sexta-feira, 31 de julho de 2020

Migrações e regressos... uma história inacabada

Pessoas assistindo televisão em um bar
As migrações são uma experiência comum da sociedade portuguesa. A imigração e, com particular incidência, a emigração têm moldado a realidade nacional durante a sua já longa história. No caso da emigração, ela tem permitido aos cidadãos nacionais encontrar noutros países as oportunidades de trabalho, de estudo, e de vida que não era possível encontrar no interior das fronteiras nacionais. 

Nas últimas duas décadas a emigração portuguesa foi-se tornando cada vez mais diversificada, quer em termos dos grupos sociodemográficos que participam neste movimento, quer nos destinos para onde se dirigiam, quer, ainda, nas modalidades através das quais se concretiza a migração.


Ao nível das caraterísticas demográficas continuam, evidentemente, a emigrar com mais intensidade aqueles que se encontram em idade ativa jovem, mas assiste-se, também, à participação de uma proporção relevante de pessoas com mais de 35 anos, indiciando que a experiência migratória se torna, cada vez mais, uma realidade que acompanha, em diferentes graus, as biografias individuais dos cidadãos nacionais. Num estudo publicado em 2016, mais de 40% dos 6.086 inquiridos tinham 36 ou mais anos. 

Ainda a nível demográfico, é evidente a crescente participação de mulheres no fluxo emigratório português, em linha com o que se testemunha noutros fluxos migratórios internacionais. É verdade que as mulheres sempre participaram nos movimentos migratórios nacionais, constituindo uma proporção significativa, sobretudo, nos períodos finais do ciclo migratório transatlântico (até 1950) e do ciclo migratório intraeuropeu das décadas de 1960 e 1970.

Tratava-se, na maioria, de uma participação possível de ser enquadrada num movimento destinado a promover o reagrupamento familiar nos países para onde, anteriormente, tinha emigrado o elemento masculino da família. Naturalmente, que nestas migrações participaram, também, mulheres que saíram do país de forma independente, mas, excetuando alguns momentos particulares, a sua proporção situou-se a níveis inferiores ao dos homens. 

A emigração portuguesa nas últimas três décadas regista, de forma paulatina, um maior envolvimento de mulheres que migram de forma individual (isto é, sem serem acompanhadas de familiares, ou sem o objetivo de se reunirem a familiares que já se encontram no estrangeiro), representando, segundo diferentes fontes, atualmente pouco menos de metade do total de saídas.

José Carlos Marques
https://www.swissinfo.ch

www.miguelimigrante.blogspot.com

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