segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Em nova fase, Operação Horizonte prioriza atendimentos mais rápidos à população refugiada e migrante

Representantes das entidades que atuam na Operação Horizonte avaliaram avanços e desafios da 11ª fase na última sexta-feira, 8

 Iniciar e finalizar no mesmo dia os processos de regularização documental no Brasil. Essa tem sido uma conquista da Operação Horizonte e estará entre as prioridades da sua 12ª fase, que inicia em novembro. Criada pela Polícia Federal em São Paulo (SP) em 2022, a operação tem como objetivo facilitar e agilizar o acesso à documentação para pessoas refugiadas, solicitantes de refúgio e migrantes em situação de vulnerabilidade e exclusão digital.

Operação Horizonte é uma iniciativa da Polícia Federal em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Centro de Integração da Cidadania - CIC do Imigrante, do Governo do Estado de São Paulo, o Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI), da Prefeitura de São Paulo, e organizações da sociedade civil. Entre agosto e outubro, foi realizada a 11ª fase, que contou com a participação de 23 organizações e ofereceu mais de 3,7 mil vagas de atendimentos. 

Por meio da Operação Horizonte, as entidades conseguem prestar atendimento gratuito, orientação e encaminhamento para os serviços da Polícia Federal com data marcada. Entre os serviços oferecidos estão a solicitação de refúgio, renovação de protocolo, registro de pessoa refugiada reconhecida pelo CONARE, solicitação de autorização de residência, solicitação de acolhida humanitária e autorização de residência por reunião familiar.

Para a delegada da Polícia Federal à frente da Operação Horizonte, Patricia Zucca, o trabalho em rede tem tornado os processos mais ágeis e alcançado populações que costumam ter mais dificuldade para acessar informações confiáveis sobre os processos de regularização para a permanência no Brasil. “O trabalho em rede da Polícia Federal com os organismos internacionais e as entidades da sociedade civil é fundamental para que a gente consiga trazer o público em situação de vulnerabilidade e excluído digitalmente para a regularidade”, destaca.

“Por meio da Operação Horizonte, temos reforçado o trabalho em rede e facilitado o acesso a serviços essenciais a pessoas refugiadas e migrantes em situação de vulnerabilidade em São Paulo. Juntas, as entidades têm identificado entraves, buscado soluções, aprimorado os processos e compartilhado boas práticas. É um processo de construção conjunta contínua que garante que pessoas refugiadas e migrantes tenham acesso a seus direitos”, completa a assistente de Proteção do ACNUR, Joana Lopes.

A cada semana, são oferecidas cerca de 350 vagas extras de atendimento para pessoas refugiadas, solicitantes de refúgio e migrantes que estejam em situação de vulnerabilidade. As entidades realizam triagem e pré-atendimento, com auxílio no preenchimento de formulários eletrônicos e conferência dos documentos necessários para os atendimentos. As vagas oferecidas para a população em vulnerabilidade não afetam a distribuição regular de vagas de agendamento pelo Sistema Agenda da Polícia Federal.


acnur.org/br

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sexta-feira, 8 de novembro de 2024

50 anos da Casa do Migrante Missão Paz em Movimento

 

Domingo, 03 de novembro, na Igreja Nossa Senhora da Paz, foi realizada Missa de Ação de Graças pelos 50 anos de fundação da Casa do Migrante.  A Celebração Eucarística foi presidida pelo Superior da Região Nossa Senhora Mãe dos Migrantes, Padre Alexandre Biolchi e concelebraram Pe Antenor Dalla Vecchia, Diretor da Casa do Migrante, e vários outros padres da Congregação Scalabriniana.

A igreja Nossa Senhora da Paz, que tem suas origens em 1939, surgiu como espaço para acolher imigrantes italianos.  Posteriormente, em 1974 - há 50 anos, foi criada a Casa do Migrante, onde iniciou o acolhimento de um grupo de Vietnamitas seguido de um grande contingente de migrantes internos.  Passada a fase do abrigo de migrantes internos a Casa iniciou a abrigar migrantes internacionais e refugiados de inúmeras nacionalidades como: vietnamitas, chilenos, argentinos, uruguaios, peruanos, colombianos... fugindo da violência instalada pelas ditaduras militares nestes países.  Também foram se sucedendo os fluxos de países africanos, oriente médio, Ásia em menor número, sempre como resultado de conflitos, perseguições políticas ou motivos religiosos e de gênero. 

Fundada em 1974 pelo Padre Alberto Zambiazi, a Casa do Migrante é um abrigo que tem capacidade para acolher até 110 pessoas; com uma estrutura que procura se assemelhar a uma casa, com dormitórios, espaços para lavar roupa, refeitório, sala de lazer, brinquedoteca, sala de aula... além de uma dinâmica instalada com parcerias em particular no que diz respeito  ao apoio psicológico e acompanhamento de assistentes sociais.

No início da Celebração de ação de graças, Dirceu Cutti que fez parte da coordenação da Casa nos coloca alguns elementos, buscando contextualizar a celebração especial a que estávamos vivenciando.  “Neste dia, estamos celebrando meio século de história, que conheço muito bem porque convivi com o fundador da casa, Padre Alberto Zambiazi: trata-se de uma história, fundamentalmente marcada, pelo acolhimento, pelo respeito à vida humana.  Lembra ainda dos quatro nigerianos que cruzaram o atlântico no leme de um navio e foram acolhidos aqui;  também lembra das idas aos terminais para recolher famílias de migrantes internos que necessitavam de abrigo e não só, necessitavam especialmente de corações abertos, de amor, de acolhida.  Finalmente, salienta os desafios da missão e agradece em nome dos milhares de migrantes e refugiados que passaram pela Casa”.   Nesta celebração estiveram presentes inúmeras entidades, que também desenvolvem trabalhos em favor de migrantes e refugiados.

A migração e o refúgio, tornam-se cada vez mais uma realidade em todo o mundo, seja nos países pobres ou ricos...  Padre Antenor Dalla Vecchia, afirma que este momento da celebração dos  50 anos é muito importante para a Vida da Missão como um todo e, em especial para a Casa do Migrante, que teve sim, ao longo dos tempos, muita dificuldade para se manter e dar a atenção necessária aos que batiam à porta, mas também alimentou no coração de tantos que aí chegaram, o ânimo e a esperança imprescindíveis para seguir adiante, acalentando sonhos é fé em relação ao futuro.    

A Casa do Migrante da Missão Paz foi a primeira no mundo a ser instalada pela Congregação Scalabriniana.  Hoje, existem 30 Casas de Acolhida pelo mundo afora.

Ao encerrar a Celebração todos os participantes foram convidados a se dirigirem à Casa do Migrante para um almoço de confraternização, animado por um grupo de Chorinho.

 

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Atraídos e deixados para trás: a situação dos trabalhadores estrangeiros temporários no Canadá

 

Uma multidão se reuniu em Ottawa para marchar pelo status imigratório completo para todas as pessoas no Canadá. A manifestação foi organizada pela Migrant Rights Network. Foto do Migrant Rights Network Facebook.

O Canadá há muito tempo mantém uma reputação de refúgio acolhedor para imigrantes, mas mudanças recentes no Programa de Trabalhadores Estrangeiros Temporários (TFWP) levantam questões sobre as verdadeiras intenções do país. Em vez de promover uma comunidade onde os recém-chegados possam prosperar, parece que o Canadá está atraindo migrantes para situações precárias, explorando-os para mão de obra barata e descartando-os quando não são mais considerados necessários.

O TFWP, estabelecido em 1973 , foi criado para permitir que empregadores contratem estrangeiros temporariamente para lidar com a escassez de mão de obra. Desde seu início, o programa se expandiu e evoluiu para se adaptar às mudanças nas necessidades do mercado de trabalho do Canadá.

O primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou recentemente mudanças significativas no Programa de Trabalhadores Estrangeiros Temporários. O anúncio veio em um momento em que os sentimentos anti-imigrantes estão crescendo , alimentados por preocupações com desemprego e moradia acessível. Em seu discurso , Trudeau reconheceu as contribuições vitais dos trabalhadores migrantes para a economia do Canadá, particularmente na estabilização da nação pós-pandemia.

No entanto, ele simultaneamente introduziu políticas restritivas para trabalhadores estrangeiros temporários de baixa remuneração em regiões com taxas de desemprego acima de 6%, excluindo setores como agricultura, construção e assistência médica. As novas regulamentações limitam os empregadores a contratar no máximo 10% de sua força de trabalho por meio do TFWP, e a duração dos contratos de trabalhadores estrangeiros temporários de baixa remuneração foi encurtada de dois anos para um.

Randy Boissonnault, Ministro do Emprego, Desenvolvimento da Força de Trabalho e Línguas Oficiais, anunciou que mudanças recentes no TFWP reduziriam o número de trabalhadores estrangeiros temporários de baixa remuneração em aproximadamente 65.000 , trazendo-o de volta aos níveis pré-pandêmicos. Esta declaração é quase irônica à luz do elogio anterior de Trudeau ao papel essencial que os trabalhadores estrangeiros temporários desempenharam na revitalização da economia do Canadá pós-pandemia.

Agora que a economia se estabilizou, o plano do governo de reduzir seus números revela uma estratégia exploradora em que o Canadá se beneficia desses trabalhadores durante os momentos de necessidade, apenas para descartá-los quando não são mais considerados necessários. Essas medidas sugerem uma visão dos trabalhadores estrangeiros temporários como mão de obra substituível e, ao impor autorizações de trabalho mais rígidas e limitar o recrutamento, o governo sinaliza implicitamente uma falta de comprometimento de longo prazo com esses trabalhadores.

Condições de trabalho descritas como escravidão moderna

Muitos trabalhadores estrangeiros temporários no Canadá suportam condições que só podem ser descritas como exploradoras. Seu status “temporário” não apenas limita sua participação de longo prazo na sociedade canadense, mas também restringe significativamente o acesso a serviços vitais, incluindo assistência médica e redes de segurança social. Em setores como a agricultura, os trabalhadores frequentemente se encontram vivendo em condições superlotadas e insalubres, trabalhando longas horas em ambientes perigosos por salários escassos .

O acesso a serviços essenciais como assistência médica representa uma barreira significativa para trabalhadores migrantes. Em províncias como Nova Scotia, uma autorização de um ano é necessária para cobertura de assistência médica pública, mas trabalhadores migrantes no Seasonal Agricultural Workers Program só podem ficar no Canadá por um máximo de oito meses .

O desequilíbrio de poder entre esses trabalhadores e seus empregadores agrava a situação. Muitos são vinculados por contrato a um empregador específico, tornando quase impossível mudar de emprego, mesmo quando enfrentam abusos ou condições de trabalho inseguras. Esse sistema de “permissão de trabalho fechada” promove uma dinâmica mestre-escravo, onde os empregadores detêm quase todo o poder, deixando os trabalhadores vulneráveis ​​à exploração.

Durante uma visita ao Canadá, Tomoya Obokata, o Relator Especial da ONU sobre formas contemporâneas de escravidão, destacou as condições terríveis enfrentadas por trabalhadores estrangeiros temporários. Os relatórios que ele recebeu detalham questões como jornadas de trabalho excessivamente longas, tarefas extracontratuais obrigatórias, exposição a ambientes perigosos, baixa remuneração sem compensação de horas extras e negação de acesso a cuidados de saúde e transporte para instalações médicas.

Além disso, os trabalhadores muitas vezes enfrentam acesso restrito a serviços sociais, incluindo assistência a recém-chegados e cursos de idiomas, e sofrem assédio sexual, intimidação e violência tanto por parte dos empregadores quanto de suas famílias.

Obokata enfatizou que o governo canadense não informa efetivamente os trabalhadores estrangeiros temporários sobre seus direitos. Em vez disso, ele transfere a responsabilidade para os empregadores, criando um claro conflito de interesses. Essa falta de informação proativa deixa os trabalhadores suscetíveis à exploração, confiando em empregadores que podem não ter seus melhores interesses em mente.

Necessidade de uma reforma abrangente

Apesar de seu papel essencial na sustentação da economia do Canadá, os trabalhadores estrangeiros temporários são muitas vezes injustamente culpados por desafios econômicos mais amplos . Em vez de confrontar a exploração sistêmica e as condições de vida abaixo do padrão que esses trabalhadores suportam, as políticas e o discurso público muitas vezes os colocam como bodes expiatórios para desafios como desemprego, pressões sobre serviços sociais e escassez de moradia.

Em vez de reconhecer suas falhas políticas, o governo continua a retratar os imigrantes como o problema. Por exemplo, o Ministro da Habitação Sean Fraser sugeriu que mudanças no TFWP reduziriam a demanda por moradia acessível , o que implica que os trabalhadores estrangeiros temporários são parcialmente responsáveis ​​pela crise imobiliária. No entanto, a maioria dos trabalhadores estrangeiros temporários ocupa empregos de baixa remuneração e vive em condições precárias. Eles não estão aumentando os preços das moradias; eles mal estão sobrevivendo.

A crise imobiliária decorre de fatores como aumentos descontrolados de aluguel, não da presença de trabalhadores de baixa renda. Ao vincular migrantes a essas questões, o governo perpetua uma retórica prejudicial e xenófoba.

As injustiças enfrentadas por trabalhadores estrangeiros temporários não são inevitáveis, mas sim o resultado de escolhas políticas que priorizam o ganho econômico em detrimento da dignidade humana. O relatório da ONU já expôs as violações de direitos humanos inerentes ao TFWP. Em vez de tomar medidas significativas para proteger os trabalhadores migrantes, o Canadá optou por reduzir seus números. Os trabalhadores migrantes merecem algo melhor. Eles merecem status de residente permanente e direitos iguais, não serem tratados como mão de obra descartável que pode ser descartada quando politicamente conveniente.

Trudeau justificou essas reformas políticas como necessárias para proteger os “ canadenses ”, mas há pouca consideração pelos milhares de trabalhadores estrangeiros temporários que foram bem-vindos ao país. Se o Canadá realmente valoriza sua reputação como um refúgio acolhedor para imigrantes, ele deve se concentrar em proteger os direitos de todos que vivem e trabalham aqui, não apenas os cidadãos canadenses.

Lotanna Odiyi é uma estudante internacional que cursa Mestrado em Serviço Social (MSW) na Universidade Dalhousie.

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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Dia Nacional da Língua Portuguesa: Cristiano Galindo intensifica esforços na inclusão de descendentes de refugiados e migrantes

 

Dia Nacional da Língua Portuguesa: Cristiano Galindo intensifica esforços na inclusão de descendentes de refugiados e migrantes

No Dia Nacional da Língua Portuguesa, o deputado estadual Cristiano Galindo (Solidariedade) destacou seu compromisso com a inclusão social e a valorização da língua. Sua iniciativa visa beneficiar crianças e adolescentes brasileiros, descendentes de refugiados, apátridas e migrantes, promovendo sua integração na sociedade goiana por meio do ensino da língua portuguesa e do acesso a serviços de saúde pública de qualidade.

A proposta de Galindo, baseada no artigo 12 da Constituição Federal, visa implementar atividades educacionais e sociais que promovam o aprendizado da língua portuguesa. Entre as ações previstas estão aulas, mentorias, oficinas, atividades lúdicas, rodas de conversa e atendimento individualizado. Além disso, o projeto busca garantir a acessibilidade desses jovens ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Para viabilizar as iniciativas, o projeto prevê parcerias entre o Governo Estadual e o Terceiro Setor. "Queremos que essas crianças e adolescentes possam superar as barreiras linguísticas e culturais, garantindo uma melhor integração e oportunidade de crescimento pessoal e profissional", explicou Galindo.

Cristiano Galindo, que também preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), ressaltou a importância do projeto para a construção de uma sociedade mais inclusiva e tolerante. "Ao promover o aprendizado da língua e o acesso à saúde, estamos combatendo o preconceito e promovendo a inserção social e econômica desses jovens", afirmou.

O projeto já recebeu parecer favorável na Comissão de Educação e segue em trâmite.  Caso aprovado, a iniciativa representará um passo significativo na garantia de direitos e na promoção da inclusão social de descendentes de refugiados e migrantes em Goiás.

"Esse projeto não só enaltece o valor da língua portuguesa como instrumento de integração, mas também reforça nosso compromisso com a saúde pública. A língua é a chave para a cidadania e, ao facilitar seu aprendizado, estamos abrindo portas para um futuro melhor para esses jovens", concluiu Galindo.

Nesse Dia Nacional da Língua Portuguesa, comemorado em 5 de novembro, a proposta ressalta o papel transformador da língua como um instrumento de inclusão e celebra a diversidade cultural, reafirmando o compromisso com os direitos humanos e a justiça social.


portal.al.go.leg.br/

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terça-feira, 5 de novembro de 2024

Clínica Intermigra: Apoio Jurídico para Migrantes e Estudantes Internacionais na UFPel


A Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) apresenta o projeto de extensão, Clínica de Suporte Jurídico e Estudos dos Direitos dos Migrantes e Estudantes Internacionais (Clínica Intermigra), que visa promover a inclusão e o apoio jurídico para migrantes e estudantes internacionais na região. A iniciativa tem como foco prestar atendimento jurídico especializado e realizar encaminhamentos para migrantes e estrangeiros que residem em Pelotas e arredores.

O projeto tem como objetivo auxiliar nas questões migratórias e demandas de direito doméstico, oferecendo suporte legal e orientações em processos como regularização de permanência.

Além do atendimento direto, a Clínica Intermigra planeja produzir materiais informativos sobre os direitos e deveres dos migrantes, abordando temas fundamentais para quem se estabelece no país. Os conteúdos serão disponibilizados no instagram do projeto @clinicaintermigraufpel para facilitar o acesso.

A Clínica Intermigra é uma iniciativa gratuita e conta com o apoio de professores e alunos da Faculdade de Direito da UFPel. Os interessados em obter informações ou realizar consultas jurídicas podem entrar em contato diretamente com a clínica pelo email clinicaintermigraufpel@gmail.com ou pela página do instagram @clinicaintermigraufpel.

A Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) apresenta o projeto de extensão, Clínica de Suporte Jurídico e Estudos dos Direitos dos Migrantes e Estudantes Internacionais (Clínica Intermigra), que visa promover a inclusão e o apoio jurídico para migrantes e estudantes internacionais na região. A iniciativa tem como foco prestar atendimento jurídico especializado e realizar encaminhamentos para migrantes e estrangeiros que residem em Pelotas e arredores.

O projeto tem como objetivo auxiliar nas questões migratórias e demandas de direito doméstico, oferecendo suporte legal e orientações em processos como regularização de permanência.

Além do atendimento direto, a Clínica Intermigra planeja produzir materiais informativos sobre os direitos e deveres dos migrantes, abordando temas fundamentais para quem se estabelece no país. Os conteúdos serão disponibilizados no instagram do projeto @clinicaintermigraufpel para facilitar o acesso.

A Clínica Intermigra é uma iniciativa gratuita e conta com o apoio de professores e alunos da Faculdade de Direito da UFPel. Os interessados em obter informações ou realizar consultas jurídicas podem entrar em contato diretamente com a clínica pelo email clinicaintermigraufpel@gmail.com ou pela página do instagram @clinicaintermigraufpel.

ufpel.edu.br

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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

55 empresas são responsáveis pela contratação de mais de 12 mil pessoas refugiadas no Brasil

 

O representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, durante abertura do 3º Encontro Anual do Fórum Empresas com Refugiados

Atualmente, o Brasil emprega formalmente cerca de 200 mil pessoas refugiadas e que necessitam de proteção internacional. Dessas, mais de 12 mil ocupam a posição em 55 empresas e organizações que fazem parte do Fórum Empresas com Refugiados. O dado foi apresentado nesta quinta-feira (31) em São Paulo, durante o encontro anual do fórum.

Criado em 2021 pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Pacto Global da ONU – Rede Brasil, o Fórum Empresas com Refugiados busca promover estratégias de apoio à população refugiada no Brasil por meio do trabalho e geração de renda. Atualmente, mais de 130 empresas de todo fazem parte da iniciativa. O 3º Encontro Anual do Fórum Empresas com Refugiados, promovido em São Paulo nesta semana, contou com a presença de cerca de 180 pessoas, entre representantes da sociedade civil, Governo, profissionais refugiados no Brasil e setor privado.

No evento, foram apresentados em primeira mão dados coletados em agosto de 2024 em pesquisa feita com 72 membros do fórum. Foi constatado um aumento de 24% de contratações após se tornarem parte da iniciativa. Das empresas que responderam, 50% afirmaram contratar também jovens em vagas de aprendiz e estágios e 11% como prestadores de serviços pela modalidade de pessoa jurídica. Das pessoas refugiadas contratadas, a maioria ocupa cargos operacionais e ganha em média de 2 a 3 salários mínimos e 25% das empresas que contratam têm pessoas refugiadas em cargos de liderança. 

“Esse resultado expressivo mostra a relevância desse trabalho em rede com as empresas para transformar a vida da pessoa refugiada no Brasil”, destacou o representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli. “O Fórum é uma iniciativa sustentável e que cresce a cada dia, com empresas engajadas em contratar pessoas refugiadas, na sua formação e capacitação. A integração e a inclusão dessas pessoas vêm através do trabalho digno. E as empresas, por meio do trabalho formal, contribuem para a construção de uma nova vida - uma vida com dignidade, autonomia e qualidade aqui no Brasil.”

“As empresas do Fórum estão engajadas nessa importante causa de inclusão e contratação de pessoas refugiadas. Também temos com o ACNUR outras iniciativas conjuntas, como a plataforma Refugiados Empreendedores, que reúne cerca de 160 empreendimentos de pessoas refugiadas no Brasil”, ressaltou a diretora de Pessoas, Governança e Integridade no Pacto Global, Adriana Alves. “São agendas que remetem diretamente em tudo o que acreditamos no Pacto - agenda 2030, liderança feminina, raça como prioridade, salário digno, entre outros.”

Exemplo de boas práticas

Os resultados dos esforços do fórum junto ao setor privado refletem-se não só no aumento da contratação de refugiados no mercado formal de trabalho brasileiro, mas também no desenvolvimento profissional dessas pessoas, relacionando isso à perspectiva de integração local e parcerias orientadas por soluções para garantir os direitos e a dignidade das pessoas refugiadas no país. 

Durante o evento, várias empresas puderam compartilhar suas experiências com a contratação de pessoas que necessitam de proteção internacional. Uma delas é o Hospital Israelita Albert Einstein. Segundo a superintendente de Sustentabilidade do Hospital, Priscila Surita, desde 2021 a entidade tem falado mais abertamente sobre o papel das pessoas refugiadas em sua história institucional. “Desde então, temos trabalhado com parceiros para causar impacto não só contratando as pessoas para serem nossas colaboradoras, mas para construir projetos de impacto e valor”, afirma. Ela também ressaltou que, embora muitas empresas evitem a contratação por conta da falta de experiência, no hospital, o processo tem sido o inverso. “Se você der oportunidade, a pessoa refugiada, em pouco tempo, vai estar performando até mais que alguém com muita experiência. São pessoas de muito valor”.

Outra empresa que compartilhou suas experiências foi a Solar Coca-Cola, engarrafadora com 13 fábricas no Brasil. Atualmente, apenas em Manaus (AM), as mulheres venezuelanas representam 50% da força de venda da empresa. “Temos um resultado muito gratificante em termos de inclusão e de produtividade. Em um ano de atividade junto com o ACNUR, já contratamos 88 pessoas refugiadas vindas de 4 países diferentes, que falam espanhol e francês, e que permitem que a gente amplie de forma muito significativa as referências e as experiências, e que contribuem com o nosso aprimoramento enquanto companhia”, afirma Arthur Ferraz, head de Relações Externas da Solar Coca-Cola.

Daibelys Nunes é uma dessas pessoas. Ela é venezuelana e trabalha há um ano como promotora de vendas da área comercial da Solar Coca-Cola em Manaus. Apenas nesse período, ela já ganhou três premiações como melhor promotora de vendas na região e agora treina novas colaboradoras. “Sou mãe de dois filhos e não há nada mais dolorido para uma mãe do que ter para o almoço e não ter para uma janta. Uma oportunidade de trabalho dá para sustentar uma família, seguir sonhando e crescendo”, declara. 

Outra empresa participante do Fórum é a Foundever, dedicada ao atendimento ao consumidor e que tem um terço de suas interações com pessoas que não falam português. Com a contratação de pessoas que necessitam de proteção internacional, a empresa não apenas supriu uma demanda interna com mais qualidade, mas também passou a estimular que outras empresas abram oportunidades no mesmo sentido. “A contratação de pessoas venezuelanas hoje se mostra fundamental para a companhia. Hoje temos 700 colaboradores refugiados e migrantes, mas ainda é pouco quando se pensa que, todos os dias, mais de 200 pessoas venezuelanas chegam ao Brasil por Roraima. Estou muito engajado em divulgar essa iniciativa a outros CEOs. É uma grande responsabilidade, mas também um sucesso e um orgulho que tenho”, afirma o CEO da Foundever, Laurent Delache.

A venezuelana Kiria Flores está no Brasil há seis anos e trabalha atualmente como supervisora de operações na Foundever. Ela iniciou na empresa em uma posição de assistente, mas em pouco tempo teve a oportunidade de, dentro da própria empresa, receber capacitação para liderar equipes que têm o espanhol como língua nativa. “Quero seguir crescendo na empresa para continuar ajudando a família e ter um futuro melhor no Brasil com a compra de uma casa própria”, planeja. 

Sobre o Fórum Empresas com Refugiados

O Fórum Empresas com Refugiados foi lançado em junho de 2021 pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Pacto Global da ONU – Rede Brasil com o objetivo principal de promover a contratação de refugiados no mercado de trabalho brasileiro. Ao longo de quatro anos, mais de 130 empresas e organizações empresariais aderiram a essa iniciativa, fortalecendo seu impacto por meio da troca de melhores práticas, treinamentos, intercâmbios de experiências entre os membros e pela sensibilização e engajamento do setor privado na inclusão de refugiados no Brasil. Os impactos alcançados têm feito do Fórum referência na América Latina quanto à mobilização e engajamento do setor privado. O desenvolvimento de iniciativas como estas, pode posicionar a região como líder na inclusão socioeconômica de pessoas refugiadas e migrantes sob o conceito da agenda Cartagena+40.

O 3º Encontro Anual do Fórum Empresas com Refugiados foi promovido com o apoio de Amcham, BRF, Miguel Neto Advogados Associados, Solar Coca-Cola, Lojas Renner e Instituto C&A.
 

acnur.org/br


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