sexta-feira, 4 de abril de 2025

Ministro dialoga sobre políticas para migrantes com membros da Rede Eclesial Pan-Amazônica

Foto Roberta Aline/MDS


O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, recebeu lideranças da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM)-Brasil, representante da Igreja Católica na Amazônia Legal. Na reunião, realizada nesta quarta-feira (2.04), foram abordadas medidas para atender as populações que migram para o Brasil.

Wellington Dias destacou a importância de reforçar a atuação na assistência social e na segurança alimentar e nutricional. “Vamos trabalhar em uma parceria pelo MDS em duas frentes, uma voltada para a área de alimentação e outra para o acolhimento socioassistencial. Nosso intuito será ir além de garantir o atendimento em caráter emergencial, pensando em uma perspectiva de solução mais duradoura para essas famílias”, ressaltou o ministro.

A REPAM atua por meio de uma metodologia que articule, apoie e visibilize as ações e iniciativas das comunidades, pastorais e organizações eclesiais, na defesa da vida dos povos e da biodiversidade amazônica, por meio de núcleos temáticos. São eles: Formação e Métodos Pastorais, Justiça Socioambiental e Bem Viver, Direitos Humanos e Incidência Política.

Também participaram da reunião o secretário nacional de Assistência Social, André Quintão; a diretora do Departamento de Promoção da Inclusão Produtiva Rural e Acesso à Água, Camile Sahb e; a diretora de Departamento de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável, Patrícia Gentil, ambas da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS.

Assessoria de Comunicação - MDS

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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Número de brasileiros barrados em Portugal dispara 722% em um ano

Foto wikipedea


 Portugal intensificou em 2024 o controle nas fronteiras aéreas e marítimas, e os brasileiros foram os estrangeiros mais afetados por essa mudança. Segundo dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), divulgado na terça-feira (1º), o número de brasileiros impedidos de entrar no país saltou de 179 em 2023 para 1.470 em 2024 — um aumento de 722% em apenas um ano.

O número chama atenção não só pelo crescimento acentuado, mas também pela representatividade: os brasileiros responderam por 85% de todas as recusas de entrada em aeroportos portugueses no último ano. Ao todo, 1.727 estrangeiros foram barrados no período.

A principal razão para a negativa de entrada foi a falta de justificativa plausível: 768 passageiros não conseguiram explicar às autoridades migratórias o motivo da viagem. Em segundo lugar, apareceram os casos de visto vencido ou inadequado, com 352 ocorrências.

Além disso, o relatório mostra que o controle de fronteiras se tornou mais rigoroso desde o desembarque, com barreiras sendo colocadas antes mesmo da área de imigração, em cumprimento às normas da União Europeia. Em 2024, 24,6 milhões de passageiros foram fiscalizados em Portugal, número 7,9% maior que o registrado em 2023.

Brasil no foco da segurança

A ofensiva migratória não se limita aos aeroportos. O RASI aponta que grupos criminosos brasileiros estão entre os mais ativos em Portugal, principalmente no narcotráfico, utilizando o país como rota de entrada de cocaína na Europa. O relatório também menciona que brasileiros aparecem com frequência em ações de combate à imigração irregular.

O controle migratório incluiu a realização de 1.961 ações de inspeção e fiscalização, resultando na expulsão de 146 pessoas — 42 por via administrativa e 100 por decisão judicial. Outros 444 estrangeiros receberam notificação para abandonar voluntariamente o território português.

Outro ponto sensível é a exploração laboral. O tráfico de pessoas com essa finalidade registrou 213 vítimas em 2024, muitas delas atuando em setores como agricultura, construção civil, indústria têxtil e trabalho doméstico — áreas onde a mão de obra brasileira tem forte presença.

Além dos brasileiros, foram impedidos de entrar no país cidadãos de Angola (274), Reino Unido (108), Índia (83), Guiné-Bissau (72), Timor-Leste (70) e Senegal (68).

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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Projeto valoriza escritores migrantes e discute o papel da tradução literária

Professora Prisca Agustoni é a décima pesquisadora entrevistada do programa IdPesquisa (Foto: UFJF)

A literatura tem sido um espaço para narrar as experiências de migração, refletindo partidas, chegadas e desafios da adaptação a novas culturas. Com o objetivo de dar visibilidade a escritores migrantes e analisar as transformações geradas pelo contato entre diferentes línguas e perspectivas, o projeto “Vozes da Migração”, coordenado pela professora Prisca Agustoni, do Departamento de Línguas e Literaturas Estrangeiras Modernas e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da UFJF, estuda obras literárias que abordam esse fenômeno.

O projeto é tema do décimo episódio do programa Id Pesquisa da UFJF, já disponível nas plataformas digitais. “Vozes da Migração” se concentra na produção de escritores migrantes, bilíngues ou que incorporam tais questões em suas obras literárias, investigando as transformações provocadas pela interação entre diversas perspectivas de mundo e idiomas. O movimento migratório, caracterizado por viagens arriscadas entre nações e continentes, é hoje uma das maiores tragédias da atualidade.

Através do projeto, Prisca destaca a relevância da tradução na edição de livros de escritores internacionais. Para ela, essa tarefa equivale à tradução dos códigos culturais, além de contribuir para o entendimento dos processos de migração. “A tradução é uma peça-chave para entender os processos migratórios não apenas no sentido linguístico, mas como uma ponte que permite o diálogo entre culturas. Esse é um aspecto central nos estudos sobre migração e identidade.”

A professora também observa que a tradução é um processo que exige tempo, pois envolve a identificação de códigos culturais, utilizando as ferramentas de decodificação oferecidas pela literatura e pelas ciências humanas. “Quando cada vez menos espaço é dado para as áreas de humanas, a gente percebe que o mundo se torna mais áspero, duro, tecnocrata e sem rosto. É preciso aprimorar cada vez mais a sensibilidade e a escolha daquilo que vamos traduzir e, por outro lado, quem vamos escolher para essa tarefa tão difícil da tradução, seja literária quanto de códigos culturais”, ressalta Prisca. 

Pesquisa analisa produção de escritores migrantes e bilíngues em suas obras (Foto: UFJF)

Novas formas de pertencimento
O projeto também explora como a literatura, a filosofia e a arte reconfiguram as experiências migratórias, refletindo os desafios contemporâneos enfrentados por milhões de pessoas ao redor do mundo. A pesquisadora observa que muitos escritores migrantes veem a escrita em outra língua como uma ferramenta para a construção de suas identidades literárias. Ela cita como exemplo a escritora russa Olga Martynova, cuja obra foi traduzida recentemente.

“Eu traduzi no ano passado uma poeta de origem russa, que cresceu entre a França e a Alemanha, que escreve a própria obra em francês e em alemão. Ou seja, ela se auto traduz, mesmo sendo russa de nacionalidade. É uma figura muito interessante. Tanto ela quanto muitas outras vozes contemporâneas reivindicam a ideia de que a nacionalidade é fundamental até certo ponto, porque há uma corrosão em curso.”

Pesquisadora e objeto de pesquisa
Prisca Agustoni, poeta, narradora, tradutora e autora de literatura infantojuvenil, nasceu em Lugano, Suíça, e desde 2003, divide sua vida entre o país europeu e o Brasil. No episódio, a pesquisadora também se coloca como objeto de sua própria pesquisa ao compartilhar sua experiência como emigrante. Embora sua migração não tenha sido forçada, ela fala sobre os desafios de adaptar-se a uma nova cultura e língua.

“Comecei como alguém que analisava e avaliava a obra de outros autores e artistas fundamentais para nossa época, orientando dissertações e teses. Aos poucos, fui integrando minha própria vivência, inicialmente de forma tímida, mas, com o tempo, percebendo a necessidade de assumir também a voz de quem migrou”, explica.

Prisca ainda reflete sobre sua relação com a literatura, considerando-a “um território de fronteiras mais abertas, sem a necessidade de passaportes”, em que, segundo ela, “permite criar universos, habitá-los e acolher outras pessoas, independentemente das limitações burocráticas e geopolíticas”. 

Foi a partir dessas experiências que escreveu o livro “O Mundo Mutilado (2020)”, no qual traduz, por meio da literatura, os desafios e nuances da migração. O livro traz referências poéticas, influências em epígrafes e dedicatórias distribuídas nas seis seções da obra, revelando a complexa paisagem linguística de uma escritora que, entre línguas e geografias, encontrou no Brasil um novo lar

https://www2.ufjf.br/noticias

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terça-feira, 1 de abril de 2025

Cáritas Brasileira e REPAM-Brasil unem esforços para fortalecer ações em apoio a migrantes e refugiados em Roraima

 


A Cáritas Brasileira, representada por Valquíria Lima, Diretora Executiva, esteve presente na sede da REPAM-Brasil, acompanhada da sua presidência, para apresentar projetos e a realidade enfrentada pelos migrantes, refugiados, apátridas e retornados em Roraima. Durante a reunião, foi solicitado apoio para as Ações Urgentes em Prol dos Migrantes, Refugiados, Apátridas e Retornados, projeto que ocorre na Diocese de Roraima, presidida por Dom Evaristo Spengler, que também é presidente da REPAM-Brasil.

A articulação dos Serviços aos Migrantes e Refugiados da Diocese de Roraima (ASEMIR), composta por diversas organizações da sociedade civil, denuncia as condições precárias enfrentadas por esses grupos em Roraima. Desde 2015, a migração venezuelana se intensificou na região, afetando profundamente sua estrutura social e territorial. Apesar da Operação Acolhida, muitos migrantes continuam fora dos abrigos, vivendo em vulnerabilidade severa em ocupações informais e nas ruas, devido à falta de políticas públicas adequadas.

Diante deste cenário, propomos uma ação articulada entre o Ministério:

Ministério da Justiça:

  • Reforço das políticas de combate ao tráfico de pessoas.
  • Sensibilização de agentes públicos e criação de políticas públicas para combater a xenofobia institucional.
  • Fortalecimento das redes de proteção comunitária para vítimas de violência e exploração.
  • Apoio à criação de um Centro de Referência para a População Migrante e Refugiada em Roraima.
  • Ampliação das campanhas de combate à xenofobia e ao racismo estrutural.

Este conjunto de ações visa enfrentar os desafios enfrentados por migrantes e refugiados em Roraima, promovendo políticas públicas mais inclusivas e eficazes. Agradecemos o apoio contínuo na defesa dos direitos humanos e no acolhimento digno a todos aqueles que buscam refúgio e oportunidades em nosso país.


repam.org.br

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