quarta-feira, 8 de abril de 2020

Como refugiados ficam vulneráveis na pandemia do coronavírus


 Aglomeração de pessoas e containers
REFUGIADOS NO CAMPO DE MORIA, NA ILHA GREGA DE LESBOS

Na medida em que a pandemia do novo coronavírus avança no mundo todo, certos grupos se encontram em posições mais vulneráveis aos seus efeitos. Além de quem tem maior risco à infecção, como os idosos e portadores de doenças pré-existentes, situações como a moradia precária e o impedimento de acesso aos serviços de saúde tornam segmentos da população mais sujeitos a sofrer com a crise.

Entre os grupos mais vulneráveis estão os refugiados e outros imigrantes que deixaram seus países por motivos alheios à vontade própria. São pessoas que abandonaram seus locais de origem ao fugirem de guerras, perseguições políticas ou religiosas, desastres ambientais ou mesmo miséria econômica, por exemplo. Hoje, estão em campos de refugiados, em abrigos ou dispersos no território dos países onde são estrangeiros com pouco ou nenhum acesso às redes de assistência social.

25,9 milhões

Era o número de refugiados no mundo em 2018, segundo a OIM (Organização Internacional de Migrações)

Aglomerações nos campos de refugiados

As pessoas que abandonam seu país por determinados tipos de perseguição como refugiados recebem uma proteção diferenciada do direito internacional, que impede que eles sejam enviados de volta ao seu país de origem. No entanto, enquanto esperam para serem regularmente admitidos em outro país, o que pode durar anos, milhões de refugiados ao redor do mundo ficam em campos e acampamentos.

Nesses lugares, a aglomeração de pessoas, por si só, já dificulta a contenção da propagação acelerada do novo coronavírus. A situação, porém, é agravada pela precariedade da infraestrutura em diversos desses locais.

É emblemática a situação dos campos da Grécia, país que desde 2015 já recebeu mais de um milhão de refugiados, o equivalente a 10% da sua população. O campo de Moria, na ilha de Lesbos, por exemplo, foi feito para comportar 3 mil pessoas, mas atualmente abriga 20 mil. Há uma torneira para cada 1,3 mil pessoas e nenhum sabonete à disposição, segundo a organização não governamental Médicos sem Fronteiras.

5 m²

É o espaço, por pessoa, no campo de refugiados de Moria, na Grécia, segundo o Comitê Internacional de Resgate

O governo grego decretou o isolamento de dois campos, o de Malakasa e o de Ritsona, depois que moradores foram diagnosticados com a covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Durante duas semanas esses campos, que abrigam ao todo mais de três mil pessoas, estarão rigorosamente fechados para entradas e saídas, para evitar a contaminação dos moradores da região.

Entidades de trabalho humanitário defendem que a contenção da pandemia exige um esvaziamento parcial, ou mesmo total, dos campos. O coordenador do grupo Médicos Sem Fronteiras na Grécia, Hilde Vochten, chega a afirmar que só a evacuação de todos os campos gregos é capaz de evitar um desastre de grandes proporções.

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/04/07/Como-refugiados-ficam-vulner%C3%A1veis-na-pandemia-do-coronav%C3%ADrus
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Isabela Cruz
NexoJornal

www.miguelimigrante.blogspot.com

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