quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Cruz Vermelha e Exército acolhem 120 venezuelanos



Chegaram em Campo Grande (MS), na manhã desta quarta-feira (30), 120 imigrantes venezuelanos que estão recebendo acolhimento da Cruz Vermelha e do Exército Brasileiro, os quais, parte deles, serão direcionados para outras cidades do território brasileiro. Durante o dia receberam almoço e higienização pessoal dos voluntários. 

Cerca de 60 venezuelanos já foram direcionados para a cidade de Dourados, os que possuem familiares na Capital serão encaminhados para uma nova casa. Parte deles continuam no abrigo temporário, localizado no prédio da Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária, os quais serão direcionados para as cidades de Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre e Cuiabá. 

Segundo o presidente da Cruz Vermelha Brasileira Filial MS, Tácito Nogueira, já houve outras ações realizadas para receber venezuelanos, mas não em Campo Grande. “Esta já é a 4ª missão que está acontecendo. Tivemos outras três anteriores, o qual eles foram direcionados direto para Dourados, ou seja, não precisamos fazer toda essa mobilização. Esta é a primeira vez que vamos ter que mobilizar aqui e destinar cada um para um local”, explicou. 


Para uma das venezuelanas, que veio para o Brasil com seu marido e as duas filhas, toda essa transição não é nada fácil, mas serve de muita experiência para todos eles. “Viemos de Monagas, um dos estados da Venezuela, é uma cultura bem diferente, mas tudo isso é como experiências e muita bagagem para nós. Estamos em família, e é isso que importa”, contou. Ela ainda fez observações sobre o clima da Capital, “Muito quente, uma surpresa para nós”, finalizou. 

Tácito ainda explicou sobre a questão jurídica relacionada aos imigrantes, aqui no Brasil. “Eles veem para o Brasil todos prontos, com as documentações legalizadas, como documentos pessoais, carteira de trabalho... Também temos o cuidado de orienta-los para que futuramente eles não possam servir de trabalho escravo, sobre direitos trabalhistas, e assuntos relacionados”, ressaltou. 

Cerca de 20 voluntários têm auxiliado nesta chegada dos venezuelanos aqui em Campo Grande, por meio da Cruz Vermelha. Ajudando pela primeira vez, Bruna Silveira, de 23 anos, comentou sobre seu papel nesta missão. “É muito gratificante poder ajudar de alguma forma esse grupo de pessoas que vieram de tão longe, buscando um recomeço aqui. É importante cada um fazer a sua parte, dentro do que está ao seu alcance, por um mundo melhor”, pontuou. Bruna também faz parte da Liga Acadêmica de Direito Internacional dos Refugiados – LADIR/UFMS. 

Doações - Voluntários estão pedindo doações para as famílias abrigadas na Seleta, especialmente para as crianças. Há necessidade de produtos para higiene pessoal e também alimentos. Quem puder colaborar deve entregar os donativos na Seleta, localizada na Rua Pedro Celestino, na Vila Esplanada, em Campo Grande.

Diario Digital

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A situação dos migrantes nas ilhas gregas está 'à beira da catástrofe'

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A situação dos migrantes nos campos das ilhas gregas é "explosiva" e está "à beira de uma catástrofe", alertou nesta quinta-feira a comissária para os direitos humanos no Conselho da Europa, Dunja Mijatovic.
"A situação dos migrantes, incluindo os que pediram asilo, nas ilhas gregas do Mar Egeu piorou dramaticamente nos últimos 12 meses. São necessárias medidas urgentes para lidar com as terríveis condições de vida de milhares de seres humanos", disse Mijatovic a repórteres.
Desde 2016, a Grécia é a principal porta de entrada na Europa para migrantes que buscam asilo. Atualmente, cerca de 34.000 pessoas vivem em campos nas ilhas gregas, com capacidade para apenas 6.000.
O governo de direita de Kyriakos Mitsotakis, eleito em julho na Grécia, está comprometido em reforçar os controles nas fronteiras e para as concessões de asilo.
A líder europeia se mostrou horrorizada com a falta de higiene e assistência médica nesses campos superlotados em Lesbos e Samos, cujas condições são frequentemente denunciadas por defensores dos direitos humanos.
"As pessoas ficam na fila por horas para receber comida ou ir ao banheiro, quando há banheiro", disse Mijatovic.
"As autoridades gregas devem fazer algo com urgência. É uma imagem que não é típica da Europa do século XXI", acrescentou.
AFP
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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

ACNUR e Pacto Global lançam no Rio plataforma para contratação de refugiados

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Rede Brasil do Pacto Global lançam na sexta-feira (1) no Rio de Janeiro (RJ) a plataforma “Empresas com Refugiados”, que visa ampliar a inserção de refugiados no mercado de trabalho brasileiro.
A iniciativa será apresentada durante a 4ª edição do Fórum Empresarial de Empregabilidade e Empreendedorismo para Refugiados e Migrantes.
A congolesa Lucia vive atualmente em São Paulo e, com ajuda do ACNUR e parceiros, está construindo um futuro melhor por meio de estudos e trabalho. Foto: ACNUR/Fellipe Abreu
A congolesa Lucia vive atualmente em São Paulo e, com ajuda do ACNUR e parceiros, está construindo um futuro melhor por meio de estudos e trabalho. Foto: ACNUR/Fellipe Abreu
Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Rede Brasil do Pacto Global lançam na sexta-feira (1) no Rio de Janeiro (RJ) a plataforma “Empresas com Refugiados”, que visa ampliar a inserção de refugiados no mercado de trabalho brasileiro.
A iniciativa será apresentada durante a 4ª edição do Fórum Empresarial de Empregabilidade e Empreendedorismo para Refugiados e Migrantes.
O evento, que já teve edições em São Paulo (SP), Manaus (AM), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG), reúne empresários, pessoas em situação de refúgio, representantes de ONGs, do setor público e demais atores que lidam com o tema.
O objetivo é alinhar desenvolvimento econômico sustentável ao aumento do fluxo de refugiados e migrantes. A edição fluminense será realizada na WeWork de Botafogo, e as inscrições podem ser feitas pelo link: http://bit.ly/2PbI2vQ.
A programação contará com apresentações de representantes do ACNUR, Rede Brasil do Pacto Global, WeWork e da administração municipal e estadual do Rio de Janeiro. Também participam organizações que trabalham pela inserção de refugiados na sociedade brasileira. Ao final do evento, haverá uma discussão sobre boas práticas empresariais na inclusão de refugiados e migrantes, e um painel da Operação Acolhida.
“Quando comecei a procura por novos talentos, necessitava de um garçom bilíngue e um cozinheiro”, afirmou a dona de restaurante Debora Shornik, que compartilhou sua experiência na contratação de refugiados durante a edição do Fórum em Manaus. “Hoje, a garçonete venezuelana é a única que fala inglês no restaurante, além dos ótimos três cozinheiros.”
Para Luis, um dos cozinheiros contratados, sua adaptação cultural ao novo ambiente de trabalho aconteceu de forma rápida. “Debora acolheu muito bem nossas sugestões e incluiu um pouco da Venezuela no cardápio.”
Segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), o Brasil reconheceu, apenas em 2018, um total de 1.086 refugiados de diversas nacionalidades. No mesmo ano, foram apresentadas 752 solicitações de refúgio no Rio de Janeiro. O estado também faz parte da iniciativa de interiorização, e recebeu 585 venezuelanos entre janeiro e agosto de 2019.

Serviço

Fórum Empresarial de Empregabilidade e Empreendedorismo para Refugiados e Migrantes
Local: WeWork – Av. Pasteur, 154 – Botafogo, Rio de Janeiro
Data e horário: 1º de novembro de 2019, 9h-12h30
Inscrições: http://bit.ly/2PbI2vQ

Sobre o Pacto Global

Lançado em 2000 pelo então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, o Pacto Global é um chamado para as empresas alinharem suas estratégias e operações a 10 princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção e desenvolverem ações que contribuam para o enfrentamento dos desafios da sociedade. É hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 13 mil membros em quase 80 redes locais, que abrangem 160 países.
A Rede Brasil do Pacto Global foi criada em 2003, e hoje é a terceira maior do mundo, com mais de 800 membros. Os mais de 30 projetos conduzidos no país abrangem, principalmente, os temas: Água e Saneamento, Alimentos e Agricultura, Energia e Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Anticorrupção e ODS (esta última para engajar as empresas em relação à Agenda 2030).

Sobre o ACNUR

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) foi criada em dezembro de 1950 por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas com o objetivo de proteger e ajudar refugiados e populações apátridas em todo o mundo. Por seu trabalho humanitário, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981).
Atualmente, a agência conta com quase 12 mil funcionários e está presente em cerca de 130 países com mais de 460 escritórios. Por meio de parcerias com centenas de organizações não governamentais, o ACNUR presta assistência e proteção a mais de 67 milhões de homens, mulheres e crianças.
No Brasil, o ACNUR tem seu escritório central em Brasília e unidades descentralizadas em São Paulo (SP), Manaus (AM), Belém (PA) e Boa Vista (RR). O ACNUR atua em cooperação com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) e em coordenação com os governos federal, estaduais e municipais, além de outras instâncias do Poder Público.
Onu
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Papa participa de encontro sobre migração com bispos do Mediterrâneo

O Papa ao encontrar com famílias de refugiados em Lesbos, na Grécia, em 2016
No encontro da Conferência Episcopal Italiana (CEI) marcado para 2020 na cidade de Bari, sul da Itália, bispos da Europa, Ásia e África irão abordar o tema do “Mediterrâneo, fronteira de paz”. O Papa Francisco vai participar do dia de conclusão dos trabalhos, isto é, em 23 de fevereiro, oportunidade em que também irá presidir uma missa para a comunidade local.

O Papa Francisco vai voltar a Bari, sul da Itália, em fevereiro de 2020 para participar das atividades de conclusão do encontro da Conferência Episcopal Italiana sobre migração, intitulado “Mediterrâneo, fronteira de paz”. São esperados cerca de 100 bispos, representantes de Igrejas católicas de 19 países da Europa, Ásia e África. Em 23 de fevereiro, quinto dia de evento, o Pontífice vai encontrá-los na Basílica de São Nicolau – importante destino de peregrinação para os cristãos. Como antecipa o jornal italiano católico Avvenire, na sequência o Papa vai presidir uma missa no coração da cidade.

Programa do “Mediterrâneo, fronteira de paz”

O tema central será a migração, mas também serão analisados argumentos como a justiça social, a vida eclesial, os jovens, o desenvolvimento, o diálogo entre as várias confissões cristãs e com outras denominações religiosas pela reconciliação entre os povos. Os bispos italianos estão ultimando os detalhes do programa de reflexão e espiritualidade, a partir de um contato articulado com os chefes das Igrejas locais, porém, a dinâmica será orientada por um confronto sinodal, com assembleias e círculos menores.
Serão 5 dias dedicados a temas ligados ao Mediterrâneo, com análises entre os pastores a portas fechadas, mas também coletivas de imprensa diárias. Os bispos ainda serão convidados a celebrar missas nas paróquias da cidade para encontrar a comunidade local. Um dos momentos será dedicado ao confronto público e com as instituições e, finalmente o último dia, 23 de fevereiro, a presença do Papa Francisco, já confirmada ao presidente da CEI, card. Gualtiero Bassetti, idealizador do evento.
Vatican News
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terça-feira, 29 de outubro de 2019

UFPA deve receber alunos estrangeiros em condições de vulnerabilidade

Em 2020, a Universidade Federal do Pará (UFPA) pode receber até 374 calouros especiais. É que, pela primeira vez, a Instituição terá uma seleção específica para estudantes estrangeiros em condições de vulnerabilidade. O concurso foi batizado de PSE MIGRE.
 
Foto:Divulgação/UFPA
 

O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Instituição acaba de aprovar o edital de seleção para o Processo Seletivo Especial para Imigrantes, Refugiados, Asilados, Apátridas e Vítimas de Tráfico de Pessoas em Situação de Vulnerabilidade Socioeconômica. São 374 vagas, ou seja, duas em cada um dos 187 cursos ofertados pelo concurso em todos os campi da UFPA.

Os candidatos precisarão comprovar fazer parte do grupo beneficiado pela seleção especial e o concurso não terá exame específico. A seleção funcionará com base na análise documental realizada por uma comissão especial nomeada pela Universidade, ou seja, não haverá prova. Quem concluiu o ensino médio ou cursou o ensino superior no Brasil, porém, não poderá se candidatar às vagas.

Para a relatora que analisou e emitiu o parecer técnico sobre esse primeiro edital do concurso, a antropóloga Jane Beltrão, esse ”vestibular”, “além de promover a prática humanitária, traz consigo a tentativa de afastar os receios e o ódio que a xenofobia, o preconceito, a discriminação e o racismo promovem, nestes tempos tão difíceis em que vivemos”.

A antropóloga defende, ainda, que “o mais importante agora é divulgar este processo seletivo, é que as pessoas aprendam o caminho para a UFPA e para a Amazônia, mesmo que o número de inscritos, neste primeiro momento, não seja numeroso”.

Pedido e pesquisa até a criação do edital - A iniciativa da seleção especial é da Reitoria da UFPA em conjunto com a Assessoria de Diversidade e Inclusão Social (ADIS), órgão que acompanhará as etapas do concurso.

A pesquisadora Zélia Amador, que também é gestora da ADIS, reforça a importância deste novo sistema de ingresso que a UFPA criou e acredita que, com mais esta decisão, a Universidade se torna mais humana.

“A gente continua na luta pela inclusão porque a sociedade precisa disso e ainda temos muito o que avançar em relação à própria concepção de inclusão. Não é suficiente trazer as pessoas para dentro da Universidade, é preciso trazer também os saberes delas, ou seja, trazê-las em sua plenitude. Não apenas aceitá-las e desejar que elas assimilem o que nós sabemos, é preciso que nós assimilemos o que elas sabem e conhecem”.

 
Foto:Divulgação/UFPA
O presidente em exercício do Consepe, Gilmar Silva, ressaltou que “para que o pedido de criação dessas vagas se tornasse um processo seletivo foi preciso muito trabalho, especialmente das pesquisadoras Zélia Amador e Jane Beltrão. Mas chegamos aqui e este é um marco de inclusão social e de direitos humanos para toda a UFPA”.

Israel Hounsou, presidente da Associação de Estudantes Estrangeiros da UFPA, acredita que o novo concurso “traz muita esperança” porque “sabemos que esses imigrantes vêm por vários motivos, por causa de conflitos políticos, guerras, terremotos e que essa oportunidade é muito bem-vinda para que eles e elas possam se formar na maior instituição do Norte. Sem contar os inúmeros benefícios que essa seleção e vinda deles trarão para a UFPA e para a sociedade”.

Edital

O próximo passo da seleção é encaminhar o edital para publicação no Centro de Processos Seletivos da UFPA, que vai criar um cronograma para inscrição e entrega de documentos. Com o lançamento deste concurso, chega a oito o número de processos seletivos para ingresso em 2020 na UFPA, em andamento na Instituição.

Portal Amazonia
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O fluxo migratório, moradores de rua e o papel das políticas sociais

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Notícia publicada pela imprensa dá conta que o número de pessoas em situação de rua em São Paulo teria atingido cerca de 25 mil. Passou a ser comum encontrar pessoas dormindo nas ruas da cidade, e o fenômeno não se restringe apenas a região central.
Faz muitos anos que o país enfrenta o fenômeno da urbanização acelerada. Em meados do século passado, o Brasil tinha grande contingente da população morando nas áreas rurais. Essa proporção caiu aceleradamente. A mecanização do trabalho agrícola expulsou as pessoas do campo. Há quem sinta falta, acredite que a agricultura familiar deveria ser incentivada. Ainda, há os saudosos da Reforma Agrária.
O Mundo moderno seguiu outro caminho. As lavouras de monocultura se espalharam, os ganhos de produtividade foram imensos, e o Brasil não apenas passou a colher os alimentos necessários para sua população, como passou a ser um dos grandes exportadores de produtos agropecuários. Somos um dos grandes atores globais do agronegócio.
Ganhos de um lado, prejuízos de outro. Grande parte da massa de trabalhadores rurais se viu desempregada e sem qualificação para o trabalho na cidade. A migração em direção aos grandes centros urbanos foi gigantesca, no entanto, a infraestrutura não cresce de um dia para o outro.
O aumento dos moradores de rua tem várias causas e o fenômeno migratório é apenas uma delas. Todavia, sua contribuição é relevante.
A migração do campo para a cidade é perfeitamente justificável diante da melhor infraestrutura urbana, dada a presença de hospitais e demais unidades de saúde, escolas, inúmeras opções de lazer e, também, de trabalho.
No mundo da internet e das redes sociais, a informação passou a circular muito mais rápido, e isso acelerou o fluxo migratório, também, entre áreas urbanas, entre localidades diferentes.
O Brasil tem participado ativamente desses fluxos migratórios, seja exportando mão de obra para a Europa e Estados Unidos; seja importando trabalhadores da Venezuela e demais países da América do Sul. Uma parte do fenômeno pode ser percebido, também, nos cruzamentos das grandes cidades.
A questão é que nem todas as cidades dispõem de infraestrutura adequada para a absorção desses trabalhadores. Aliás, já não são apenas trabalhadores, mas famílias inteiras que têm sido vistas nas ruas, incluindo crianças.
O fenômeno exige que os órgãos públicos se adequem para fazer frente às inúmeras demandas surgidas com esse aumento repentino da população; e em época de escassez econômica, isso fica mais pungente.
Embora a sociedade civil preste uma colaboração inestimável nessa área através das igrejas, clubes sociais e outras organizações, mas o papel do Estado é insubstituível. Há questões de segurança, suprimentos e higiene que não são facilmente resolvidos sem a participação ativa do Poder Público.
Aliás, o Estado foi criado para resolver os problemas sociais que extrapolam o âmbito de meras relações pessoais ou familiares; e para isso cobra infindáveis impostos e contribuições sociais.
A Constituição Federal prevê no artigo art. 182 que: “A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”.
Regular e possibilitar a mobilidade urbana, de forma eficiente, é uma das atribuições do Poder Público Municipal, e isso gera uma série de responsabilidades. Propiciar um mínimo de dignidade humana para aqueles que estão em busca de uma melhor oportunidade de vida é uma necessidade desde a remota antiguidade, e continua premente.
As autoridades municipais precisam se darem conta de que, além dos moradores da cidade, de sua população fixa, há os visitantes, há uma população flutuante de grande impacto na vida da sociedade.
Outrora, nas cidades existiam os banheiros públicos que, na grande maioria, desapareceram. Esse serviço passou para o comércio, mas o deslocamento resolve apenas parte do problema. No carnaval, a Prefeitura paulistana acordou para essa necessidade, muito se falou dos banheiros químicos e sua instalação em pontos de ônibus; mas, passadas as festividades, o assunto saiu de pauta. Enquanto isso, a população de rua continua embaixo dos viadutos.
A dignidade humana foi erigida pela Constituição em fundamento da República (art.1º, inciso III), mas ela não será uma realidade enquanto convivermos com a miséria extrema, e com populações flutuantes que se deslocam sem o mínimo de condições humanitárias. É preciso assegurar ao morador de rua o acesso aos serviços assistenciais e de saúde, além de condições de higiene e alimentação que lhe possibilitem viver com o mínimo de dignidade.
Com a palavra, as prefeituras municipais e os gestores públicos, pois, a dignidade humana merece ser prioridade no Terceiro Milênio. 
Consultor Jurídico
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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

SC tem mais de 5,7 mil imigrantes cadastrados em sistema do governo; maioria é do Haiti

Daana Jean tem 18 anos e veio do Haiti para Florianópolis
A imigração faz parte do DNA catarinense. Um Estado formado pela colonização alemã em São Pedro de Alcântara, Joinville, Blumenau e todo o Vale do Itajaí. Pelos italianos que pararam no vale do Rio Tijucas e se instalaram nos entornos de Rio dos Cedros, Nova Trento, Urussanga e Nova Veneza.
Dos poloneses e ucranianos que chegaram durante a segunda metade do século 19 e se instalaram no Norte e no Sul do Estado. Movimentos de pessoas que buscaram o recomeço em terras distantes e de língua diferente, e criaram raízes.

Mais de um século depois, a imigração volta a transformar a cultura e os cenários de Santa Catarina. A história se repete, com povos que deixaram tudo para trás em busca de novas vidas e oportunidades. Haitianos, venezuelanos, argentinos, paraguaios, peruanos, sírios, palestinos. Pessoas de todos os cantos do mundo que se encontram em terras catarinenses.
Não há um cadastro oficial de todos os imigrantes que moram em Santa Catarina atualmente, mas somente no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), do governo do Estado, 5.762 estrangeiros estão cadastrados atualmente.
São pessoas que chegaram a SC e, em algum momento, receberam alguma assistência social. Quase metade dos imigrantes cadastrados tem o ensino médio completo, e o número de mulheres é pouco maior que o de homens. O maior número é de haitianos, com mais da metade dos imigrantes. Os que mais chegaram nos últimos meses foram os venezuelanos.
Florianópolis é a cidade que mais recebe os estrangeiros, seguida por Joinville, Itajaí e Chapecó. Eles buscam oportunidades de emprego, estabilidade e segurança social. Chegam por diferentes razões, às vezes indicações de conhecidos ou pelos próprios processos de interiorização feitos pelo governo com os imigrantes nas fronteiras.

Organizações sociais ou vinculadas às igrejas, como a Pastoral do Migrante, ajudam na acolhida dos estrangeiros com projetos voluntários. Oficialmente, o serviço é feito pelas secretarias de assistência social nos municípios.
Até pouco tempo SC era um dos poucos estados do Brasil com um atendimento especializado, o Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante (CRAI), que funcionava na região central de Florianópolis, mas encerrou os serviços após dois anos de contrato. Agora, quem centraliza o apoio aos estrangeiros são os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) ligados aos municípios.

Principais cidades catarinenses que receberam imigrantes

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Mais de três milhões de estrangeiros receberam autorização de residência na UE em 2018

O Luxemburgo foi o 6° país a conceder mais autorizações de residência. Ao todo recebeu 7727 pessoas fora da União Europeia (UE), o que representa 13% da população, o dobro da média dos países da UE.O Luxemburgo foi o 6° país a conceder mais autorizações de residência. Ao todo recebeu 7727 pessoas fora da União Europeia (UE), o que representa 13% da população, o dobro da média dos países da UE.
Mais 13 mil autorizações de residência atribuídas, que no ano anterior, 2017. Os últimos dados disponibilizados pelo Eurostat revelam que o número de autorizações de residência, concedidas pelos países da União Europeia a cidadãos extra-comunitários, ultrapassou as três milhões de pessoas, em 2018. O que representa um crescimento de 0,4% relativamente ao ano anterior.
O Luxemburgo foi o 6° país no top dos estados que concederam uma maior percentagem de permissões de residência, a cidadãos fora da UE, face ao número de residentes. Por nacionalidades, os indianos foram os que mais autorizações receberam (802) para viver no Luxemburgo, seguidos dos chineses (638). Em terceiro lugar surgem os norte-americanos com 626 autorizações concedidas.
Portugal está a meio da tabela, no 14° lugar. O Estado português concedeu cerca de 62 mil autorizações de residência, o que corresponde a 6% do total da população. Os brasileiros lideram a tabela das nacionalidades que mais receberam autorizações, com cerca de 28 mil, seguem-se os nepaleses (4211) e os indianos (4094).
Alemanha recebe quase 125 mil sírios
Em termos absolutos, a Polónia foi o país que mais autorizações concedeu (635 mil). Destas mais de 400 mil autorizações foram atribuídas a ucranianos.
A Alemanha ocupa o 2° lugar com 543 mil permissões concedidas. Deste universo, um quarto das autorizações (124 mil) foi atribuída a emigrantes sírios. Seguem-se os cidadãos do Afeganistão (40 mil) e do Iraque (26 mil).
O Reino Unido ocupa o 3° lugar com mais de 450 mil autorizações, destas mais de cem mil foram para cidadãos chineses.
Razões familiares e procura de emprego são as principais causas da emigração
Um em cada três destes cidadãos fora da UE, que pedem permissão de residência, fazem-no por razões familiares. A procura de emprego surge em segundo lugar na lista das motivações, seguido das causas ligadas à educação. Mas em termos relativos, o fator que mais cresceu como motivo para conceder autorizações de residência foi a procura de um lugar para estudar.
Wort.Lu
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sábado, 26 de outubro de 2019

Imigração é uma constante social

Imigração é uma constante social
 Maringá recebeu famílias de refugiados venezuelanos. Motoristas que já estavam trabalhando em uma empresa de Maringá puderam reencontrar a família, 12. Em breve mais 26 famílias serão recebidas. É o sonho de recomeçar.
Migrar é uma constante social. Sempre existiu na história da espécie humana. O desenvolvimento humano não existiria se não fosse as migrações. O deslocamento permitiu a construção da civilização. Contudo, nem sempre migrar é algo voluntário.
No caso dos venezuelanos que migram para o Brasil é um exemplo do deslocamento impulsionado pela impossibilidade de ficar na “terra natal”. A crise econômica, a perseguição religiosa ou política, a busca por uma vida melhor são sempre alguns dos fatores que levam a saída das pessoas de seu país de origem.
Na atualidade a imigração tem se intensificado. No passado, a notícia sobre terras de bem-estar, lugares de fartura, o que se convencionou chamar de “Eldorado” eram lendas. Hoje são transmitidas via satélite. Por mais que parte considerável destas imagens de lugares maravilhosos sejam fruto de uma campanha publicitária fantasiosa. Há quem acredite nos argumentos visuais das imagens editadas da “terra dos sonhos”.
Não é por acaso que onde a imigração se processa em grande escala os conflitos ocorrem fundados no radicalismo. O ultranacionalismo, o xenofobismo e o racismo emergem. Uma busca de defender o que alguns consideram como “sua pátria” do invasor. Uma defesa tola daquele que é filho de imigrantes. O que o diferencia daquele que combate é ter chego antes.
O ato de receber os venezuelanos, através da Missão Acolhida, do Exército Brasileiro, apoiada pelo governo federal, há uma demonstração de que temos que receber o refugiado, o imigrante, dar a eles uma possibilidade de recomeçar a vida. Acreditar que podemos não ser o sonho do Eldorado tão decantado nas lendas, mas temos a possibilidade de se conviver e receber em um país que é o maior exemplo de imigração do planeta, com o maior encontro de nações e fruto da miscigenação.
CBN Maringa 
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ACNUR e Caritas lançam mapeamento de pessoas em situação de refúgio em São Paulo

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Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) lançaram na quarta-feira (23) o relatório “Georreferenciamento de Pessoas em Situação de Refúgio Atendidas pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo em 2018”. Os dados foram levantados a partir dos atendimentos a pessoas em situação de refúgio pelo Centro de Referência para Refugiados da Caritas SP no último ano.
“Este é um trabalho que não acaba aqui, mas sim o início de um esforço que vai apoiar o fortalecimento das políticas públicas”, afirma Cleyton Soares Abreu, coordenador do Centro de Referência para Refugiados da CASP.
Das 84 nacionalidades atendidas pela Caritas em 2018, cinco países representam quase 70% do total de pessoas, sendo eles Angola (20%), Venezuela (19,8%), República Democrática do Congo (13,6%), Síria (10,7%) e Nigéria (4,15%). Ainda, é possível destacar que a maior parte das pessoas em situação de refúgio vive na zona leste da capital paulista (55%), mesmo que Sé e República sejam as localidades com maior número absoluto de residentes – 521 e 466, respectivamente.
A maior parte dos atendidos (75%) já residia no Brasil antes de 2018. Já em relação à população de refugiados que chegou em 2018 (25%), os venezuelanos são apontados como maioria, contabilizando um total de 773 atendidos – versus 57 sírios, 35 burquinenses, 34 cubanos e 32 congoleses.
O mapeamento é baseado em um recorte de 5.463 pessoas do total de 6.500 refugiados/as ou solicitantes de refúgio atendidos pela CASP em 2018, amostra que representa aqueles/as cujo endereço de residência foi indicado no atendimento, permitindo identificar sua distribuição na cidade.
Com esses dados, é possível levantar as principais demandas e dificuldades enfrentadas, como por exemplo regiões que possuem poucos equipamentos públicos (saúde, educação, moradia e transporte), além de oferecer dados estatísticos (como porcentagem por gênero, idade e nacionalidade) que podem orientar políticas públicas e projetos específicos.
“O mapeamento é um marco não só no trabalho com refugiados na cidade de São Paulo, mas representa uma guinada no olhar das políticas e abordagens humanitárias em contexto urbano. É um piloto muito importante para se aprofundar a discussão sobre como melhor proteger e integrar essas pessoas nas cidades”, diz Sílvia Sander, do ACNUR.
Sander mencionou o aumento do número de deslocados forçados no mundo, que ultrapassou a marca de 70 milhões de pessoas em 2018, o que se reflete nos atendimentos em São Paulo. Ela lembra que a maioria dos refugiados e solicitantes de refúgio no mundo estão concentrados nas áreas urbanas.
Em 2018, mais de 9 mil pessoas de 115 nacionalidades solicitaram refúgio no estado de São Paulo, sendo o maior contingente na capital, de acordo com o relatório “Refúgio em Números”, do Ministério da Justiça. “Esse mapeamento em São Paulo oportuniza ver um retrato do que ocorre em outros centros urbanos, e também enxergar o nível de diversidade que permeia a capital”, diz.
O mapeamento apresentado, segundo Sílvia Sander, possibilita ainda a reflexão sobre o que pode ser feito nessas áreas – incluindo projetos não só com as comunidades envolvidas diretamente, mas também com as comunidades de acolhida – a partir da identificação de atores, estruturas comunitárias, serviços públicos e oportunidades presentes nessas áreas. Ou seja, é um indicativo para ações da sociedade civil, de setores da iniciativa privada e também do poder público.
Onu
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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Estudo revela que capital paulista atendeu 6,6 mil refugiados em 2018


A zona leste é a parte da cidade de São Paulo que concentra o maior número de refugiados, segundo mapeamento feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em parceria com a Caritas Arquidiocesana. O estudo é baseado em informações fornecidas por 5,6 mil pessoas de um total de 6,6 mil atendidas, ao longo de 2018, pela organização vinculada à Igreja Católica que trabalha com pessoas forçadas a deixar seus países de origem.
Entre todas as pessoas refugiadas ou que solicitaram o reconhecimento desse status ao governo brasileiro atendidas pela Caritas na capital paulista, 5,1 mil viviam efetivamente na cidade de São Paulo e 549 em municípios da região metropolitana. Dessas, 55%, ou seja, 2,8 mil residem na zona leste paulistana. O centro tem a segunda maior concentração, com 1,3 mil refugiados, 26% do total.
Quando são analisados os distritos da cidade que têm mais pessoas em situação de refúgio, a Sé, no centro, lidera, 521 pessoas, seguida pelos também centrais Pari (409) e República (466). Apresentam ainda concentrações importantes os distritos da zona leste de São Mateus (247), Itaquera (237), Brás (233), Belém (176) e Mooca (169).

Nacionalidades

O levantamento também contabilizou a origem dos refugiados e solicitantes. Ao todo, pessoas de 84 nacionalidades foram atendidas no ano passado pela Caritas, entre pessoas que chegaram recentemente ao Brasil e aquelas que já estão há mais tempo no país. Os angolanos formam o maior grupo, representando 20% dos atendidos, seguidos por venezuelanos (19,8%), congoleses (13,6%), sírios (10,7%) e  nigerianos (4,1%).
Dentre as pessoas que procuraram a Caritas em 2018, chegaram naquele mesmo ano 25% do total, ou 1,4 mil pessoas. A maior parte dos refugiados, 4,2 mil (75%), entrou no Brasil entre 1999 e 2017. Entre os recém-chegados, os venezuelanos são a maioria, com 773 pessoas (53,9%). Os angolanos representam 6,5% do total e os sírios, 4%. Também houve presença relevante dos originários de Burkina Faso, com 35 pessoas (2,4%).
Segundo a assitente de Proteção da Acnur, Sílvia Sander, a chegada de pessoas de Burkina Faso em busca de refúgio mostra reflexos da atual situação do país africano. “Nos últimos anos há uma escalada de pressão de grupos islâmicos no norte de Burkina Faso”, enfatizou. Sillvia. Ela disse que, nos anos anteriores,tinham sido atendidas apenas 10 pessoas vindas daquele país. “Você percebe que tem mais gente saindo de Burkina Faso e chegando aqui no Brasil”, ressaltou.
A identificação dos locais de concentração e dos perfis dos refugiados também facilita, segundo Sílvia, atuação e a articulação com o Poder Público e organizações da sociedade civil. “A gente consegue a começar a entender nessas regiões em que essas populações estão concentradas quais são os equipamentos que existem, falando de políticas públicas, quais são as estruturas comunitárias de fé religiosa ou espaços culturais, para a partir daí direcionar melhor as nossas ações”, destacou.

Perfis

Também foram coletadas informações sobre gênero e idade dos refugiados. Entre todas as pessoas atendidas pela Caritas no ano passado, 64% eram homens e 34% mulheres. Pouco mais de 2 mil, 36,4% do total tinham idades entre 18 e 35 anos. As crianças com até 12 anos representaram 16,5% dos refugiados e solicitantes, totalizando 933.
Os perfis, no entanto, variam em relação as diferentes nacionalidades. Entre os venezuelanos, 62% eram homens e 50,6% tinham entre 18 e 35 anos. Dos que chegaram a São Paulo em 2018, a maior parte 57%, ou 441 pessoas, veio pelo Programa Federal de Interiorização, uma vez que a principal porta de entrada para esses estrangeiros tem sido o estado de Roraima.
A quantidade de homens e mulheres é mais equilibrada entre as pessoas que chegam de Angola, com percentuais de 49% e 51%, respectivamente. As crianças até 12 anos são 24,7% dessa comunidade.
Entre os sírios, 66% dos atendidos são homens e, entre os que vieram de Burkina Faso, o percentual chega a 89%.
Edição: Nádia Franco
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Apelos à Europa para combater o tráfico de seres humanos

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Depois que 39 migrantes foram encontrados mortos em um contêiner na Inglaterra, Mons. Robert Vitillo, Secretário da Comissão Católica Internacional para as Migração, pediu à Europa mais controles. A comunidade de Sant'Egídio apela ao empenho e à cooperação dos países europeus para combater a migração ilegal e promover deslocamentos regulares.
Federico Francesconi, Silvonei José - Cidade do Vaticano
Mons. Robert Vitillo, Secretário Geral da Comissão Católica Internacional para as Migrações, fala aos microfones de VaticanNews sobre o horror desta nova forma de escravidão e pede aos governos para que aumentem os controles e novos meios de apoio aos migrantes.
R. - A minha reação e a da nossa organização, a Comissão Católica Internacional para as Migrações, é de horror. Estamos chocados como tanta gente no mundo, em todo lugar, por esta situação, por esta tragédia no Reino Unido. Mas esta não é a única experiência: há milhares dessas experiências todos os dias e ao longo do ano. Não é só através dos caminhões que estas coisas acontecem, mas também no mar, nas ferrovias... Há muitas possibilidades para esta nova forma de escravidão humana. Penso que os governos devem controlar melhor esses bandos que fazem este tipo de tráfico de seres humanos, mas também é necessário desenvolver alternativas para as pessoas que têm de migrar, quer como refugiados, quer como migrantes à procura de outra vida, de uma vida decente. É necessário desenvolver outros meios para alcançar este objetivo. Podemos pensar no pacto para a migração que muitos Estados aprovaram no ano passado e implementar esses procedimentos propostos pelo pacto ou pensar em outros meios em nível nacional e local, como a possibilidade de patrocínio como organizações privadas, como Igrejas, como municípios locais, como responsáveis pelo comércio, para que as pessoas possam migrar de forma regular e segura.

Corredores humanitários podem conter o tráfico de seres humanos

Segundo Sant'Egidio, os corredores humanitários organizados pela sua comunidade e outras associações humanitárias podem conter as mortes causadas pelo tráfico de seres humanos, como a de 39 migrantes encontrados num contêiner no Reino Unido. A Comunidade lançou um apelo às instituições e aos países europeus para que tomem medidas destinadas para deter o número cada vez maior de vítimas das viagens da esperança, seja na frente mediterrânea, seja na rota terrestre dos Balcãs.
A prioridade mais urgente para Sant'Egídio é a reabertura da possibilidade de entradas regulares na Europa por razões de trabalho, tendo também em conta a vantagem proposta pela forte procura de mão-de-obra na Europa em todos os setores, especialmente na assistência às pessoas, em países afetados pelo declínio demográfico. Seria então necessário incentivar os corredores humanitários e abrir novas vias de migração regular, procurando sobretudo a cooperação com os numerosos países de origem da imigração.

A descoberta dos corpos de 39 migrantes em um caminhão

Ontem, na zona industrial de Grays, a cerca de 35 quilômetros a leste de Londres, a polícia britânica encontrou 39 migrantes chineses mortos dentro de um contêiner rebocado por um camião. O motorista do caminhão, um homem de 25 anos da Irlanda do Norte, foi interrogado e encontra-se agora detido sob acusação de homicídio involuntário e cumplicidade em homicídio de massa: na Irlanda do Norte, as autoridades policiais revistaram duas casas ligadas a esse homem. A sensação é que as pessoas encontradas mortas estavam tentando entrar ilegalmente na Inglaterra e que a sua chegada foi organizada pelo crime organizado, recentemente muito envolvido no tráfico de seres humanos.

A hipótese sobre a viagem dos 39 migrantes mortos

Foi igualmente aberta uma investigação na Bélgica, o país de onde veio o caminhão, através do porto de Zeebrugge, mas ainda não é claro quanto tempo o contêiner tenha ficado sob a jurisdição de Bruxelas. A Bulgária - onde a carga se encontrava antes de chegar à Bélgica - também ofereceu plena cooperação. A primeira hipótese era que o caminhão seguia a chamada rota dos Balcãs, transportando migrantes que fugiam das guerras no Médio Oriente e depois desviando-se para a Bélgica, em vez de ir diretamente para a Inglaterra via Dover e Calais. No entanto, o reconhecimento dos migrantes falecidos exclui pelo menos em parte esta teoria.

O modelo de corredores humanitários experimentado por Sant'Egídio

"Pedimos ao governo italiano - explica Daniela Pompei, responsável pela migração e integração da comunidade de Sant'Egídio, aos microfones da Rádio Vaticano - a possibilidade de ter alguns migrantes acolhidos pelas nossas associações. Todos os custos de acolhimento e integração são suportados pelos organismos promotores; além disso, os migrantes são controlados pelas nossas embaixadas e pela polícia, de modo que, quando chegam a solo italiano, já sabem para onde ir. Trata-se de um modelo agora estruturado que garante a segurança dos refugiados e a segurança dos cidadãos europeus. Sant'Egídio, junto com Cesi e as Igrejas Protestantes, mostrou que os corredores humanitários funcionam, mas para gerir a situação é necessário abrir outros caminhos”.
Vatican News
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