As caravanas de pessoas que se arriscam para atravessar a
fronteira entre o México e os Estados Unidos aumentam a cada dia. Padre Flor
Maria Rigoni, que trabalha com migrantes do lado mexicano, explica que a fuga
em massa é uma questão de sobrevivência.
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano
Agentes de fronteira dos Estados Unidos usaram gás
lacrimogêneo contra um grupo de 150 imigrantes de Honduras, que tentavam
atravessar a fronteira dos Estados Unidos com o México, em Tijuana. Houve pelo
menos três lanços de gás na parte mexicana da fronteira.
De acordo com declaração das autoridades dos Estados
Unidos, os migrantes tentaram atravessar o arame farpado envoltos em casacos
pesados e com crianças nos braços. Alguns jogaram pedras contra os agentes.
Por fim, 25 migrantes foram presos na operação.
Nas redes sociais hondurenhas, circula a informação que
uma nova caravana de migrantes deve partir de São Pedro Sula no próximo dia 15
de janeiro. Uma foto divulgada na internet mostra um grupo de pessoas vestidas
de preto, marchando atrás de uma cerca de arame farpado, com o slogan:
"Procuramos refúgio, em Honduras vão nos matar".
Essa caravana é apenas um dos muitos fluxos migratórios
que, nos últimos meses, multiplicaram-se nos países da América do Sul e
Central. Estima-se que pelo menos 10 mil pessoas estão na região de fronteira
esperando para atravessá-la, em condições de vida muito difíceis.
Padre Rigoni: 34 anos de trabalho com migrantes no México
Padre Flor Maria Rigoni é um religioso de Bérgamo, da
Congregação dos Padres Missionários de Scalabrini, cujo carisma é ajudar as
pessoas que, por qualquer motivo, são forçadas a deixar sua terra natal. Depois
de ter passado por Japão, Alemanha e África, há 34 anos vive no México, onde
abriu uma Casa de Migrantes. Ele mora em Guadalajara, a segunda maior cidade do
país, com 11 milhões de habitantes. Segundo o padre Rigoni, as “periferias
estão em marcha, a maioria é gente muito simples, eles não tem nada a perder”.
Padre Rigoni explica que no caso da América Central, de
Honduras, não se pode falar em migrantes econômicos, é uma migração geral de
sobrevivência.
Ele lembra o que lhe disse uma mãe imigrante: “Padre, não se
esqueça que onde eu moro, El Salvador, toda mãe carrega seu caixão nos ombros,
porque qualquer lugar pode ser o seu cemitério”.O sacerdote afirma que recebe
pessoas na fronteira ainda com balas nas pernas ou no peito, ou com as feridas
abertas por um facão, “uma realidade que pouca gente dá importância”. A Igreja,
ao contrário, se preocupa com essas pessoas, segundo o padre, por isso “o Papa
Francisco se tornou verdadeiramente um sinal de contradição: ele defende
aqueles que queremos ignorar, os famosos subúrbios que gostaríamos de levar
para longe”.
Radio Vaticano
www.miguelimigrante.blogspot.com
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