terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Migrantes terão políticas públicas de Assistência Social e Educação em Feira de Santana

 

Foto Jornal Usp 

Garantir ao migrante o acesso a direitos sociais e aos serviços públicos, promover o respeito à diversidade e à interculturalidade e combater toda forma de discriminação. Estes são os principais objetivos do projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal, que estabelece as diretrizes para implantação da Política Municipal para a população migrante, apátrida, solicitante de refúgio e refugiado no município de Feira de Santana. A proposta é de autoria do vereador Jhonatas Monteiro (PSOL).

A política de ações públicas, que inclui programas educativos de combate à xenofobia e o racismo, a proposta deverá ser implementada sob articulação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEDESO). Para viabilizar essas ações, é prevista a cooperação entre Município, Estado e União, para possibilitar a atuação em rede, inclusive envolvendo a sociedade civil. O Poder Público deverá oferecer acesso a um canal de denúncias para atendimento, em casos de violação aos direitos humanos.

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Política brasileira para migrantes, refugiados e apátridas envolve acolhimento e inclusão

 

Comitê Nacional para Refugiados reconheceu, até outubro, 13.409 pedidos de condição de refugiados


Adepto a uma posição humanitária para receber e abrigar pessoas que precisaram sair do seu país de origem por questões políticas, sociais, econômicas ou religiosas, o Brasil debate a construção da Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia . Ao mesmo tempo, nos últimos anos, o Governo Federal, por meio da Secretaria Nacional de Justiça (Senajus), manteve consistente a política de concessão de refúgio e a repatriação de brasileiros vindos de zonas de conflitos.

Em 2024, o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) reconheceu, até outubro, 13.409 pedidos de condição de refugiados. O colegiado analisou quase 100% dos processos em andamento com o auxílio de inteligência artificial, que ajudou a acelerar os trâmites burocráticos. Neste ano, até setembro, o país recebeu, ainda, cerca de 143 mil migrantes.

Porém, não basta receber. É preciso dar condições sociais e econômicas e garantir direitos e dignidade para essas populações. Para promover a integração profissional das pessoas refugiadas, apátridas e portadores de visto humanitário, em maio de 2024, com a articulação do Conare, a Universidade de Brasília (UnB) anunciou a isenção de taxas para revalidação.

Os migrantes que concluíram seus estudos de graduação ou pós-graduação no Brasil passaram a ter o direito de solicitar autorização de residência para trabalho. A resolução do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), publicada em setembro de 2024, já está em vigor e visa alinhar políticas migratórias às demandas do mercado e da sociedade. Além de possibilitar aos recém-formados melhores chances de colocação no mercado local, essa medida assegura ao Brasil a permanência de profissionais qualificados no país e, consequentemente, melhora a mão de obra no mercado interno.

Também para promover a integração e a assistência de populações migrantes e refugiadas no Brasil, o MJSP e a Federação das Associações de Muçulmanas do Brasil (Fambras) firmaram, em novembro, acordo de cooperação para desenvolver e implementar projetos e cursos técnico-científicos. Na ocasião, ficou definido que serão promovidos cursos de capacitação e profissionalização, programas de acolhimento linguístico e ações de atenção à saúde.

O caráter acolhedor do Brasil também coloca o país como um dos únicos a conceder visto humanitário a pessoas afetadas pela crise humanitária no Afeganistão. Para fortalecer esse trabalho, em setembro de 2024, a Senajus iniciou a seleção de organizações da sociedade civil (OSCs) interessadas em atuar na recepção, no abrigamento e na inclusão socioeconômica dessa população. Até o momento, quatro instituições apresentaram propostas.

Política Nacional de Migração

O ano de 2024 foi marcado por debates para a construção da Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia, que definirá o papel de cada órgão na promoção de direitos. Foram 119 eventos prévios, de setembro de 2023 a junho de 2024 com a participação de 14 mil pessoas, que culminaram na 2ª Conferência Nacional de Migrações, Refúgio Apatridi(Comigrar), que ocorreu em novembro, em Brasília (DF).

As discussões envolveram representantes da sociedade civil, do poder público, de organismos internacionais, de universidades, além migrantes, refugiados e apátridas. Como resultado, foram apresentadas ao Governo Federal 60 propostas prioritárias de políticas públicas para migrantes, refugiados e apátridas. A previsão é de que a política seja publicada por meio de decreto presidencial em 2025.

Transparência e monitoramento

Com a finalidade de construir políticas públicas baseadas em dados atualizadosSenajus e o Observatório das Migrações Internacionais (Obmigra lançou uma nova versão do DataMigra BI. A ferramenta reúne informações detalhadas sobre fluxos migratórios e de refúgio. O boletim anual do Obmigra e o Boletim da Migração mensal complementam essa iniciativa .

Para multiplicar o conhecimento sobre o uso da plataforma, MJSP e Obmigra promoveram duas oficinas ao longo do ano. A primeira reuniu mais de 350 participantes no Palácio da Justiça, em Brasília , e abordou o uso prático e a importância de dados confiáveis na formulação de políticas. A segunda contou com a participação de 80 pessoas, no Museu da Imigração, em São Paulo (SP), e tratou sobre análise de dados sobre imigrantes no mercado de trabalho.

Além disso, o lançamento da sala de situação no Obmigra abriu um espaço dedicado ao monitoramento e ao planejamento das questões migratórias. A iniciativa demonstra o compromisso do Governo Federal em construir uma política migratória fundamentada na transparência. Todas as informações são públicas.

Repatriação

Em outubro de 2024, quando o Líbano sofreu ataques israelenses, brasileiros que estavam nas áreas atingidas solicitaram ao Itamaraty a repatriação. À época, o Governo Federal montou a Operação Raízes de Cedro para resgatar 2.662 pessoas e 34 animais de estimação, em 13 voos, de 5 de outubro a 27 de novembro. MJSP, por meio do Departamento de Migrações e com o suporte da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), integrou a força-tarefa de acolhimento humanitário no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo .

As equipes da PF fizeram procedimentos migratórios, com entrevistas e identificação das necessidades individuais para fazer os encaminhamentos necessários. A PRF ficou responsável pelo suporte logístico humanitário em traslados terrestres da base aérea ao aeroporto de Guarulhos (SP) até as residências das pessoas que informaram endereço em São Paulo ou os eventuais abrigos temporários.

Também atuaram junto às equipes, as agências da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e as Nações Unidas para as Migrações (OIM). Elas seguiram protocolos de recepção de pessoas em zona de conflito, inclusive com intérpretes.

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

AGU adere à iniciativa para atender migrantes em situação de vulnerabilidade

 AGU adere à iniciativa para atender migrantes em situação de vulnerabilidade

A adesão foi formalizada no Dia Internacional dos Migrantes, comemorado em 18 de dezembro, mediante assinatura de um termo de cooperação interinstitucional, que visa a promover soluções conjuntas para os desafios enfrentados por migrantes no estado.

A Advocacia-Geral da União (AGU), por meio da Procuradoria Federal no Estado do Rio Grande do Norte (PF/RN), oficializou sua participação na rede de cooperação interinstitucional para atendimento integrado de migrantes em situação de vulnerabilidade.

A iniciativa, pioneira no Rio Grande do Norte, teve origem no trabalho do Núcleo de Justiça 4.0 da Justiça Federal no RN, criado em 2022, com competência para tratar de ações envolvendo pessoas em situação de rua. Após a realização de mutirões, foi identificado um público específico de migrantes em situação de vulnerabilidade, que, assim como as pessoas em situação de rua, enfrentam fragilidade na relação com o Estado, especialmente devido à ausência de documentação ou regularização de permanência no Brasil.

A rede reúne diversas instituições locais para articular soluções que simplifiquem o acesso de migrantes a serviços essenciais como saúde, educação e assistência social. A PF/RN participará ativamente na proposição de boas práticas e no fortalecimento da integração institucional, contribuindo para a elaboração de projetos que garantam acolhimento e segurança jurídica.

Para 2025, estão programadas reuniões mensais até maio, para mapear os processos de trabalho e finalizar a cartilha da rede. Em paralelo, ações de capacitação serão planejadas, com foco na formação de agentes públicos e na qualificação do atendimento.

Migrantes atendidos

Os beneficiários da rede incluem pessoas de diferentes origens e situações, como refugiados, apátridas e trabalhadores, que enfrentam desafios como falta de documentação, dificuldade de acesso a serviços públicos e ausência de moradia digna. No caso daqueles com vínculos junto à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), há um volume significativo de demandas relacionadas à regularização acadêmica, mas as necessidades são diversas e incluem processos junto à Polícia Federal, emissão de documentos e acesso a serviços bancários.

A adesão da PF/RN à Rede de Cooperação é mais um exemplo de como a integração de esforços interinstitucionais pode promover soluções inovadoras e garantir maior proteção e acolhimento para os migrantes no Brasil. A presença da AGU na rede o compromisso com a defesa de direitos, a promoção da inclusão social e a valorização da dignidade humana, fortalecendo a atuação jurídica e o respeito à diversidade em alinhamento com os princípios constitucionais.

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Natal migrante: como diferentes culturas celebram a data em Passo Fundo

 

Eduarda Costa

Repórter

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Bruno Todeschini / Agencia RBS
Passo Fundo recebeu cerca de 2 mil migrantes nos últimos cinco anos.

Conhecida pela assistência a quem vem de fora, Passo Fundo recebeu cerca de 2 mil migrantes de diferentes partes do mundo só nos últimos cinco anos. No novo país, as comunidades mantêm vivas suas tradições de origem e incorporam elementos da cultura local, como é o caso do Natal, celebrado nesta quarta-feira (25), que acaba por misturar novos pratos e costumes de quem recomeça a vida no Brasil.

Independente da localização, a festa natalina representa a união com a família e momento de celebração. Para os cubanos Maritza Batista Garcia, 72 anos, e Jose Emilio Rodriguez Rivera, 69, o Natal ganhou novos significados nos últimos três anos, desde que migraram ao país.

— Aqui começamos a viver realmente o Natal com esplendor e magnitude. Em Cuba, muito da cultura se perdeu, vivemos anos em que não era recomendado festejar, o governo não via com bons olhos. Então as novas gerações não têm uma tradição a ser seguida, além de ser muito caro — relata Maritza.

Conforme o casal, a crise econômica é um dos principais fatores que impede a maioria da população de seguir montando a tradicional ceia natalina. 

Aliás, a tradicional refeição da data é completamente diferente da brasileira: a carne principal é o porco, acompanhado de arroz, feijão, mandioca e salada. A sobremesa são pudins ou doces de laranja, sempre apreciados junto de um vinho.

— Nosso Natal agora tem algumas cadeiras vazias à mesa. Estamos aqui, mas mantemos nossa ceia cubana e nos juntamos com amigos brasileiros que fizemos em Passo Fundo. E quanto à família, seguimos na esperança de estarmos junto em algum momento novamente — comenta Maritza.

Maritza Batista Garcia / Arquivo pessoal
Maritza (esq.) no último Natal em Cuba, junto da irmã e cunhado.

Saudade e novos significados

No caso de Edneusa Diamantino Cá, natural de Guiné-Bissau, na África, este será o décimo Natal longe da família. Inicialmente ela se mudou para Bahia, por conta dos estudos na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), e vive em Passo Fundo há três anos:

— A celebração lá (em Guiné-Bissau) é muito bonita, temos o simbolismo de união familiar, com amor e carinho. Meu primeiro ano aqui foi triste, por estar longe deles, mas agora já me adaptei e até o peru teremos na ceia deste ano. Será o primeiro da minha filha, que está com um mês de vida.

Entre as diferenças relatadas por Edneusa, estão a comida e os costumes. A ceia guineense é composta por outras carnes, como galinha e porco, e podem ser aprimoradas com bacalhau ou feijoada.

Já nas tradições, a noite de Natal para as crianças tem um hábito parecido com o Halloween, quando os pequenos saem às ruas para pedir os presentes.

— As crianças costumam andar de porta em porta para “pedir o Natal”. Os chefes da família oferecem algum agrado, que pode ser um biscoito, alguma comida ou até dinheiro. É uma brincadeira que deixa eles muito felizes no dia do Natal — lembra Edneusa.

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Edneusa no Natal de 2023 em Passo Fundo.
Edneusa Diamantino Cá / Arquivo Pessoal
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Rafael com a família no Natal em Passo Fundo 
Rafael Fernández / Arquivo Pessoal
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Sinônimo de recomeço 

O engenheiro de sistemas Rafael Fernández saiu da Venezuela há três anos e vive em Passo Fundo com os filhos, a esposa e a mãe. Para ele, o Natal é sinônimo de reconstrução e recomeço — a cada novo ano vem a saudade das tradições venezuelanas, mas também a oportunidade de construir novos costumes em solo brasileiro

Segundo ele, o que mais sente falta é de celebrar o Natal na rua: 

— Temos saudade das atividades que fazíamos lá, como a cantata de Natal. Saímos cerca de 4h da madrugada do dia 24 de dezembro para percorrer as casas com música. Algo bem mais alegre que aqui, o pessoal nos recebia com comida e de braços abertos.

A festa de Natal venezuelana é compartilhada também com os vizinhos e, após a meia-noite, todos saem às ruas para se abraçar. Entre as diferenças culinárias, a ceia leva uma iguaria local: a Hallaca, alimento feito de carne moída, envolto em folhas de bananeira.

— O “motivo” é o mesmo, é uma celebração bonita. Comemos Hallaca, que é o prato principal de Natal e Ano Novo. Aqui a gente tenta manter isso, mas é muito complicado na questão dos sentimentos, a gente fica com saudade das irmãs e sobrinhos que ainda estão lá.

À distância, resta honrar os costumes de cada país e criar novas tradições, na esperança de que o período de celebrações e reflexões também sirva para, de alguma forma, incluir quem escolheu Passo Fundo como sua nova casa


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