segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Chef francês defende visto para imigrantes em situação irregular que trabalham em restaurantes

 

O chef francês Thierry Marx, em entrevista à RFI © Patricia Lecompte/RFI

Thierry Marx é um ícone da gastronomia francesa e conhecido pelo seu engajamento em causas sociais. Ele falou sobre a proposta em uma entrevista ao "Jornal do Domingo", publicação que circula apenas nos finais de semana. 

"Temos 200 mil vagas abertas no setor da restauração e não podemos contratar estrangeiros. A situação é a mesma na hotelaria", lembrou Thierry Marx. Os dois setores enfrentam dificuldades de recrutamento desde a pandemia e a demanda deve crescer, segundo o chef francês. "Quando você não acha confeiteiros ou cozinheiros na França, o único jeito é procurar fora do país", ressalta.

"Por isso pedimos a rápida regularização de nossos assalariados estrangeiros reconhecidos pela sua competência, e que, de um dia para o outro, acabam em situação irregular", disse o chef francês. 

A escola de gastronomia do chef francês Thierry Marx Charlie Dupiot

"Modelo de integração francesa falhou"

O ministro francês da Indústria, Roland Lescure, elogiou a iniciativa do chef francês. "Parabéns pela coragem de trazer à tona uma situação real, que muitas vezes as pessoas têm dificuldade em reconhecer", declarou.

"O modelo de integração francês falhou", completou, em uma entrevista ao programa "Questões Políticas", da emissora francesa France Inter. "Essa regularização de trabalhadores que atuam em setores de alta demanda é de interesse econômico e social", reiterou.

O governo francês apresentou, há cerca de um mês, o novo projeto de lei sobre a Imigração, mas ele deve ser analisado pelos deputados franceses apenas em =2023. Um das medidas prevê a criação de um visto para profissões com falta de mão de obra.

Na entrevista, Thierry Marx também denunciou "a lentidão administrativa" e a suspensão dos vistos sem justificativa. "A criação de um visto para essas profissões facilitaria a burocracia e traria mais segurança para as empresas", acrescentou, mencionando outros setores, como o da construção.

"Misturar problemas de segurança com a questão da integração das pessoas que não cometeram infrações e são uma verdadeira força para as empresas, não me parece a melhor solução. É como na cozinha: misturar tudo nem sempre dá bom resultado".

(Com informações da AFP)

rfi.fr

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