quarta-feira, 8 de julho de 2020

Covid-19. Em França os imigrantes têm o dobro da mortalidade

Entre março e abril, o aumento da mortalidade chega aos 48% das pessoas imigrantes, enquanto fica-se pelos 22% nas pessoas nascidas em França. Os autores do estudo identificam as condições de trabalho e de transportes e a falta de condições sociais como a explicação dessa disparidade.
Os homens e mulheres não parecem iguais perante a morte: um estudo do Instituto Nacional de Estatísticas francês, publicado a 7 de julho, mostra que os imigrantes são mais vulneráveis à pandemia que os franceses. O aumento de mortes, em pessoas nascidas no estrangeiro, foi o dobro, em relação às pessoas nascidas em França, no início da pandemia. 
Houve 129.000 falecimentos em França, nos meses de março e abril. Um número mais elevado de mortes do que em igual período do ano de 2019, que se ficou pelos 102.800 falecimentos. Os dois números reportam-se a mortes independentemente da causa, mas o aumento da mortalidade de um ano para o outro está ligada ao aparecimento do coronavírus. Estes números revelam que o aumento da mortalidade nos nascidos em França é de 22%, enquanto nos imigrantes ela atinge mais do dobro: 48%.
É a primeira vez que as estatísticas francesas revelam um dado que já foi observado em vários países: os imigrantes estão em situação mais desfavorável para combater a doença. Na Suécia, as autoridades de saúde revelaram que os residentes nascidos na Somália estavam muito mais representados nas pessoas que precisavam de cuidados de saúde por causa do coronavírus, e que isso não era caso único: também os residentes suecos nascidos no Iraque, Síria, Finlândia e Turquia se encontravam em piores condições face à covid-19, do que os naturais da Suécia.
Estudos publicados no Canadá, sobre residentes na cidade de Toronto, mostraram que as pessoas que imigraram há menos tempo tinham maiores probabilidades de apanhar a doença e serem hospitalizadas, do que quem se encontrava há mais tempo no país. 
Dados semelhantes apareceram nos EUA, em relação a populações que são discriminadas e que têm um nível de vida menor que o resto da população: aí , segundo investigações promovidas em vários estados, a população negra é três a quatro vezes mais afetada pelo vírus que os brancos norte-americanos. 

Densidade e condições sociais

Segundo os autores do estudo francês, esta disparidade de números é explicável porque o imigrantes residem em zonas mais densamente povoadas e mais afetadas pela doença; mas também devido a que são eles que utilizam mais os transportes públicos e trabalham em condições mais duras. "O entorno das pessoas, os meios de transporte utilizados e o tipo de profissão exercida foram determinantes para a amplitude deste aumento de mortes [nos imigrantes]", consideram os autores do estudo ao diário Le Monde.
www.miguelimigrante.blogspot.com

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