quarta-feira, 15 de outubro de 2025

O que acontece nos países que acolhem migrantes

 

Fishman64 / Shutterstock

As respostas cheias de esperança para a integração e o crescimento social apresentadas no novo livro Ser porta aberta.

Em todas as culturas, os povos que permaneceram fechados em si mesmos, sem se relacionar, tornaram-se estéreis; enquanto aqueles que abriram suas portas, enriqueceram. Quem afirma isso é o especialista em migrações e cooperação Alberto Ares Mateos, coautor do novo livro Ser porta aberta, sobre o poder da hospitalidade com os migrantes, em entrevista à Aleteia.

“O que é bom, a riqueza, vem da relação”, explica. “Perceber que há algo ao nosso redor além do nosso umbigo pode nos ajudar a crescer.”

Ares Mateos dirige o escritório europeu do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), que coordena o acompanhamento de mais de 200 mil refugiados e migrantes todos os anos.

El libro Ser puerta abierta. La hospitalidad en el corazón de la espiritualidad Alberto Ares Mateos, SJ, director del Servicio Jesuita a Refugiados
Alberto Ares Mateos, SJ, director del Servicio Jesuita a Refugiados (JRS) en Europa y Mª del Carmen de la Fuente, responsable del Servicio Jesuita a Migrantes en España.

Espanha e Reino Unido: dois caminhos opostos

Com sua experiência, ele destaca o exemplo do crescimento econômico da Espanha, fruto de sua capacidade de acolher migrantes.

E contrapõe essa realidade aos problemas do Reino Unido, que enfrenta dificuldades para encontrar trabalhadores devido às suas políticas restritivas.

Chaves para o sucesso

Para Ares Mateos, não se trata de abrir fronteiras sem qualquer controle. Ele reconhece a importância de uma entrada regulada de migrantes, por vias seguras e legais, respeitando o direito internacional.

Entre as chaves para que a migração contribua para o enriquecimento, ele aponta:

  • Políticas inclusivas e universalistas, que levem em conta a diversidade;
  • A atenção a grandes desafios sociais como acesso ao trabalho e à moradia digna, que afetam tanto os migrantes quanto a população local.

“Se respondemos aos grandes desafios sociais, levando em conta a diversidade, o resto virá por acréscimo”, garante.

“Precisamos regular para que as pessoas possam chegar sem arriscar suas vidas. Temos que ser capazes de enxergar as necessidades que existem — econômicas, de postos de trabalho, de cuidados…”, propõe.

Ele também lança questões práticas:

  • “Como podemos melhorar a coordenação entre governos central, regional e local?”
  • “Como olhar para moradia, educação e emprego de forma integral?”
  • “Por que não avançar em pactos de Estado em vez de permitir que tudo vire um vaivém político?”

Por fim, Ares Mateos convida a “resgatar o espírito de comunidade também na política, trabalhando para reconstruir o tecido social, em vez de cada um seguir apenas o seu caminho”.

Risco e alternativa

Segundo o especialista, a insegurança, a busca de interesses particulares e outros fatores têm modificado o valor da hospitalidade, antes tão arraigado na cultura ocidental.

“Ser porta aberta hoje significa um desafio e uma alternativa”, explica. “Mas não é exagero dizer que acolher o novo pode transformar nossas sociedades.”

“É verdade que a hospitalidade nos torna vulneráveis, mas vulneráveis somos todos”, acrescenta. “Como diz uma canção de Leonard Cohen, ‘em tudo há uma fenda, e é por essa fenda que a luz entra’.”

Para Ares Mateos, “a hospitalidade pode ser um caminho de acesso ao sonho de todos: que possamos viver como irmãos e irmãs, com os mesmos direitos e deveres, em nossa casa comum.”

https://pt.aleteia.org/

www.miguelimigrante.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário