sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Webinário em parceria com Acnur tratou sobre o acolhimento de migrantes e refugiados no Brasil

 


mgem: PFDC

Após uma pausa em razão do período eleitoral, o Projeto Encontros da Cidadania retomou sua agenda de webinários com o tema: "Os desafios para o acolhimento de migrantes e refugiados". Atualmente, são 103 milhões de pessoas, em todo o mundo, forçadas a deixar seu local de origem em razão de violações de direitos humanos. O evento foi promovido em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (Acnur).

Para o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, amparar essas pessoas envolve múltiplos desafios, como a barreira linguística, as diferenças culturais e a xenofobia são alguns deles. Ele tem acompanhado de perto os desafios que envolvem o acolhimento dessas pessoas, notadamente o trabalho desenvolvido pela Força-Tarefa Logística Humanitária – Operação Acolhida. "Abrigar migrantes e refugiados é tarefa bastante complexa, todavia, devemos ver o outro lado da moeda, o enriquecimento à cultura de nosso país por essas pessoas é inegável. Elas trazem visões de mundo, costumes e saberes, trazem seus talentos, esperanças e paixões", afirmou Vilhena, durante a abertura do webinário.

A chefe do Escritório da Acnur em São Paulo, Maria Beatriz Nogueira, lembrou que este ano comemoramos os 25 anos da promulgação da Lei de Refúgio (Lei Nº 9.474, de 22 de julho de 1997). O normativo trouxe marcos importantes, como, por exemplo, a possibilidade de estrangeiros, a partir momento da solicitação reconhecimento como refugiado, já poderem usufruir de amplos direitos e serviços públicos: acesso ao sistema de saúde e educação, livre circulação em território nacional, obtenção de documentos, entre outros. “Isto é algo muito raro de se ver. A gente sempre usa o Brasil como inspiração na discussão legislativa de vários outros países no que tange a garantia de direitos”, destacou.

Para o debatedor André de Carvalho Ramos, procurador regional da República da 3ª Região, o advento da Lei de Refúgio foi um divisor de águas. “Porque, em primeiro lugar, traz uma faceta de proteção de direitos humanos para esta política. A política de refúgio no Brasil não é uma política de controle migratório, não é uma política securitária. Todo e qualquer movimento de regulamentação que tenha este prisma de controle migratório e securitário ofende a lei.”

Outro ponto importante debatido foi a estrutura do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão responsável pela análise de pedidos de reconhecimento da condição de refugiado. Sobre essa temática, o debatedor André de Carvalho Ramos questionou se a arquitetura institucional desse órgão não se encontraria superada, devido ao déficit na apreciação das solicitações de refúgio, e se não seria necessária uma estrutura compatível com os novos fluxos migratórios.

Para ele, apesar das diversas conquistas na temática, é indispensável continuar observando a situação com um olhar crítico para que se busque o aprimoramento desse sistema. Um dos pontos de dificuldade que ele nota é o fato de tanto a Lei de Migração quanto a arquitetura institucional do Conare terem sido pensados para uma época em que não havia uma expectativa de fluxos migratórios tão altos e tantas solicitações de refúgio.

Respondendo ao questionamento, Maria Beatriz afirmou que o momento é de se pensar em mundos possíveis como a criação de uma autoridade civil migratória ou uma agência nacional para refugiados, pois são conquistas que precisam de uma janela de oportunidade para sair do papel.

O procurador da República em Guarulhos (SP), Guilherme Gopfert, mediador  do evento, enfatizou a importância do trabalho em conjunto de diversos órgãos e entidades para vencer o desafio do acolhimento. Citou como exemplo a parceria do MPF com o Acnur e outras instituições para  garantir a proteção de migrantes inadmitidos no Aeroporto de Guarulhos.


 Confira o webinário completo. 

 mpf.mp.br

www.miguelimigrante.blogspot.com


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