sábado, 10 de agosto de 2019

Sanções americanas sobre Venezuela afetam “setores mais vulneráveis da população”, alerta ONU

O aviso foi deixado pela alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, para quem as sanções são “extremamente abrangentes”. As medidas congelam todos os ativos do Governo venezuelano nos EUA e proíbem transações comerciais. O objetivo é declaradamente pressionar Nicolás Maduro a renunciar ao cargo

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, criticou esta quinta-feira as mais recentes sanções americanas sobre a Venezuela. Para a antiga Presidente do Chile, as sanções são “extremamente abrangentes” e afetam as camadas mais desprotegidas da sociedade.
As medidas congelam todos os ativos do Governo venezuelano nos EUA e proíbem transações comerciais. O objetivo é declaradamente pressionar o Presidente Nicolás Maduro a renunciar ao cargo. Os Estados Unidos são um dos mais de 50 países que não reconhecem Maduro como o Presidente legítimo da Venezuela.
“Estou profundamente preocupada com o impacto potencialmente severo sobre os direitos humanos do povo da Venezuela do novo conjunto de sanções unilaterais impostas pelos EUA”, disse Bachelet em comunicado. “As sanções não contêm medidas suficientes para mitigar o seu impacto nos setores mais vulneráveis da população”, sublinhou. Apesar de algumas exceções para a venda de comida, vestuário e medicamentos, a alta comissária da ONU referiu que as medidas ainda “poderão exacerbar significativamente a crise para milhões de venezuelanos comuns”.

PENALIZAÇÕES CONTRA “ESTRANGEIROS” QUE APOIEM GOVERNO VENEZUELANO

Bachelet já havia manifestado a sua preocupação com as consequências de sanções anteriores de Washington sobre Caracas, tendo igualmente criticado o Governo de Maduro, sobretudo por causa dos maus tratos aos opositores. Em março, destacou a Venezuela como um exemplo de como “violações de direitos civis e políticos” podem acentuar a desigualdade e piorar as condições económicas, lembra a BBC.
Na segunda-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ordenou o congelamento de todos os ativos do Governo venezuelano nos EUA e impediu transações com as autoridades de Caracas. As medidas, que vêm na sequência de repetidas rondas de sanções contra Maduro, incluem a autorização de penalizações contra “estrangeiros” que disponibilizem apoio ao Governo venezuelano, disse o conselheiro nacional de segurança dos Estados Unidos, John Bolton, no dia seguinte.

“PRECEDENTE PERIGOSO CONTRA PROPRIEDADE PRIVADA”

A vice-Presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, classificou as mais recentes sanções como “uma ameaça global” e um ataque à propriedade privada. “Todos os países que tenham investimentos nos EUA devem ficar preocupados porque isto abre um precedente perigoso contra a propriedade privada”, alertou.
A Venezuela vive uma situação de impasse político desde janeiro, quando Guaidó se autoproclamou Presidente interino, tendo recebido o apoio de mais de meia centena de países. Guaidó invocou a Constituição para assumir uma presidência rival em exercício, alegando que a reeleição de Maduro em 2018 tinha sido fraudulenta.

“SANÇÕES SERÃO LEVANTADAS AMANHÔ SE MADURO SAIR

Na quarta-feira, Guaidó defendeu que Maduro poderia ajudar o país abandonando o palácio presidencial. “Dessa forma, as sanções serão levantadas amanhã”, disse, acrescentando que estas são “penalizações para quem rouba e lucra com a miséria”.
A Venezuela está em profunda recessão há cinco anos. A escassez de comida e medicamentos é frequente e os serviços públicos falham progressivamente. Cerca de um quarto dos 30 milhões de habitantes da Venezuela precisa de ajuda, segundo as Nações Unidas. Desde o início de 2016, mais de três milhões de pessoas já abandonaram o país.

Expresso
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