sexta-feira, 28 de junho de 2024

3 gráficos que mostram o aumento histórico de refugiados no mundo

Meninas deslocadas pelo conflito na Síria, no campo de al-Yunani     AFP

 120 milhões de pessoas no mundo estão fora de suas casas, tendo sido forçadas a fugir da guerra, da violência e da perseguição, segundo a agência das Nações Unidas para os refugiados, ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

Esse número representa um aumento de 8% em relação ao ano anterior e um recorde histórico desde que a organização começou a fazer esses registros.

A cada minuto, pelo menos 20 pessoas têm de deixar tudo para trás para escapar de conflitos, diz a ONU.

A organização aponta ainda que cerca de 40% das pessoas deslocadas são menores de idade.

O relatório do ACNUR foi divulgado pouco antes da comemoração do Dia Mundial do Refugiado, em 20 de junho, que busca “homenagear a força e a coragem dos refugiados em todo o mundo”, segundo a ONU.

Venezuela, entre os países com mais pessoas refugiadas

A Síria continua sendo a fonte da maior crise de refugiados do mundo, com 13,8 milhões de pessoas deslocadas à força dentro e fora do país até ao final de 2023, devido à guerra civil que começou há 12 anos.

Um fator-chave por trás do aumento dos números globais foi a guerra civil no Sudão, onde quase 11 milhões de pessoas tinham fugido das suas casas até ao final de 2023.

No ano passado, mais de 6,4 milhões de pessoas fugiram do Afeganistão em busca de uma vida melhor após a tomada do poder pelos talibãs em 2021.

Na Venezuela, mais de 7 milhões de pessoas deixaram o país após o colapso da economia nacional sob o presidente socialista Nicolás Maduro, que está no poder desde 2013.

“É uma situação muito complexa, uma crise econômica, política, de segurança, de direitos humanos e de saúde que afeta aquele país há vários anos”, disse William Spindler, porta-voz do ACNUR em Genebra, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Os números mais recentes que eles divulgam são de 7,7 milhões de venezuelanos que partiram por diferentes motivos, disse o porta-voz.

A grande maioria deles está na Colômbia, nos Estados Unidos, na Espanha, no Equador e em outros países latino-americanos, como o Brasil.

O impacto nesses países, especialmente na Colômbia, tem sido enorme. No entanto, são geralmente bem recebidos, conseguem trabalho, têm acesso a serviços e oportunidades de regularizar a sua situação.

Além disso, garante Spindler, a permanência deles nos países anfitriões foi positiva.

“Isso não se ouve muitas vezes, mas está comprovado por esses estudos que essas pessoas também trazem consigo uma riqueza e uma educação que também lhes permite contribuir... através de impostos, abertura de pequenos negócios etc.”

Do outro lado do mundo, à medida que continua a invasão da Ucrânia pela Rússia, o número de refugiados ucranianos era de 6 milhões no final de 2023, segundo dados do ACNUR.

Além disso, a atual guerra em Gaza deslocou até 1,7 milhão de pessoas (75% da população) na Faixa. Muitas delas, múltiplas vezes, de acordo com a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina, por sua sigla em inglês).

A situação na América Latina

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Dos 120 milhões de pessoas deslocadas à força no mundo, 23 milhões estão no continente americano.

Isso representa 19%, quase um quinto de todas as pessoas refugiadas, destaca William Spindler. Mas, “ao contrário do que muitos acreditam, a grande maioria destas pessoas está na América Latina, não nos Estados Unidos”.

Além da Venezuela, outra situação preocupante está ocorrendo na América Central, particularmente com pessoas deslocadas de Honduras, El Salvador e Guatemala, que fogem de conflitos, guerras e violência.

No entanto, Spindler salienta que muitas dessas pessoas se deslocam dentro do seu próprio país. “É um fenômeno que acontece tanto no nível das Américas quanto no nível global. O deslocamento geralmente é mais interno”, afirma.

Quem sai para o exterior vai para o México, tanto para se estabelecer por lá quanto para chegar aos Estados Unidos.

Isso gerou uma situação especial no México, como país de origem, trânsito e, particularmente, destino de comunidades refugiadas.

“É um dos países que mais recebem pedidos de asilo, não só das Américas, mas de todo o mundo”, diz o porta-voz da agência para os refugiados.

Ele acrescenta que o México tem tido uma política de acolhimento muito generosa, que também tem feito pressão por parte dos Estados Unidos para restringir os movimentos e tentativas de entrada no seu território de pessoas deslocadas através da fronteira que compartilham.

É uma situação bastante difícil para o México, por isso a ACNUR tem um projeto em coordenação com as autoridades locais e empresas privadas. A intenção é aliviar a concentração de refugiados migrantes em regiões com menor desenvolvimento econômico e transferi-los para áreas mais prósperas onde existem melhores possibilidades de emprego e integração.

Uma onda de migrantes atravessa a pé da Guatemala até o Estado de Chiapas, no sul do México

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,O México é um país de origem, trânsito e destino de migrantes e refugiados

Outra crise que se ocorre é a do Haiti, devido à perene instabilidade política, à pobreza e à violência das gangues, que tomaram conta de grandes partes do país.

Em termos de deslocamento forçado, o caso do Haiti é especial, explica William Spindler.

Cerca de 690 mil haitianos fugiram, mas muitos fizeram isso há anos ou décadas, após o devastador terremoto de 2010 e outras catástrofes naturais. Eles estabeleceram-se na América do Sul, especialmente no Chile e no Brasil.

Com o impacto da pandemia, muitas dessas pessoas perderam os seus meios de subsistência e decidiram se mudar para os Estados Unidos, ora atravessando a selva de Darién, ora com crianças que nasceram no Brasil, Chile e outros países sul-americanos.

Agora, com os atuais conflitos internos, a maioria dos haitianos atravessa para a vizinha República Dominicana, alguns com a intenção de chegar aos Estados Unidos pelo mar.

“No entanto, a maioria dos haitianos deslocados pela violência está dentro do seu próprio país”, diz Spindler.

Refugiados, migrantes e solicitantes de asilo

Um refugiado é uma pessoa que foi forçada a sair do seu país de origem devido à guerra, perseguição ou desastre natural.

A BBC utiliza o termo migrante para se referir a todas as pessoas em movimento que ainda não completaram o processo legal de pedido de asilo.

Esse grupo inclui pessoas que fogem de países devastados pela guerra, a quem é provável que seja concedido o estatuto de refugiado, e pessoas que procuram trabalho e uma vida melhor, e que os governos provavelmente considerarão migrantes econômicos.

A Syrian boy cries as he is being held at a temporary refugee camp
GETTY
Número de refugiados triplicou em 2023 em relação à década anterior

A violência e os conflitos contribuíram para o aumento

  • 40%dos refugiados em 2023 eram crianças*

  • 2 milhõesde crianças nasceram como refugiadas entre 2018 e 2023, segundo estimativa

  • 69%dos refugiados foram acolhidos por países vizinhos

  • 5países acolhem 40% dos refugiados: Irã, Turquia, Colômbia, Alemanha e Paquistão

Fonte: Relatório ACNUR 2023 | *Uma estimativa devido à falta de detalhes demográficos. Incluem pessoas em situações semelhantes e outras que necessitam de proteção internacional

A quantidade de pessoas que chegam às fronteiras dos EUA ou da União Europeia é uma questão que tem sido utilizada por muitos partidos políticos para ganhar votos, agravando o medo da população contra a migração.

Embora Spindler reconheça que esses países não têm obrigação de os receber, “quando falamos de refugiados, ou seja, de pessoas que são perseguidas no seu país, a situação jurídica é muito diferente”, afirma o porta-voz do ACNUR.

“Essas pessoas têm o direito de pedir asilo e os países que as recebem têm a obrigação de lhes dar proteção”, explica.

Segundo ele, se a entrada dessas pessoas for barrada e forem obrigadas a voltar, elas poderão correr sérios riscos de violação dos seus direitos humanos, sofrer tortura, serem presas e, em alguns casos, mortas.

Ele reitera também que “a grande maioria das pessoas deslocadas no mundo está dentro do seu próprio país ou em países vizinhos”.

Ele assegura que 75% de todos os refugiados e pessoas deslocadas no mundo estão em países de baixo ou médio rendimento. E nem tanto nos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental.

https://www.bbc.com/portuguese

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Ministério da Saúde busca parcerias para trabalhar com migrantes estrangeiros

 Por meio de um formulário eletrônico , o Ministério da Saúde está realizando levantamento para identificar organizações que atuam com a saúde das populações migrantes internacionais no Brasil. O objetivo principal é se aproximar da sociedade civil organizada para desenvolver uma estratégia nacional de saúde para as populações migrantes, refugiadas e apátridas no Brasil.

O formulário ficará disponível até dia 26 de julho e é direcionado a movimentos sociais, coletivos, organizações da sociedade civil, gestores e trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) , secretarias de saúde, organizações internacionais, instituições acadêmicas e, em especial, organizações da sociedade civil geridas por migrantes, refugiados e apátridas.



Coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) , o Grupo de Trabalho Interministerial busca garantir o acesso à saúde dessa população ao Sistema Único de Saúde (SUS). “O SUS é garantido pela constituição não só aos brasileiros, mas sim a toda população que vive ou se encontra no território nacional. É nosso papel enquanto gestor federal identificar a população migrante e assegurar o seu acesso à saúde”, explica a secretária da SVSA, Ethel Maciel.

Com versões em português, espanhol, francês e inglês, as informações coletadas por meio do formulário poderão ser utilizadas para futuras atividades e convites relacionados à saúde e migração.

Por Ministério da Saúde

Link: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/junho/ministerio-da-saude-faz-levantamento-de-organizacoes-que-trabalham-com-populacao-migrante

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Refúgio, migração e apatridia: conheça a nova publicação do CFP sobre o tema

 

Publicação destaca questões como análise geopolítica sobre o sistema capitalista e fluxos migratórios; interseccionalidades, violência e acolhimento; cosmovisões, memórias, território e identidade; e intervenção e estratégias relacionadas a Psicologia, direitos humanos e políticas públicas



O Conselho Federal de Psicologia (CFP) acaba de lançar o relatório do XII Seminário de Psicologia e Políticas Públicas: interface entre Psicologia e populações em situação de refúgio, migração e apatridia.

O material integra ação estratégica do CFP para atender uma importante demanda da categoria, apresentada durante o 11º Congresso Nacional da Psicologia (CNP).

O relatório reúne a íntegra das palestras apresentadas e busca compartilhar, de forma sistematizada, as informações destacadas durante o evento, auxiliando psicólogas(os), estudantes e pesquisadoras(es) na busca de orientações sobre a atuação profissional voltada a pessoas em situação de migração.

A publicação destaca questões como análise geopolítica sobre o sistema capitalista e fluxos migratórios; interseccionalidades, violência e acolhimento; cosmovisões, memórias, território e identidade; e intervenção e estratégias relacionadas a Psicologia, direitos humanos e políticas públicas.

Lançado durante o 1º Congresso Brasileiro de Psicologia e Migração (PsiMigra), realizado em Belo Horizonte/MG, o documento já está disponível para todas(os) as(os) psicólogas(os) neste link.

site.cfp.org.br

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sexta-feira, 21 de junho de 2024

MIGRAÇÃO E CASA COMUM É O TEMA DA 39ª SEMANA DO MIGRANTE, QUE ACONTECE DE 16 A 23 DE JUNHO

 


A Semana do Migrante no Brasil é promovida pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), vinculado à Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Neste ano, é realizada de 16 a 23 de junho, e tem como tema “Migração e Casa Comum” e o lema “Amplia o espaço da tua Tenda” (Is 54,2).

Celebrar a Semana do Migrante é, para a Pastoral, um grande momento de tomada de consciência, como Igreja e como sociedade, frente à uma realidade que provoca migração forçada e não promove a acolhida digna.

“Ao mesmo tempo nos convida a alargar o nosso coração para uma acolhida afetiva e efetiva, como família de Deus que busca e promove a “amizade social”, para romper as barreiras que impede a solidariedade, a promoção e a integração de todos os irmãos e irmãs que buscam um novo ou uma nova pátria”.

Abertura da Semana

O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, se tornou local especial para a abertura da 39ª Semana do Migrante. Uma missa foi presidida no domingo, 16, pelo bispo de primavera do Leste-Paranatinga (MT) e presidente do Serviço Pastoral do Migrante. Ao redor do Altar Central, também se encontravam padres, irmãs e missionários scalabrinianos, que fazem um trabalho caridoso aos migrantes.

Para dom João, essa Semana traz aos católicos uma missão especial, onde todos são chamados a refletir que possuem o direito de procurar e buscar onde morar:

“É um direito que nós temos, mas muitas vezes a migração acontece por situações adversas a nossa vontade, a busca de uma vida melhor, a falta de trabalho, as guerras, as políticas publicas que não chegam até nós e tenhamos que buscar um novo lugar pra viver com dignidade”.

Ao final da homilia, dom João agradeceu o trabalho dos missionários scalabrinianos, da Pastoral do Migrante e da Cáritas Brasileira na missão de dar uma vida digna aos migrantes que chegam nas comunidades.

“Que esses locais de acolhimento sejam como esse pé de mostarda que estende os seus braços, que se alargam para acolher a todos na certeza de que todos somos irmãos e irmãos, filhos e filhas do mesmo Pai”.

Em São Paulo a semana será encerrada  na Igreja Nossa Senhora da Paz Rus Glicerio 255 Liberdade, missa será celebrada pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo  de Dom Rogerio Augusto das Neves


.cnbb.org.br/

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quarta-feira, 19 de junho de 2024

Pesquisa revela apoio aos refugiados, mas destaca preocupações com atitudes negativas

 

© UNHCR
 

No Sudão do Sul, o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, encontra-se com famílias recém-chegadas do Sudão.

Estudo da Ipsos e Acnur revela que 73% dos entrevistados acreditam que refugiados devem poder buscar segurança em outros países; embora o apoio varie, há uma preocupação crescente com a integração e impacto do grupo, especialmente em países com grandes populações refugiadas.

Uma pesquisa realizada pela Ipsos, empresa de pesquisa de mercado global, com a Agência de Refugiados da ONU, Acnur, revela que três quartos dos entrevistados acreditam que pessoas que fogem da guerra ou da perseguição devem poder buscar segurança em outros países.

Os resultados foram divulgados pouco antes do Dia Mundial do Refugiado, que será celebrado em 20 de junho. O estudo traça um quadro complexo das percepções sobre os refugiados, com diferenças significativas de opinião com base na pergunta e na localização dos pesquisados.

Uma beneficiária do programa de assistência financeira do PMA prepara alimentos em um campo de refugiados Rohingya em Cox's Bazar. (arquivo)
© WFP/Sayed Asif Mahmud
 
Uma beneficiária do programa de assistência financeira do PMA prepara alimentos em um campo de refugiados Rohingya em Cox's Bazar. (arquivo)

73% apoiam direito dos refugiados

No geral, 73% das pessoas dos 52 países pesquisados concordaram que as pessoas devem poder se refugiar em outros países, inclusive no seu próprio. No entanto, o apoio à concessão de refúgio diminuiu em vários países em relação aos altos níveis registrados em 2022, após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia.

Os entrevistados em países com uma longa tradição de acolhimento de refugiados, como Uganda e Quênia, geralmente demonstraram maior otimismo em relação à integração de pessoas buscando abrigo e seu impacto positivo.

Embora as atitudes variem, metade dos pesquisados acredita que os refugiados podem se integrar e, por exemplo, ter acesso ao direito total à educação, enquanto quase a mesma quantidade apoia o acesso total a serviços de saúde e empregos. 

Cerca de três quartos expressaram apoio, em um grau variável, às políticas que permitem que as famílias de refugiados sejam reunidas no país de asilo.

Desafios 

Ainda assim, alguns dos principais anfitriões e países ocidentais demonstraram um sentimento menos positivo, incluindo preocupações com a capacidade de integração dos refugiados. 

Enquanto um terço acredita que os refugiados contribuirão positivamente para o mercado de trabalho, a economia e a cultura de seus países, outro terço tem a opinião contrária. 

A pesquisa também mostrou preocupações sobre o impacto dos refugiados na segurança nacional e nos serviços públicos, principalmente em países com grandes populações de refugiados.

O presidente e fundador da Ipsos, Didier Truchot, afirma que é essencial ouvir e entender as percepções do público sobre os refugiados, tanto as positivas quanto as negativas, a generosidade, mas também as preocupações e os medos. 

Para ele, essa é a melhor maneira de lidar com essas preocupações e garantir que aqueles que estão fugindo das piores tragédias do mundo continuem a receber a ajuda e o apoio que merecem. Didier Truchot avalia que os resultados podem levar a melhores políticas e comunicação.

Refugiados sudaneses no campo de Adre, no Chade.
UNHCR
 
Refugiados sudaneses no campo de Adre, no Chade.

Apoio aos refugiados

Segundo o Acnur, apesar das preocupações e do ceticismo sobre o impacto dos refugiados nas sociedades anfitriãs, muitas pessoas ainda estão tomando medidas para apoiar os refugiados. 

Um terço delas demonstrou apoio aos refugiados, inclusive por meio de doações ou da mídia social. Atualmente, 75% dos refugiados vivem em países de baixa e média renda, e 37% disseram acreditar que a ajuda internacional para os países que hospedam refugiados é insuficiente.

A diretora de Relações Externas do Acnur, Dominique Hyde, avaliou que muitos populistas culpam os refugiados por questões sociais, mas a pesquisa lembra que há uma onda duradoura de apoio ao direito de buscar segurança. Para ela, esse é um “sinal animador de esperança em um mundo às vezes sombrio”. 

A representante da ONU adiciona que é necessário fazer muito mais para explicar aos céticos por que os refugiados devem ser acolhidos e não condenados ao ostracismo. Segundo ela, a erosão da confiança e da empatia do público é uma enorme barreira para a criação de um ambiente seguro e acolhedor para os refugiados.

Discurso de ódio

Os resultados mostraram que a mídia tradicional e as redes sociais continuam sendo fontes confiáveis de informações sobre refugiados, indicando a importância de reportagens responsáveis para moldar a percepção do público. 

Segundo o Acnur, nos últimos anos, tem havido uma tendência crescente de atingir os refugiados nas mídias sociais, inclusive por meio de campanhas de desinformação.

Em geral, também há diferenças de atitudes, principalmente por idade, sendo que os jovens tendem a ser mais positivos em relação aos refugiados do que os idosos.

Mais de 33 mil adultos em 52 países participaram da pesquisa on-line em abril e maio, a maior análise sobre refugiados realizada pela Ipsos. O objetivo era melhorar a compreensão das questões relacionadas aos refugiados e examinar o grau de apoio público ao grupo. 

O Acnur lembra que mais de 120 milhões de pessoas foram deslocadas à força em todo o mundo até maio de 2024.


Onunews


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terça-feira, 18 de junho de 2024

Ministério da Justiça relata desafios das diásporas afegãs e haitianas no Brasil

UNHCR Brasil/Miguel Pachioni
 
O Acnur Brasil apoia refugiados afegãos


Representante do governo fala de esforços para promover o direito à reunião familiar para população do Haiti que vive em território brasileiro, mas ressalta que onda violência no país caribenho dificulta emissão de vistos; após dificuldades para integração de afegãos, autoridades iniciam abordagem baseada em “patrocínio comunitário”. 

O Brasil possui uma “diáspora haitiana forte que deseja trazer mais pessoas”, no entanto, aponta a violência de gangues que assola o país caribenho como fator que “dificulta muito” o processo de emissão de vistos. 

As declarações são da diretora do Departamento de Migrações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Luana Medeiros. Em entrevista para a ONU News, ela afirmou que a migração do Haiti para o Brasil é um “fenômeno constante desde 2011”, quando houve um terremoto que devastou a nação insular. 

Violência no Haiti dificulta emissão de vistos

Segundo ela, o foco do governo brasileiro é proporcionar a reunião familiar para os haitianos que estão no Brasil, trazendo os familiares que estão no Haiti e desejam migrar. No entanto, a violência armada no país da América Central tem dificultado os esforços diplomáticos brasileiros para garantir este direito.

“Como a situação do Haiti tem se agravado muito nos últimos meses, praticamente todas as embaixadas fecharam suas portas no Haiti. A embaixada do Brasil é uma das únicas que ainda funciona, mas infelizmente com capacidade muito reduzida. Então, por mais que exista política, exista a vontade política e os procedimentos administrativos que possibilitam essa reunião familiar, na prática isso está bastante complexo. É muito difícil conseguir processar esses vistos ou mesmo entregar os vistos que já foram processados”. De acordo com Luana Medeiros, essa é “uma conjuntura na qual o Brasil tem muito pouca governabilidade”. 

São Paulo, Brasil
© Unsplash/Lucas Marcomini
 
São Paulo, Brasil

Criando condições para permanência no Brasil

A representante do Ministério da Justiça informou que em 2023 foi iniciado um “processo de transformação da política de acolhida humanitária, principalmente para nacionais do Afeganistão”.

Ela explicou que o Brasil tem um histórico de concessão de vistos humanitários, principalmente para diásporas que já estão consolidadas, como a síria e a haitiana. No entanto, as autoridades observaram que, na prática, a concessão do visto não era suficiente para promover a integração da comunidade afegã no Brasil. 

“A ideia, o desejo do governo brasileiro é que o Brasil seja um país de destino e não simplesmente um país de trânsito. É claro que as pessoas são livres para se movimentar tal como elas desejam e tal como elas entendem que é melhor para a vida delas. Mas enquanto governo, o Brasil deseja propiciar essas pessoas que estão vindo para o nosso país condições para que elas fiquem de forma digna, com acesso à educação, com acesso ao emprego, com acesso a cursos de português e que elas se sintam acolhidas e tenham as condições plenas para reconstruir suas vidas”.

Nova abordagem junto à população afegã

De acordo com Luana Medeiros, foi diagnosticado pelo governo e pela sociedade civil que era necessário aprimorar a política de acolhimento dos afegãos com enfoque principal na integração local, para que tenham condição de ficar no Brasil.

Ela afirmou que a política passa por uma transição, por isso “ainda estão sendo processados os últimos pedidos de visto, que foram protocolados sob a égide da portaria anterior”. 

A diretora explicou que o próximo passo será a publicação de um edital para selecionar instituições da sociedade civil, “que tenham condições e que desejem acolher nacionais afegãos no Brasil”. 

Segundo ela, será um processo “novo e bastante diferente”, conhecido como patrocínio comunitário, inspirado em boas experiências de outros países que trabalham com o tema.

As autoridades observaram que, na prática, a concessão do visto não era suficiente para promover a integração da comunidade afegã no Brasil
Acnur Brasil/Miguel Pachioni
 
As autoridades observaram que, na prática, a concessão do visto não era suficiente para promover a integração da comunidade afegã no Brasil

Tráfico de pessoas e contrabando de migrantes

Luana Medeiros comentou também que o enfrentamento ao tráfico de pessoas e ao contrabando de migrantes é uma das pautas prioritárias do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Está previsto para julho o lançamento do quarto plano nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e o primeiro Plano de Ação de Enfrentamento ao Contrabando de Migrantes. 

A especialista revelou que o crime é cometido por “cadeias criminosas muito complexas que muitas vezes envolvem agentes transnacionais”, que atacam populações que já estão muito vulnerabilizadas. Segundo ela, o Brasil tem uma política “bastante avançada”, que não criminaliza a vítima de tráfico e contrabando e busca proteger essas pessoas. 



Onunews


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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Refugiados afegãos chegam à Itália graças aos corredores humanitários

 

AFP

A população global de refugiados aumentou 7 por cento em 2023, atingindo 43,4 milhões durante o ano. A maior proporção de refugiados é proveniente do Afeganistão e da Síria, ambos com 6,4 milhões cada. Segue a Venezuela (6,1 milhões de refugiados e outras pessoas que necessitam de proteção internacional) e a Ucrânia (6,0 milhões de refugiados).

191 refugiados afegãos chegarão no Aeroporto Fiumicino na quinta-feira, 20 de junho, com um voo proveniente de Islamabad, graças aos corredores humanitários promovidos pela Conferência Episcopal Italiana (através da Caritas Italiana), Comunidade de Sant'Egidio, Federação das Igrejas Evangélicas da Itália, Tavola Valdese, Arci, de acordo com os Ministérios do Interior e dos Negócios Estrangeiros.

De acordo com o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR), a maior proporção de refugiados em nível mundial provém do Afeganistão e da Síria, ambos com 6,4 milhões, que em conjunto equivalem a um terço de todos os refugiados sob o mandato do ACNUR.

Os cidadãos afegãos, refugiados no Paquistão desde agosto de 2021, serão imediatamente transferidos para diferentes regiões e iniciados na integração, a partir da aprendizagem da língua e da inserção profissional. Tudo isso tornou-se possível graças a este projeto totalmente apoiado pelos órgãos proponentes, apoiado por algumas ONGs incluindo a Solidaire - que contribuiu para a organização do voo do Paquistão, Nove ONGs e Fondazione Pangea, que durante meses colocaram em segurança parte das famílias nas suas safe house (casas seguras). Os refugiados serão, portanto, acolhidos em casas e estruturas disponibilizadas pela Comunidade de Sant'Egidio, pelas Igrejas Protestantes Italianas, pelos clubes Arci, pela Caritas, bem como por associações e cidadãos italianos, que ofereceram os seus apartamentos para acolhê-los.

Às 16h30 de quinta-feira, 20 de junho, será realizada uma recepção aos refugiados e uma coletiva de imprensa no Terminal 5 do Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci, em Fiumicino, com a participação de Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant'Egidio; Daniele Garrone, presidente da Federação das Igrejas Evangélicas na Itália; Filippo Miraglia, gerente nacional de imigração da Arci; Paolo Valente, vice-diretor da Caritas Italiana; representantes do Ministério do Interior e o Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional

É necessária a inscrição até quarta-feira, 19 de junho, às 12h00, com um email para com@santegidio.org, indicando nome completo, local e data de nascimento, jornal e eventual matrícula do automóvel para aceder ao parque de estacionamento do Terminal 5. Entrada de jornalistas será permitida até às 16h.

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