sexta-feira, 5 de abril de 2024

População haitiana enfrenta uma crise que se agrava à medida em que o bloqueio em Porto Príncipe se prolonga

 

Deslocados internos haitianos se concentram em praças públicas, escolas e igrejas ao fugirem de suas casas. As clínicas móveis da OIM oferecem tratamento médico gratuito e apoio psicossocial em diversos locais de Porto Príncipe, como na Place Clercine em Tabarre. Foto: OCHA/Giles Clarke

Genebra/Porto Príncipe, 4 de abril – A OIM, Agência da ONU para as Migrações, alerta sobre o agravamento da situação humanitária e da crise de proteção após um bloqueio de um mês imposto a Porto Príncipe. O aumento da violência desde fevereiro deste ano atingiu níveis sem precedentes, o que resultou na piora de questões relacionadas à segurança alimentar e em múltiplos deslocamentos. Enquanto o país enfrenta a pior crise em anos, as famílias continuam lutando para garantir até mesmo suas necessidades mais básicas, enquanto o sentimento de desespero se intensifica. 

“Enquanto a prestação de serviços de assistência era mais simples durante os desdobramentos dos terremotos, nas atuais circunstâncias essa tarefa tem se tornado cada vez mais desafiadora”, disse o Chefe de Missão da OIM no Haiti, Philippe Branchat. “Os funcionários humanitários, incluindo os nossos, enfrentam desafios de segurança sem precedentes, conciliando a necessidade urgente de ajudar a população com as difíceis realidades sobre risco pessoal e deslocamento.” 

A crise se estende muito além dos limites de Porto Príncipe, afetando comunidades em todo o Haiti e deixando mais de 360 mil pessoas deslocadas em todo o país, muitas delas sendo deslocadas mais de uma vez. Para os quase 100 mil deslocados internos que vivem em locais designados para abrigá-los, as condições são deploráveis, amplificando seu sofrimento. Suas necessidades incluem acesso a alimentos, cuidados de saúde, água, apoio psicológico e instalações de higiene. 

Em meio ao caos que assola o Haiti, sua economia permanece em crise. A equipe psicossocial da OIM tem se deparado com casos de tendências suicidas, antes um assunto tabu, mas que agora tem se tornado um assunto comum, especialmente entre as populações deslocadas. A falta de oportunidades econômicas, somada a um sistema de saúde em colapso e escolas fechadas, alimenta o sentimento de desespero, levando muitos a considerar a migração como sua única opção. No entanto, para a maioria dos haitianos, a perspectiva de uma migração regular continua sendo um obstáculo insuperável, tornando a migração irregular sua única esperança. 

Apesar do agravamento da situação de segurança, países vizinhos forçaram o retorno de 13 mil pessoas migrantes ao Haiti em março, um aumento de 46% em relação ao mês anterior. Cerca de 3 mil delas receberam assistência humanitária na chegada, enquanto mais de 1.200 pessoas migrantes se beneficiaram de apoio psicossocial. 

O árduo processo para a obtenção de um passaporte pode durar meses, ou até mais de um ano, tornando difícil a migração regular por meio da obtenção de vistos humanitários e participação de programas específicos. Reconhecendo a urgência dessa questão, a OIM tem se empenhado em apoiar as autoridades haitianas no fortalecimento de sua capacidade de emitir documentação essencial, apesar dos desafios, reafirmando o compromisso inabalável da organização em facilitar caminhos seguros e ordenados de migração para todos. 

A OIM e seus parceiros estão oferecendo assistência em áreas de maior necessidade. Em março, mais de 1,5 milhão de litros de água foram entregues em locais que abrigam pessoas deslocadas internamente, beneficiando mais de 23.500 pessoas. Itens essenciais como cobertores, galões de água, lanternas solares e conjuntos de cozinha foram distribuídos para mais de 18 mil pessoas. 

A resposta humanitária da OIM incluiu assistência com serviços médicos básicos e apoio psicossocial no local, incluindo sessões de aconselhamento em grupo e terapia individual. Uma linha direta gratuita também está disponível para deslocados internos que precisam de ajuda ou desejam levantar questões. A organização também está coletando e divulgando informações críticas sobre o movimento da população para avaliar constantemente as necessidades dos mais vulneráveis. 

brazil.iom.int/pt-br

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