quinta-feira, 21 de março de 2019

BENDITOS IMIGRANTES. OS EFEITOS POSITIVOS DA IMIGRAÇÃO NA ECONOMIA

Como todos os países que atualmente têm governos de direita, os Estados Unidos rechaçam e tentam combater a entrada de novos imigrantes em seu território. No entanto, estudo comprova que esse país, que historicamente foi o que mais acolheu imigrantes estrangeiros europeus, pode ostentar hoje uma renda média bastante alta, menores índices de pobreza e baixos níveis de desemprego graças, em boa parte, à presença dos imigrantes.

Por: Luis Pellegrini

Um estudo recente publicado na Review of Economic Studies, revela que os Estados Unidos – um dos países que mais acolheram imigrantes, sobretudo europeus – ganhou muito com isso em termos de inovação, crescimento econômico e bem-estar dos cidadãos. O estudo foi centrado no país norte-americano, mas percebe-se facilmente que suas conclusões se aplicam à grande maioria dos países que, ao longo da sua história, foram palco de importantes fluxos migratórios. Brasil inclusive.

Em São Paulo, imigrantes japoneses e seus descendentes festejam o Ano Novo em seu principal bairro, o Liberdade.

Cientistas da London School of Economics e da Universidade de Harvard estudaram os efeitos econômicos do acolhimento de imigrantes nos Estados Unidos de 1850 a 1920, período que os historiadores definem como Era das Migrações de Massa. Seu objetivo era lançar luz sobre as consequências da imigração nesse longo período e até os dias de hoje – e não apenas na sua fase histórica contingente, como foi feito pela maioria dos estudos realizados anteriormente.
A pesquisa – de tipo multidisciplinar – mostrou que ao longo dessa fase histórica os fluxos migratórios aumentaram progressivamente, e também que houve uma mudança da sua origem. Se em 1850 mais de 90% dos estrangeiros nos Estados Unidos era proveniente da Grã-Bretanha, da Irlanda e da Alemanha, em 1920 esse percentual tinha caído para 45%. O período analisado se sobrepõe também ao da “grande imigração italiana” (1876-1915) que testemunhou o êxodo de cerca de 14 milhões de italianos, pouco mais de um quarto da população total daquele país na época.
Benefícios são imediatos
Desde o início do ciclo das grandes migrações, e durante todo o seu transcorrer, os Estados que acolheram mais imigrantes registraram um aumento do número e da importância dos estabelecimentos industriais, uma maior produtividade agrícola e níveis mais elevados de inovações. A contribuição dos recém chegados para a economia se concretizou numa ampla disponibilidade de força de trabalho pouco qualificada, mais uma quantidade de pequena a média de trabalhadores especializados, que trouxeram conhecimento e saberes fundamentais para o desenvolvimento econômico.


Todos esses benefícios não se exauriram num breve arco de tempo. Com base no estudo, um aumento de imigrantes de 4,9% em uma região corresponde a um crescimento de 13% do salário médio pro capita atual, e um aumento de 44% da produção manufaturada pro capita entre 1860 e 1920 (e de 78% em 1930!). Corresponde também a um incremento de 37% do valor das atividades agrícolas e de 152% de crescimento do número de brevês correspondentes a inovações tecnológicas nos mais diversos setores da produção.
Valor agregado
Ao mesmo tempo, os custos sociais no período analisado não aumentaram. Os países que historicamente acolheram mais grupos de imigrantes apresentam hoje níveis similares de unidade social, solidariedade, participação cívica e criminalidade em relação aos outros países. Para os pesquisadores do estudo, que mostra diversos paralelos com a situação atual – também caracterizada pela intensidade dos fluxos migratórios -, o trabalho oferece, para os dirigentes inteligentes e com visão de longo alcance, parâmetros muito úteis para um melhor enfrentamento da questão migratória.

Em muitos países, a agricultura é uma das atividades que se tornam inviáveis sem a mão de obra de imigrantes estrangeiros.
Brasil 247

www.miguelimigrante.blogspot.com

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