O Brasil alcançou, em 2025, o maior número já registrado de estrangeiros formalizados como Microempreendedores Individuais (MEI). De acordo com dados oficiais coletados pelo Sebrae, 85.433 imigrantes mantêm CNPJ ativo na categoria em julho de 2025, o que representa um crescimento de 11% em relação a 2024 e um salto de 99% desde 2019, quando o total era de 42,9 mil.
Apesar da alta, os estrangeiros ainda representam uma fatia modesta do universo de MEIs no país: apenas 0,70% do total de 12,1 milhões de microempreendedores individuais brasileiros.
Roraima lidera em proporção de imigrantes MEI
Embora São Paulo concentre o maior número absoluto de estrangeiros formalizados como MEI (cerca de 32,9 mil), é Roraima quem lidera em proporção: 9,76% dos MEIs ativos no estado são imigrantes — a maior taxa do país. Lá, os venezuelanos formam a maioria, reflexo do fluxo migratório impulsionado pela crise humanitária no país vizinho.
Na região Norte, o estado só perde em número absoluto para o Pará, mas se destaca pela densidade. Roraima soma 2.040 CNPJs ativos de estrangeiros, número significativo diante da população do estado.
Entre os estrangeiros com MEI ativo no Brasil, 66% vêm de países da América do Sul. O ranking é liderado pelos venezuelanos (17,8 mil, ou 20,9% do total), seguidos por:
- Bolivianos: 11,9 mil (14%)
- Colombianos: 8,7 mil
- Argentinos: 7 mil
- Uruguaios: 3,8 mil
- Haitianos: 3,5 mil
- Paraguaios: 3,4 mil
- Peruanos: 3,3 mil
- Portugueses: 2,8 mil
- Cubanos: 2,7 mil
Roupas e beleza entre as principais atividades
Os estrangeiros que optam por empreender no Brasil têm se concentrado em atividades com baixo custo de entrada e forte presença no setor de serviços. As ocupações mais comuns são:
- Comércio varejista de vestuário e acessórios (11,5%)
- Confecção de roupas (10%)
- Cabeleireiros e estética (6,3%)
- Aulas particulares e ensino (5%)
Capacitação e inclusão: apoio do Sebrae e ACNUR
Diante do crescimento do empreendedorismo entre migrantes e refugiados, diversas entidades têm oferecido suporte específico. Uma delas é a plataforma Refugiados Empreendedores, criada pela ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) e pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil, com apoio do Sebrae.
A ferramenta reúne mais de 160 negócios liderados por refugiados no país, conectando-os a oportunidades de capacitação e divulgação. O Sebrae também oferece consultorias específicas para imigrantes, como foi o caso da artesã venezuelana Norelis Madriz, que buscou orientação para sair da informalidade.
Como um estrangeiro pode se formalizar como MEI?
Para abrir um MEI no Brasil, o estrangeiro precisa acessar a plataforma gov.br e apresentar um dos seguintes documentos:
- Carteira Nacional de Registro Migratório (CRNM)
- Documento Provisório de Registro Nacional Migratório
- Protocolo de Solicitação de Refúgio
Todos esses registros devem estar devidamente cadastrados junto à Polícia Federal.
Evolução do número de estrangeiros MEI no Brasil:
- 2019: 42,9 mil
- 2023: 74,2 mil
- 2024: 76,8 mil
- 2025: 85,4 mil
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