Programa Latinoamerica no Ar- Missão Paz , Radio 9 de Julho Am 1600 Khz Domingo das 16 a 17 h. Miguel Angel Ahumada, Patricia Rivarola
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A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) realiza no próximo dia 12 de julho, das 9h às 16h, na Praça da Estação, a “Feira Cultural dos Migrantes Refugiados”. O evento chega em sua 4ª edição e é organizado pelo Comitê de Elaboração e Acompanhamento do Plano Municipal de Políticas para a População Migrante, Refugiada, Apátrida e Retornada. Ao longo do dia, a feira contará com apresentações de dança, comidas típicas, artesanatos, rodas de conversa, distribuição de materiais educativos, entre outras atividades.
Representantes de serviços também integram a programação da feira como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Juiz de Fora, Cátedra Sérgio Vieira de Mello (UFJF), Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública de Minas Gerais (DPE), Liga Acadêmica de Odontologia Psicossocial - (LAOP/UFJF), Secretaria de Educação (SE) e alunos do curso de Psicologia (UFJF). De acordo com a supervisora de Políticas para População Migrante e Refugiada da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Victoria Sabatine, a iniciativa tem o objetivo de dar visibilidade para a cultura dos migrantes e refugiados em Juiz de Fora, reforçando a sensação de pertencimento desta parcela da população na cidade e também uma forma de enfrentar a xenofobia.
Confira a programação cultural:
10h30 - Marcelo Paulista , WF.eds. , Arashi san e Tidoido (Rappers e hip hop) 12h - Leticia Torga (Dança do ventre) 13h - Edelweiss Tiroler Alpenbühne Tanz Gruppe (Dança alemã) 15h - Dy Eiterer (Dança Cigana)
Problemas com a variação linguística, dificuldades de adaptação em sala de aula e o sentimento de exclusão por parte dos colegas foram alguns dos desafios enfrentados por Luzia, estudante migrante de Angola, ao ingressar no curso de Serviço Social da UFSC e se adaptar à vida em Santa Catarina. A situação começou a mudar quando ela se envolveu com o projetoUFSC Sem Fronteiras, uma iniciativa de extensão voltada à integração e permanência de estudantes internacionais, migrantes e refugiados.
Assim como Luzia, muitos vivenciam trajetórias semelhantes. Atualmente, a UFSC conta com cerca de 73 estudantes do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) e 583 estudantes internacionais regulares de graduação, conforme levantamento da Pró-Reitoria de Graduação e Educação Básica (Prograd), realizado em 13 de maio. Muitos desses estudantes chegam ao Brasil sem acompanhamento institucional e enfrentam dificuldades de adaptação, como as relatadas por Luzia.
Luzia Maweza contando sua experiencia com o projeto.
Elisa Schemes, representante do Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) e ligada à Secretaria de Relações Internacionais (Sinter), explicou que o projeto em questão nasceu da vivência de acompanhamento dos estudantes que ingressam via PEC-G. Este é um programa do governo brasileiro que oferece vagas gratuitas em cursos de graduação para estudantes estrangeiros de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais. Segundo ela, a intenção é estender o suporte que já era oferecido pela Sinter e pelo Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape) a todos os demais estudantes internacionais da UFSC.
A coordenação do projeto está a cargo de Janaina Santos, também coordenadora do Piape. Com doutorado na área de migrações e refúgio, ela já atuava na aproximação com coletivos e organizações de apoio a pessoas migrantes e refugiadas. Janaina fez parte da comissão na UFSC que implementou a política de acesso específico para cursos de graduação voltado a pessoas refugiadas, solicitantes de refúgio e portadoras de visto humanitário. O processo seletivo para esse público existe na UFSC desde 2022 e oferece 10 vagas por ano.
Segundo explica Janaina, o UFSC sem Fronteiras reúne estudantes de Graduação e Pós-Graduação migrantes, pessoas refugiadas, solicitantes de refúgio e internacionais para a realização de ações de acolhimento, integração acadêmica, acompanhamento das trajetórias estudantis, atividades culturais e artísticas.
Roda de conversa com estudantes internacionais, migrantes e refugiados(as) da UFSC.
Ações do UFSC sem Fronteiras
O projeto divide seus esforços em duas frentes principais: uma voltada para o público interno e outra focada no público externo.
A iniciativa age internamente com atividades para estudantes já matriculados na UFSC, por meio da construção de uma rede de apoio, oferecendo suporte acadêmico e pedagógico. Entre as ações realizadas estão rodas de conversas com estudantes internacionais, migrantes e pessoas refugiadas da UFSC para escutar suas experiências, conhecer suas trajetórias e contribuir para sua permanência e integração no ambiente acadêmico.
Para esse público, o projeto também fornece informações sobre a vida acadêmica, divulgando atividades de apoio pedagógico do Piape, serviços psicológicos do Serviço de Atenção Psicológica (Sapsi) e orientações sobre regularização migratória na Polícia Federal. Além disso, orienta sobre a abertura de conta bancária, atendimento no SUS e outros setores da UFSC.
Com o público externo, o UFSC sem Fronteiras desenvolve ações de divulgação de processos seletivos específicos para pessoas refugiadas e migrantes. O projeto também busca promover a conscientização sobre direitos humanos, a importância do acolhimento e dados sobre refúgio e migrações, para desconstruir mitos e tornar a sociedade mais acolhedora. Há ainda a intenção de criar uma ponte com os países de origem dos estudantes para orientá-los sobre como vir estudar na UFSC.
Pelo processo seletivo específico para refugiados e migrantes, desde 2022, a UFSC poderia ter 30 estudantes, sendo 10 vagas por ano. “No entanto, o número é menor, em torno de 20 novos alunos anuais”, Janaína explica que muitos se evadiram por falta de acompanhamento acadêmico e acolhimento institucional. “O projeto busca justamente combater essa evasão, garantindo que os estudantes se sintam acompanhados ao ingressarem”, salienta.
Janaína Santos apresentando o projeto
Segundo Janaína, estudantes internacionais, migrantes e refugiados compartilham especificidades que tornam o apoio essencial. Eles podem estar longe da família e do país de origem; ter vivenciado múltiplas violências; enfrentar dificuldades linguísticas; questões culturais, além de ter dificuldades acadêmicas relacionadas à escolarização anterior, como ausência de conhecimentos sobre o Brasil e o contexto nacional. Outros aspectos são as dificuldades com organização para estudos; sentimento de isolamento e dificuldades com afiliação institucional e acadêmica e incompreensão dos códigos acadêmicos.
Luzia Maweza, bolsista do Projeto UFSC sem fronteiras e migrante de Angola que chegou ao Brasil em 2022 na Bahia, compartilha suas próprias dificuldades ao ingressar na UFSC e se adaptar em Santa Catarina. Ela percebia que estudantes africanos tendiam a formar grupos entre si, enquanto que para ela ser incluída em outros grupos foi “preciso provar que era boa” o suficiente para ser incluída. Ela critica a postura de alguns professores que, ao sugerirem trabalhos em grupo, não consideram as dificuldades de integração e linguagem de estudantes internacionais, deixando-os “se virar”. Luzia também mencionou a diferença cultural na alimentação e um preconceito em Santa Catarina que ela sentiu ser mais sutil do que na Bahia, mas que “dói mais” por não ser verbalizado, mas perceptível.
Participar de projetos na UFSC, como o Projeto Praxis Antirracista e o UFSC sem Fronteiras, foi transformador para Luzia. Ela conta que, inicialmente, sentia receio em mostrar seu conhecimento, mas com o apoio e a visibilidade desses projetos, conseguiu se destacar, adquirir mais conhecimento sobre a realidade brasileira e a questão racial e desenvolver uma capacidade mais crítica. Isso a ajudou a desconstruir preconceitos que colegas tinham sobre ela, como a ideia de que não teria capacidade para construir conhecimento. Isso a fez ser vista de outra forma.
Um dos pontos mais importantes destacados por Janaina e Luzia é a necessidade de ampla divulgação do projeto. Muitos estudantes e migrantes e refugiados não sabem que existem instâncias e lugares na universidade onde é possível buscar auxílio. Luzia, que se sentiu perdida ao chegar, enfatiza a importância de informar a outros estudantes que o projeto está à disposição para ajudar e auxiliar aqueles que se sentem perdidos e que suas experiências de dificuldade não são individuais, podendo encontrar acolhimento no projeto.
O Paraná se destaca no cenário nacional como um importante
destino para migrantes. Entre 2017 e 2022, o estado recebeu 377.237 pessoas
vindas de outros estados brasileiros e de diversos países, de acordo com dados
do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Esse fluxo migratório impulsiona o crescimento populacional
e a diversidade cultural do estado.
Além do grande número de migrantes, o Paraná também se
destaca pelo número de naturalizações. No período analisado, 32.394
estrangeiros se tornaram cidadãos brasileiros e escolheram o estado como seu
novo lar. Esse número consolida o Paraná como o segundo estado com mais
naturalizações no Brasil, demonstrando a receptividade e as oportunidades que o
estado oferece aos imigrantes.
O fluxo migratório interno também é significativo. O Paraná
registrou um saldo positivo de 85.045 pessoas, resultado da diferença entre os
327.943 migrantes que chegaram de outras unidades da federação e os 242.898
paranaenses que se mudaram para outros estados. “Esse saldo migratório positivo
demonstra a capacidade do Paraná de atrair e reter talentos de diferentes
regiões do país”, avalia um especialista em demografia.
Entre os migrantes internos, São Paulo (105.546), Santa
Catarina (55.870), Rio Grande do Sul (16.713), Mato Grosso do Sul (15.956) e
Rio de Janeiro (15.064) foram os principais estados de origem. Já os
paranaenses que deixaram o estado buscaram principalmente Santa Catarina
(96.110) e São Paulo (61.568).
No que se refere à migração internacional, 49.294
estrangeiros com cinco anos ou mais de idade passaram a viver no Paraná, vindos
diretamente de outros países. A América Latina é a principal região de origem,
com destaque para venezuelanos (22.125), paraguaios (7.709) e haitianos
(3.971). O estado contabiliza imigrantes de 71 nacionalidades distintas,
refletindo a sua crescente diversidade cultural e o seu papel como importante
porta de entrada para o Brasil.
Religioso integra um grupo de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre condições análogas à escravidão -Reprodução/Scalabrinianos
No Dia Nacional do Imigrante, celebrado nesta terça-feira (25), o padre Gabriel Battistella, coordenador da Pastoral do Migrante – Missão Scalabrini, em Santa Catarina, afirma que o Brasil ainda tem um longo caminho para se tornar um país verdadeiramente acolhedor para quem chega de fora. Segundo ele, embora o país seja visto como um destino seguro pormigrantes, a realidade encontrada após a chegada é marcada por obstáculos como xenofobia, dificuldades de regularização e exploração no mercado de trabalho.
“Tem-se a possibilidade de se desenvolver aqui”, afirma o padre, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. “Mas não é somente passar uma fronteira que tudo vai ser realizado”, pondera. Um dos pontos mais críticos, segundo Battistella, é a oferta de empregos degradantes a migrantes, especialmente em frigoríficos do oeste catarinense.
“Muitos trabalhos que acabam sendo oferecidos para os migrantes são trabalhos que os autóctones locais não têm mais interesse”, relata. “Infelizmente, com um trabalho bastante desgastante […] às vezes a família acaba nem podendo se encontrar, porque está em turnos de trabalho diferentes”, conta.
O padre integra um grupo de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre condições análogas à escravidão. Ele aponta que a burocracia na documentação e no reconhecimento de diplomas também contribui para a vulnerabilidade. “Nós temos muitos profissionais da área da saúde que trabalham em frigoríficos, trabalham em vendas de shoppings, por essa dificuldade”, revela.
“Muitos trabalhos que acabam sendo oferecidos para os migrantes são trabalhos que os autóctones locais não têm mais interesse”, relata. “Infelizmente, com um trabalho bastante desgastante […] às vezes a família acaba nem podendo se encontrar, porque está em turnos de trabalho diferentes”, conta.
O padre integra um grupo de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre condições análogas à escravidão. Ele aponta que a burocracia na documentação e no reconhecimento de diplomas também contribui para a vulnerabilidade. “Nós temos muitos profissionais da área da saúde que trabalham em frigoríficos, trabalham em vendas de shoppings, por essa dificuldade”, revela.
O religioso também critica o preconceito contra migrantes do Sul Global. “Às vezes gostamos da música, da culinária, da dança, das cores. Mas não gostamos da pessoa. A pessoa incomoda. […] O preconceito é o espelho da pobreza da pessoa. Essa pobreza de espírito e intelectual, essa mesquinhez humana”, lamenta.
Encerrando o mês do migrante, a Pastoral promove no dia 29 de junho a Festa da Partilha, em Florianópolis, com celebração em espanhol, almoço coletivo e uma festa intercultural. Mais informações podem ser acessadas no site da organização. “Convidamos cada nacionalidade para vir com seus trajes típicos e também, se possível, trazer um prato típico da sua cultura. E nós, brasileiros, estaremos integrando essa festa com a nossa tradicional festa junina”, anuncia.
A Rede Municipal de Ensino da cidade de São Paulo conta com cerca de 12 mil estudantes migrantes de mais de 100 nacionalidades. Para valorizar a diversidade cultural e promover a inclusão, a Secretaria Municipal de Educação (SME) elaborou propostas e materiais pedagógicos para as escolas trabalharem a temática durante o mês de junho.
Crédito: Freepik
A Rede Municipal atende estudantes migrantes de mais de 100 nacionalidades, com maior presença de bolivianos, venezuelanos e angolanos, além de afegãos, haitianos, paraguaios, peruanos, argentinos, colombianos, nigerianos e cubanos. Os cadernos “Leituraço: Junho Migrante” e “Caderno de orientações Junho Migrante” estão disponíveis de forma digital e reforçam a importância de integrar os saberes e experiências dessas nacionalidades.
As iniciativas seguem as propostas do Currículo da Cidade com o documento “Povos Migrantes: orientações pedagógicas ”. O título apresenta diversas reflexões sobre os fluxos migratórios contemporâneos, a presença migrante na cidade de São Paulo e nas Unidades Educacionais.
O núcleo de Educação para as Relações Étnico-Raciais (NEER), lançou o Caderno de Orientação: Junho Migrante. O material, pensado para todas as Unidades Educacionais, oferece subsídios pedagógicos e relatos de práticas para que escolas e professores trabalhem a valorização da cultura migrante.
O Leituraço é uma iniciativa da Sala e Espaço de Leitura da Coordenadoria Pedagógica da SME e apresenta diferentes propostas temáticas ao longo do ano.
As ações propostas nos cadernos estão alinhadas com os princípios de equidade, educação integral e inclusiva do Currículo da Cidade de São Paulo. O objetivo é que as discussões sobre migração não se restrinjam ao mês de junho, mas sejam trabalhadas ao longo de todo o ano letivo. Os cadernos podem ser baixados no site da prefeitura.
Entre 2010 e 2022, houve forte crescimento dos residentes naturais de países estrangeiros, sendo que o total passou de 592 mil para 1,0 milhão de pessoas, o que representou um aumento de 70,3% no período.
Esse fenômeno reflete uma mudança na tendência observada nas décadas anteriores, visto que desde o Censo de 1960, o país vinha apresentando uma redução do número de estrangeiros e naturalizados brasileiros. É o maior número total desde 1980, quando o Censo registrou 1,1 milhões de estrangeiros.
Também houve mudança em relação ao local de origem dessas pessoas. A população de estrangeiros e naturalizados brasileiros nascidos na América Latina saltou de 183 mil em 2010 para 646 mil em 2022, com grande influência dos imigrantes nascidos na Venezuela (272 mil), ao passo que entre os europeus, houve uma redução de 263 mil para 203 mil no mesmo período.
Entre os estrangeiros e naturalizados residindo no Brasil em 2022, 460 mil imigraram até 2012, 151 mil entre 2013 e 2017 e outros 399 mil entre 2018 e 2022, evidenciando que o fluxo mais recente já é responsável pela maior parte das pessoas nascidas no exterior residindo no Brasil.
Em relação ao quesito de data fixa, que investiga onde os imigrantes internacionais residiam cinco anos antes da pesquisa censitária, a comparação entre Censos indica um aumento expressivo no fluxo imigratório internacional, pois no quinquênio anterior ao Censo 2010 o fluxo foi de 268 mil imigrantes, enquanto no Censo 2022, 457 mil pessoas.
Observou-se mudança significativa na composição dos fluxos migratórios internacionais para o Brasil, marcada pelo expressivo crescimento da imigração venezuelana, que saltou de 2 mil indivíduos para 199 mil, consolidando a Venezuela como a principal origem de imigrantes no país.
Ao longo da última década observou-se crescimento intenso na proporção de imigrantes oriundos da América Latina, que passaram de 27,3% em 2010 para 72,0% em 2022.
Esse aumento ocorre simultaneamente à redução da participação de fluxos provenientes da Europa (29,9% para 12,2%) e do Norte da América (20,4% para 7,0%).
A população de estrangeiros nascidos na América Latina saltou de 2010 para 2022, com grande influência de imigrantes venezuelanos - Foto: Marcelo Camargo/Agêcia Brasil
Dados do Censo Demográfico 2022 mostram que entre 2010 e 2022, houve forte crescimento dos residentes naturais de países estrangeiros no Brasil, sendo que o total passou de 592 mil para 1,0 milhão de pessoas, um aumento de 70,3% no período. Esse fenômeno reflete uma mudança na tendência observada nas décadas anteriores, visto que desde o Censo de 1960, o país vinha apresentando uma redução do número de estrangeiros e naturalizados brasileiros.
Também houve mudança em relação ao local de origem dessas pessoas. A população de estrangeiros e naturalizados brasileiros nascidos na América Latina saltou de 183 mil em 2010 para 646 mil em 2022, com grande influência dos imigrantes nascidos na Venezuela (272 mil), ao passo que entre os europeus, houve uma redução de 263 mil para 203 mil no mesmo período.
As informações fazem parte do Censo Demográfico 2022: Fecundidade e migração: Resultados preliminares da amostra, divulgado hoje (27) pelo IBGE. O evento de apresentação dos resultados ocorrerá no Auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UNB), campus universitário Darcy Ribeiro, e contará, também, com transmissão ao vivo pelo IBGE Digital e pelas redes sociais do Instituto.
Os resultados poderão ser acessados no portal do IBGE e em plataformas como o SIDRA e o Panorama do Censo, sendo que nesse último poderão ser visualizados, também, por meio de mapas interativos. Veja também as notícias sobre migração interna e fecundidade.
“Em 2010, os nascidos em Portugal era o grupo mais numeroso nesse segmento da população, dando lugar, em 2022, aos nascidos na Venezuela, tendo o país europeu passado ao posto de segunda maior naturalidade estrangeira no Brasil. Houve também um importante aumento dos naturais de outros países da América Latina, e por outro lado, uma redução dos nascidos na Europa de um modo geral”, destaca Marcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE.
Outro dado que confirma um movimento mais recente de imigrantes é a análise segundo ano em que fixaram residência no Brasil. Entre o 1,0 milhão de estrangeiros e naturalizados residindo no Brasil em 2022, 460 mil imigraram até 2012, 151 mil entre 2013 e 2017 e outros 399 mil entre 2018 e 2022, evidenciando que esse o fluxo mais recente já é responsável pela maior parte das pessoas nascidas no exterior residindo no Brasil.
Entre Censos, imigração venezuelana salta de 2 mil para 198 mil pessoas
Em relação ao quesito de data fixa, que investiga onde os imigrantes internacionais residiam cinco anos antes da pesquisa censitária, a comparação entre Censos indica um aumento expressivo no fluxo imigratório internacional, pois no quinquênio anterior ao Censo 2010 o fluxo foi de 268 mil imigrantes, enquanto no Censo 2022, 457 mil pessoas.
Observou-se mudança significativa na composição dos fluxos migratórios internacionais para o Brasil, marcada pelo expressivo crescimento da imigração venezuelana, que saltou de 2 mil indivíduos para 199 mil, no período de 5 anos anteriores aos censos de 2010 e 2022, respectivamente, consolidando a Venezuela como a principal origem de imigrantes no país.
De forma geral, ao longo da última década observou-se crescimento intenso na proporção de imigrantes oriundos da América Latina, que passaram de 27,3% em 2010 para 72,0% em 2022.
“Embora o crescimento da região tenha sido impulsionado sobretudo pela imigração a partir da Venezuela, outros países como Bolívia, Haiti, Paraguai, Argentina e Colômbia também se destacam como importantes países de origem dos fluxos de migração internacional no Brasil”, analisa Minamiguchi.
Esse aumento ocorre simultaneamente à redução da participação de fluxos provenientes da Europa (29,9% para 12,2%) e do Norte da América (20,4% para 7,0%).
O gerente explica que esses contingentes demonstram uma retração expressiva tanto em termos relativos quanto absoluto e destaca que os fluxos advindos do chamado Norte Global são caracterizados pelo de retorno de brasileiros que residiam no exterior, ao contrário dos países do Sul, que são em sua maioria, pessoas estrangeiras;
“Como no Censo 2010 os Estados Unidos da América, Japão e Europa somados respondiam pela maior parte dos fluxos à época, e são localidades em que o perfil do migrante é de brasileiro retornado, os fluxos migratórios internacionais não compensavam o efeito da mortalidade das gerações de estrangeiros que imigraram para o Brasil no passado. Em 2022 observamos a inversão dessa tendência histórica que era observada desde o censo 1960”, completa.
Mais sobre a pesquisa
O levantamento aprofunda a caracterização da população brasileira, através das informações coletadas no bloco de quesitos relativos aos temas Fecundidade e Migração, do Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022.
Os dados de Fecundidade estão desagregados por cor ou raça, nível de instrução, grupos de idade e religião das mulheres, para Brasil e Unidades da Federação. Já os dados de migração estão detalhados por local de nascimento, de residência anterior e tempo de moradia no município, além de informações da imigração internacional, para os recortes Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e Municípios.
Criada pela ONU, a data de 20 de junho — Dia Mundial do Refugiado — homenageia a força e a coragem das pessoas que deixaram seus lares. Mas você sabe qual a diferença entre refugiado, asilado e imigrante?
Apesar de todas essas pessoas estarem longe de seu país de origem, os motivos que as levaram a migrar — e os direitos que têm — são diferentes.
Imigrante é quem sai voluntariamente do seu país em busca de melhores condições de vida. Pode vir para estudar, trabalhar, investir ou se reunir com a família. O Brasil permite a entrada de imigrantes com autorização de residência ou diferentes tipos de visto, como temporário, de trabalho ou estudo.
Asilado político é quem foge por perseguição política. O pedido de asilo pode ser feito dentro do Brasil ou em embaixadas brasileiras em outros países. A concessão depende exclusivamente do governo brasileiro, mesmo que a perseguição seja comprovada.
Já o refugiado é quem escapa de perseguições mais amplas, como por motivos de religião, etnia, nacionalidade, guerras ou convicções políticas. O refúgio está previsto em tratados internacionais, e o Brasil tem o dever de proteger quem corre risco.
Refugiados no Brasil: como funciona o acolhimento
Para pedir refúgio no Brasil, a pessoa precisa estar em território nacional ou em alguma fronteira. O pedido é feito junto à Polícia Federal, onde se preenche um termo de solicitação e recebe um protocolo provisório.
Esse documento é válido por um ano e pode ser renovado enquanto o processo estiver em andamento. Ele já garante o direito de trabalhar, estudar e acessar os serviços públicos.
Caso o pedido seja aceito pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), o solicitante recebe a Carteira de Registro Nacional Migratório, com validade indeterminada. Se for negado, há a possibilidade de recorrer
Em 2024, o Brasil bateu recorde de solicitações de reconhecimento da condição de refugiado.
Dados divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) mostram que foram registradas 68.159 mil novas solicitações de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil – um aumento de 16,3% em relação a 2023.
Também no último ano, outras 13.632 pessoas foram reconhecidas como refugiadas pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).
A iniciativa tem como objetivo promover a inclusão de pessoas refugiadas no mercado de trabalho, por meio da articulação entre empresas, governo e sociedade civil no estado.
O Hub foi criado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da contratação de profissionais refugiados na região Norte, com foco especial no contexto amazonense.
A escolha do Amazonas não é aleatória. O estado foi o segundo com mais pedidos de refúgio na Região Norte em 2024, com mais de 3,4 mil solicitações.
Desde 2018, já são 107 mil pessoas refugiadas e migrantes registradas no estado — a maioria de origem venezuelana (76%) e haitiana (12%).
Esse cenário reforça o papel do Amazonas como um polo de inclusão socioeconômica de pessoas em situação de refúgio.
Até agora, 17 empresas e organizações empresariais da região já aderiram à iniciativa.
“A criação do Hub no Amazonas tem um significado especial: a região representa o encontro entre resiliência climática, diversidade cultural e inclusão econômica — pilares fundamentais para proteger quem foi forçado a deixar seu país. O setor privado é um parceiro estratégico na construção de soluções sustentáveis”, afirmou Davide Torzilli, representante do ACNUR no Brasil.
Quais direitos têm as pessoas refugiadas no Brasil?
Quem solicita refúgio ou já tem o status de refugiado pode:
Trabalhar com carteira assinada e ter acesso à Previdência Social;
Ser contratado como jovem aprendiz ou em regime temporário;
Estudar em escolas e universidades, mesmo sem documentação completa;
Abrir conta bancária com o protocolo ou com a carteira migratória;
Usar o SUS e acessar outros serviços públicos.
Refugiados também podem participar de programas de interiorização do governo federal, como no caso de venezuelanos que saem da fronteira com Roraima para outras cidades brasileiras, com apoio logístico e ajuda inicial com moradia e alimentação.
Apesar dos direitos garantidos, pessoas refugiadas ainda enfrentam barreiras para se integrar no Brasil, como dificuldades com idioma, moradia e validação de diplomas.
Mesmo assim, muitos empregadores relatam que refugiados trazem mais diversidade ao ambiente de trabalho, são comprometidos e costumam permanecer por mais tempo nos cargos.
Empresas interessadas em contratar refugiados podem se conectar com organizações parceiras da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que ajudam na seleção de candidatos e orientação no processo.
Neste
Dia Mundial do Refugiado, a Rede CLAMOR Brasil eleva sua voz em profunda
comunhãocommilhõesdeirmãoseirmãsquecarregamemseuscorposememórias as marcas do
deslocamento forçado. São rostos que trazem gravadas as cicatrizes da
violência, da perseguição e do abandono, mas que também irradiam a luz
resiliente da esperança e a força transformadora da dignidade humana. Em cada
olhar que busca um horizonte de paz, em cada história interrompida que anseia
por continuidade, reconhecemos o clamor da humanidade ferida e o apelo
inadiável à nossa responsabilidade evangélica, social e política.
De
acordo com o relatório global do ACNUR (2024), mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a deixar suas
casas, sendo 43,4 milhões de refugiados que
cruzaram fronteiras internacionais em busca de proteção. No Brasil, segundo o
Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), já são mais de 150 mil pessoas reconhecidas como
refugiadas até 2024, além de alguns milhares em processo de solicitação de
refúgio. Estes não são números ou estatísticas distantes: são pessoas
concretas, com nomes, sonhos e direitos inalienáveis, que nos interpelam a
construir pontes de solidariedade onde hoje existem muros de indiferença.
Vivemos um tempo marcado por conflitos armados, perseguições
sistemáticas e catástrofes climáticas que continuam expulsando pessoas de suas
casas, países e narrativas de vida. Diante desse cenário doloroso, reafirmamos
com convicção: a guerra é sempre uma
derrota da humanidade. Como nos ensinou o Papa Francisco: "Ninguém se salva sozinho, só é
possível salvar-se juntos" (Carta Encíclica Fratelli Tutti, n. 32). A
paz não é uma utopia distante, mas um dever urgente e inadiável. O Santo
Papa Leão XVI nos exorta: "Que cada
comunidade se torne uma 'casa de paz', onde aprendamos atransformar a hostilidade através do diálogo, ondea justiça seja praticada eoperdãoseja cultivado.Apaznãoéumautopiaespiritual:éumcaminho humilde,tecidodegestoscotidianos,queentrelaçapaciênciaecoragem,escuta
atenta e ação
transformadora." (Discurso aos Bispos da ConferÊncia Epicopal Italiana, 17
de junho de 2025).
O
Ano Jubilar 2025, sob o lema "Peregrinos
da Esperança", nos convida a caminhar solidariamente comaqueles que peregrinam pela vida,
frequentemente sem destino certo,semterraprópriaesemvozqueosrepresente.Estacaminhadacompartilhada é expressão concreta da
nossa fé e humanidade. A tradição social da Igreja, desde a histórica encíclica
Rerum Novarum (1891) do Papa Leão
XIII, sempre defendeu que cada ser humano possui direitos inalienáveis ao
trabalho, à vida digna e à mobilidade, dentrodos princípios dajustiçae dacaridade.
Estavisãose atualiza hoje nadefesa
intransigente dos migrantes erefugiados,
que têmsuadignidade negadae
seus direitos fundamentais frequentemente ignorados.
Nossa
defesa, porém, precisa ser nutrida por um olhar sensível e interseccional, que
reconheça como as difíceis travessias do refúgio impactam de maneirasdiferenciadas cada pessoa: mulheres
enfrentam vulnerabilidades específicas e riscos de violência de gênero; pessoas
negras e indígenas carregam o peso adicional do racismo estrutural; aqueles em
situação de pobreza vivenciam barreiras ainda mais intransponíveis. Cada
história de refúgio é única e merece uma acolhida que considere estas múltiplas
dimensões da exclusão e da vulnerabilidade.
Nesta data significativa, a Rede CLAMOR reitera seu apelo
pela construção da paz entre os povos,
pela superação das causas estruturais que geram o refúgio e pela abertura de
caminhos legais, seguros e dignos para quem busca proteção. Reforçamos
também a necessidade urgente de que o
Estado brasileiro publique e implemente a Política Nacional de Migração,
Refúgio e Apatridia. Esta política, construída de forma participativa por
organizações da sociedade civil, organismos internacionais e setores do poder
público, constitui instrumento essencial para garantir acolhida qualificada,
integração social e proteção integral aos milhares
de pessoas que já fazem parte do tecido social brasileiro. É fundamental
que a construção dessa política seja nutrida pela mesma sensibilidade
interseccional, priorizando a escuta atenta e valorizando o protagonismo dos
próprios sujeitos em situação de refúgio. Nada sobre eles pode ser decidido sem
eles: suas vozes, experiências e saberes devem ocupar o centro dos processos
decisórios, reconhecendo-os não como beneficiários passivos, mas como agentes
transformadoresde suasprópriasrealidades econstrutoresativosdeumasociedade
mais justa e acolhedora.
Como Rede Eclesial que se estende pelo continente
Latino-Americano e Caribenho, renovamos
nosso compromisso de seguir escutando com atenção, acompanhando com proximidade
e defendendo com coragem cada vida marcada pelas fronteiras daindiferençaedoabandono.Quecadacomunidadecristãsejatendaabertaao
encontro e espaço de
reencontro com a dignidade humana e os valores transformadores do Evangelho. Em
cada gesto de acolhida, em cada porta que se abre, em cada abraço que cura,
fazemos presente o Reino de Deus entre nós.
Que
neste Jubileu possamos ser, como Igreja e sociedade, sinais vivos da esperança que não decepciona (Rm 5,5). Que o clamor
dos refugiados continue nos interpelando e mobilizando, até que todas as
pessoas tenham um lar seguro, um nome respeitado, um futuro possível e uma
história de pertencimento. A esperança que proclamamos não é ingênua, mas
comprometida. Não é passiva, mas transformadora. É a esperança que se faz
presente no gesto concreto, na política pública justa, na comunidade acolhedora
e na sociedade que reconhece em cada refugiado não um problema, mas um irmão ou
irmã em humanidade.
Que
esta data nos inspire a continuar caminhando como peregrinos da esperança,
tecendo redes de solidariedade que atravessem fronteiras e derrubem muros. Que
possamos ser, em cada território, sementes de uma civilização do amor que
floresce no encontro, na justiça e na paz. Enquanto existir uma história
interrompida pela violência, nossa missão permanece viva. Pois acreditamos que
outro mundo é possível, onde cada pessoa possa dizer: "aqui também é minha
casa, aqui também posso sonhar, aqui também posso reconstruir minha história de
dignidade e esperança."
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará, no dia 27 de junho, às 10h, em Brasília (DF), oCenso Demográfico 2022: Fecundidade e migração: Resultados preliminares da amostra. O evento ocorrerá no Auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UNB), campus universitário Darcy Ribeiro, e contará, também, com transmissão ao vivo peloPortal do IBGE.
A divulgação contemplará informações sobre fecundidade e parto de mulheres de 12 anos ou mais de idade, desagregados por idade da mãe, cor ou raça e nível de instrução.
Já os dados de migração serão detalhados por sexo e idade, e trazem informações de imigração internacional, local de nascimento, de residência anterior e tempo interrupto de residência no município.
Haverá desagregação para Brasil, Grandes Regiões, Estados, Municípios e outros recortes geográficos compostos a partir de municípios.
A divulgação também contará com transmissão pelas redes sociais do Instituto. Os resultados poderão ser acessados no portal do IBGE e em plataformas como o SIDRA e o Panorama do Censo, sendo que nesse último poderão ser visualizados, também, por meio de mapas interativos.
O evento de divulgação será realizado no auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UnB), campus universitário Darcy Ribeiro, em Brasília (DF). Para participação presencial, é necessária confirmação por e-mail até o dia 26 de junho.
Divulgação: “Censo Demográfico 2022: Fecundidade e migração: Resultados preliminares da amostra” Data: Sexta-feira, 27 de junho de 2025 Horário: 10h (horário de Brasília) - credenciamento às 9h Local: Auditório do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UNB), campus universitário Darcy Ribeiro, em Brasília (DF)