamadas telefônicas desde 2018, entre outras ações de conectividade, em 16 postos de atendimento em Roraima.

“Tu familia puede saber que estás bien. Contáctala”. A mensagem do serviço gratuito para conectar migrantes e suas famílias, na fronteira do Brasil com a Venezuela, está em 16 pontos de atendimento do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no estado de Roraima. O serviço é garantido por meio do Programa de Restabelecimento de Laços Familiares (RLF), agora uma atuação conjunta com a Cruz Vermelha Brasileira (CVB).

Desde maio deste ano, preocupados em promover a proteção dos vínculos familiares das pessoas migrantes, o CICV e a CVB têm atuado de forma conjunta no Posto de Recepção e Atendimento (PRA) em Boa Vista, oferecendo serviços de conectividade (ligações nacionais e internacionais, acesso à internet e recarga de baterias), apoiando no transporte de documentos de identidade da Venezuela ao Brasil e, não menos importante, acompanhando familiares de pessoas migrantes que se encontram separadas de seus familiares ou cujo paradeiro é desconhecido.

Essa atuação conjunta faz parte da transferência dos serviços de RLF para a Cruz Vermelha Brasileira em Boa Vista, a fim de contribuir para o seguimento e a sustentabilidade do programa no estado de Roraima, principal porta de entrada da migração venezuelana no Brasil. Este esforço, que está sendo realizado em Boa Vista, já foi inteiramente transferido do CICV para a CVB em Manaus. Nas duas cidades, ambas instituições atuam em apoio a Operação Acolhida, coordenada pelo governo federal.

Nesta terça-feira (8), o chefe da Delegação Regional do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Alexandre Formisano, o presidente da CVB, Júlio Cals, e o chefe do escritório do CICV em Roraima, Viani González, participaram do ato de transição do primeiro posto de RLF a ser coordenado pela CVB em Boa Vista.

O CICV manterá seu apoio contínuo à CVB e à Operação Acolhida por meio do acompanhamento contínuo dos familiares de pessoas migrantes que se encontram com familiares separados e/ou desaparecidos, da coordenação das buscas familiares pelo Movimento Internacional da Cruz vermelha e do apoio técnico às autoridades responsáveis pela temática do desaparecimento e pela gestão de pessoas falecidas não identificadas e/ou não reclamadas.

Durante a cerimônia do ato de transição do primeiro posto do Programa, que ocorreu na sede do escritório do CICV em Boa Vista, o chefe da Delegação Regional do CICV, Alexandre Formisano, contou da visita feita na cidade fronteiriça de Pacaraima, ainda em 2021, e a percepção que teve em trazer mais para perto a atuação da Cruz Vermelha Brasileira.

“As Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha têm um papel fundamental na proteção de vínculos familiares pela sua capacidade de trabalho em rede em todo mundo e também pelo grande conhecimento local que têm dos contextos. Por isso, é muito importante que a CVB possa atuar neste âmbito para auxiliar as pessoas migrantes em Roraima”, disse Formisano.

Na sequência, o presidente da Cruz Vermelha Brasileia, Júlio Cals, pontuou que o trabalho em conjunto fortalece a instituição. “A Cruz Vermelha Brasileira tem importante atuação com o público migrante através do Restabelecimento de Laços Familiares, buscando estabelecer contato entre famílias que se separaram. A transição do primeiro posto de atendimento é importante para o fortalecimento da nossa instituição. Com o apoio do CICV e o desenvolvimento de nossas capacidades, nos tornamos mais seguros e preparados para, no futuro, estar à frente da operação em Roraima”, comentou.

Presidente da CVB, Júlio Cals (à esq.) e Chefe de Delegação Regional do CICV, Alexandre Formisano (à dir.)

Após o ato de transição, representantes do CICV e da CVB estiveram no Posto de Recepção e Atendimento em Boa Vista, para a entrega oficial do posto de atendimento e para uma visita guiada pelo espaço de acolhimento a migrantes e refugiados. O encontro foi coordenado por representantes da Operação Acolhida e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que coordenam a unidade.

RLF e a atuação em Roraima

O Programa de Restabelecimento de Laços Familiares do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho tem como objetivos prevenir o desaparecimento, as separações e perdas de contato; reestabelecer os laços familiares; manter o contato entre familiares; e esclarecer o paradeiro das pessoas desaparecidas. Essa é a missão da nossa Rede de Vínculos Familiares, formada pelo CICV e as 190 Sociedades Nacionais — incluindo a CVB — do Movimento. Em Roraima, o programa de RLF teve início em julho de 2018, na cidade fronteiriça de Pacaraima. Em agosto, o serviço chegou a Boa Vista.

Trabalhamos em quase todos os países do mundo, para que pessoas migrantes e com outras necessidades humanitárias possam localizar e retomar contato com seus entes queridos. Dessa maneira, o serviço de conectividade entre migrantes e seus familiares é um meio de resposta do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho para proteger os vínculos familiares.

“Os serviços de restabelecimento de laços familiares são essenciais para as pessoas migrantes. Eles contribuem com a manutenção dos vínculos familiares e para evitar desaparecimentos. A capacidade de se comunicar com seus familiares no contexto da migração é algo importante para resiliência e capacidade de enfrentar as adversidades”, afirma o chefe do escritório do CICV em Boa Vista, Viani Gonzalez.

CICV transfere Posto de Recepção e Atendimento (PRA) para CVB em Boa Vista

Mais de 570 mil chamadas telefônicas

Nesses quatro anos de atuação, o programa RLF possibilitou mais de 570 mil chamadas telefônicas, entre outras ações de conectividade, como acesso à internet, recarga de telefones celulares e mensagens de prevenção à separação familiar, com instruções, por exemplo, sobre como fazer um telefonema aos familiares no país de origem para manter contato.

Além disso, o RLF viabilizou diversos reencontros de migrantes e seus familiares que se encontravam separados e/ou desaparecidos, em um trabalho coordenado pelo Movimento Internacional da Cruz Vermelha ao redor do mundo.

Juan Rubio, de 23 anos, foi umas das pessoas que conseguiu falar com a família, nesta terça-feira (8), em chamada telefônica realizada do ponto de atendimento que fica no PRA, em Boa Vista. “Alô? Benção. Bem, e você? Como está minha filha?”, perguntou Rubio durante conversa com a mãe, que mora em Anzoátegui, estado da Venezuela.

Morando há pouco mais de um ano no Brasil, ele contou que utiliza os serviços ofertados pelo Programa de RLF desde que chegou a Roraima, ainda na cidade fronteiriça de Pacaraima. Agora, na capital Boa Vista, é somente por meio do ponto de atendimento localizado no PRA que ele consegue ligar para a mãe, “todos los días”, como detalhou, para saber como a família está e, principalmente para saber como está a filha.

Onde encontrar um posto RLF?

Nas cidades de Boa Vista e Pacaraima os serviços de conectividade são ofertados em unidades fixas e itinerantes. Atualmente, são 9 postos de atendimento na capital e 7 postos na fronteira, com frequência de atendimento de 8h às 12h e/ou de 14h às 16h. Os postos com atendimento aberto ao público são:

BOA VISTA

PACARAIMA

LocalAtendimentoLocal

Atendimento

PTRIGsegunda à sexta

8h às 12h e 13h às 16h

PTRIG Pacaraimasegunda à sexta

8h às 12h e 13h às 16h

PRAsegunda à sexta

8h às 12h e 13h às 16h

PRA Pacaraimasegunda à sexta

8h às 12h e 13h às 16h

SJMRSegunda

9h às 12h

Centro de Capacitação e Referência (CCR)segunda à sexta

8h às 12h e 13h às 16h



Equipes do CICV e CVB reunidas no posto PRA em Boa Vista, RR.

Por: Kamila Finger Fotos: Samuel Feitosa/CICV

cruzvermelha.org.br/

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