sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Justiça do Trabalho da 2ª Região e Unicamp lançam atlas sobre o trabalho migrante no Brasil



Nesta terça-feira (28/1), o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região e o Observatório das Migrações em São Paulo, do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó da Universidade Estadual de Campinas (Nepo-Unicamp), lançaram o atlas temático "Proteção à trabalhadora e ao trabalhador migrantes - O Poder Judiciário Trabalhista como agente transformador da sociedade”. O documento revela o cenário migratório no Brasil, com foco no estado de São Paulo (acesse neste link).

O estudo apresenta dados sobre o perfil dos migrantes, seus setores de atuação e os desafios que enfrentam, como a vulnerabilidade social e o trabalho análogo à escravidão. Além disso, traz um panorama histórico das migrações internacionais e informações detalhadas sobre o movimento migratório no Brasil, com dados que abrangem os anos de 2000 a julho de 2024. Um dos objetivos é o de fornecer informações para subsidiar políticas públicas para a melhoria de condições de vida e para a garantia de direitos humanos dos migrantes.

Epicentro da migração no Brasil, São Paulo é o destaque principal do documento. Os dados revelam que 21% dos imigrantes registrados no estado nos últimos 20 anos são bolivianos, seguidos por haitianos (7%), chineses (6%), venezuelanos (5%) e colombianos (5%).

De acordo a desembargadora da 2ª Região Catarina von Zuben, gestora do Programa Nacional de Enfrentamento ao Trabalho Escravo e ao Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho do Migrante, "o material vai permitir que a Justiça do Trabalho, por exemplo, crie postos avançados de atendimento ou leve o Justiça Itinerante para áreas que tenham mais necessidade, de acordo com esse público".

Segundo a professora Rosana Baeninger, da Unicamp, o estudo amplia a visibilidade do tema e destaca a necessidade de uma atuação conjunta para garantir a proteção de trabalhadoras e trabalhadores imigrantes, especialmente na área de abrangência do TRT-2. A estudiosa espera que o Atlas “possa incentivar demais órgãos e instituições na produção de conhecimento sobre as migrações internacionais e as condições de trabalho dessa população”.

Além da magistrada e da professora, integram o corpo de autores do atlas o juiz da 2ª Região Gabriel Lopes Coutinho Filho (também gestor do Programa Nacional Enfrentamento ao Trabalho Escravo e ao Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho do Migrante), a professora Natália Demétrio e a pesquisadora Jóice Domeniconi, da Unicamp.

Data temática

Em 28 de janeiro comemora-se no Brasil o Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo e o Dia Nacional do Auditor-Fiscal do Trabalho. A data homenageia três auditores fiscais do trabalho e um motorista mortos em 2004 durante averiguação de denúncia de trabalho escravo em Unaí, Minas Gerais.

O lançamento do atlas temático nesta terça-feira chama a atenção para uma prática criminosa que ainda cresce no Brasil e que também vitima imigrantes e refugiados.

Números

Em 2024, as denúncias de trabalho escravo ou análogo à escravidão atingiram um recorde, totalizando 3.981 casos. O número representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior, como informa o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, do Governo Federal. De acordo com atlas, de 2010 a 2023, 902 estrangeiros foram resgatados em situação de trabalho escravo, com escolaridade até o 5º ano, oriundos da Bolívia em sua maioria (384).

Caso

Marcado por condições degradantes, jornadas excessivas, trabalho forçado e até servidão, o trabalho escravo contemporâneo atinge setores como o têxtil, a construção civil, o agronegócio e o doméstico. Em 2023, repercutiu na mídia o caso de uma idosa que, por 30 anos, trabalhou para um casal em jornada de 17h diárias, em condições mínimas de subsistência, mas nunca recebeu salário (clique aqui para relembrar). De 2021 a 2024, a 2ª Região recebeu 393 processos em 1º grau com esse tema.

https://ww2.trt2.jus.br/

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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Aplicativo pioneiro poderá promover acesso à saúde para indígenas refugiados e migrantes em Belém

 

Em Belém, indígenas Warao participaram de capacitação sobre interpretação comunitária com o uso do aplicativo

No esforço de ampliar o acesso à saúde para comunidades indígenas refugiadas e migrantes, no dia 24 de janeiro, começou a ser testado, em Belém (PA), o uso de um aplicativo de interpretação denominado LUA – Linguagem Universal Acessível. O aplicativo, desenvolvido pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), é fruto do projeto “Maior Acesso à Saúde para Comunidades Indígenas por meio de um Aplicativo de Interpretação”. A iniciativa, que está sendo implementada através do Fundo de Inovação Digital do ACNUR, tem como objetivo aprimorar a comunicação entre os povos indígenas e os profissionais de saúde, a fim de garantir um atendimento mais eficaz e humanizado nas unidades de saúde que atendem comunidades Warao. 

“O aplicativo Lua é um sonho antigo do grupo de pesquisa e extensão Mobilang da Universidade de Brasília, que desde 2011 presta serviços de interpretação comunitária para que pessoas que não falam português possam acessar serviços públicos e assim garantirem seus direitos”, comenta Sabine Gorovitz, professora da UNB e líder do Grupo Mobilang. Atualmente, o Grupo Mobilang gerencia um banco com cerca de 150 intérpretes voluntários previamente formado e cobre um total de 20 línguas diferentes.

O projeto está sendo implementado em parceria com o grupo Mobilang da Universidade de Brasília (UnB), com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e o Conselho Warao Ojiduna. “Como intérpretes Warao e de língua espanhola para português, temos a certeza de que poderemos ajudar o nosso povo Warao por meio do aplicativo”, destaca a intérprete voluntária, Gardenia Cooper Quiroz.

A chefe de escritório do ACNUR em Belém, Janaina Galvão, destacou a importância de garantir que pessoas deslocadas à força tenham acesso pleno a serviços e direitos na comunidade de acolhida. "Ferramentas digitais como este aplicativo representam um passo transformador, não apenas por viabilizar uma comunicação mais eficiente entre os profissionais de saúde e as comunidades indígenas refugiadas e migrantes, mas também por fortalecer sua inclusão e dignidade. O apoio do Fundo de Inovação do ACNUR foi essencial para possibilitar esta solução inovadora, que já está gerando impactos positivos em Belém," afirmou.

A professora do Curso de Interpretação Comunitária e Forense/Mobilang-UnB Jaqueline Nordin durante capacitação realizada em Belém (PA)

Por meio do aplicativo, espera-se também sensibilizar os profissionais de saúde no atendimento ao povo Warao. “Acreditamos que eles vão ter um entendimento melhor do que os Warao passam no dia a dia, de como eles interpretam e entendem o que é saúde, o que é doença, e assim poderão adaptar seus cuidados e atenção aos Warao, explica Clementine Maréchal, analista socioambiental do IEB.

Para Vitor Nina, diretor da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, o aplicativo é capaz de ajudar nessa intermediação cultural e será essencial no atendimento das pessoas em qualquer um dos serviços de saúde. “A gente entende que é um passo fundamental para a organização de uma rede acolhedora a essa população que nos procura”, ressalta.

Sobre o projeto

A fase inicial do projeto, realizada em setembro e outubro de 2024, incluiu treinamentos para 20 pessoas refugiadas em interpretação comunitária e forense, complementado por um curso de português instrumental. Essa formação permitiu que membros da própria comunidade se tornassem intérpretes voluntários. Essa fase também contou com a formação para os profissionais de saúde de Belém em intercompreensão linguística. Ambos os treinamentos buscaram fornecer ferramentas para reduzir as barreiras linguísticas e culturais no acesso aos serviços básicos de saúde. 

Durante a segunda fase, já no final de 2024, se realizou um primeiro teste de usabilidade do aplicativo em quatro unidades de saúde e duas unidades de saúde mental habilitadas para atender a população Warao. Esse primeiro teste envolveu 45 participantes, incluindo intérpretes, agentes comunitários de saúde, médicos, enfermeiros e outros profissionais da rede de saúde, além de representantes das instituições parceiras.

Neste momento, entramos na terceira fase do aplicativo, onde entregamos a plataforma para os profissionais de saúde de Belém, que atendem as comunidades Warao e para os intérpretes. Nessa fase, ocorrerá o teste real do aplicativo, no cotidiano dos atendimentos, é um momento crucial e determinante para o projeto, pois serão os feedbacks que receberemos durante o monitoramento, durante os próximos 5 meses, que indicarão o potencial do aplicativo e se poderá ser uma ferramenta eficaz para diminuir as barreiras linguísticas e culturais no atendimento à saúde e/ou os ajustes necessários para o seu aperfeiçoamento

acnur.org/br/

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quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Apesar de avanços, trabalho análogo à escravidão no país ainda é alto

 

Marcelli Casal JR/Agencia Brasil

Após 30 anos do reconhecimento da existência do trabalho semelhante à escravidão pelo Estado brasileiro, o número de pessoas resgatadas desse tipo de violação continua alto. No ano passado, foram 2.004 trabalhadores resgatados destas condições degradantes, em mais de mil operações coordenadas pelo Ministério do Trabalho. Desde 1995, foram 65 mil trabalhadores retirados do trabalho análogo à escravidão no país. 

O maior número de resgatados em 2024 foi em Minas Gerais, com 500 trabalhadores, seguido de São Paulo, com 467, e da Bahia, com 198.

Esse 28 de janeiro é o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e também o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho, agente público responsável por essa fiscalização. 

Em evento no Ministério do Trabalho nesta terça-feira (28), o Frei Xavier Plassat, da coordenação da Campanha Nacional Contra o Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra, avaliou que o país avançou no combate a essa situação, com a atuação do poder público e a pressão da sociedade civil.

Apesar dos avanços, Frei Xavier ressalta gargalos que precisam ser superados. Segundo ele, “tem uma força desproporcional o velho latifúndio e o moderno agronegócio, que impera e impõe suas leis ao rumo das principais políticas do Brasil. E isso tem um impacto evidente. (...) Mais de 60% dos casos de trabalho escravo e dos resgates de trabalho escravo estão localizados no campo do agronegócio”. 

Os trabalhadores resgatados em áreas urbanas vêm crescendo, sendo 30% do total. Destaca-se a liberação de 19 trabalhadoras domésticas no ano passado.

O auditor fiscal do Trabalho Marcelo Campos destacou o desafio existente hoje no resgate de domésticas, em sua maioria mulheres negras. Campos lembrou o caso do resgate de Sônia Maria de Jesus, em 2023, que foi submetida a mais de 40 anos de trabalho análogo à escravidão na casa de um desembargador de Santa Catarina e acabou voltando à sua condição por decisão judicial. O auditor criticou o Poder judiciário.

O maior número de resgatados em 2024 foi na construção de edifícios, mais de 293 trabalhadores, seguido do cultivo do café, com 214, e da colheita de cebola, com 194 trabalhadores.

O procurador Luciano Aragão, coordenador Nacional de Combate ao Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho, reforça que os desafios do poder público são ampliar a segurança dos trabalhadores resgatados, bem como as indenizações.

“Nós precisamos, enquanto sociedade brasileira, enquanto o Estado, fortalecer nossa atuação, fortalecer o valor das multas, fortalecer o valor das indenizações. Não relativizemos dano moral individual, não podemos relativizar a violação de direitos humanos. Precisamos exigir, enquanto sistema de justiça, enquanto Ministério Público, Defensoria Pública da União (...) uma reparação adequada pela violação a direitos humanos”, cobrou Aragão.

O Ministério do Trabalho destaca que as denúncias de casos de trabalho similar à escravidão podem ser feitas pelo Disque 100 ou pelo site gov.br/trabalho.

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Edição:

Rafael Gasparotto / Rafael Guimarães

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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Celac se reúne esta semana para tratar de deportações nos EUA

Fernado Brazão /Agencia Brasil

A Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) fará reunião de emergência quinta-feira (30) para tratar da questão das deportações, pelo governo norte-americano, de imigrantes ilegais. O encontro foi pedido nesse domingo (26) pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e marcado pela presidente hondurenha Xiomara Castro, que também preside a Celac.

A reunião será feita em formato híbrido, mas Petro deverá participar de forma presencial, na capital hondurenha, Tegucigalpa.

O pedido de Petro ocorreu depois de a Colômbia recusar a entrada de aviões militares norte-americanos, que levavam imigrantes colombianos deportados nesse domingo.

“Não posso fazer com que imigrantes fiquem em um país que não os quer, mas se esse país os devolve deve ser com dignidade e respeito com eles e com o nosso país. Em aviões civis, sem tratá-los como como delinquentes, receberemos nossos compatriotas”, escreveu o presidente em suas redes sociais, acrescentando que a Colômbia deve ser respeitada.

Em resposta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que taxaria, em 25%, produtos provenientes da Colômbia que seja importados por seu país. 

Ontem, o governo colombiano anunciou que o impasse entre os dois países foi superado. O chanceler colombiano Luis Gilberto Murillo viajará à capital dos Estados Unidos, Washington D.C., para reuniões de alto nível com representantes norte-americanos.

“Seguiremos recebendo os colombianos e as colombianas que retornam na condição de deportados, garantindo-lhes as condições dignas de cidadãos sujeitos a direitos”, diz nota divulgada pelo governo da Colômbia.

Segundo a nota, o governo da Colômbia colocou à disposição o avião presidencial para facilitar o retorno dos colombianos deportados. “A Colômbia reforça que serão mantidos os canais diplomáticos de interlocução para garantir os direitos, o interesse nacional e a dignidade dos nossos cidadãos”.

Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil

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Fernando Frazão/Agência Brasi

Fernando Frazão/Agência Bras


segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Cortes de Trump suspendem as ações de agência da ONU para migrantes no Brasil

gettyimages

A Organização Internacional para as Migrações (OIM), o braço da ONU para o tema, foi obrigada a suspender pelos próximos três meses suas atividades no Brasil que dependem de financiamento dos Estados Unidos após os cortes operados por Donald Trump.

O cenário impacta diretamente programas como a Operação Acolhida, para recebimento de imigrantes da Venezuela, e projetos de integração e acolhimento de imigrantes e refugiados em ao menos 14 estados. A OIM é um dos principais apoios do governo brasileiro na área.

A reportagem confirmou com interlocutores que falaram sob reserva que todas as ações da OIM em Roraima estão suspensas. Funcionários da organização também temem por seu futuro profissional. O aviso de Washington chegou no final da última semana afirmando que, a partir do último sábado (25), qualquer gasto deveria ser paralisado.

Sob a nova gestão da Casa Branca, fundos de assistência humanitária que saem do Escritório de Refugiados e Imigrantes, conhecido como PRM, e da Agência para o Desenvolvimento Internacional, a Usaid, foram suspensos por 90 dias para passar por revisão

Em comunicado enviado ao governo Lula (PT) na sexta-feira (24), ao qual a Folha teve acesso, a OIM diz que “a suspensão parcial das atividades no Brasil representa um desafio significativo para o gerenciamento da crise humanitária envolvendo migrantes e refugiados”.

“Nossa infraestrutura e operações ficam muito comprometidas com a redução de capacidades e recursos em centros de acolhimento. Haverá impacto direto na manutenção, no custeio e no funcionamento de estruturas físicas e recursos humanos da OIM no Brasil.”

Em ações como a que ocorre em Roraima desde 2018 para acolher imigrantes e solicitantes de refúgio venezuelanos, que chegam diariamente às centenas ao Brasil, praticamente toda a verba era oriunda do PRM. A OIM busca agora apoio de seu escritório no Panamá e de sua sede em Genebra, na Suíça, para se manter operante no Brasil.

O desafio está no fato de que os cortes de Trump afetam agências ao redor do mundo, não apenas no Brasil.

Uma das dezenas de decretos emitidos no primeiro dia de volta do republicano à Casa Branca diz que “chefes de departamentos e agências responsáveis por programas de assistência ao desenvolvimento estrangeiro dos EUA devem pausar imediatamente novos desembolsos de fundos para países estrangeiros e ONGs implementadoras, aguardando revisões de tais programas para eficiência programática e consistência com a política externa dos EUA”.

O cenário levou o Comando da Força-Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida, em Boa Vista, a se pronunciar. “Nos últimos tempos, temos enfrentado desafios significativos decorrentes de impactos das políticas migratórias e do cenário geral”, diz uma nota de esclarecimento do órgão enviada a agências como a OIM. “Reconhecemos que tais situações podem ter reflexo na continuidade de alguns serviços, mas reiteramos que estamos trabalhando diariamente para conter os riscos e assegurar a manutenção das operações.”

Especialistas da área manifestam preocupação pelo peso que a OIM tem em todas as ações humanitárias de acolhimento a imigrantes e refugiados no Brasil. Teme-se também porque será necessário que o governo brasileiro aumente seu compromisso com esses programas, justamente em um momento orçamentário sensível.

Outras organizações humanitárias que trabalham na agenda migratória e dependem de fundos de financiamento dos EUA também serão impactadas. O Acnur, a agência da ONU para refugiados que atua em conjunto com a OIM em muitos projetos, viu impacto limitado porque tem leque mais diversificado de apoios internacionais.

No caso da Operação Acolhida, os militares brasileiros, que operam o programa, tentam remanejar pessoas para cobrir a ausência da OIM. Os serviços da organização que davam apoio a crianças migrantes desacompanhadas, ofertavam vacinação, ajudavam na interiorização de imigrantes para outros estados do país, apoiavam na regularização migratória e nos abrigos onde vivem centenas de venezuelanos estão completamente suspensos.

Uma média de mais de 400 imigrantes venezuelanos chegam por dia a Pacaraima, a cidade brasileira da fronteira com o país vizinho, para se estabelecerem no país.

Organizações que defendem minorias no Brasil se preparam para corte de verbas no governo Trump.

Jornaldebrasilia.com.br/

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sábado, 25 de janeiro de 2025

México. Bispos: protegeremos e defenderemos os migrantes deportados

 

Migrantes na fronteira do Mexico com os Estados Unidos ( AFP)

"Com o desejo de acolher, proteger, promover e integrar nossos irmãos e irmãs migrantes e deportados, renovamos nossa disposição de unir os esforços das autoridades federais, estaduais e municipais, bem como das organizações religiosas e cívicas”, afirmam os bispos, que pedem: “Mais uma vez, conclamamos toda a sociedade a se unir a esse esforço, especialmente as arquidioceses, dioceses, paróquias, institutos de vida consagrada, seminários, casas de formação, universidades e colégios católicos"

“Em meio a um inverno rigoroso, muitas pessoas e famílias em situação de mobilidade estão passando por angústia, tristeza, medo e incerteza diante das normas migratórias do Governo federal dos Estados Unidos. A Pastoral da Mobilidade Humana reitera a todos elas sua solidariedade, orações e determinação de continuar a servi-las”.

Foi o que dom Eugenio Lira Rugarcía, referente da Pastoral da Mobilidade Humana da Conferência Episcopal Mexicana e bispo de Matamoros, e dom Héctor Mario Pérez Villarreal, secretário-geral do mesmo escritório pastoral e bispo auxiliar da Cidade do México, escreveram em uma nota publicada esta quarta-feira, 22 de janeiro.

Migrantes na fronteira do México com os Estados Unidos (AFP)

Acolher, proteger, promover e integrar


Os bispos continuam: “Ao mesmo tempo em que reconhecemos o que várias dioceses, tanto no México quanto nos EUA - particularmente na área de fronteira - e outras iniciativas estão fazendo para protegê-las e defendê-las, reiteramos que continuaremos a nos comprometer para que em nossas casas, abrigos e centros de acolhimento elas encontrem abrigo e comida; apoio para cuidar de sua saúde física, emocional e espiritual; ajuda para entrar em contato com seus familiares e obter a documentação de que precisam; aconselhamento jurídico e acompanhamento para os procedimentos que devem ser realizados

Os bispos da Conferência Episcopal Mexicana pedem ainda: “Mais uma vez, conclamamos toda a sociedade a se unir a esse esforço, especialmente as arquidioceses, dioceses, paróquias, institutos de vida consagrada, seminários, casas de formação, universidades e colégios católicos, grupos e comunidades leigas. Da mesma forma, com o desejo de acolher, proteger, promover e integrar nossos irmãos e irmãs migrantes e deportados, renovamos nossa disposição de unir os esforços das autoridades federais, estaduais e municipais, bem como das organizações religiosas e cívicas”.

https://www.vaticannews.va/pt

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Voos cancelados para refugiados que deveriam viajar para os EUA

 

CNN — 

Refugiados que deveriam viajar para os Estados Unidos após um processo longo e muitas vezes trabalhoso tiveram seus voos cancelados, de acordo com um memorando do Departamento de Estado para parceiros de reassentamento obtido pela CNN.

O memorando vem na esteira da ordem executiva do presidente Donald Trump suspendendo admissões de refugiados e marca outro exemplo do rápido impacto que suas ações já estão tendo. A medida deve afetar milhares de refugiados que já tinham voos programados.

“Todas as viagens previamente programadas de refugiados para os Estados Unidos estão sendo canceladas, e nenhuma nova reserva de viagem será feita. Os RSCs não devem solicitar viagens para nenhum caso adicional de refugiados neste momento”, afirma o memorando, citando a ordem executiva do presidente.


Aproximadamente 10.000 refugiados tinham viagens reservadas, que agora estão canceladas, de acordo com uma fonte familiarizada com os dados. Uma repartição por país não estava imediatamente disponível, mas os refugiados geralmente vêm de uma variedade de países, incluindo Afeganistão, República Democrática do Congo, Venezuela, Síria e Birmânia.

Os cancelamentos podem ser particularmente preocupantes para refugiados cujos exames médicos ou verificações de segurança, por exemplo, estão prestes a expirar. O memorando também declara que o processamento de casos está suspenso, efetivamente encerrando o programa.


“Além disso, todo o processamento de casos de refugiados e atividades pré-partida também estão suspensos. RSCs e IOM não devem mover refugiados para centros de trânsito em antecipação à viagem e devem interromper todas as atividades pré-partida para casos de refugiados. Nenhum novo encaminhamento deve ser feito para o USRAP”, continua o memorando.


Portadores de Visto Especial de Imigrante, que inclui aqueles que trabalharam para os EUA no exterior, estão isentos. Eles podem viajar para os Estados Unidos, de acordo com o memorando. Os refugiados que já estão nos Estados Unidos também podem continuar a receber serviços.

A CNN entrou em contato com o Bureau de População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado para comentar.


Nos últimos anos, um escritório do Departamento de Estado encarregado dos esforços de realocação de aliados e parceiros afegãos — o Office of the Coordinator for Afghan Relocation Efforts, ou CARE — tem transportado pessoas elegíveis do Afeganistão para países terceiros, incluindo Paquistão e Catar, para concluir o processamento para vir para os EUA. Isso inclui afegãos que não são portadores de SIV. Agora, um funcionário do governo disse à CNN, os indivíduos nesses países que não estão em SIVs estão essencialmente "presos" nesses países em locais administrados pelo governo dos EUA.


“Não está claro o que vai acontecer com esses indivíduos”, disse o oficial. “Eles podem ficar presos lá, não sabemos por quanto tempo.”


Há mais de 1.000 refugiados afegãos em Doha, disse o oficial, e vários milhares, até 10.000, no Paquistão. Mas há outros refugiados afegãos em “muitos, muitos países ao redor do mundo … cujos casos agora serão simplesmente interrompidos”, disse o oficial.

E sem um caminho claro para os EUA a partir desses países terceiros, a autoridade disse que os refugiados serão retirados dos manifestos de voo do Afeganistão, deixando pessoas no país por um período incerto de tempo que esperavam partir em breve.

O cancelamento de voos e a pausa nos casos colocam potencialmente dezenas de milhares de refugiados afegãos, incluindo aqueles que ajudaram os EUA durante a guerra, mas não receberam o status SIV, em risco ao redor do mundo, de acordo com #AfghanEvac, uma coalizão de organizações que defendem a segurança dos afegãos desde o fim da guerra no Afeganistão em 2021. A medida "coloca em risco milhares que arriscaram suas vidas por missões dos EUA" no Afeganistão, disse #AfghanEvac na quarta-feira, incluindo famílias de tropas dos EUA, forças parceiras afegãs "e mulheres pilotos que treinaram e lutaram ao lado das tropas dos EUA".


A ordem executiva de Trump, assinada na segunda-feira, declarou que os Estados Unidos não foram capazes de absorver o fluxo de migrantes dos últimos anos, além de refugiados, abrindo caminho para que o governo suspendesse o programa de admissão de refugiados dos EUA "até que a entrada de refugiados nos Estados Unidos se alinhe com os interesses dos Estados Unidos".


A suspensão entraria em vigor em 27 de janeiro, de acordo com a ordem. O memorando implica que ela entra em vigor imediatamente.


A situação na fronteira sul dos EUA é separada do programa de refugiados, que remonta a décadas e tem um processo de verificação completo em vigor para refugiados no exterior se reinstalarem nos EUA. Mas a repressão aos refugiados está alinhada com a agenda de imigração da administração, que busca limitar a entrada nos EUA com base na segurança pública e na segurança nacional.


Sob o comando do ex-presidente Joe Biden , o limite de admissões de refugiados nos Estados Unidos foi estabelecido em 125.000 pessoas por ano.


Esta história foi atualizada com reportagens adicionais.