Relatório da OIM aponta que migração feminina é 0,8% maior; elas também são maioria entre refugiados e requerentes de asilo; região é ao mesmo tempo principal destino e origem de refugiados e requerentes de asilo; conflito e seca são principais causas de deslocamento.
Mulheres e meninas são 50,4% dos migrantes do leste e Chifre da África, fenômeno e tendência únicos para a região de acordo com um novo relatório da Organização Internacional para as Migrações, OIM.
Embora a migração em outras partes do continente seja predominantemente masculina, o documento revela que homens e meninos representam apenas 49,6% neste grupo de países.
Conflito e insegurança
O relatório ainda mostra que cerca de 60% da população migrante nesta região são refugiados e requerentes de asilo.
Também neste grupo, as mulheres são maioria, pois estão mais propensas a serem deslocadas à força, enquanto os homens que migram irregularmente estão em busca de oportunidades de emprego.
No geral, um em cada quatro migrantes no continente africano reside no leste e Chifre da África.
Conflito e insegurança continuam sendo os maiores fatores de deslocamento na região. Segundo o relatório, cerca de 13,2 milhões de pessoas foram deslocadas à força na região em 2021, incluindo 9,6 milhões de deslocados internos e 3,6 milhões de refugiados e requerentes de asilo.
Origem e abrigo de refugiados
Diferentemente de qualquer outra região do mundo, vários países do leste e do Chifre da África, além de serem os principais destinos de refugiados e requerentes de asilo que fogem de conflitos e buscam segurança e trabalho, também são os principais países de origem de refugiados e requerentes de asilo, segundo o relatório.
O Sudão do Sul é um exemplo. Em 2021, o país abrigava 325 mil refugiados e requerentes de asilo, enquanto quase 2,3 milhões de refugiados e requerentes de asilo do Sudão do Sul estavam hospedados no exterior. Este fato único destaca como os fluxos de refugiados são contidos principalmente na região.
A seca, principalmente na Somália, Etiópia e Quênia, também tem sido um fator-chave que impulsiona a migração e o deslocamento na região.
Esses países estão enfrentando a pior seca observada em quatro décadas e essas condições excepcionais se assemelham às tendências observadas durante a fome de 2010 a 2011 e a emergência de seca de 2016 a 2017 no Chifre da África.
O relatório também revela que o tráfico de pessoas é motivo de preocupação, com a OIM identificando 3 mil casos na região na última década. A maioria das pessoas traficadas foi identificada como sendo do Quênia, do Uganda e da Etiópia, com mulheres e meninas sendo as mais afetadas. Elas totalizam 78% das vítimas.
Políticas migratórias
O diretor regional da OIM para o Leste e Chifre da África, Mohammed Abdiker, espera que o efeito combinado de uma melhor a compreensão da magnitude dos desafios enfrentados e colaboração na coleta de dados precisos levará a “políticas de migração mais avançadas e baseadas em evidências, melhor proteção dos direitos dos migrantes e melhor assistência aos necessitados”.
Este estudo faz parte de uma é a série de relatórios da região. As pesquisas visam apurar as tendências de migração e fornecer análises baseadas em evidências que melhoram a compreensão da mobilidade nestes países e promovem o uso de dados para orientar a discussão de políticas.
Onunews
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