Em 2023, o Rio Grande do Sul foi o Estado brasileiro com o quarto maior rendimento domiciliar per capita. O valor de R$ 2.255 foi 22% acima da média nacional. Entretanto os dados revelam que o desafio de romper a desigualdade racial ainda persiste: enquanto o rendimento da população preta ou parda foi de R$ 1.512, o da população branca foi de R$ 2.486, equivalente a 1,6 vez mais. No Brasil, a diferença é ainda mais acentuada, de 1,9. Dados do mesmo ano mostram que 27,9% dos pretos ou pardos viviam em situação de pobreza no país, mais que o dobro da proporção de pobres entre os brancos, que foi de 13,4%.
A análise está compilada no estudo “Redução das desigualdades: o ODS 10 no Rio Grande do Sul”, produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). O documento, divulgado nesta terça-feira (8/4), tem autoria do pesquisador Guilherme Risco e faz parte da série que acompanha a evolução do Estado em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), cujo prazo para cumprimento é 2030. O ODS 10, tema do estudo, se refere à Redução das Desigualdades.
O estudo compara dados de 2015 a 2023, sempre que disponíveis, por meio de informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outros.
Em 2023, a renda dos 40% mais pobres no Rio Grande do Sul foi equivalente a 9,4% da renda dos 10% mais ricos. No Brasil, o percentual foi de 7%. O histórico de análises indica que, de 2015 a 2018, houve queda de rendimento entre os mais pobres. O cenário melhorou nos anos seguintes, de 2018 a 2023, quando a renda de todos os grupos variou positivamente. Apesar do avanço, permanece uma diferença de renda significativa entre os mais pobres e os mais ricos.
PIB
Um dos indicadores usados pelo DEE para aferir a desigualdade no Estado é a participação das remunerações no Produto Interno Bruto (PIB), que se refere à parcela da renda gerada no país que fica com os trabalhadores. Os dados disponíveis abrangem os anos de 2015 a 2021.
No Rio Grande do Sul, a proporção do componente remuneração no PIB foi de 42,3% em 2015. A proporção diminuiu em 2021, último ano da série que analisa esse dado, quando passou para 36,9%. A redução também foi observada no Brasil, onde a proporção foi de 44,6% em 2015 e de 39,2% em 2021.
Na comparação com os demais Estados brasileiros, o Rio Grande do Sul detinha a 6ª menor proporção no país em 2021, e a 7ª em 2015. Nesse período, o Distrito Federal foi a única unidade federativa com aumento da remuneração (1,5 pontos percentuais), enquanto o Pará foi a que teve a maior redução (14 pontos percentuais).
Migração
Uma das metas para a redução da desigualdade consiste em facilitar a migração e promover a integração de migrantes e refugiados à sociedade que os recebe. Segundo o relatório do Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), projeto da Universidade de Brasília em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, 50.355 imigrantes solicitaram refúgio no Brasil em 2022, sendo a maior parte deles (67%) de origem venezuelana.
O Rio Grande do Sul foi a oitava unidade federativa com mais solicitações (855), sendo a maior parte delas de imigrantes de Cuba (22%), de Gana (19%), da Venezuela (14%), da África do Sul (10%) e do Haiti (9%).
Um estudo elaborado em 2021 pelo DEE constatou que os imigrantes que chegam ao Rio Grande do Sul são, em sua maioria, jovens e homens. Os locais de residência concentram-se na Região Metropolitana, em grandes cidades ou em municípios próximos às fronteiras do RS.
O documento indica que, entre 2018 e 2020, foram identificados 29.357 imigrantes no Estado. Os dados, do Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra), ressaltam que 19 mil pessoas que imigraram ao RS estão presentes no Cadastro Único, indicando um número significativo em vulnerabilidade social.
Texto: Karine PaixãEdição:
Secom
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