terça-feira, 20 de setembro de 2022

Pela primeira vez, EUA fazem mais de 2 milhões de detenções na fronteira com o México em um ano

 

Patrulha de fronteira dos EUA passa por grupo de imigrantes que aguarda análise das autoridades americanas Guillermo Arias / AFP

O número de detenções realizadas pelas autoridades migratórias dos EUA na fronteira com o México superou a marca histórica de dois milhões, refletindo um aumento exponencial das pessoas que tentam entrar no país de maneira irregular, vindas principalmente das Américas Central e do Sul.

Segundo os números da agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), foram 2.005.026 detenções entre 1º de outubro de 2021 e 31 de agosto de 2022 — a contagem ocorre de acordo com o ano fiscal nos EUA.

Apenas em agosto, foram 203.598 detenções, um aumento de 1,7% em relação a julho. Dentre os imigrantes encontrados pelos agentes de fronteira, 22% eram pessoas que tentavam ingressar em solo americano depois de terem sido presas e deportadas do país em outras ocasiões.

Em comunicado, o CBP afirmou que pouco mais de 55 mil dos detidos em agosto vinham de apenas três países: Venezuela, Nicarágua e Cuba, um aumento de 175% em relação ao mesmo mês do ano passado.

“Nossas equipes de agentes treinados continuam trabalhando para tornar nossas fronteiras seguras, e analisar as situações de cada uma das pessoas detidas de forma segura e humana, mas aqueles que fogem de regimes repressivos apresentam desafios significativos para o processamento e remoção”, disse no comunicado o chefe do CBP, Chris Magnus.

Por outro lado, em agosto houve uma queda no número de menores desacompanhados encontrados na fronteira, somando 11.365, número ainda alto, mas 14% menor do que o relatado em julho. Desde outubro do ano passado, 1,3 milhão de pessoas foram expulsas ou repatriadas dos EUA.

A deterioração das condições econômicas, políticas e de segurança em países da América Central e do Sul nos últimos anos impulsionou a saída dos que tentam entrar nos EUA em busca de melhores condições de vida.

As caravanas que cruzam centenas de quilômetros rumo à fronteira americana são uma imagem recorrente em estradas da Guatemala e Honduras, assim como os acampamentos que se formam no lado mexicano da divisa. Em termos de comparação, o número de detenções em 2017 foi de 310 mil, cerca de sete vezes menos do que o registrado nos últimos 11 meses.

Crise migratória


A crise humanitária na fronteira é um dos principais desafios de Joe Biden desde que assumiu o cargo em janeiro do ano passado. Seu governo permitiu a entrada de mais de um milhão de imigrantes sem documentos em cerca de um ano e meio, que agora aguardam em solo americano a decisão sobre seus seus pedidos de asilo.

Mas, segundo informações da imprensa americana, a Casa Branca também pressiona o México a aceitar mais imigrantes de países como Cuba, Venezuela e Nicarágua.

O tema é um dos principais da campanha para as eleições legislativas de novembro, e lideranças republicanas usam os imigrantes como ferramenta política, contra a vontade deles: desde o começo do ano, governadores da Flórida, Texas e outros estados têm enviado ônibus e aviões para estados governados por democratas, sobrecarregando os sistemas locais de apoio, como forma de pressionar a Casa Branca por políticas mais restritivas de imigração.

Na semana passada, cerca de 50 imigrantes desembarcaram de um avião em Martha’s Vineyard, um refúgio de endinheirados no estado de Massachusetts. Na semana passada, dois grupos enviados de ônibus do Texas foram deixados na frente da residência da vice-presidente Kamala Harris, em Washington.

O GLOBO

www.miguelimigrante.blogspot.com


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