sábado, 28 de novembro de 2020

Quarto episódio do podcast “Refúgio em Pauta” debate o tema da apatridia

 

As irmãs Souad e Maha foram as primeiras pessoas reconhecidas como apátridas pelo Governo Brasileiro. © ACNUR/Victoria Hugueney

Disponível no site do ACNUR e nos principais agregadores de podcast, o novo episódio do “Refúgio em Pauta” aborda a realidade dos apátridas, pessoas sem nacionalidade e que fazem parte do mandato do ACNUR

Pessoas apátridas são aquelas que não são consideradas cidadãs ou nacionais de qualquer país. Pode parecer estranho a afirmação de que haja pessoas sem nenhuma nacionalidade, mas esta é a realidade de mais de 4 milhões de pessoas que vivem em 76 países. Estes dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) são subestimados justamente pela dificuldade de acessar pessoas sem qualquer registro, praticamente “inexistentes”.

No quarto episódio do podcast “Refúgio em Pauta”, produzido pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em parceria com a Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM), o tema da apatridia é pautado, trazendo para o debate deste assunto especialistas do ACNUR, do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) e uma pessoa que, antes apátrida, tornou-se cidadã brasileira em 2018.

“A primeira dificuldade que eu passei foi para me matricular na escola. Como minha mãe iria inscrever na escola uma filha sem documento algum? Quando me tornei adolescente, percebi os reais problemas de ser uma apátrida. Seus amigos estão viajando e eu não consegue viajar, seus amigos estão participando de competições esportivas e eu não consegue participar, seus amigos frequentam eventos e eu não consigo estar”, relata Maha Mamo, que nasceu apátrida no Líbano e só aos 30 anos conseguiu uma nacionalidade, a brasileira.

Em todas as regiões do mundo o ACNUR tem registrado apátridas, seja na Ásia, África, Oriente Médio, Europa, Américas… Neste quarto episódio do podcast “Refúgio em Pauta”, o ACNUR e a CSVM conversaram com uma profissional de proteção do ACNUR para entender mais sobre quem são as pessoas apátridas e os motivos que causam essa realidade. Na sequência, o Coordenador Geral do CONARE, Bernardo Laferté, foi entrevistado para saber dele como se deu a construção legal do processo de reconhecimento de apátridas no Brasil. Por fim, a cidadã brasileira (ex-apátrida) Maha Mamo narra sua marcante trajetória, compartilhando em primeira pessoa as tantas dificuldades que enfrentou.

Aliás, no dia 30 de setembro, será lançado pela editora Globo Livros a obra “Maha Mamo – a luta de uma apátrida pelo direito de existir”, em que Maha narra, ao lado do jornalista Darcio Oliveira, sua vida da infância e juventude em Beirute à fase adulta no Brasil.

 

Episódios do “Refúgio em Pauta”

O primeiro episódio do podcast, lançado em agosto, abordou a segurança alimentar de pessoas refugiadas em tempos de pandemia, um tema que fez com que o ACNUR e seus parceiros revessem seus planejamentos e ações emergenciais. Já o segundo, disponível desde o mês passado, apresentou o tema dos indígenas venezuelanos que chegaram ao Brasil em busca de proteção internacional e de seus direitos básicos, como moradia e alimentação, agregando novos valores e conhecimentos tradicionais à sociedade brasileira. O terceiro episódio retratou a realidade das crianças refugiadas que vivem no Brasil, evidenciando o delicado processo de adaptação no ambiente escolar e mesmos dos costumes e hábitos advindos do convívio familiar.

Contribuíram para a produção do quarto episódio do podcast “Refúgio em Pauta”, por parte do ACNUR, Miguel Pachioni e William Laureano; pela UFES a Professora Brunela Vincenzi; pela UFSM a Professora Giuliana Redin; pela UNICAMP, Mariana Hafiz; e Carlos Escalona, jornalista refugiado da Venezuela.  As vozes das vinhetas do podcast são gravados pelos músicos refugiados Leonardo Matumona (da República Democrática do Congo) e Oula Al-Saghir (Palestina/Síria).

Onu

www.miguelimigrante.blogspot.com


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