sábado, 31 de dezembro de 2016

Contra preconceito, jovens de Cascavel apagam pichações xenofóbicas da cidade

Foto :Facebook
Integrantes da União da Juventude Socialista (UJS) de Cascavel, no oeste do Paraná, se reuniram em um ato simbólico nesta quinta-feira (29) para apagar as pichações xenofóbicas feitas em uma das praças centrais da cidade. O município é o segundo principal destino do Paraná de haitianos que imigram para o Brasil e, atualmente, abriga 1.568 estrangeiros, de acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).
A militante do grupo, Stefany Kovalski, afirmou que a atitude foi adotada para evitar o discurso de ódio.  “Nós resolvemos agir e tampar as ofensas racistas. Vivemos em uma sociedade democrática e precisamos de um mínimo de respeito. Isso não ofende apenas os haitianos que moram em Cascavel, como também todos os jovens que acreditam que o respeito e a cultura são soluções para um mundo melhor.”
Curitiba é a cidade do Paraná que mais recebe imigrantes, abrigando 4.529 pessoas em 2015. O estado é o terceiro com maior número de estrangeiros no mercado de trabalho.
Parana Portal 

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Ativistas listam oito desafios das populações migrantes nas cidades brasileiras

Este artigo foi escrito por Danilo Mekari e originalmente publicado na página Portal do Aprendiz com o título "Ativistas listam oito desafios das populações migrantes nas cidades brasileiras" em abril de 2016.
A cultura e sabedoria migrante está mais do que espalhada pelo Brasil – está enraizada. As migrações internas, de norte a sul do país, promoveram espaços e lugares de trocas e resultaram na formação de um caldeirão de cultura, saberes e tradições que dão o tom de um país multicultural e diverso.
Migrações externas também tiveram um papel fundamental no desenvolvimento nacional, contribuindo de inúmeras formas para a expansão do conhecimento. Uma recente onda migratória – muito estimulada por situações de refúgio – continua trazendo riqueza cultural e étnica para as cidades brasileiras.
Portanto, não faltam razões para comemorar a presença de migrantes de incontáveis origens em solo brasileiro. Por outro lado, não são poucos os motivos para se preocupar com questões que, de tão antigas, soam como repetitivas: dificuldades de integração, racismo, barreiras linguísticas e burocráticas, xenofobia e preconceito que ainda assolam grande parte das pessoas que escolhem sair de sua terra natal em busca de melhores oportunidades de vida.
No início de dezembro, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2516/15, que instaura uma nova Lei de Migrações em detrimento do antiquado Estatuto do Estrangeiro, estabelecido em 1980, durante a ditadura militar. De acordo com organizações envolvidas na discussão, como a Cáritas, a Conectas e a Missão Paz, o novo documento aborda o tema sob o ponto de vista dos direitos humanos.
Hoje, por exemplo, migrantes não podem participar de protestos ou sindicatos, correndo o risco de serem expulsos do país ou presos se não estiverem com a situação regularizada. A nova lei, além de garantir o direito à participação em manifestações e entidades trabalhistas, também amplia a política de vistos humanitários, hoje provisória e somente aplicada para sírios e haitianos. A medida permite que pessoas em situação de risco possam solicitar refúgio internacional no Brasil.
Portal Aprendiz conversou com oito pessoas envolvidas com a temática – desde migrantes a integrantes de coletivos que lutam por mais direitos à essa população e do poder público – para entender como as cidades brasileiras trabalham essa questão em diferentes aspectos. Saiba mais a seguir.

1# Memória



Miguel Dores, representante do Visto Permanente (natural de Portugal, está no Brasil desde 2013)
Trabalhamos com memória e patrimônio através do acervo artísticos de migrantes que moram em São Paulo e a partir do conceito de direito à cidade. Uma das imposições essenciais que se fazem à migração é que seja temporária, circunscrita em um espaço de tempo. Isso se projeta nas políticas públicas e na forma como o Estado vê, legislativamente, a figura do migrante.
O direito à memória é um direito à ser daqui, em termos culturais, e não dentro de uma visão de aculturação do sujeito migrante, como uma forma de não aceitar o direito do migrante a pertencer a esse espaço, com uma cultura que lhe seja estranha.
Devemos resistir à aculturação e lutar para que os migrantes possam produzir a sua cultura e forma de vida dentro da cidade, construindo um acervo de memórias e expressões artísticas. É preciso trazer outras cidades para a mesma cidade.

2# Cultura



Cortesia de Portal do Aprendiz
Antonio Andrade, fundador da plataforma Bolívia Cultural (natural da Bolívia)
O direito à cultura é pleno para o ser humano, e o migrante tem que participar dessa plenitude não mais como migrante, mas sim como humano. O respeito e empoderamento da sua cultura em um ambiente estrangeiro deve ser muito mais estimulado, pois isso vai produzir dentro da comunidade uma confiança e conquista da nossa identidade de uma forma muito mais agregadora para a sociedade brasileira.
Se eu como migrante conquisto a minha cultura e posso compartilhar isso com o brasileiro, todos ganhamos. Somos imigrantes a partir do momento em que pudermos manter essa identidade cultural. Se bem estimulada, a cultura vai ajudar o imigrante a produzir mais e melhor, facilitando a sua integração na sociedade.
Um exemplo claro: imigrantes japoneses, alemães e italianos, hoje já bem integrados, agregaram muito ao crescimento da cidade. Nesse momento, falta incentivo ao imigrante latino e africano.
A cultura é a melhor ferramenta para combater o preconceito. Tem esse papel de mostrar como a nossa cultura é semelhante a brasileira, mesmo com distintas facetas. A cultura confirma que somos diferentes, mas ao mesmo tempo que somos iguais.

3# Acolhimento



Cortesia de Portal do Aprendiz
José Martin Pumla, da Missão Paz (natural da Bolívia, está no Brasil há quatro anos)
Temos leis que favorecem os migrantes, mas poucas são cumpridas. Que os façam cumpri-las! Melhor maneira de acolher a pessoa é através da informação, promovendo o conhecimento. Muitas vezes não conhecemos a lei e ficamos quietinhos, sem falar pois não sabemos. O melhor trabalho que temos a fazer é promover essas leis para garantir esses direitos.
Participo da Rádio Migrante, que divulga direitos dos migrantes como Educação, Saúde e Trabalho. Temos um caminho muito longo para percorrer ainda.

4# Gênero



Cortesia de Portal do Aprendiz
Jobana Moya, da Equipe de Base Warmis – Convergência de Culturas (natural da Bolívia, há nove anos no Brasil)
A luta do movimento imigrante  tem sido fundamental para a construção de políticas públicas  na cidade de São Paulo, porém precisamos que se inclua a interculturalidade como eixo transversal, já que os imigrantes trazem consigo a sua cultura – e ela deve ser contemplada tanto na construção como na implementação de políticas públicas.
Para termos uma cidadania plena precisamos ter direito ao voto, caso contrário seguiremos sendo cidadãos de segunda classe. 
Seja homem ou mulher, qualquer migrante é discriminado. Sendo mulher – porque existe o machismo em todo o mundo – claro que somos mais discriminadas e invisibilizadas. O homem migrante vai ter um pouco mais de coragem de falar e sair na cidade, mas as mulheres imigrantes não. Se para as mulheres locais  já é difícil, então para as mulheres imigrantes e refugiadas é ainda mais. Atualmente, no entanto, as mulheres imigrantes jogam um papel importante, dando visibilidade à discussão de acesso à direitos e respeito à nossa diversidade cultural.

5# Participação social



Cortesia de Portal do Aprendiz
Veronica Yurja, coordenadora do Si Yo Puedo (natural da Bolívia, está no Brasil há 25 anos)

O direito de migrar sempre existiu e sempre vai existir. Por isso, se uma cidade começar respeitando esse direito, ela vai respeitar mais os direitos humanos. A cidade deve ter garantias mínimas para aqueles que estão em condições vulneráveis, independente de ser migrante ou não. Uma cidade que respeita isso deveria valorizar o bilinguismo e respeitar a interculturalidade e as novas culturas que estão chegando.
Como o Brasil ainda tem uma legislação antiga como o Estatuto do Estrangeiro, a participação social está tolhida. É uma legislação retrógrada, na qual os migrantes não têm direito nem a se manifestar.
A participação social das comunidades migrantes tem sido apoiada nos últimos anos em São Paulo, com iniciativas de cultura, direitos humanos e educação. Se o direito político do voto for estendido para a gente, ajudará muito também.
A nova lei aprovada pelo Congresso ainda não é ideal. Ela traz um viés de direitos humanos, mas em outros pontos oficializa práticas como deportação. Ou seja, ainda precisa ser refinada, mas pelo menos indica uma perspectiva de mudança.

6# Gestão Pública e direito à cidade



Cortesia de Portal do Aprendiz
A gente estruturou boa parte das políticas públicas de forma que não fossem só ações pontuais e temporárias, mas que pudessem ter uma permanência e continuidade. Antigamente a migração era tratada sempre de forma fragmentada e pontual, e não permanente.
Temos cinco ações que foram estruturantes nesse processo: a criação da coordenação dentro da SMDHC, com uma equipe técnica e orçamento específico dedicado ao tema; a criação do Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes; os centros de acolhida com quase 600 vagas somente para imigrantes e refugiados; a lei que institui a Política Municipal para a População Imigrante; e a criação do Conselho Municipal de Imigrantes. Esperamos que essas ações estruturem e deem diretrizes para que o município siga respeitando os direitos dessa população. 
Ao longo dos últimos quatro anos, fizemos ações em conjunto com a coordenadoria de direito à cidade, justamente para promover a ocupação do espaço público por migrantes e coletivos culturais. Uma ação na Praça Kantuta, tradicional ponto de ocupação da comunidade latina, levou durante seis meses oficinas, apropriação do espaço, hortas comunitárias. Também buscamos regularizar uma série de feiras gastronômicas e culturais da população migrante em São Paulo, como na rua Coimbra, no Largo do Rosário e na Vila Prudente.

7# Infâncias Migrantes



Cortesia de Portal do Aprendiz
Daniela Guimarães, idealizadora do Coral Somos Iguais

Através da música, a gente oferece oportunidade de crianças refugiadas interagirem em uma convivência de diferentes culturas, fortalecendo a imagem que essas crianças têm de si mesmas e da comunidade imigrante no geral. Acredito que, além de ser uma oportunidade de se profissionalizar, o Coral pode fortalecer o respeito mútuo, mostrando para todos que as diferenças podem ser administradas de forma pacífica.
O coral é formado por 21 crianças de Angola, Congo e Síria. Todos são filhos de refugiados. Elas dizem através da música o que sentem e dão exemplo de como conviver pacificamente com diferentes culturas e religiões.

8# Acesso aos bens culturais



Cortesia de Portal do Aprendiz
Marília Bonas, diretora do Museu da Imigração
Devemos garantir que todo cidadão – migrante ou não – se sinta no direito do usufruto pleno da cidade, garantindo sua segurança e direito de expressão.
Um segundo ponto é, de fato, ampliar a acessibilidade – sob diferentes pontos de vista – do que é já oferecido com a valorização de pontos/centros de informação virtuais ou físicos sobre a programação da cidade (com materiais em diversas línguas), destaques da programação (com gratuidades e preços) e mapas de transporte público, por exemplo.
No caso das instituições culturais, o desafio além de garantir a acessibilidade física, é ampliar a acessibilidade intelectual e linguística para os mais diversos públicos, com textos que proponham diversos tipos de experiência e interpretação, nas várias línguas usadas na cidade, por exemplo.
Todas as fotos desta reportagem foram feitas durante o Fórum Social Mundial das Migrações de 2016, em São Paulo.
 Portal Aprendiz

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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

La migración no para: encuentra nuevas rutas

En su mayoría viajaban a lomos de La Bestia, pero la excesiva vigilancia del ferrocarril los obligó a cambiar de transporte. Ahora se desplazan en autobuses de pasajeros o hacinados en tráileres y camionetas. No importa cómo, pero decenas de miles de centroamericanos persisten en su afán de llegar a Estados Unidos, a despecho de que los gobiernos de ese país y de México eroguen ingentes cantidades en la aplicación de programas de contención. Nada parece ser capaz de detener el flujo de personas que huyen de la violencia del llamado Triángulo Norte de Centroamérica

Por conducto de la Oficina Internacional de Asuntos Antinarcóticos y Aplicación de la Ley (INL) y con fondos de la Iniciativa Mérida, el gobierno de Barack Obama financia desde mayo pasado un programa de capacitación a funcionarios mexicanos para desmantelar las redes de tráfico de migrantes que operan en el país, las mismas que decenas de miles de centroamericanos contratan cada año para alcanzar la frontera estadounidense.
Se trata del Proyecto Nacional contra el Tráfico Ilícito de Migrantes 2016-2018, ejecutado por la Oficina de las Naciones Unidas contra la Droga y el Delito (ONUDD) “en estrecha coordinación” con la Procuraduría General de la República (PGR).
Como parte de este proyecto, agentes estadounidenses de seguridad empezaron a capacitar a funcionarios de la PGR y de la Policía Federal (PF), así como a “funcionarios federales ubicados en estados seleccionados de la República y a autoridades estatales” para detectar, investigar y perseguir el tráfico de migrantes, con “un enfoque de delincuencia organizada trasnacional”, incluyendo una vertiente de investigación financiera.
Los estados “seleccionados” son los 10 fronterizos –del norte y del sur–, además de Oaxaca, Durango, Jalisco, San Luis Potosí, Estado de México, Tlaxcala y Veracruz.
El objetivo del proyecto –cuya copia obtuvo Proceso mediante una solicitud de acceso a la información– es “apoyar los esfuerzos del gobierno mexicano para hacer frente al tráfico ilícito de migrantes, prestando especial atención a los procesos interinstitucionales para prevenir, detectar y perseguir el delito, así como proveer asistencia a los migrantes objeto de tráfico”.
El documento no especifica la cantidad de dinero que el Departamento de Estado –del que depende la INL– erogará para su aplicación.
‘‘DEBATE LEGISLATIVO’’
Uno de los componentes del proyecto plantea la impartición de “asesoría especializada” a la Unidad de Investigación de Delitos contra Personas Migrantes de la PGR –creada el 18 de diciembre de 2015–, así como “asistencia legislativa”, que consiste en un “debate legislativo” y la participación en un foro internacional de intercambio de buenas prácticas.
También prevé el desarrollo de campañas de comunicación dirigidas a las autoridades de los tres niveles de gobierno para informar sobre el tráfico de migrantes. Para ello, el proyecto considera cuatro mesas de trabajo en México y dos en Estados Unidos.
El proyecto se había dado inicio el pasado 30 de agosto, cuando Arely Gómez, extitular de la PGR, lo presentó junto con Roberta Jacobson –la embajadora de Estados Unidos en México–, Antonio Luigi Mazzitelli –representante en México de la ONUDD–, así como funcionarios de las secretarías de Gobernación y de Relaciones Exteriores.
El pasado 9 de mayo se instaló la primera sesión de trabajo en el Salón Justicia de la PGR, donde se presentó formalmente el proyecto; otras se llevaron a cabo en Guadalajara, el 1 de septiembre; Hermosillo, el 8 de septiembre; Mexicali, el 22 de octubre; y Toluca, el 10 de noviembre.
Del 22 al 26 de agosto se reunieron 21 funcionarios de la PGR y la PF en el Centro Nacional de Capacitación y Adiestramiento de la Cruz Roja Mexicana de Toluca, donde recibieron el taller “Fortalecimiento de las capacidades de funcionarios encargados de la aplicación de la ley para la detención, investigación y persecución del delito de tráfico ilícito de migrantes”.
Participaron los agregados de la PGR para Centroamérica y el Caribe y América del Sur, así como de las ciudades estadounidenses de San Diego, El Paso, San Antonio y Los Ángeles, según las constancias que la PGR proporcionó a Proceso.
EL FLUJO SIGUE
A mediados de 2014, el presidente Enrique Peña Nieto oficializó el endurecimiento de la política migratoria con la aplicación del llamado Programa Frontera Sur (PFS). Como consecuencia, el Instituto Nacional de Migración (INM) multiplicó los operativos en las carreteras, pero también en el ferrocarril que atraviesa México de sur a norte.
En los últimos tres años el INM detuvo a 429 mil 407 migrantes centroamericanos, de los cuales deportó a 402 mil 76.
En 2015, por primera vez México deportó a un mayor número de centroamericanos que Estados Unidos: el INM reportó 176 mil 726 deportaciones, y las autoridades estadounidenses, 76 mil 345.
Los migrantes centroamericanos siguen llegando a la frontera norte de México, así como a Estados Unidos: entre enero y octubre de este año, el INM detuvo a 4 mil 500 en Coahuila, 2 mil 951 en Nuevo León y 9 mil 700 en Tamaulipas, tres estados colindantes con Texas.
Entre octubre de 2015 y el mismo mes de 2016, la Patrulla Fronteriza estadunidense detuvo a 218 mil 110 migrantes “otros que mexicanos” –prácticamente todos originarios de Centroamérica– en la frontera con México, informó Jeh Johnson, el director del Departamento de Seguridad Nacional, el pasado 18 de octubre. 140 mil 496 de ellos fueron detenidos en Valle del Río Grande, Texas.
Previo al incremento de los operativos, los migrantes de origen centroamericano más pobres se subían en los vagones del tren de carga –La Bestia– para llegar a la frontera estadounidense.
En entrevistas por separado, trabajadores de tres albergues de migrantes en Nuevo León, Tamaulipas y Coahuila, afirman a Proceso que el flujo de migrantes que viajan en tren disminuyó.
A la par, sostienen que para el traslado de migrantes se incrementó el uso de líneas comerciales de autobuses –sobre todo entre mujeres y menores de edad, pese al riesgo de ser detectados en los retenes carreteros y posteriormente deportados– y de los tráileres operados por traficantes.
En Saltillo, por ejemplo, bajaban del tren más de 300 personas al día antes de la puesta en marcha del PFS; ahora son menos de 50, dice Javier Martínez, del área de protección de la Casa del Migrante de Saltillo.
“A pesar del Programa Frontera Sur, la migración no para, porque hay una situación muy grave por la violencia en Centroamérica; las pandillas amenazan de muerte a las familias, o de reclutar a sus hijos; la migración se da más por eso que por razones económicas”, insiste. Y subraya: “Los migrantes encuentran siempre una manera de seguir viajando”.
…Y EN REYNOSA
En Reynosa, Tamaulipas, ocurrió lo mismo: según el pastor Héctor Joaquín Silva, responsable del albergue Senda de Vida, en los últimos meses “ha bajado” el flujo de migrantes que viajan por tren; sin embargo recalca que el número de migrantes “se mantiene”: indica que se generalizó la modalidad de viajar por autobuses de línea a la ciudad fronteriza, pero también en vehículos privados, “engañados” –y a veces secuestrados– por traficantes, precisa.
En Monterrey incluso se incrementó más de 60% el número de migrantes que acudió al albergue Casanicolás, asevera Victoria Ríos Infante, coordinadora de vinculación de esta institución: en 2015 llegaban en promedio 90 personas por mes; este año la cantidad se elevó a 149. “Vemos al migrante más cansado, física y emocionalmente, que antes del Programa Frontera Sur”, plantea.
Ríos desconoce la magnitud del tráfico de personas en la zona, ya que los migrantes que usan los servicios de traficantes no se hospedan en el albergue. “Hay un número considerable de migrantes en hoteles pequeños, de más bajo costo, de la zona centro de Monterrey”, declara.
HECHOS SUCESIVOS
En los últimos meses se sucedieron detenciones masivas de migrantes que viajaban hacinados en tráileres.
El 26 de septiembre pasado, siete agentes del INM fueron atacados con armas de fuego por traficantes de personas en la carretera transístmica 185, en Oaxaca. Los agentes habían detenido a un traficante que llevaba 25 migrantes en la caja de una pick up, cuando los alcanzaron cinco personas armadas a bordo de motocicletas; éstas les dispararon y los obligaron a detenerse. Liberaron al traficante y se llevaron a los migrantes.
El 4 de octubre, el INM informó que un grupo de traficantes de personas abandonó a alrededor de 55 migrantes en el municipio veracruzano de Tres Valles, al notar que cuatro de ellos habían muerto de asfixia y deshidratación durante un viaje de 48 horas, sin escalas, en una camioneta cerrada, con logotipos clonados de Correos de México.
El siguiente 13 de octubre, al revisar dos vagonetas en la carretera que va de Ciudad Valles, San Luis Potosí, a Ciudad Victoria, Tamaulipas, agentes de la PF encontraron hacinados en los vehículos a 122 migrantes, 45 de ellos menores de edad.
Tres semanas más tarde, el 2 de noviembre, un tráiler fue detenido en un retén del INM en la carretera Villahermosa-Cárdenas, Tabasco. En la caja estaban amontonados 94 centroamericanos, entre ellos 43 menores. El mismo día, en la carretera libre Aguascalientes-Zacatecas, el INM detuvo un autobús en el que viajaban 92 indocumentados, entre ellos 23 menores.
De acuerdo con el Informe Mundial sobre Tráfico de Personas 2016, que la ONUDD publicó este miércoles 21, las autoridades mexicanas sentencian a entre 60 y 100 traficantes de personas cada año desde 2012, la mayoría de ellas provenientes de Centroamérica.
Los fondos de la Iniciativa Mérida
No es la primera vez que Washington destina fondos de la Iniciativa Mérida para reforzar la política de contención migratoria en México.
En febrero y marzo pasados, informes del Servicio de Investigación del Congreso (CRS) señalaron que, de acuerdo con el tercer pilar de la Iniciativa Mérida –que consiste en crear una “frontera del siglo XXI”–, el gobierno de Obama erogó casi 20 millones de dólares para reforzar la frontera sur de México.
Estos fondos se destinaron a la instalación de kioscos móviles, adiestramiento a equipos caninos y capacitación para agentes migratorios, “incluyendo el monitoreo de migrantes vulnerables, traficantes y terroristas potenciales”, según el informe Cooperación en Seguridad EU-México: la Iniciativa Mérida y más allá, publicado el 22 de febrero.
En el segundo informe, Los recientes esfuerzos de México en ordenar la migración, publicado el 9 de marzo, el CRS recordó que la Agencia de Inmigración y Aduanas creó en México una Unidad de Investigación del Crimen Trasnacional, que investiga el tráfico de personas, y que el Departamento de Defensa entrenó y equipó a las fuerzas armadas mexicanas.
Además señaló que “el Departamento de Estado reprogramó recientemente 60 millones de dólares (mil 122 millones de pesos, según el valor promedio de cambio en 2016) de fondos no erogados durante años previos para apoyar proyectos existentes, una red de comunicación segura para agencias mexicanas en la frontera sur y equipo biométrico para el INM”.
Y añadió: “Una amplia porción de los 70 millones de dólares (mil 309 millones de pesos, según el mismo cambio promedio anual) que el Departamento de Estado dedicó a los programas de seguridad fronteriza (norte y sur) con fondos de los años fiscales 2013-2015 se usarán para los esfuerzos de la frontera sur”.
En el presupuesto para 2016, la Secretaría de Hacienda destinó mil 809 millones de pesos al INM, 88% de los cuales se destinó a cubrir la nómina.
El Mañana

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Refugiada síria usa habilidades de natação para resgatar pessoas

As nadadoras Sarah e Yusra Mardini ajudaram a salvar 18 refugiados quando uma embarcação na qual elas estavam afundou na Grécia. Agora, Sarah é salva-vidas voluntária nas mesmas águas.
A bordo de um barco de busca e resgate no mar Egeu, a salva-vidas Sarah Mardini observa o horizonte com a ajuda de binóculos, procurando por botes transportando refugiados vindos da Turquia.
Em agosto de 2015, ela e Yusra, sua irmã mais nova, fizeram a mesma rota perigosa em direção a Lesvos, para fugir da guerra na Síria, sua terra natal.
Nadadoras de elite treinadas, elas cativaram as pessoas ao redor do mundo, primeiro por conta do resgate de seus 18 companheiros de viagem após falha no motor do barco, e novamente quando Yusra, de 18 anos, fez história quando competiu nos jogos olímpicos do Rio este ano integrando a primeira equipe olímpica de atletas refugiados.
Neste outono, Sarah, de 21 anos, voltou para Lesvos para atuar como salva-vidas voluntária no Centro de Resposta Internacional Europeu (ERCI), uma organização humanitária grega sem fins lucrativos que ajuda refugiados que correm perigo quando tentam chegar à ilha.
"Eu converso com eles. Eu lhes digo: 'Eu sei o que vocês sentem porque eu passei por isso’."
Ela trabalha em uma equipe de quatro pessoas: socorrista, capitão, médico e tradutor. Na água, Sarah é frequentemente a que acalma os refugiados, muitos dos quais não sabem nadar.
"Eu converso com eles. Eu lhes digo: 'Eu sei o que vocês sentem porque eu passei por isso. Eu vivi, e eu sobrevivi", diz. "E eles se sentem melhor porque eu sou uma refugiada como eles".
De acordo com o ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, 2016 foi o ano mais letal para os refugiados e migrantes que atravessam mar Mediterrâneo. Mais de cinco mil vidas foram perdidas, principalmente na rota do Mediterrâneo Central.
O número de mortos ressalta a importância das equipes de busca e resgate, como o ERCI.
Por ter fugido da guerra na Síria e atravessado o Mar Egeu, ela quer ajudar outros refugiados desesperados que se arriscam na mesma viagem perigosa. © UNHCR/Achilleas Zavallis
O ERCI trabalha com a Guarda Costeira Grega e com a Agência Frontex para salvar as vidas das pessoas em perigo, uma vez que chegam às águas gregas. Neste ano, a Grécia recebeu mais de 172.800 refugiados e migrantes, no ano passado foram quase 857 mil. Algumas dúzias continuam chegando a Lesvos todas as semanas.
Sarah e Yusra cresceram em Damasco, onde aprenderam a nadar antes que pudessem andar. Treinadas pelo pai, um treinador profissional de natação, elas competiram pela Síria e pelo mundo árabe como membros das melhores equipes do clube, bem como da equipe nacional de natação da Síria.
Com o agravamento da guerra, a família mudou de casa para casa em busca de segurança. A casa onde passaram a infância foi destruída. No verão passado, a família decidiu mandar Sarah e Yusra para a Turquia, depois para a Europa, com dois parentes.
Eles não tinham medo da travessia, diz Sarah, nem mesmo na noite em que estiveram na costa turca, quando 20 pessoas tentaram se amontoar em um barco inflável construído para no máximo oito pessoas.
Sarah verifica as roupas de mergulho e os equipamentos da organização de busca e resgate onde ela é voluntaria, na Grécia. © UNHCR/Achilleas Zavallis
"Nós não estávamos com medo porque estávamos juntas", diz Sarah. "Toda vez que eu e minha irmã estamos juntas, não importa se é difícil, nós encontramos uma maneira de fazer com que fique divertido. Se eu estivesse sozinha ou se ela estivesse sozinha, não teríamos conseguido. Fizemos isso porque estávamos juntas”.
Os problemas começaram logo após a partida. O motor falhou, deixando o barco à deriva e sendo inundado por água. Sarah estava determinada a não permitir que ninguém se afogasse. Ela mergulhou com Yusra. Elas ficaram na água por três horas e meia, e por fim conseguiram salvar todo mundo.
"Quando chegamos à praia, todos estavam nos agradecendo", diz. Mas ela respondeu: "Nós somos nadadoras, eu sou uma salva-vidas. Este é o nosso trabalho. É natural que façamos isso".
Ela descreve a noite como surreal. "Mesmo agora, quando conto minha história, ainda não acredito", diz. "Não parece que aconteceu comigo. Eu sinto que não é real, mesmo depois de um ano. Parece um filme".
"Mesmo agora, quando conto minha história, ainda não acredito".
Elas demoraram 25 dias para chegar à Alemanha, em uma jornada a pé, de trem e de ônibus. Logo depois, uma instituição de caridade berlinense as encaminhou para o clube de natação Wasserfreunde Spandau 04, e a jornada de Yusra para os Jogos Olímpicos de 2016 começou. Sarah parou de nadar em competições em razão de uma velha lesão no ombro que se agravou na noite em que atravessaram o mar. Seus pais e irmã mais nova chegaram em Berlim poucos meses depois, por meio do reagrupamento familiar.
Sarah planejava visitar Lesvos no dia 18 de agosto, o primeiro aniversário da data em que chegaram à ilha. No entanto, a dupla estava no Rio de Janeiro, onde Sarah aplaudia sua irmã na piscina olímpica.
Na mesma época, Sarah recebeu uma mensagem no Facebook de Erik Gerhardsson, voluntário sueco do ERCI. "Ele dizia o quanto fomos uma inspiração para eles, e como nossa história era incrível, e como as crianças refugiadas na ilha falavam de nós como se fossemos heroínas", diz.
“Então eu disse ‘Estou indo’, e ele perguntou, ‘O quê? Você está vindo? Você está louca? ’ e eu respondi, ‘Sim, eu estou indo’.”
“Ela está aqui para garantir que mais vidas não se perderão nesta jornada perigosa.”
Ela se apresentou para seu primeiro turno no ERCI algumas semanas depois e se juntou a uma equipe de 20 voluntários do mundo inteiro.
"Sarah é uma verdadeira heroína", diz o fundador do ERCI, Panos Moraitis. "Depois de arriscar sua própria vida para salvar 18 pessoas a bordo do barco no qual ela estava tentando alcançar a Grécia, não só ela voltou à estaca zero, como está aqui para garantir que mais vidas não se perderão nesta jornada perigosa".
Estar de volta em Lesvos às vezes é difícil para ela. As manhãs passadas na água com o ERCI são uma lembrança constante daquela noite terrível.
Sarah achou difícil seu primeiro dia como voluntária. "Eu estava pensando comigo mesma: 'Por que nós, sírios, terminamos assim?'", indaga. "Nós [ERCI] estávamos prontos para ajudar e eu os observava. Foi muito doloroso ver meu povo assim".
Ela espera que sua história ajude a mudar o modo como os refugiados são percebidos. Ela se dirigiu à Assembleia Geral da ONU em Nova York, bem como ao público da Alemanha, França, Bélgica, República Tcheca e Bulgária.
Sarah espera voltar à universidade no próximo outono para estudar direitos humanos, seu campo de estudo na Síria. Seu sonho é começar sua própria organização não-governamental. De si mesma, ela diz: "Eu sou apenas uma pessoa normal que tenta ajudar quem precisa".
Acnur
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