Programa Latinoamerica no Ar- Missão Paz , Radio 9 de Julho Am 1600 Khz Domingo das 16 a 17 h. Miguel Angel Ahumada, Patricia Rivarola
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O seminário on-line “Espetáculo Popular, um mundo embaixador de alegria e de esperança” será realizado na terça-feira, 9 de setembro, das 15h30min às 17h30min. O evento é co-organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e pela Fundação Migrantes.
Será uma oportunidade para aprender mais sobre a realidade do espetáculo popular e sua ligação com a fé católica, em continuidade com o Jubileu das Bandas e do Espetáculo Popular realizado nos dias 10 e 11 de maio de 2025.
A esperança, tema do Jubileu, será abordada na religiosidade popular, mas também como um valor presente no palco. Por meio dessa lente espiritual, olharemos para o presente e para o passado, com uma visão global de um mundo de tradições e folclore específicos, que precisa se adaptar à realidade da globalização.
A abertura do simpósio será feita pelo Dr. Salvatore Luciano Bonventre, Conselheiro Nacional da Federazione Italiana Tradizioni Popolari. Em seguida, haverá a presença de personalidades institucionais e professores universitários ligados ao mundo do espetáculo popular e de sua pastoral.
O encerramento será feito pelo Prof. Alessandro Serena, Diretor Científico do Open Circus. O moderador é o Pe. Mirko Dalla Torre, Diretor Diocesano e Regional da Fundação Migrantes. Programa completo (PDF em italiano).
No Jubileu de maio passado, milhares de artistas não apenas atravessaram a Porta Santa, mas também se apresentaram em várias praças de Roma. No domingo, após a Missa na Piazza Cavour, os peregrinos desfilaram até a Praça de São Pedro, onde assistiram ao primeiro Regina Caeli do Papa Leão XIV. (Mais detalhes aqui)
O seminário de 9 de setembro será realizado, a portas fechadas, no Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. No entanto, a participação on-line é aberta a todos, bastando acessar o seguinte link. Graças ao serviço de tradução simultânea, o evento está disponível em italiano, inglês e espanhol.
Banner do Projeto Bienvenido, que acolhe migrantes em Dourados (Foto: Divulgação/Prefeitura de Dourados)
O caso de uma mulher haitiana que sofre com dores crônicas e não conseguiu acessar exames gratuitos e benefícios previdenciários como o auxílio por incapacidade temporária levou o Ministério Público de Mato Grosso do Sul a começar a fiscalizar as políticas destinadas aos migrantes e refugiados em Dourados — uma das cidades que mais recebem essa população no Estado.
... O relato foi feito pela migrante a uma equipe técnica do órgão. A avaliação do caso revelou barreiras linguísticas e culturais que comprometem o acesso pleno aos serviços públicos, além de limitações no atendimento prestado pelas unidades de saúde. A mulher vive no município desde 2018
Um procedimento administrativo aberto pela 10ª Promotoria de Justiça de Dourados levanta informações sobre os programas e ações executados, além do uso de recursos públicos para garantir os direitos dessa população como um todo. Ele foi instaurado no fim do mês passado. O foco é analisar a estrutura das equipes vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) e ao SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e entender se há possível omissão do poder público
Um procedimento administrativo aberto pela 10ª Promotoria de Justiça de Dourados levanta informações sobre os programas e ações executados, além do uso de recursos públicos para garantir os direitos dessa população como um todo. Ele foi instaurado no fim do mês passado. O foco é analisar a estrutura das equipes vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde) e ao SUAS (Sistema Único de Assistência Social) e entender se há possível omissão do poder público
O procedimento apura o repasse de recursos federais ao município de Dourados para ações socioassistenciais e aplicação deles no Projeto Bienvenido, que atende exclusivamente cidadãos venezuelanos. Os demais imigrantes são atendidos por demanda espontânea nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) e demais serviços da Secretaria Municipal de Assistência Social
De antemão, o Ministério Público identificou que parte das ações previstas no plano de aplicação dos recursos, como hospedagem e fornecimento de lanches, não foi executada devido a entraves licitatórios. Além disso, registrou preocupação com a ausência de intérpretes e com a burocracia enfrentada por imigrantes para validar diplomas via Revalida
Ainda neste mês, a Prefeitura de Dourados terá que prestar informações detalhadas sobre os atendimentos realizados pelo Projeto Bienvenido em 2025; o plano de ações executadas com recursos federais; as ações socioassistenciais financiadas com recursos federais; os cursos oferecidos pelo IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) e a oferta de ENCCEJA (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos); capacitação de profissionais do SUS e SUAS para atendimento a imigrantes; a existência de intérpretes nos serviços públicos; e a comprovação do atendimento da paciente haitiana por unidade de saúde do município
A reportagem questionou o prefeito de Dourados, Marçal Filho, sobre a execução das políticas migratórias, mas não recebeu retorno.... veja mais em https://www.campograndenews.com.br/cidades/interior/migrante-reclama-de-via-crucis-sem-interprete-sem-consulta-e-sem-beneficio
A então chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, posa para uma foto com um requerente de asilo no país em 2015Foto: Bernd Von Jutrczenka/dpa/picture alliance
"Wir schaffen das", ou seja, "nós vamos
conseguir". Três palavras que se tornaram símbolo global da postura aberta
da Alemanha em relação aos refugiados. Quando a então chanceler federal
conservadora Angela Merkel proferiu essa frase no verão de 2015, centenas de
milhares de pessoas estavam a caminho da Alemanha, muitas vindas da Síria, do
Afeganistão e do Iraque.
A recepção ocorreu em meio a uma onda de solidariedade e
solicitude. Na memória, por exemplo, estão as imagens da estação central de
Munique, onde milhares de refugiados foram recebidos com pequenos presentes por
locais.
Na estação central de Munique, no sul da Alemanha, em setembro de 2015, refugiados foram recebidos com presentes pelos alemãesFoto: Sven Hoppe/dpa/picture alliance
Um casal de idosos alemães cumprimenta e entrega uma
lembrança para um pai com uma criança que haviam recém-chegado à AlemanhaUm
casal de idosos alemães cumprimenta e entrega uma lembrança para um pai com uma
criança que haviam recém-chegado à Alemanha
Na estação central de Munique, no sul da Alemanha, em
setembro de 2015, refugiados foram recebidos com presentes pelos alemãesFoto:
Sven Hoppe/dpa/picture alliance
No entanto, dez anos depois, o clima mudou. Em muitos
setores da sociedade, a cultura inicial de boas-vindas se esvaiu, dando lugar
ao ceticismo e à rejeição. Isso porque a Alemanha não conseguiu resolver todos
os problemas relacionados à onda migratória. Muitos imigrantes ainda não
encontraram emprego. A criminalidade cometida por refugiados e também contra
eles é tema de debates acalorados, com a migração se tornando um assunto com
alta carga emocional.
A DW preparou uma retrospectiva baseada em dados, com dez
perguntas e respostas, sobre os resultados da integração e como a imigração
mudou a Alemanha.
1. Quantos refugiados chegaram à Alemanha?
Em 2015 e 2016, 1,2 milhão de pessoas chegaram à Alemanha em
busca de refúgio e solicitaram asilo no país. Nos anos seguintes, esse número
diminuiu significativamente. Nenhum outro país da União Europeia (UE) acolheu
tantos requerentes de asilo. Depois da Alemanha, aparecem a Itália (204 mil), a
Hungria (203 mil) e a Suécia (178 mil).
Em 2015 e 2016, houve um número histórico de pedidos de asilo na Alemanha
Um pedido de asilo, porém, não significa que todos tiveram
seus requerimentos deferidos e, assim, obtido o direito de residência de forma
automática. Em média, em primeira instância, a Alemanha autorizou pedidos de
asilo a mais da metade (56%) dos requerentes nos últimos dez anos, concedendo o
direito de permanência a 1,5 milhão de pessoas.
Em média, a Alemanha aprovou 56% dos pedidos de asilo nos últimos dez anos
Proporção de pedidos de asilo recusados e deferidos em primeira instância
43%
57%
31%
69%
50%
50%
58%
42%
54%
46%
51%
49%
55%
45%
35%
65%
38%
62%
47%
53%
Fonte:Eurostat
Em uma comparação europeia, a Alemanha está acima da média
da UE e também à frente de outros países que acolheram um alto número de
refugiados. Vale lembrar que a Alemanha é um dos poucos países que concede
direito de asilo a perseguidos políticos, algo que pode ser reivindicado na
Justiça.
De acordo com os tratados da Convenção de Genebra, além de
perseguidos políticos, podem permanecer na Alemanha aqueles que são
considerados refugiados ou têm direito à proteção subsidiária, por exemplo,
porque há guerra em seu país de origem. No total, cerca de 3,5 milhões de
pessoas em busca de refúgio vivem hoje na Alemanha.
2. De onde vêm as pessoas que solicitaram asilo na Alemanha?
Em 2015 e 2016, a maioria dos requerentes de asilo na
Alemanha veio da Síria, do Afeganistão e do Iraque, países que há anos sofrem
com guerras e conflitos.
Metade de todos os sírios que vivem hoje na Alemanha chegou
no país europeu entre 2014 e 2016 devido à guerra civil. Cerca de um quinto já
possui a cidadania alemã, e um décimo nasceu na Alemanha.
Desde a invasão russa na Ucrânia, iniciada em fevereiro de
2022, muitos ucranianos também buscaram refúgio no país: atualmente, quase 1,3
milhão de refugiados na Alemanha vieram da Ucrânia.
3. Homens, mulheres, crianças: quem procurou refúgio na
Alemanha?
Do 1,2 milhão de requerentes de asilo na Alemanha em 2015 e
2016, quase metade (564,4 mil) tinha entre 18 e 34 anos; destes, três quartos
eram homens.
Em 2015 e 2016, jovens do sexo masculino apresentaram o maior número de pedidos de asilo na Alemanha
Mulheres
Homens
Desconhecido
Todas as faixas etárias
1,16 milhões
33%
67%
Menores de 14 anos
300,65 mil
46%
53%
14 – 17 anos
97,9 mil
24%
74%
18 – 34 anos
564,38 mil
26%
74%
35 – 64 anos
194,24 mil
37%
63%
65 anos ou mais
6,51 mil
54%
46%
Ao ter o pedido de asilo deferido, esse direito também se
aplica ao cônjuge do refugiado e aos filhos menores de idade, que podem ir para
a Alemanha e ter a permanência autorizado por meio de reagrupamento familiar.
Entre 2015 e meados de 2017, 230 mil pedidos de
reagrupamento familiar foram aprovados, segundo a Associação Alemã de Cidades e
Municípios. Para refugiados com status de proteção restrita, porém, esse
reagrupamento familiar foi suspenso por dois anos em julho de 2025.
4. Quão integrados estão os refugiados hoje?
Um dos indicadores mais importantes para medir o sucesso da
integração é a inserção no mercado de trabalho. De acordo com a pesquisadora de
migração na Universidade de Bamberg Yuliya Kosyakova, a Alemanha teve sucesso
parcial nesse quesito. "Eu diria que conseguimos parcialmente. Ou melhor,
não conseguimos com todos. Ainda há espaço para melhorias no que diz respeito
às refugiadas e aos refugiados mais velhos."
Os números indicam uma tendência positiva: no final de maio
de 2025, a taxa de desemprego estava no nível mais baixo desde janeiro de 2015,
e a de emprego, no nível mais alto, para pessoas provenientes de países como
Afeganistão, Paquistão, Irã, Iraque, Síria, Somália, Eritreia e Nigéria.
Taxa de ocupação para pessoas provenientes de países de origem de refugiados atinge o nível mais alto desde 2015
Taxa de desemprego
Taxa de ocupação
Se analisarmos outro indicador, a taxa de ocupação, que
também inclui trabalhadores autônomos, vemos que quanto mais tempo os
refugiados permanecem no país, mais chances têm de encontrar um emprego. Dos
que chegaram à Alemanha em 2015, mais de 60% encontraram um emprego após sete
anos.
"Vemos que a integração no mercado de trabalho é
particularmente bem-sucedida entre os mais jovens, ou seja, para quem tem até
45 anos. Para pessoas com mais de 45 anos, a taxa de ocupação na Alemanha é
significativamente mais baixa, mesmo ao longo do tempo", diz Kosyakova.
Em 2015, a crise de refugiados, devido a guerras e conflitos, levou milhares de pessoas de países como Síria, Afeganistão e Iraque à AlemanhaFoto: Johannes Simon/Getty Images
Em 2015, a crise de refugiados, devido a guerras e
conflitos, levou milhares de pessoas de países como Síria, Afeganistão e Iraque
à AlemanhaFoto: Johannes Simon/Getty Images
"Os requerentes de asilo que chegam à Alemanha são, em
média, menos qualificados. É claro que também há médicos e médicas, mas a
maioria não tem formação universitária ou profissional. As pessoas chegam, não
sabem alemão, precisam ser assistidas pelo Estado e vivem de benefícios
sociais. Leva alguns anos até que consigam encontrar um emprego e, mesmo assim,
muitas vezes trabalham em funções que exigem pouca qualificação", observa
Daniel Thym, que pesquisa migração na Universidade de Constança.
Pessoas de países com histórico de pedidos de refúgio que trabalham como ajudantes ou profissionais qualificados
Proporção de trabalhadores sujeitos à seguridade social, por origem e nível de exigência da profissão
Ajudante
Profissional
qualificado
Especialista
Perito
Sem
informação
Todos
16,4%
52,7%
15,2%
15,2%
Alemães
12,5%
54,2%
16,7%
16%
Estrangeiros
36,4%
44,7%
7,8%
10,9%
Deste, provenientes de países com histórico de pedidos de asilo/refugiados
46,6%
41,3%
7,4%
Em comparação com as atividades realizadas em seus países de
origem, os refugiados na Alemanha trabalham mais frequentemente como ajudantes
do que como profissionais qualificados, especialistas ou peritos, conforme
revelou uma pesquisa realizada em 2017. Além da qualificação geralmente mais
baixa e da falta de conhecimentos linguísticos, o não reconhecimento de
diplomas ou a escassez de acomodação em regiões com menos oportunidades também
contribuem para o cenário.
E isso também gera consequências para a renda: o salário
bruto mensal dos refugiados que chegaram à Alemanha em 2015 era de 1.600 euros
para os trabalhadores em tempo integral. No mesmo ano, o salário bruto médio
mensal alemão era de 3.771 euros.
5. Qual é o nível de conhecimento de alemão dos refugiados?
Outro fator bastante utilizado para avaliar a integração é o
conhecimento do alemão. Isso se deve, em parte, ao fato de que, para muitas
profissões na Alemanha, é essencial ter um conhecimento amplo do idioma.
Há diferenças significativas entre os sexos em relação ao
aprendizado do novo idioma. De acordo com uma pesquisa realizada com refugiados
em 2020, 34% das mulheres tinham conhecimentos avançados de alemão (certificado
nível B1). Entre os refugiados do sexo masculino, essa porcentagem era de 54%.
E isso também se reflete nos números do mercado de trabalho: embora muitas
vezes tenham boa formação, as mulheres têm mais dificuldades para encontrar um
emprego.
Para Yuliya Kosyakova, há várias razões para isso. Por um
lado, as mulheres mais jovens muitas vezes têm filhos para cuidar. Por outro,
em seus países de origem, essas mulheres costumavam atuar mais frequentemente
em profissões em que a língua e as qualificações profissionais desempenham um
papel importante, como professoras ou funcionárias públicas.
"Há um risco maior de não reconhecimento das
qualificações. E também é necessário ter um conhecimento do idioma muito maior
para ingressar nessas profissões, em comparação, por exemplo, com um emprego no
setor da construção", diz Kosyakova.
6. Quantos refugiados daquela época adquiriram cidadania
alemã?
Desde 2016, cerca de 414 mil pessoas provenientes de países
com histórico de refugiados foram naturalizadas, sendo destes 244 mil sírios.
"Estamos agora em uma época em que muitos refugiados de
2015 estão se naturalizando. Alguns sírios estão pensando em voltar para a
Síria porque o regime de Assad caiu, embora talvez já tenham se naturalizado
aqui. Muitas vezes, porém, eles decidem ficar porque abriram um negócio aqui,
porque se estabeleceram aqui, porque os filhos estão na escola aqui", diz
o pesquisador de migração Hannes Schammann, da Universidade de Hildesheim.
7. Quanto custou à Alemanha acolher tantos refugiados?
As estimativas sobre os custos do acolhimento de refugiados
na Alemanha são divergentes, como mostra a plataforma Integration. Dependendo
do método de cálculo, os custos variam entre 5,8 trilhões de euros e uma
arrecadação anual posterior de 95 bilhões de euros.
Fato é que, quando alguém em busca de asilo chega à
Alemanha, o país inicialmente arca com custos, antes de se beneficiar da força
de trabalho do imigrante. Assim, os "gastos relacionados aos
refugiados" no orçamento federal em 2023 foram de quase 30 bilhões de
euros, com os benefícios sociais representando a maior fatia desse volume.
Em abril de 2025, cerca de 43% imigrantes em busca de
refúgio – pouco menos de um milhão de pessoas – receberam apoio financeiro na
Alemanha na forma de auxílio básico, um benefício do Estado para desempregados
ou para aqueles que não ganham o suficiente para seu sustento.
Embora esse número tenha permanecido praticamente inalterado
nos últimos anos, o número de estrangeiros que recebem o auxílio básico
aumentou significativamente em 2022. Naquele ano, muitos refugiados deixaram a
Ucrânia rumo à Alemanha e, devido a uma regulamentação especial, tiveram
direito imediato ao auxílio.
17% das pessoas que recebem benefícios sociais são originárias de um país com histórico de pedidos de asilo/refugiados
Proporção de pessoas à procura de emprego que recebem o subsídio básico, por origem
52%
7%
17%
13%
10%
No total, 5,4 milhões de pessoas recebem o subsídio básico
Alemanha
UE+EFTA
Países de origem dos requerentes de asilo
Ucrânia
Todos os outros países
No mesmo período, o número de alemães que recebem o auxílio
diminuiu ligeiramente. No entanto, eles ainda representam a maior parte (52%).
O segundo maior grupo entre os beneficiários são pessoas provenientes de países
com histórico de refugiados (17%), seguidas pelos ucranianos (13%).
8. Como o clima mudou na Alemanha?
Enquanto a maioria dos alemães estava mais aberta à acolhida
de imigrantes em janeiro de 2015, dez anos depois, 68% dos eleitores
entrevistados acreditam que o país deveria receber menos refugiados.
A maioria dos entrevistados quer menos refugiados
Porcentagem de entrevistados que consideram que a Alemanha deveria acolher menos refugiados
Em 2023, cidadãos com essa opinião formaram pela primeira
vez a maioria entre os entrevistados. No mesmo ano, uma pesquisa encomendada
pela Fundação Bertelsmann também mostrou que a imigração é agora vista de forma
mais negativa.
De acordo com a pesquisa, 78% observam peso extra da
imigração para o Estado e 73% enxergam conflitos entre locais e imigrantes.
Sobre o fato de a imigração ser importante para a economia da Alemanha, apenas
63% concordam com essa afirmação.
Em 2023, os alemães consideraram a imigração como desvantajosa
Porcentagem de aprovação com as seguintes afirmações
Imigração gera encargos adicionais para o Estado social
Imigração gera conflitos entre locais e imigrantes
Imigração é importante para atrair empresas estrangeiras
Imigração compensa a escassez de mão de obra qualificada na Alemanha
9. Existe um risco elevado de criminalidade por parte dos
refugiados?
Crimes violentos cometidos por refugiados contribuíram para
a mudança de opinião da sociedade alemã. Ataques como o ao mercado de Natal na praça Breitscheidplatz,
em Berlim, em 2016, ou em Solingen, em 2024, alimentaram o medo de terrorismo.
O partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) soube tirar
proveito político desses casos e, atualmente, elegeu a segunda maior bancada no
Parlamento alemão.
Mas, afinal, como está a situação da criminalidade no geral?
Uma análise das estatísticas da polícia mostra que os estrangeiros são
suspeitos em 35% de todos os casos. No entanto, eles representam apenas cerca
de 15% da população. De acordo com especialistas, esses dados não indicam
necessariamente que os refugiados cometem crimes com mais frequência do que os
alemães.
"Atualmente, poderíamos dizer que isso é claramente uma
representação exagerada, mas há muitos fatores distorcivos", afirma Gina
Wollinger, criminologista da Faculdade de Polícia e Administração Pública de
Colônia.
A explicação estaria no fato de que pessoas que não são
alemãs ou que são percebidas como estrangeiras são denunciadas com muito mais
frequência do que os alemães, segundo Wollinger.
"Os refugiados também não são uma amostra
representativa da sociedade da qual têm origem, mas principalmente homens
jovens. E sabemos que essas duas características, ser jovem e do sexo
masculino, estão fortemente relacionadas à criminalidade violenta",
afirma.
10. Como a política migratória mudou desde 2015?
Desde a declaração de Merkel – "nós vamos
conseguir" –, em 31 de agosto de 2015, a política migratória alemã mudou
significativamente. Essa tendência também se reflete no sentimento dos
refugiados: enquanto 57% se sentiam muito bem-vindos no ano em que chegaram,
apenas 28% ainda tinham essa mesma sensação mais de sete anos depois, conforme
um relatório do Instituto de Pesquisa do Mercado de Trabalho e Profissões.
E essa mudança política começou muito rapidamente, diz o
pesquisador de migração Daniel Thym: "Já no outono de 2015, as leis foram
consideravelmente endurecidas, os benefícios para os requerentes de asilo foram
reduzidos, novos países de origem foram declarados seguros e o reagrupamento
familiar foi restringido".
A política alemã enfrenta um dilema: por um lado, pretende
reduzir o número de requerentes de asilo. Por outro, o país precisa
urgentemente de mão de obra qualificada do exterior para impulsionar a
economia.
Esse era um dos objetivos do governo de coalizão liderado
pelo chanceler federal social-democrata Olaf Scholz (SPD, social-democratas, de
centro-esquerda) a partir de 2021. Assim, a chamada "mudança de rota"
permitiria a transição do processo de asilo para o direito regular de
residência.
Desde a mudança de governo, em 2025, a coalizão formada
pelos conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e da União Social Cristã
(CSU) e pelos social-democratas tem se concentrado em restringir a política
migratória e repatriar aqueles que tiveram o pedido de asilo negado.
Com a introdução de um cartão de pagamento para requerentes
de asilo, controles de fronteira mais rigorosos e mais deportações, a Alemanha
"evidentemente não conseguiu", como disse o atual chanceler federal,
Friedrich Merz (CDU), referindo-se à declaração de Merkel.
O pesquisador Hannes Schammann discorda desta conclusão.
"Acredito que a tarefa de 2015 foi, em grande parte, cumprida".
Agora, trata-se de encontrar soluções politicamente inteligentes para novos
desafios e "não ficar olhando para 2015 o tempo todo, mas sim para frente,
e perguntar: como podemos resolver isso?"