Atualmente, cerca de 43 mil pessoas com status de refugiado vivem no Brasil, dentre essas 11.231 são sírias, de acordo com dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). A guerra civil da Síria, que começou em 2011, motivou milhões de cidadãos a fugirem do país em busca de refúgio em outras nações. A advogada Elissa Fortunato estudou as políticas públicas brasileiras para receber essa população entre os anos de 2014 até 2016. A pesquisa concluiu que, em 2014, o País contava com políticas precárias de recebimento de imigrantes — elaboradas durante o governo ditatorial no Brasil — e, em decorrência disso, a experiência de chegada causou traumas em muitos sírios. O trabalho mostrou também a evolução na legislação vigente sobre os imigrantes, de acordo com o aumento da demanda a partir do ano de 2014.
A pesquisa de mestrado Integração de refugiados no Brasil: a construção de políticas públicas e a visão dos refugiados sírios, realizada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, envolveu entrevistas com muitos imigrantes da Síria para entender como foram as experiências de chegada ao Brasil. De acordo com o estudo, a legislação e as políticas se aperfeiçoaram e, no ano de 2016, já estavam mais aptas a lidar com os solicitantes. O trabalho contou com orientação do professor Paulo Daniel Elias Farah e foi apresentado em 2019.
Em 2014 estava pior, é o que os refugiados contam. As informações eram dispersas, os serviços públicos não estavam lá para atendê-los, agentes da polícia federal não falavam inglês. As coisas foram melhorando. Tanto é que se eu entrevistar refugiados que chegaram ao Brasil em 2018, por exemplo, a perspectiva deles vai ser um pouco diferente”, conta Elissa ao Jornal da USP.
A evolução da legislação
O estudo é focado nos anos de 2014 a 2016, período de transição das políticas brasileiras sobre imigração. A maior parte dos países não tem uma política única para lidar com a questão dos imigrantes forçados e as medidas vão sendo tomadas de acordo com a demanda. No Brasil, quando um imigrante solicita o refúgio, o processo é encaminhado para o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) — órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública — onde as pessoas são entrevistadas pelo agente de elegibilidade, quem decide sobre o refúgio e verifica se realmente há perseguição no país de origem do solicitante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário