sexta-feira, 21 de junho de 2024

MIGRAÇÃO E CASA COMUM É O TEMA DA 39ª SEMANA DO MIGRANTE, QUE ACONTECE DE 16 A 23 DE JUNHO

 


A Semana do Migrante no Brasil é promovida pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), vinculado à Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Neste ano, é realizada de 16 a 23 de junho, e tem como tema “Migração e Casa Comum” e o lema “Amplia o espaço da tua Tenda” (Is 54,2).

Celebrar a Semana do Migrante é, para a Pastoral, um grande momento de tomada de consciência, como Igreja e como sociedade, frente à uma realidade que provoca migração forçada e não promove a acolhida digna.

“Ao mesmo tempo nos convida a alargar o nosso coração para uma acolhida afetiva e efetiva, como família de Deus que busca e promove a “amizade social”, para romper as barreiras que impede a solidariedade, a promoção e a integração de todos os irmãos e irmãs que buscam um novo ou uma nova pátria”.

Abertura da Semana

O Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, se tornou local especial para a abertura da 39ª Semana do Migrante. Uma missa foi presidida no domingo, 16, pelo bispo de primavera do Leste-Paranatinga (MT) e presidente do Serviço Pastoral do Migrante. Ao redor do Altar Central, também se encontravam padres, irmãs e missionários scalabrinianos, que fazem um trabalho caridoso aos migrantes.

Para dom João, essa Semana traz aos católicos uma missão especial, onde todos são chamados a refletir que possuem o direito de procurar e buscar onde morar:

“É um direito que nós temos, mas muitas vezes a migração acontece por situações adversas a nossa vontade, a busca de uma vida melhor, a falta de trabalho, as guerras, as políticas publicas que não chegam até nós e tenhamos que buscar um novo lugar pra viver com dignidade”.

Ao final da homilia, dom João agradeceu o trabalho dos missionários scalabrinianos, da Pastoral do Migrante e da Cáritas Brasileira na missão de dar uma vida digna aos migrantes que chegam nas comunidades.

“Que esses locais de acolhimento sejam como esse pé de mostarda que estende os seus braços, que se alargam para acolher a todos na certeza de que todos somos irmãos e irmãos, filhos e filhas do mesmo Pai”.

Em São Paulo a semana será encerrada  na Igreja Nossa Senhora da Paz Rus Glicerio 255 Liberdade, missa será celebrada pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo  de Dom Rogerio Augusto das Neves


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quarta-feira, 19 de junho de 2024

Pesquisa revela apoio aos refugiados, mas destaca preocupações com atitudes negativas

 

© UNHCR
 

No Sudão do Sul, o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, encontra-se com famílias recém-chegadas do Sudão.

Estudo da Ipsos e Acnur revela que 73% dos entrevistados acreditam que refugiados devem poder buscar segurança em outros países; embora o apoio varie, há uma preocupação crescente com a integração e impacto do grupo, especialmente em países com grandes populações refugiadas.

Uma pesquisa realizada pela Ipsos, empresa de pesquisa de mercado global, com a Agência de Refugiados da ONU, Acnur, revela que três quartos dos entrevistados acreditam que pessoas que fogem da guerra ou da perseguição devem poder buscar segurança em outros países.

Os resultados foram divulgados pouco antes do Dia Mundial do Refugiado, que será celebrado em 20 de junho. O estudo traça um quadro complexo das percepções sobre os refugiados, com diferenças significativas de opinião com base na pergunta e na localização dos pesquisados.

Uma beneficiária do programa de assistência financeira do PMA prepara alimentos em um campo de refugiados Rohingya em Cox's Bazar. (arquivo)
© WFP/Sayed Asif Mahmud
 
Uma beneficiária do programa de assistência financeira do PMA prepara alimentos em um campo de refugiados Rohingya em Cox's Bazar. (arquivo)

73% apoiam direito dos refugiados

No geral, 73% das pessoas dos 52 países pesquisados concordaram que as pessoas devem poder se refugiar em outros países, inclusive no seu próprio. No entanto, o apoio à concessão de refúgio diminuiu em vários países em relação aos altos níveis registrados em 2022, após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia.

Os entrevistados em países com uma longa tradição de acolhimento de refugiados, como Uganda e Quênia, geralmente demonstraram maior otimismo em relação à integração de pessoas buscando abrigo e seu impacto positivo.

Embora as atitudes variem, metade dos pesquisados acredita que os refugiados podem se integrar e, por exemplo, ter acesso ao direito total à educação, enquanto quase a mesma quantidade apoia o acesso total a serviços de saúde e empregos. 

Cerca de três quartos expressaram apoio, em um grau variável, às políticas que permitem que as famílias de refugiados sejam reunidas no país de asilo.

Desafios 

Ainda assim, alguns dos principais anfitriões e países ocidentais demonstraram um sentimento menos positivo, incluindo preocupações com a capacidade de integração dos refugiados. 

Enquanto um terço acredita que os refugiados contribuirão positivamente para o mercado de trabalho, a economia e a cultura de seus países, outro terço tem a opinião contrária. 

A pesquisa também mostrou preocupações sobre o impacto dos refugiados na segurança nacional e nos serviços públicos, principalmente em países com grandes populações de refugiados.

O presidente e fundador da Ipsos, Didier Truchot, afirma que é essencial ouvir e entender as percepções do público sobre os refugiados, tanto as positivas quanto as negativas, a generosidade, mas também as preocupações e os medos. 

Para ele, essa é a melhor maneira de lidar com essas preocupações e garantir que aqueles que estão fugindo das piores tragédias do mundo continuem a receber a ajuda e o apoio que merecem. Didier Truchot avalia que os resultados podem levar a melhores políticas e comunicação.

Refugiados sudaneses no campo de Adre, no Chade.
UNHCR
 
Refugiados sudaneses no campo de Adre, no Chade.

Apoio aos refugiados

Segundo o Acnur, apesar das preocupações e do ceticismo sobre o impacto dos refugiados nas sociedades anfitriãs, muitas pessoas ainda estão tomando medidas para apoiar os refugiados. 

Um terço delas demonstrou apoio aos refugiados, inclusive por meio de doações ou da mídia social. Atualmente, 75% dos refugiados vivem em países de baixa e média renda, e 37% disseram acreditar que a ajuda internacional para os países que hospedam refugiados é insuficiente.

A diretora de Relações Externas do Acnur, Dominique Hyde, avaliou que muitos populistas culpam os refugiados por questões sociais, mas a pesquisa lembra que há uma onda duradoura de apoio ao direito de buscar segurança. Para ela, esse é um “sinal animador de esperança em um mundo às vezes sombrio”. 

A representante da ONU adiciona que é necessário fazer muito mais para explicar aos céticos por que os refugiados devem ser acolhidos e não condenados ao ostracismo. Segundo ela, a erosão da confiança e da empatia do público é uma enorme barreira para a criação de um ambiente seguro e acolhedor para os refugiados.

Discurso de ódio

Os resultados mostraram que a mídia tradicional e as redes sociais continuam sendo fontes confiáveis de informações sobre refugiados, indicando a importância de reportagens responsáveis para moldar a percepção do público. 

Segundo o Acnur, nos últimos anos, tem havido uma tendência crescente de atingir os refugiados nas mídias sociais, inclusive por meio de campanhas de desinformação.

Em geral, também há diferenças de atitudes, principalmente por idade, sendo que os jovens tendem a ser mais positivos em relação aos refugiados do que os idosos.

Mais de 33 mil adultos em 52 países participaram da pesquisa on-line em abril e maio, a maior análise sobre refugiados realizada pela Ipsos. O objetivo era melhorar a compreensão das questões relacionadas aos refugiados e examinar o grau de apoio público ao grupo. 

O Acnur lembra que mais de 120 milhões de pessoas foram deslocadas à força em todo o mundo até maio de 2024.


Onunews


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terça-feira, 18 de junho de 2024

Ministério da Justiça relata desafios das diásporas afegãs e haitianas no Brasil

UNHCR Brasil/Miguel Pachioni
 
O Acnur Brasil apoia refugiados afegãos


Representante do governo fala de esforços para promover o direito à reunião familiar para população do Haiti que vive em território brasileiro, mas ressalta que onda violência no país caribenho dificulta emissão de vistos; após dificuldades para integração de afegãos, autoridades iniciam abordagem baseada em “patrocínio comunitário”. 

O Brasil possui uma “diáspora haitiana forte que deseja trazer mais pessoas”, no entanto, aponta a violência de gangues que assola o país caribenho como fator que “dificulta muito” o processo de emissão de vistos. 

As declarações são da diretora do Departamento de Migrações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Luana Medeiros. Em entrevista para a ONU News, ela afirmou que a migração do Haiti para o Brasil é um “fenômeno constante desde 2011”, quando houve um terremoto que devastou a nação insular. 

Violência no Haiti dificulta emissão de vistos

Segundo ela, o foco do governo brasileiro é proporcionar a reunião familiar para os haitianos que estão no Brasil, trazendo os familiares que estão no Haiti e desejam migrar. No entanto, a violência armada no país da América Central tem dificultado os esforços diplomáticos brasileiros para garantir este direito.

“Como a situação do Haiti tem se agravado muito nos últimos meses, praticamente todas as embaixadas fecharam suas portas no Haiti. A embaixada do Brasil é uma das únicas que ainda funciona, mas infelizmente com capacidade muito reduzida. Então, por mais que exista política, exista a vontade política e os procedimentos administrativos que possibilitam essa reunião familiar, na prática isso está bastante complexo. É muito difícil conseguir processar esses vistos ou mesmo entregar os vistos que já foram processados”. De acordo com Luana Medeiros, essa é “uma conjuntura na qual o Brasil tem muito pouca governabilidade”. 

São Paulo, Brasil
© Unsplash/Lucas Marcomini
 
São Paulo, Brasil

Criando condições para permanência no Brasil

A representante do Ministério da Justiça informou que em 2023 foi iniciado um “processo de transformação da política de acolhida humanitária, principalmente para nacionais do Afeganistão”.

Ela explicou que o Brasil tem um histórico de concessão de vistos humanitários, principalmente para diásporas que já estão consolidadas, como a síria e a haitiana. No entanto, as autoridades observaram que, na prática, a concessão do visto não era suficiente para promover a integração da comunidade afegã no Brasil. 

“A ideia, o desejo do governo brasileiro é que o Brasil seja um país de destino e não simplesmente um país de trânsito. É claro que as pessoas são livres para se movimentar tal como elas desejam e tal como elas entendem que é melhor para a vida delas. Mas enquanto governo, o Brasil deseja propiciar essas pessoas que estão vindo para o nosso país condições para que elas fiquem de forma digna, com acesso à educação, com acesso ao emprego, com acesso a cursos de português e que elas se sintam acolhidas e tenham as condições plenas para reconstruir suas vidas”.

Nova abordagem junto à população afegã

De acordo com Luana Medeiros, foi diagnosticado pelo governo e pela sociedade civil que era necessário aprimorar a política de acolhimento dos afegãos com enfoque principal na integração local, para que tenham condição de ficar no Brasil.

Ela afirmou que a política passa por uma transição, por isso “ainda estão sendo processados os últimos pedidos de visto, que foram protocolados sob a égide da portaria anterior”. 

A diretora explicou que o próximo passo será a publicação de um edital para selecionar instituições da sociedade civil, “que tenham condições e que desejem acolher nacionais afegãos no Brasil”. 

Segundo ela, será um processo “novo e bastante diferente”, conhecido como patrocínio comunitário, inspirado em boas experiências de outros países que trabalham com o tema.

As autoridades observaram que, na prática, a concessão do visto não era suficiente para promover a integração da comunidade afegã no Brasil
Acnur Brasil/Miguel Pachioni
 
As autoridades observaram que, na prática, a concessão do visto não era suficiente para promover a integração da comunidade afegã no Brasil

Tráfico de pessoas e contrabando de migrantes

Luana Medeiros comentou também que o enfrentamento ao tráfico de pessoas e ao contrabando de migrantes é uma das pautas prioritárias do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Está previsto para julho o lançamento do quarto plano nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e o primeiro Plano de Ação de Enfrentamento ao Contrabando de Migrantes. 

A especialista revelou que o crime é cometido por “cadeias criminosas muito complexas que muitas vezes envolvem agentes transnacionais”, que atacam populações que já estão muito vulnerabilizadas. Segundo ela, o Brasil tem uma política “bastante avançada”, que não criminaliza a vítima de tráfico e contrabando e busca proteger essas pessoas. 



Onunews


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segunda-feira, 17 de junho de 2024

Refugiados afegãos chegam à Itália graças aos corredores humanitários

 

AFP

A população global de refugiados aumentou 7 por cento em 2023, atingindo 43,4 milhões durante o ano. A maior proporção de refugiados é proveniente do Afeganistão e da Síria, ambos com 6,4 milhões cada. Segue a Venezuela (6,1 milhões de refugiados e outras pessoas que necessitam de proteção internacional) e a Ucrânia (6,0 milhões de refugiados).

191 refugiados afegãos chegarão no Aeroporto Fiumicino na quinta-feira, 20 de junho, com um voo proveniente de Islamabad, graças aos corredores humanitários promovidos pela Conferência Episcopal Italiana (através da Caritas Italiana), Comunidade de Sant'Egidio, Federação das Igrejas Evangélicas da Itália, Tavola Valdese, Arci, de acordo com os Ministérios do Interior e dos Negócios Estrangeiros.

De acordo com o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (UNHCR), a maior proporção de refugiados em nível mundial provém do Afeganistão e da Síria, ambos com 6,4 milhões, que em conjunto equivalem a um terço de todos os refugiados sob o mandato do ACNUR.

Os cidadãos afegãos, refugiados no Paquistão desde agosto de 2021, serão imediatamente transferidos para diferentes regiões e iniciados na integração, a partir da aprendizagem da língua e da inserção profissional. Tudo isso tornou-se possível graças a este projeto totalmente apoiado pelos órgãos proponentes, apoiado por algumas ONGs incluindo a Solidaire - que contribuiu para a organização do voo do Paquistão, Nove ONGs e Fondazione Pangea, que durante meses colocaram em segurança parte das famílias nas suas safe house (casas seguras). Os refugiados serão, portanto, acolhidos em casas e estruturas disponibilizadas pela Comunidade de Sant'Egidio, pelas Igrejas Protestantes Italianas, pelos clubes Arci, pela Caritas, bem como por associações e cidadãos italianos, que ofereceram os seus apartamentos para acolhê-los.

Às 16h30 de quinta-feira, 20 de junho, será realizada uma recepção aos refugiados e uma coletiva de imprensa no Terminal 5 do Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci, em Fiumicino, com a participação de Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant'Egidio; Daniele Garrone, presidente da Federação das Igrejas Evangélicas na Itália; Filippo Miraglia, gerente nacional de imigração da Arci; Paolo Valente, vice-diretor da Caritas Italiana; representantes do Ministério do Interior e o Ministério das Relações Exteriores e Cooperação Internacional

É necessária a inscrição até quarta-feira, 19 de junho, às 12h00, com um email para com@santegidio.org, indicando nome completo, local e data de nascimento, jornal e eventual matrícula do automóvel para aceder ao parque de estacionamento do Terminal 5. Entrada de jornalistas será permitida até às 16h.

https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Quase 400 imigrantes tentam registrar pedido de refúgio no Aeroporto de Guarulhos

Divulgação/MPF

 O Ministério Público Federal (MPF) articula soluções para uma nova crise humanitária instalada no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Desta vez, centenas de estrangeiros, sobretudo indianos, permanecem na área de imigração do terminal à espera de providências para que possam formalizar o pedido de refúgio no Brasil. 

Em visita ao aeroporto nesta terça-feira, o MPF constatou a presença de quase 400 imigrantes, entre indianos e cidadãos de países africanos. Ainda não há confirmação sobre os motivos para a vinda desses grupos. As informações iniciais indicam que eles chegaram a Guarulhos em diferentes voos nos últimos dias e estão enfrentando problemas para a liberação de entrada. Entre as dificuldades estão falhas no Sisconare, a plataforma digital para o registro de pedidos de refúgio no país.

O MPF já convocou uma reunião emergencial para esta quinta-feira (13). Devem participar do encontro representantes do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), da Polícia Federal, da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), da concessionária GRU Airport e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“A prioridade é definir as medidas necessárias para que se concluam os pedidos de refúgio o mais rápido possível. Os imigrantes estão sob condições precárias no aeroporto e precisam que as autoridades imigratórias adotem soluções com urgência”, destacou o procurador da República Guilherme Rocha Göpfert, que esteve no terminal nesta terça (11) e comandará a reunião na quinta.

Afegãos – O Aeroporto de Guarulhos foi assolado recentemente por outra crise envolvendo refugiados. Parte dos milhares de afegãos que chegaram ao Brasil desde agosto de 2022 se fixaram no terminal, por falta de assistência e condições para se instalar no país. Com vistos humanitários concedidos pelo governo brasileiro para fugirem do regime fundamentalista do Talibã, os imigrantes montaram um acampamento improvisado que recebeu diversas famílias à medida que os sucessivos voos chegavam.

Várias iniciativas de assistência emergencial e acolhimento foram coordenadas desde então a partir de reuniões que o MPF realizou com autoridades federais, estaduais e municipais, entidades da sociedade civil e organizações internacionais. Em dezembro de 2023, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública pedindo o repasse de recursos federais que garantam condições dignas de recepção aos refugiados afegãos mais vulneráveis.


guarulhoshoje.com.br

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quarta-feira, 12 de junho de 2024

Direitos Humanos realiza escuta ativa com grupo de migrantes após catástrofe no Rio Grande do Sul

 Direitos Humanos realiza escuta ativa com grupo de migrantes após catástrofe no Rio Grande do Sul

Representantes do MDHC fizeram um trabalho de acolhimento das demandas (Foto: Divulgação)

A equipe do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), presente no Rio Grande do Sul, após a catástrofe ambiental na região, ouviu, na última semana, demandas de migrantes e refugiados alojados em abrigos de Porto Alegre. Na ocasião, os representantes do MDHC fizeram um trabalho de acolhimento das demandas.

Deliberado pelo Fórum Nacional de Migrantes, Refugiadas e Apátridas (Fomigra) e realizado em parceria com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e a Coordenação-Geral de Migrantes e Refugiados, a reunião teve como objetivo proporcionar um espaço de escuta ativa com cerca de 40 lideranças migrantes, principalmente venezuelanos e haitianos.

Durante a roda de conversa, que ocorreu no Centro Vida Humanístico, foram compartilhados relatos que revelaram as dificuldades enfrentadas no dia a dia dos abrigos. Entre as queixas, destacou-se a preocupação com a segurança dos locais e o acesso aos direitos que a população migrante tem direito.

Outra demanda apresentada foi sobre a falta de autonomia dos migrantes, que muitas vezes não têm a liberdade de cozinhar e inserir elementos de sua cultura e nacionalidade em suas refeições. Os participantes ainda relataram casos de xenofobia vivenciados no local tanto por funcionários do abrigo e da Organização da Sociedade Civil (OSC) responsável pela gestão do espaço quanto pelos próprios alojados.

Texto: E.G.

gov.br/mdh/pt-br

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terça-feira, 11 de junho de 2024

MJSP, OBMigra e Acnur lançam relatórios sobre refugiados na próxima quinta-feira (13)

 

Foto: Banco de Imagens

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Observatório das Migrações Internacionais (ObMigra) e a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) lançam, nesta quinta-feira (13), o relatório internacional “Tendências Globais – Deslocamento Forçado em 2023”, e o relatório “Refúgio em Números”. O evento será às 9h30, no auditório Tancredo Neves, no Palácio da Justiça.

Os documentos traçam estatísticas atuais e o perfil das populações refugiadas, solicitantes de asilo, apátridas e migrantes no Brasil. Os lançamentos remetem ao Dia Mundial do Refugiado, lembrado no Brasil e no mundo em 20 de junho.

Os relatórios e informações atualizadas sobre o contexto das pessoas deslocadas de forma forçada serão compartilhados por representantes do MJSP, do Ministério das Relações Exteriores (MRE), da Polícia Federal (PF),da Acnur, do ObMigra e da Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH).

O evento será realizado de maneira híbrida (presencial e online). Para confirmar a participação, é preciso realizar a inscrição prévia por meio deste formulário. O lançamento também poderá ser acompanhado pelos canais do Youtube do MJSP e da Acnur Brasil.

gov.br/mj

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sábado, 8 de junho de 2024

Migrantes no México e na América Central enfrentam violência e abusos

 

Acampamento informal de migrantes no abrigo Senda de Vida 2 em Reynosa, Tamaulipas. México. © MSF

Os migrantes que atravessam o México e a América Central encontram-se em um estado sem precedentes de vulnerabilidade. Nas diversas áreas de trabalho de Médicos Sem Fronteiras (MSF) – medicina, saúde mental, serviço social e promoção da saúde – pudemos confirmar as inúmeras doenças que as pessoas são acometidas ao empreender a perigosa jornada para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida.

Em razão disso, produzimos o relatório “Violência, desespero e abandono na rota migratória”*, no qual detalhamos os abusos provocados à saúde e à segurança dos migrantes, principalmente pelas condições impostas pela legislação de imigração discriminatória, que torna a rota mais difícil e arriscada para essa população.

O relatório destaca o impacto médico-humanitário das políticas e práticas de imigração na América Central e no México, abordando as consequências devastadoras na saúde física e mental dos migrantes.

MSF pede urgentemente uma melhor resposta médico-humanitária na região com o objetivo de atender às crescentes necessidades de saúde e proteção dos migrantes.

Nosso relatório também evidencia o aumento do fluxo migratório em relação aos anos anteriores, as doenças e condições de saúde mental mais prevalentes constatadas em consultas médicas, a violência que migrantes enfrentam ao longo do percurso e a insuficiente resposta institucional que sofrem.

Além disso, o documento enfatiza as necessidades básicas não atendidas – tais como abrigo, alimentação, água, saneamento, cuidados médicos – e violações dos direitos humanos ao longo da jornada de migração.

Duas crianças carregam água potável coletada de um dos tanques instalados por MSF no acampamento informal de migrantes à beira do Rio Bravo, que separa Matamoros, em Tamaulipas, de Brownsville, no Texas. México. © MSF

Atendimento

Nossas equipes forneceram mais de 67 mil consultas de saúde geral e psicossocial entre Honduras, Guatemala e México em 2023, o que demonstra o aumento das necessidades de cuidados para saúde física e mental dessas populações migrantes.

Esses fatores são ainda mais preocupantes quando se constata a insuficiência no acesso aos serviços essenciais, diante de um contexto em que se verifica um aumento da presença de famílias inteiras, bem como aumento acentuado de 36% de meninas e meninos menores de 5 anos de idade atendidos, em comparação com 2022.

Além disso, a violência aumentou consideravelmente nas diferentes rotas. Destacamos a atenção aos casos de violência sexual, uma das formas mais atrozes de violência enfrentadas por migrantes na América Central e no México.

Em 2023, atendemos 232 sobreviventes de violência sexual, o que representa uma emergência médica que requer atendimento prioritário e integral. Destas vítimas, apenas 10% foram atendidas em até 72 horas após o ocorrido, período vital para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e outros problemas de saúde.

Casos subnotificados

Sabendo que os números não refletem plenamente a realidade e que os casos são subnotificados, a falta de atenção médica no tempo certo é preocupante. Os casos de violência afetam radicalmente estas populações especialmente vulnerabilizadas nas suas condições físicas e emocionais.

É ainda mais lamentável constatar que muitas destas pessoas fogem dos seus países por causa da violência, encorajadas pela esperança de um futuro melhor, para logo se depararem no seu caminho com outros casos de violência e sofrimento.
Além do cansaço físico e emocional, esses fatores evidenciam o impacto negativo da experiência migratória na saúde mental dos migrantes.

Dos quase 3.800 serviços de saúde mental em Honduras, Guatemala e México, 48% tiveram o estresse agudo como principal diagnóstico, seguido por casos de depressão (12%), ansiedade (11%) e transtorno de estresse pós-traumático (8%), entre outros.

O desafio de enfrentar o percurso em situação irregular e as condições em que se encontram nestes contextos contribuem para a exposição, muitas vezes prolongada, a elevados níveis de estresse. Em mais da metade das consultas iniciais de saúde mental, a violência apareceu como principal categoria de fator precipitante de afetação emocional, seguida da separação ou perda de algum familiar (32%) e de alguma condição médica (7%).

Problemas de saúde

Em termos de saúde física, o relatório enfatiza as doenças respiratórias e gastrointestinais que afetam os migrantes ao longo das suas jornadas, mas especialmente em Honduras e na Guatemala. Em seguida, detalha com preocupação as lacunas no cuidado às doenças crônicas, que necessitam de continuidade no seu tratamento, bem como de acompanhamento para evitar agravamento do quadro, descompensação e morte.

Médica de MSF conversa com uma mulher haitiana que está em um acampamento informal de migrantes no parque Tlahuac, na Cidade do México. © MSF

Os migrantes com essas condições costumam procurar mais cuidados em território mexicano, principalmente nas cidades que fazem fronteira com os Estados Unidos. Nesse sentido, houve três vezes mais consultas de hipertensão e duas vezes mais consultas de diabetes no México do que em Honduras e Guatemala.

MSF apela por uma melhor resposta médico-humanitária urgente na região, com o objetivo de atender às crescentes necessidades de saúde e proteção dos migrantes. Pedimos por uma melhor gestão da segurança, pela garantia de acesso a serviços essenciais para os migrantes sem discriminação, racismo e xenofobia, além do fim da impunidade em casos de violência física, violência sexual e tráfico humanos contra a população migrante.

https://www.msf.org.br/noticias/migrante

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sexta-feira, 7 de junho de 2024

Sesc promove o “5º Festival de Música de Câmara”

Fotomontagem Jornal da USP com imagens de: Sesc São Paulo
 

Entre os dias 6 e 16 de junho acontece o 5º Festival Sesc de Música de Câmara. Ao longo do evento, serão realizados 26 espetáculos, incluindo concertos e atividades educativas, que terão a participação de instrumentistas do Brasil e de outros seis países. A curadoria do festival é da produtora cultural Claudia Toni – ex-diretora de Difusão do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP e ex-assessora da Reitoria da USP -, do professor Ricardo Ballestero, do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e do pianista Cristian Budu, formado por aquele departamento. A programação completa do evento, que acontece em diferentes unidades do Sesc na capital e no interior, está disponível neste link.

Claudia Toni, curadora do festival – Foto: Heloísa Bortz

Entre as atrações internacionais do festival estão o conjunto britânico especializado em música barroca Florilegium, dirigido por Ashley Solomon, Trio Peckham – integrado pelo violonista brasileiro Plínio Fernandes – e os grupos bolivianos Coro Arakaendar e La Sociedad Boliviana de Música de Cámara.  

A programação inclui concerto dedicado à música colonial latino-americana com obras pertencentes aos Arquivos das Missões Jesuíticas de Chiquitos, na Bolívia, apresentações com músicas de câmara datadas desde o período barroco até hoje, entre elas obras de Radamés Gnatalli e Astor Piazzola, e uma versão adaptada e traduzida de A História do Soldado, de Stravinsky, assinada pelo autor boliviano radicado no Brasil Gabriel Mamani. Será exibida também uma ópera contemporânea de Leonard Evers, inspirada no conto O Pescador e Sua Mulher, dos Irmãos Grimm.

Sob encomenda do festival, a compositora Silvia Berg, professora do Departamento de Música da ECA, criou arranjos para canções da compositora brasileira Dinorá de Carvalho (1895-1980). O fagotista Fabio Cury, também professor da ECA, será solista no espetáculo Suíte Barroca.

“Ao reunir um elenco diverso e programas originais, o 5º Festival Sesc de Música de Câmara traz um olhar especial para a música e os músicos da América Latina, incluindo jovens artistas brasileiros que dividem o palco com intérpretes de diferentes países”, informou a assessoria de imprensa do festival, em nota para a imprensa. “Obras pertencentes a importantes coleções de música histórica sul-americana, incluindo repertório vocal com acompanhamento instrumental, integram um dos programas. Datadas dos séculos 17 e 18, tais coleções refletem a produção das missões jesuíticas fundadas entre os povos indígenas do continente, em especial na Bolívia na década de 1670”.

5º Festival Sesc de Música de Câmara acontece de 6 a 16 de junho nas unidades do Sesc Bom Retiro e Consolação e no Centro de Pesquisa e Formação (CPF), em São Paulo, no Sesc Jundiaí e no Sesc Sorocaba, e nas igrejas Catedral Evangélica de São Paulo e Paróquia Nossa Senhora da Paz, em São Paulo, e Catedral Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí. A programação completa do festival, endereços e preços do ingresso estão disponíveis no site do evento.

Jornal Usp

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