terça-feira, 23 de julho de 2024

No Brasil, refugiado sírio aproveita todas as oportunidades para prosperar em sua nova vida


Abdul percorreu um longo caminho desde o conflito na Síria até sua nova vida no Brasil, uma jornada facilitada pela política acolhedora do país sul-americano em relação aos refugiados e impulsionada por sua própria determinação e abraço alegre das oportunidades. 

“Quando cheguei aqui pela primeira vez, senti paz e tranquilidade”, lembrou Abdul, uma década após fugir de sua Síria natal, que então estava em plena crise. Abdul agora se sente tão em casa que se declara “BrazSírio: Sírio Brasileiro!” 

Abdul está entre os mais de 4 mil refugiados sírios acolhidos pelo Brasil desde que se tornou o primeiro país nas Américas a oferecer vistos humanitários especiais para aqueles que fugiam da Síria em 2013. Um processo simplificado de asilo significa reconhecimento rápido e integração dos refugiados, que atualmente somam cerca de 140 mil pessoas de países como Venezuela, Síria, Afeganistão e República Democrática do Congo. 

Durante uma visita ao Brasil em maio, o Alto Comissário Assistente para Operações da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Raouf Mazou, elogiou o “compromisso do país com políticas inclusivas para refugiados”. O Brasil, segundo ele, é evidência de que “documentação, asilo e outras formas de proteção, combinadas com acesso a empregos, meios de subsistência, educação e saúde, são a melhor maneira de encontrar soluções”. 

Trabalho, futebol, diversão e serviço 

Abdul é a personificação do que essas soluções podem representar. 

Após fugir da Síria para o vizinho Líbano, ele ouviu falar do visto humanitário do Brasil e se candidatou rapidamente. “Quando colocaram o visto no meu passaporte, comecei a olhar para ele e pensar no Brasil. Esse visto me garantiu uma nova vida. Ele salvou minha vida”, disse Abdul. 

Apenas seis meses depois, ele era um refugiado reconhecido com documentação oficial que lhe permitiu começar a construir uma nova vida do outro lado do mundo. 

Vivendo na cosmopolita megacidade de São Paulo, Abdul aprendeu a falar português fluentemente — embora com forte sotaque árabe – e trabalha como assistente jurídico no Ministério Público Estadual, ajudando estrangeiros a obter documentação e serviços públicos.  

Ele passa as tardes administrando uma instituição de caridade que apoia refugiados e migrantes e dando palestras em escolas sobre suas experiências como refugiado. À noite, estuda direito. Em 2022, após se naturalizar cidadão brasileiro, Abdul até se candidatou a um cargo político, embora sem sucesso. 

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A casa de Abdul em São Paulo é decorada com objetos dos seus dois times favoritos - o Flamengo e o Corinthians - incluindo camisetas autografadas.

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Abdul conversa com jovens do ensino médio sobre sua experiência enquanto refugiado

Em meio a todo o trabalho, ele se certifica de encontrar tempo para jogar e assistir ao seu esporte amado, o futebol, inclusive organizando um torneio de futebol para refugiados em toda a cidade. Abdul trabalha duro, joga com afinco e se veste com elegância.  

Sua casa em São Paulo é decorada com lembranças de seus dois times favoritos — Flamengo e Corinthians — incluindo camisas de futebol autografadas, e ele se apaixonou pela música brasileira, tanto o samba quanto o rap, dançando e cantando junto. 

Retribuindo 

“Com o número de pessoas deslocadas à força em todo o mundo atingindo um recorde e o direito de buscar asilo ameaçado em muitas partes do mundo, a jornada de Abdul da Síria devastada pela guerra ao Brasil demonstra que conceder às pessoas acesso ao asilo e proteção internacional é um exemplo claro e tangível de solidariedade que, traduzido em ação, salva vidas”, afirma o Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli. 

Tendo recebido — e aproveitado — tantas oportunidades, Abdul diz que sua ambição agora não é ficar parado e descansar, mas sim “dar uma mão às pessoas que precisam”, de todas as maneiras possíveis: apoiando outros refugiados, assim como sua nova comunidade, e educando as pessoas sobre questões de refugiados. 

Por Luiz Fernando Godinho

acnur.org

www.miguelimigraante.blogspot.com


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