segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Projeto do ACNUR ajuda refugiados a trabalhar na agricultura

Projeto da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em parceria com a Federação Luterana Mundial leva refugiados a trabalhar com agricultura. Experiência é realizada por sudaneses no leste do Chade.
Mulheres refugiadas e anfitriões do Chade trabalhando na plantação. Foto: ACNUR / Ibrahima Diane
Mulheres refugiadas e anfitriões do Chade trabalhando na plantação. Foto: ACNUR / Ibrahima Diane
Em um campo verde repleto de hortaliças numa aldeia ao leste do Chade, Achta Abdallah Biney retira ervas daninhas da plantação e colhe os melhores nabos para vender no mercado no dia seguinte. Ela fugiu do Sudão e hoje integra um grupo de 500 pessoas – entre refugiados e moradores – que juntos cultivam um lote de terra. Todos fazem parte de um projeto que promove a integração dos refugiados em comunidades anfitriãs e oferece às mulheres maior independência financeira.
O programa Seeds for Solutions (Sementes para Soluções, tradução livre) foi desenvolvido pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em parceria com a Federação Luterana Mundial (LWF). O projeto ajuda agricultores a encontrar terras e oferece ferramentas, sementes e orientações que permitem a produção para a subsistência e para venda em mercados.
Biney 37 anos e cinco filhos e fugiu de sua aldeia na região ocidental de Darfur, no Sudão, para o vizinho Chade em 2003, no início dos combates no país. Viveu em um campo de refugiados perto de Goz Beida antes de integrar o projeto do ACNUR.
Em companhia dos filhos e da mãe idosa, Biney mudou-se para a aldeia Koutoufou em 2011 com o objetivo de plantar, colher e sustentar a família. Ela recebeu um pedaço de terra em um campo de 25 hectares, além de ferramentas e sementes para que pudesse iniciar as atividades.
Hoje, ela está bem estabelecida como um dos 462 agricultores – sendo a maioria mulheres e 243 refugiados sudaneses – que fazem parte do programa Seeds for Solutions em Koutoufou. Muitas das mulheres são analfabetas e teriam pouco controle sobre as despesas domésticas, mas agora isso está mudando. “Com estes vegetais, eu estou no comando e decido o que fazer com a renda”, diz Biney.
“Eu quero que os meus filhos cheguem à universidade ou pelo menos aprendam uma profissão e consigam um emprego para se sustentarem”, afirma Biney. “Com a pequena quantia de dinheiro que ganho com a venda de parte da colheita, eu consigo cuidar deles e eles ficam livres para se dedicarem a seus estudos”.
O projeto promove autonomia e autossuficiência já ajudou mais de cinco mil refugiados e três mil chadianos somente na região de Goz Beida, onde foram adquiridos mais de 10 mil hectares de terras agrícolas. Por meio de energia solar, a água é retirada de poços e distribuída. Uma equipe especializada da LWF visita regularmente as fazendas para prestar assistência técnica.
Em Koutoufou, a colheita deste ano gerou uma receita de cerca de dólares, proveniente da venda de 70% dos 13.700 quilos de hortaliças produzidas. Os agricultores levaram o restante para casa a fim de complementar as refeições diárias.
O projeto Seeds for Solutions ajuda a enfrentar a situação prolongada de refúgio que prevalece no leste do Chade, diz Peggy Pentshi-a-Maneng, chefe do escritório do ACNUR em Goz Beida, lar de 62 mil dos cerca de 312 mil refugiados sudaneses que estão no país.
Ela explica que o envolvimento dos moradores locais no projeto de agricultura fortalece a convivência pacífica entre as duas comunidades, tornando esta “uma das melhores soluções para os refugiados sem a possibilidade de retorno digno e imediato para Darfur”. 
O programa tem se mostrado tão bem-sucedido que os homens, inicialmente contra a ideia da agricultura, agora estão ao lado das esposas e irmãs nos campos. “O sucesso está atraindo mais homens que inicialmente se recusaram a participar do projeto, alegando que se tratava de trabalho de mulher”, diz Urbain Maihoudjim, supervisor de agricultura do LWF.
Acnur
www.miguelimigrante.blogspot.com

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