sábado, 23 de novembro de 2019

Migrantes enfrentam horas em filas para conseguir atendimento em Posto de Interiorização

WhatsApp_Image_2019-11-19_at_11.14.48_E99362FC-905B-43F7-ABCE-105C664713DE.jpeg
Em Manaus, centenas de venezuelanos buscam, diariamente, conseguir receber atendimento no Posto de Interiorização e Triagem (PiTRG) da Operação Acolhida (AO). Ao lado do local, em um terreno com chão de barro situado na Avenida Torquato Tapajós, a espera por horas transforma-se em grandes filas sob altas temperaturas, com estrutura de apenas alguns cones e fitas de isolamento.
O posto foi idealizado pelo Comitê Federal de Assistência Emergencial do Governo Federal e funciona na cidade desde o dia 5 de novembro deste ano. O objetivo é viabilizar o acesso a serviços de documentação, refúgio e moradia no Brasil. O acesso aos serviços, entretanto, é uma missão que pode durar dias.
Na tentativa de driblar o sol, os migrantes e refugiados venezuelanos, além de alguns haitianos, improvisam sombra com papelão, moletons e sacos de lixo na cabeça. Muitos vão acompanhados de crianças. A única água disponível é a de ambulantes, comercializada ao preço de R$ 2,00. Aqueles que não aguentam ficar em pé escolhem sentar no chão de barro, mas são advertidos por militares para retornar à fila.
Em um dado momento, um agente da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (ACNUR) direciona um grupo para dentro do PiTRG, instalado ao lado do terreno onde ficam aqueles que aguardam o atendimento. Uma mulher venezuelana de 35 anos explicou que o atendimento começa às 8h, mas é preciso chegar bem mais cedo para garantir o atendimento. Tímida e desconfiada, por medo, preferiu não se identificar.
Aos poucos os venezuelanos vão deixando o terreno em direção ao PTrige. Foto: Euzivaldo Queiroz
“Eu cheguei aqui às 6h. Estou a duas semanas tentando dar entrada nos papeis para residência e não consigo. Hoje consegui a senha para sexta-feira (22), mas não é garantia. Todos os dias essas filas se repetem e ficamos desse jeito”, declarou a mulher.
No total são cinco filas para serviços distintos: interiorização; emissão de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); Cadastro de Pessoa Física (CPF); e solicitação de residência fixa.
Na manhã desta terça-feira (19), o coordenador de atendimento do PiTRG, Major Boldo, anunciou por volta das 10h40, que os atendimentos para emissão de CPF e pedidos de Refúgios já estavam encerrados e, por isso, iria anotar os nomes dos interessados para reagendar o atendimento. Ele não quis conversar com a equipe do Portal A Crítica, assim como a reportagem não teve acesso às dependências do PiTRG. Na porta do lugar, o desconforto de muitos que procuravam ajuda era evidente.
“Eu venho atrás de informação aqui na frente e me mandam ir para a fila. É muito complicado. Estou aqui há poucos meses e até agora só consegui tirar o CTPS. Não dão muitas informações e quase não temos orientações. Tem que pegar senha, mas, muitos não sabem disso, vem e não conseguem atendimento”, explicou um jovem venezuelano de 27 anos, que também preferiu não se identificar.
Refugiados foram remanejados para outra data. Foto: Euzivaldo Queiroz
Situação deve ser averiguada
A reportagem procurou o Exército Brasileiro (EB), a ACNUR em Manaus e o Ministério da Defesa, para saber se existe algum planejamento ou a intenção de providenciar tendas de maneira a melhorar a espera pelo atendimento, e também o limite de fichas para atendimento diário.
O coordenador para Operação Acolhida em Manaus, coronel Ademar Neto, não quis responder por telefone ou emitir nota por e-mail sobre os questionamentos da reportagem. Segundo a ACNUR, a Operação Acolhida é coordenada pelo Ministério da Defesa, Casa Civil, em parceria com Agências das Nações Unidas e rede de atores sociais.
 Em nota, o Ministério da Defesa informou que o serviço de acolhimento, por meio do posto, está sendo estendido para Manaus e a previsão é de que instalações para receber os venezuelanos fiquem prontas até o fim de novembro. De qualquer forma, o órgão informou que a situação será verificada para as devidas providências.
A fiscalização da Operação Acolhida em Manaus está sob tutela do Ministério Público Federal (MPF–AM). Assim como os demais, o órgão foi procurado por meio de assessoria, para saber se há fiscalização, bem como se cobrará providências acerca das filas e melhoras no serviço. Até o fechamento desta matéria, não houve retorno por parte do MPF-AM.
 
Foto: Euzivaldo Queiroz
Acritica
www.miguelimigrante.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário