sábado, 13 de outubro de 2018

Peça chilena fala sobre a condição de imigrante

As inquietações geopolíticas dos últimos anos fizeram da migração – antes, uma experiência constitutiva da própria humanidade – um tema de intenso debate, quando não objeto de preconceito e intolerância, mesmo em países com histórico de estabilidade socioeconômica.

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É o caso do Chile, provavelmente a nação mais próspera da América do Sul, de onde vem o espetáculo 40 Mil Km, atração internacional do 25º Porto Alegre Em Cena. As sessões serão nesta terça (18) e qiarta (19), às 21h, no Teatro Renascença (Av. Erico Verissimo, 307), com ingressos a R$ 80. Neste ano, o festival pretende justamente oportunizar uma discussão sobre a formação do Brasil e da América Latina.
Criada em 2012 para explorar as fronteiras entre ficção e realidade por meio do teatro documental e do biodrama, o Teatro Club Social apresenta nesta peça as histórias de imigração de quatro moradores do Chile, vividos por eles mesmos: uma espanhola (Aída Escuredo), uma argentina judia (Eliana Furman), uma boliviana (Mayra Padilla) e um haitiano (Ralph Jean Baptiste).
Eles foram selecionados entre 50 pessoas das mais diferentes nacionalidades que atenderam a uma convocação da companhia por meio das redes sociais e de embaixadas. A única exigência era que os candidatos tivessem alguma experiência artística prévia.

Como temos recebido quem vem de fora?

Aída já adaptou Brecht e participou de diferentes companhias de teatro na Espanha e no Chile. Eliana atua, dirige e produz, transitando entre o teatro e o cinema, e é uma das diretoras do Teatro Club Social. Mayra é cantora e atriz com experiência na área do jazz e das artes cênicas na Bolívia e no Chile. E Ralph é cantor, músico e professor, tendo trabalhado como tradutor e professor de línguas, além de ter fundado uma organização para divulgar a cultura haitiana no Chile.
40 Mil Km (o título se refere à circunferência da Terra) começou com as inquietações de Eliana sobre sua condição identitária. Mas há um contexto mais amplo: a onda de imigração que o Chile tem recebido, nos últimos anos, de países como Haiti, Venezuela, Bolívia e Colômbia. São pessoas procurando uma vida melhor, distante das crises e dificuldades de seus países de origem. María Luisa Vergara, que assina o texto e a direção da montagem, em parceria com Carlos Aedo Casarino, explica:
– Como parte da sociedade chilena, queremos nos questionar sobre como temos recebido as pessoas de fora. Por que tendemos a nos separar dos outros, a discriminar, a ter preconceito?
No desenrolar do espetáculo, outros desdobramentos vêm à tona, como explica María Luisa. Um deles é o que acontece com a identidade quando se vai morar em outro lugar. Mas também entra em jogo uma questão política:


– Questionamos um pouco a ideia, presente no Chile, de que algumas pessoas estão qualificadas para serem recebidas como imigrantes e outras não. É uma decisão política sobre que tipo de pessoa pode entrar no país – conclui a diretora.
GAUCHAZH
www.miguelimigrante.blogspot.com

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