Os países balcânicos
fecharam as fronteiras com a Hungria, erguendo vedações para impedir a entrada
de migrantes, lembrou Angelino Alfano
O Ministro dos Negócios
Estrangeiros de Itália considerou hoje que a União Europeia "não está em
boa posição" para criticar as políticas anti-imigração de Donald Trump,
uma vez que também "ergueu muros" durante a crise dos refugiados.
Em entrevista ao
diário Corriere della Sera, o ministro Angelino Alfano afirmou que a
Europa "não está em boa posição para dar opiniões sobre as escolhas dos
outros".
"Ou será que
queremos esquecer que também nós, na Europa, erguemos muros?", questionou
o chefe da diplomacia italiana.
Durante a crise de
migração de 2015, perante um fluxo de dezenas de milhares de pessoas que fugiam
do Médio Oriente em guerra, os países balcânicos fecharam as fronteiras com a
Hungria, erguendo vedações para impedir a entrada de migrantes.
Alfano, que até dezembro
era ministro do Interior (Administração Interna), salientou - no entanto - que
a Itália adotou uma posição diferente quanto aos refugiados e migrantes.
"A Itália, como
'campeã mundial' de salvamento de migrantes que atravessam o Mediterrâneo e do
respetivo acolhimento nas nossas costas", pode atestar que a
"segurança e a solidariedade podem coexistir", realçou.
"A nossa visão é
diferente (da de Trump) e até agora tem-se mostrado bem-sucedida no que toca a
segurança", acrescentou Alfano.
As declarações de Alfano
surgem no mesmo dia em que o governo italiano acolheu - ao lado de elementos da
Igreja Católica - 41 refugiados sírios no aeroporto de Roma, afirmando que
pretende mostrar solidariedade numa altura em que os Estados Unidos decidem
erguer muros e criar novas leis para barrar estas pessoas.
As crianças sírias
receberam balões e foram recebidas com uma faixa colorida com os dizeres
"Bem-vindos a Itália".
O ministro-adjunto dos
Negócios Estrangeiros, Mario Giro, saudou os refugiados sírios e relembrou que
o país tem uma obrigação de acolher aqueles que foge da guerra.
Está provado que os
muros não funcionam, disse Giro, numa referência à proposta da administração
Trump.
O que funciona, disse, é
o acolhimento e distribuição organizados de refugiados, ao mesmo tempo que se
faz acordos económicos com os países de origem.
Na sexta-feira, o
Presidente norte-americano assinou uma ordem executiva que proíbe a entrada a
todos os refugiados durante 120 dias, assim como a todos os cidadãos de sete
países de maioria muçulmana (Síria, Líbia, Sudão, Irão, Iraque, Somália e
Iémen) durante 90 dias.
Os cidadãos daqueles
sete países que possuem uma autorização de residência permanente ('green card')
nos Estados Unidos "não são afetados", disse no domingo ao canal NBC
o chefe de gabinete da Casa Branca, Reince Priebus, adiantando, no entanto, que
poderão ser submetidos a interrogatórios aprofundados à sua chegada ao país.
O período anunciado de
90 dias será usado para pôr em prática um sistema de verificação extremamente
minucioso dos candidatos à entrada nos Estados Unidos.
DNMUNDO
www.miguelimigrante.blogspot.com
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