segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Além de aprender português, refugiados afegãos querem estudar e trabalhar no país

 

Mais de 100 afegãos estão abrigados em um hotel na zona leste de São Paulo, com a ajuda da prefeitura da capital paulista e do Acnur. Boa parte deles estava acampada por dias nos corredores do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Yasameen Mansoori, afegã de 17 anos, refugiada do Talibã no Brasil. Foto: Victoria Abel/CBN

Por Victoria Abel

Depois de chegar ao Brasil, afegãos refugiados do regime Talibã começam a organizar os próprios sonhos no novo país.

Yasameen Mansoori, de 17 anos, quer ser médica. Ela chegou a São Paulo sexta-feira (16) e está abrigada em um hotel na zona leste que recebee 109 afegãos refugiados no Brasil.

Yasameen faz parte do grupo retirado dos corredores do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com a ajuda de agentes da Prefeitura, do estado e do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

A afegã estava quase terminando o ensino médio, quando o Talibã retomou o poder. Ela precisou deixar a escola e fugir com os pais e quatro irmãos.

Na Turquia, conseguiram entrar em contato com a embaixada brasileira e solicitaram o visto humanitário. A família tentou entrar em outros países desenvolvidos. Apenas o Brasil os aceitou.

Yasameen conta que o primeiro passo agora é aprender português. Além de esperar a família se estabelecer e encontrar uma casa.

"Primeiro, nós precisamos aprender a língua daqui. Então, queremos ir a escola, terminar a escola. Depois, entrar em uma boa universidade. Nós viemos ao Brasil para ter uma boa educação, ter um bom futuro. Como todo mundo sabe, no Afeganistão as mulheres não podem trabalhar, nem estudar", contou.

"Uma nova cultura, novas pessoas, nova língua, vida nova, novos começos e novos futuros", afirmou a afegã com um sorriso no rosto.

De acordo com a secretaria de Assistência Social de São Paulo, os refugiados afegãos são na maioria de alta escolaridade com profissões estabelecidas no país mulçumano, como advogados, ativistas sociais, jornalistas e funcionários públicos.

Abdul Wahab era funcionário da alfândega do antigo governo do Afeganistão. Ele precisou sair escondido e foi de carro até o Irã, onde entrou em contato com a embaixada brasileira.

"Precisamos aprender o Português. Queremos levar nossas crianças para a escola. E gostaríamos que o governo brasileiro nos ajudasse com chances de trabalho. Se possível, uma chance para trabalharmos em empregos formais, como os que tínhamos no Afeganistão. Eu era funcionário da alfândega, gostaria de trabalhar na alfândega brasileira", disse.

Até a noite da última sexta, 93 afegãos estavam acampados há semanas no aeroporto de Guarulhos à espera de um teto. 34 eram crianças.

A prefeitura de São Paulo decidiu reunir outros 16 afegãos que já estavam acolhidos em outros equipamentos da cidade.

O secretário de Assistência Social da capital paulista, Carlos Bezerra Junior, afirmou que deixar todos juntos facilita o processo de acolhida.

A partir de segunda, a prefeitura, em parceria com o Acnur, dará início às demandas individuais por emprego, estudos e casa.

Desde o começo do ano, mais de quinhentos afegãos chegaram ao país fugindo do regime Talibã.

CBN

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