A imigração no Brasil tem quase a mesma idade do
descobrimento. Desde 1530 recebemos cidadãos de outras localidades. Primeiro
foram os colonos portugueses, que vieram para cá com o objetivo de povoar, de
plantar e de explorar a região. Em seguida, nas primeiras décadas do século XIX
imigrantes de vários países da Europa vieram com a intenção de melhorar as
condições de vida, já que o Velho Continente passava por situações críticas em
relação a trabalho, comida e mesmo doenças.
A primeira onda de imigrantes europeus foi a de suíços, mas
ainda assim a imigração não foi tão grande quanto a que veio a seguir. Depois
que a escravidão foi abolida, era preciso trazer mão de obra para as grandes
lavouras, principalmente de café. Como o governo subsidiava as passagens de
navio, incentivando a vinda, os italianos começaram a chegar, assim como os
espanhóis, no final do século XIX. Além deles, o Brasil também recebeu alemães,
japoneses, chineses, poloneses, libaneses e outros. E apesar de não ser
considerado imigração, já que vinham forçados, a presença de africanos no país
também é muito forte.
Geralmente olhamos a imigração e esquecemos que cada
imigrante tem uma história. Afinal, é o conjunto desses relatos que forma o
país. Desse modo, uma das vidas que foram afetadas pela imigração foi a da
espanhola Francisca Galera, que nasceu em Vélez Rubio e saiu da Espanha em
1913, juntamente com os seus familiares. De uma família humilde, ela imigrou
para o Brasil a bordo do navio Provence. Então desembarcaram no porto de
Santos, passaram pela Hospedaria dos Imigrantes do Estado de São Paulo e foram
para o município de Nova Europa, destinados a trabalhar numa fazenda de cultivo
de café.
A neta da imigrante, Alcione Rosa, não quis que essa
história de coragem se perdesse, por isso escreveu o livro Francisca Galera -
Da Espanha ao Brasil, publicado pela Editora Albatroz. "Várias pessoas têm
me procurado para falar que a biografia da minha família é igual ao relato da
família deles. Fico feliz porque estou preservando a história de muitos
brasileiros, que são descendentes de várias nações. De certa forma estou
contribuindo para o registro e a memória do imigrante no Brasil", explica.
Passar por uma imigração não é fácil. De acordo com Alcione,
ela fica emocionada sempre que pensa em algumas passagens da vida da avó, como
quando já no navio para ir para o Brasil, ainda no porto, ela quer descer, mas
não pode. "Isso acontece porque fico imaginando-a dizendo adeus para a
Espanha e para Vélez Rubio, assim como tantos outros fizeram antes e
depois". Do mesmo modo, outra passagem que a escritora relembra é já no Brasil
com os filhos pequenos. Apesar da dor no coração, Francisca levava seu bebê
para a lavoura e chorava ao vê-lo embaixo do pé de café sozinho. Tanto no nosso
país quanto na Espanha, Francisca Galera e muitos outros imigrantes, com
histórias tão semelhantes, sofreram.
Para saber mais sobre imigração no país, é possível
consultar centenas de livros e artigos que contam essas narrativas. O conteúdo
é rico e há inúmeras informações, histórias de vidas e de povos inteiros.
Portanto, para dar fundamentos teóricos ao seu trabalho, Alcione Rosa pesquisou
materiais de historiadores e em vários cartórios do Brasil, além de buscar
informações no Museu da Imigração. "Ele foi fundamental para o meu
trabalho, pois consegui resgatar dados que a família não tinha mais",
comenta. Além disso, a própria Francisca foi fundamental para a escrita desse
livro. Segundo Alcione, ela deixou parte da sua história para a família num
pequeno gravador de fita cassete.
"São duas fitas, uma gravada em 1978 e a outra em 1979, que foram
recuperadas e transcritas por mim", afirma.
O livro Francisca Galera - Da Espanha ao Brasil, de Alcione
Rosa, foi publicado em 2019 pela Editora Albatroz.
Website:
https://loja.editoraalbatroz.com.br/francisca-galera-da-espanha-ao-brasil
Terra
www.miguelimigrante.blogspot.com
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