sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Sem emprego, imigrantes deixam o Brasil em busca de outras oportunidades

Entre janeiro e setembro de 2016, mais de dez mil estrangeiros foram demitidos. Os principais destinos são Chile e Estados Unidos, onde os estrangeiros encontram, principalmente, melhores salários.

Por Julia Arraes
O haitiano Josep Sailon não quer ir embora do Brasil. Ele vive no país desde 2014 e, recentemente, conseguiu trazer a esposa e o filho de cinco anos. Sem emprego há 11 meses, Josep teme ter que escolher outro destino em breve para viver com a família.
‘Se o Brasil continuar assim, não tem jeito de ficar. Eu estou ficando parado, como eu vou pagar aluguel, como vou pagar tudo? Não tem jeito de ficar.’
Josep é só mais um entre tantos estrangeiros que encontram cada vez mais dificuldades para se manter no país, por causa da crise. Quando chegou, há quase três anos, o contexto era outro e ele conseguiu um emprego em poucas semanas. Trabalhou como porteiro em uma empresa que faliu no início de 2016 e acabou demitindo todos os funcionários.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho, de janeiro a setembro de 2016, foram fechadas 10.408 mil vagas para estrangeiros no país. 
Neste cenário, muitos imigrantes estão deixando o Brasil para tentar a vida em outros países. Os principais destinos são Chile e Estados Unidos, que, além de mais oportunidades de emprego, também oferecem melhores salários.
Um dos reflexos pode ser percebido na Casa do Migrante da Missão Paz, que acolhe muitos dos estrangeiros que chegam em São Paulo. Pela primeira vez em cinco anos, eles têm vagas sobrando.
Segundo o Padre Paolo Parise, é possível notar esse movimento de desde a metade do ano passado. Ele diz que para as mulheres a situação é ainda mais complicada, porque 80% das vagas ofertadas são para homens.
‘Muitos imigrantes conhecidos deixaram São Paulo, deixaram outras cidades do Brasil e foram procurar lugares com mais oportunidades. Isso criou uma febre, um começou a falar com o outro e eles começaram a ir em direção aos Estados Unidos’.
A assistente social Ana Paula Caffeu trabalha na mediação entre as empresas e estrangeiros, também na capital paulista, e conta que a queda na oferta de vagas para estrangeiros foi brusca: de 86%. Enquanto em 2014 mais de 2.700 imigrantes conseguiram trabalho através da Missão, em 2016 apenas 371 tiveram a carteira assinada.
‘A gente já viveu momentos em que tínhamos 55 empregadores em um mesmo dia de atendimento e hoje vivemos em uma realidade que se temos cinco, comemoramos’
Sem condições de oferecer empregos e uma melhor qualidade de vida aos imigrantes, o Brasil acaba perdendo uma mão de obra diversa e qualificada. O levantamento da Missão Paz mostra que cerca de 60% dos estrangeiros que chegam ao Brasil têm experiência e formação universitária. 
Cbn
www.miguelimigrante.blogspot.com

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