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As respostas cheias de esperança para a integração e o crescimento social apresentadas no novo livro Ser porta aberta.
Em todas as culturas, os povos que permaneceram fechados em si mesmos, sem se relacionar, tornaram-se estéreis; enquanto aqueles que abriram suas portas, enriqueceram. Quem afirma isso é o especialista em migrações e cooperação Alberto Ares Mateos, coautor do novo livro Ser porta aberta, sobre o poder da hospitalidade com os migrantes, em entrevista à Aleteia.
“O que é bom, a riqueza, vem da relação”, explica. “Perceber que há algo ao nosso redor além do nosso umbigo pode nos ajudar a crescer.”
Ares Mateos dirige o escritório europeu do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), que coordena o acompanhamento de mais de 200 mil refugiados e migrantes todos os anos.

Espanha e Reino Unido: dois caminhos opostos
Com sua experiência, ele destaca o exemplo do crescimento econômico da Espanha, fruto de sua capacidade de acolher migrantes.
E contrapõe essa realidade aos problemas do Reino Unido, que enfrenta dificuldades para encontrar trabalhadores devido às suas políticas restritivas.
Chaves para o sucesso
Para Ares Mateos, não se trata de abrir fronteiras sem qualquer controle. Ele reconhece a importância de uma entrada regulada de migrantes, por vias seguras e legais, respeitando o direito internacional.
Entre as chaves para que a migração contribua para o enriquecimento, ele aponta:
- Políticas inclusivas e universalistas, que levem em conta a diversidade;
- A atenção a grandes desafios sociais como acesso ao trabalho e à moradia digna, que afetam tanto os migrantes quanto a população local.
“Se respondemos aos grandes desafios sociais, levando em conta a diversidade, o resto virá por acréscimo”, garante.
“Precisamos regular para que as pessoas possam chegar sem arriscar suas vidas. Temos que ser capazes de enxergar as necessidades que existem — econômicas, de postos de trabalho, de cuidados…”, propõe.
Ele também lança questões práticas:
- “Como podemos melhorar a coordenação entre governos central, regional e local?”
- “Como olhar para moradia, educação e emprego de forma integral?”
- “Por que não avançar em pactos de Estado em vez de permitir que tudo vire um vaivém político?”
Por fim, Ares Mateos convida a “resgatar o espírito de comunidade também na política, trabalhando para reconstruir o tecido social, em vez de cada um seguir apenas o seu caminho”.
Risco e alternativa
Segundo o especialista, a insegurança, a busca de interesses particulares e outros fatores têm modificado o valor da hospitalidade, antes tão arraigado na cultura ocidental.
“Ser porta aberta hoje significa um desafio e uma alternativa”, explica. “Mas não é exagero dizer que acolher o novo pode transformar nossas sociedades.”
“É verdade que a hospitalidade nos torna vulneráveis, mas vulneráveis somos todos”, acrescenta. “Como diz uma canção de Leonard Cohen, ‘em tudo há uma fenda, e é por essa fenda que a luz entra’.”
Para Ares Mateos, “a hospitalidade pode ser um caminho de acesso ao sonho de todos: que possamos viver como irmãos e irmãs, com os mesmos direitos e deveres, em nossa casa comum.”
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