quarta-feira, 11 de março de 2020

Crise na Venezuela: 4,9 milhões de pessoas em fuga

Venezuelanos no Centro de Refugiados de Tumbes, Peru
O fenômeno migratório está no centro da reunião desta quarta e quinta-feira em Bogotá das Conferências Episcopais da região bolivariana, convocada pelo CELAM. O objetivo é dar uma resposta pastoral e sinodal à crise que o país enfrenta. Hoje novos protestos de rua contra o presidente Maduro. Os dados da ONU sobre as migrações e violências no país são dramáticos.
Cecilia Seppia - Cidade do Vaticano
Gás lacrimogêneo, pedras, paus e feridos. Terminou assim mais um protesto organizado pela oposição contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, agora em seu segundo mandato. Da praça João Paulo II, em Caracas, a marcha, ao longo de um percurso de 6 km, deveria ter terminado em frente à sede do Parlamento, mas os agentes da Polícia de Choque pararam mais cedo a manifestação, provocando reações violentas. “Não tenham medo. Este não é um país de escravos”, disse o líder da oposição, Juan Guaidó, que conta com o apoio de Washington e outros 60 Estados dos quais é formalmente reconhecido como presidente interino. A reeleição de Maduro, em 2018, e a crise política, econômica e social que marca a Venezuela desde 2015, aumentaram dramaticamente os fluxos migratórios.

Crise econômica e violência

 

Segundo os dados da ONU, cerca de 4 milhões e 900 mil pessoas abandonaram suas casas para se refugiar em outro lugar. Os dados são da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, segundo a qual a fuga de cidadãos também se deve aos contínuos atos de violência perpetrados pelas forças de segurança e pelos apoiadores do Governo, contra os parlamentares da oposição.
O gabinete da Alta Comissária documentou “agressões contra opositores políticos, manifestantes e jornalistas, sem que as forças de segurança agissem”. Piora também a situação econômica, as sanções impostas pelos EUA que, por mais justas que fossem, pesariam ainda mais sobre os 2,3 milhões de pessoas em condições de grande insegurança alimentar.

Igreja na linha da frente

 

Como sempre, a Igreja está ao lado da população local. A questão crucial da crise migratória terminou hoje na mesa do encontro de todas as Conferências Episcopais da região bolivariana, convocada, em Bogotá, pelo Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). De acordo com a nota enviada à Agência Fides, este encontro está em continuidade com a precedente reunião de Cúcuta: através de um diálogo aberto se refletirá sobre as perspectivas regionais, a fim de dar uma resposta pastoral e sinodal ao fenômeno migratório.
O ponto de referência será a análise da crise sociopolítica venezuelana e da crise migratória regional, que será apresentada pelo teólogo e especialista do CELAM, o venezuelano Rafael Luciani. Ao mesmo tempo, será discutida a oportunidade de fortalecer o Red Clamor (Clamor Vermelho) como mecanismo de articulação eclesial que permite a construção de um roteiro regional sobre o tema.
O Red Clamor reúne as organizações da Igreja Católica da América Latina e Caribe, que trabalham com a migração, refugiados e tráfico de pessoas, baseando-se nos quatro verbos indicados pelo Papa Francisco: acolher, proteger, promover e integrar. Representantes dos Episcopados da Bolívia, Equador, Venezuela e Colômbia participarão do encontro das Conferências Episcopais da região bolivariana. O CELAM será representado por seu presidente, dom Miguel Cabrejos Vidarte, OFM, pelo secretário-geral, dom Juan Carlos Cárdenas Toro, pelo secretário adjunto da administração, pe. Luis Carlos González Gómez, e pela equipe de secretários executivos.
Radio Vaticano
www.miguelimigrante.blogspot.com

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