Migrantes participam do Fórum realizado na PUCRS
Grupo se reuniu na PUCRS para
definir a coordenação e estabelecer uma série de definições para compor
sugestões que serão apresentadas em conferências de migrantes
Reivindicações de direitos
iguais são o tema da segunda reunião do novo Fórum Permanente Migrantes Porto
Alegre, realizada no campus da PUCRS na noite desta quinta-feira. O grupo está
em criação, com a formação de sua diretoria e objetivo de unificar objetivos e
estratégias de fortalecimento na comunidade migrante.
Entre as propostas, o fórum
pretende ser porta-voz e protagonista de suas próprias demandas e necessidades,
além de ocupar espaços na sociedade e contribuir para o desenvolvimento da
cidade e do estado. Na pauta do encontro, esteve a eleição da coordenação e a
confecção de uma carta com propostas para serem apresentadas na Conferência
Livre Municipal e Estadual da II Conferência Nacional de Migrações (Comigrar).
Um dos coordenadores do
projeto, Edison Hüttner explica que os migrantes buscam se inserir na sociedade
em que vivem, sem discriminação e diferenciação. Entre os principais
questionamentos estão pautas como o porquê de não ser facilitada a
documentação, a carteira de identidade e o direito ao voto.
Também na coordenação está
Mario Fuentes Barba. Natural da Bolívia, vive no Brasil desde 1987 e ocupa,
atualmente, o cargo de assessor para assuntos de imigração e povos indígenas da
Prefeitura de Porto Alegre. Ele explica que a criação de um fórum permanente de
migrantes é justamente a oportunidade de organizar, independentemente da
nacionalidade, em prol do mesmo fim, que é o protagonismo das suas
necessidades.
Barba justifica que a criação
permitirá que os integrantes participem ativamente destas reivindicações. “É a
inversão da lógica, ou seja, nós migrantes estamos aqui também para contribuir
com o desenvolvimento da cidade e do Estado como lugar de acolhimento. É desta
forma que nós queremos ser vistos e desta forma ser tratados também”, afirma.
Após o encontro e a definição
de toda a coordenação do fórum, com a conclusão da carta elaborada pelos
participantes, o documento será levado para as conferências municipal e
estadual, que ocorrem nos próximos dias.
Migrante destaca a importância
do voto e da documentação
Entre os participantes do
encontro realizado na PUCRS, está o chileno Alex José Oyarzo Nayorga, que
também vive há vários anos na Capital. Durante o evento, ele manifestou pontos
que considera essenciais para que os migrantes se sintam parte, efetivamente,
da sociedade.
Para Nayorga uma das coisas
fundamentais é a inclusão política. “Tudo gira em torno da política. Se nós não
fazemos parte dela, podendo votar e participar da política social do lugar onde
nos encontramos, viveremos sempre com medo e não teremos voz em algo que é
latente”, afirma.
O migrante também pontua que
possui gratidão pelo Brasil, como uma casa que o acolheu. Entretanto, pontos
como a diferença no documento de identidade entre brasileiros e migrantes não
permitem que eles se sintam com os mesmos direitos. “Por que temos que ter uma
carteira diferente? É algo que vale o debate, principalmente quando se leva em
consideração o artigo 5º da constituição, que garante que todos somos iguais.
Na prática, não é assim”, conclui.
Guilherme Sperafico
correiodopovo.com.br/
www.miguelimigrante.blogspot.com
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