Entre os 13 novos cardeais
nomeados, neste último Consistório, realizado na cidade do Vaticano no final de
novembro, figura o nome de um arcebispo do corpo diplomático da Santa Sé,
Cardeal Silvano Maria Tomasi, CS. Sua
nomeação representa, por parte do Papa Francisco, um verdadeiro gesto de reconhecimento
por tudo o que esse sacerdote scalabriniano realizou em sua trajetória de
missionário junto aos migrantes e refugiados. Nascido em Casoni di Mussolente, Itália, no dia 12
de outubro de 1940, fez os primeiros estudos nesse país, tendo logo sido
destinado às missões dos Estados Unidos, lugar de imigração historicamente
intensa e variada. Concluídos os estudos superiores, ali foi ordenado sacerdote
em maio de 1965.
Sempre nos Estados
Unidos, Pe, Silvano Tomasi por vários anos atuou na Pastoral dos Migrantes. Além
da preocupação pastoral com a acolhida e a assistência aos imigrantes,
dedicou-se ainda ao estudo das migrações. De maneira particular, colaborou com o
Center for Migration Studies (CMS) & e a International Migration Review
(IMR) de New York (USA). Os companheiros missionários, que confiavam no seu
trabalho e na sua liderança, o elegeram Superior da Província onde prestava seu
ministério, na Congregação dos Missionários de São Carlos (scalabrinianos). Tal
capacidade de liderança, aliás, foi-lhe prontamente reconhecida: entre os anos
de 1983 e 1987, passou a exercer o cargo de primeiro diretor do Setor de
Pastoral dos Migrantes e Refugiados (PCMR) da Conferência Episcopal dos Estados
Unidos (NCCB/USCC).
Logo em seguida, entre
os anos de 1989 a 1996, o então Papa João Paulo II o requisitou como Secretário
do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, na cidade
do Vaticano. A partir dessa tarefa e desse conhecimento concreto, em junho de
1996, foi nomeado núncio apostólico, com presença extensiva a dois países
africanos, Eritreia e Etiópia. A região, a leste do continente, é marcada por uma
mistura de intensa a pobreza e violência. Por isso mesmo, tem sido igualmente
intensa a fuga de migrantes, seja em direção a outros lugares da África, sem
rumo e à Europa. Ao mesmo tempo, em agosto de 1996, foi consagrado como arcebispo
titular de Asolo.
Na data de 10 de junho de 2003, foi nomeado Observador
Permanente da Santa Sé junto ao Gabinete das Nações Unidas e das Instituições
Especializadas em Genebra, como também Observador Permanente junto à
Organização Mundial do Comércio (OMC), com atenção especial, entretanto, para a
questão dos migrantes e refugiados. Com a herança de uma grande atuação no
campo da mobilidade humana, ali trabalhou por 13 anos, tendo deixado o cargo em
13 de fevereiro de 2016, como bispo emérito devido à idade de mais de 75 anos.
Mesmo assim, o Papa Francisco o nomeou como membro do novo Dicastério para o
Desenvolvimento Humano Integral, ao lado do qual situa-se o serviço de Pastoral
aos Migrantes e Refugiados.
Mais do que simples membro do Dicastério, na verdade, devido
à sua longa experiência com o fenômeno das migrações, o então Dom Silvano Tomai
acabou sendo encarregado de organizar o funcionamento operacional e concreto
próprio serviço. Revelou-se, nessa tarefa, um incansável pastor e profeta na
solicitude para com aqueles que são obrigados a deixar a terra natal e
aventurar-se por caminhos desconhecidos e, quem sabe, menos ingratos e mais
promissores.
Pe.
Alfredo J. Gonçalves, cs, vice-presidente do SPM – Rio de Janeiro, 30 de
novembro de 2020
www.miguelimigrante.blogspot.com
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