Louis saiu do Haiti buscando melhores oportunidades para a família. | Foto: Eduardo Montecino/OCP News
Encontrar espaço no mercado de trabalho local tem sido um
dos grandes desafios para os imigrantes haitianos. Até mesmo para quem está há
um bom tempo em Jaraguá do Sul, chances para demonstrar habilidades e
capacidades são raras.
Fugindo da pobreza e buscando oportunidades melhores para
a família após o terremoto que destruiu o Haiti, François Louis, 40 anos,
deixou a terra natal em 2013 para vir para o Brasil. As barreiras foram muitas.
"A gente se adapta, mas o problema é que não
conseguimos encaixar num emprego facilmente, tem que lutar bastante antes que
Deus abra a porta para a gente", lamenta o haitiano.
Demitido de uma empresa têxtil em janeiro desde ano,
Louis buscou no francês, um de seus idiomas nativos, a oportunidade para
garantir a renda de sua família.
"Eu tinha planos de dar aula de francês faz tempo,
mas como não consegui uma sala para a começar fiquei com esse projeto
parado", conta ele.
Ainda com poucos alunos, Louis espera aumentar quantidade
de aulas | Foto Eduardo Montecino/OCP News
A oportunidade surgiu com uma escola de línguas, que
buscava um professor e chegou até Louis.
"Sentamos, conversamos e resolvemos tentar. Ainda
tenho poucos alunos mas começamos a pouco tempo", diz o agora professor.
Falta
de confiança e reconhecimento é dificuldade
Ensinar não tem sido difícil para Louis, já que ele ainda
se apropria do domínio da língua portuguesa. Ele procura passar seu
conhecimento de forma gradual para os alunos.
Para
Louis, a maior dificuldade que enfrenta no Brasil é a falta de confiança do
povo em relação aos haitianos. A maioria dos imigrantes vindos do país possuem
curso superior, mas não são reconhecidos.
"A
maior parte dos haitianos que estão no país tem conhecimento, ensino superior.
Estudaram engenharia, direito, só que as pessoas pensam que a gente não tem
nada de conhecimento" lamenta.
Ele era
estudante de engenharia florestal na República Dominicana, quando o terremoto
em 2010 o forçou a sair do país, faltando ainda um ano para o fim do curso.
Vontade
de ficar
Se entre 2015 e 2016 cerca de 600 haitianos viviam na cidade,
com a crise que abateu o Brasil e as demissões, muitos foram embora. De acordo
com Louis, hoje são cerca de 100 morando em Jaraguá do Sul.
Pensando na família, ele diz que não tem a intenção de sair da
cidade, mas no futuro, caso as alternativas não deem certo, a mudança não é
descartada. Mas no momento ele continua resiliente.
"Como
a gente está em família é bem difícil ficar correndo daqui pra lá. Assim pode
ficar fazendo isso o resto da vida, correndo daqui pra lá sem resolver
nada", finaliza.
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