terça-feira, 25 de outubro de 2016

Haitianos procuram oportunidade de trabalho em Florianópolis

MICHAEL GONÇALVES, FLORIANÓPOLIS 
Sem dominar o idioma, nove haitianos esperam por uma oportunidade de emprego em Florianópolis. Eles fazem parte de um grupo de 11 pessoas, que residem em uma casa no bairro Carvoeira, onde apenas duas delas têm um trabalho com carteira assinada. As cinco jovens mais recentes no Brasil terão de esperar até a metade de fevereiro para regularizarem a documentação na Polícia Federal. Enquanto isso, a solução é encontrar uma ocupação informal.
Grupo espera um emprego temporário ou de carteira assinada - Daniel Queiroz/ND

Desempregado há três meses, Roberson Choirilus, 40 anos, precisa arrumar um emprego para dividir as despesas e mandar uma parte do dinheiro para a família no Haiti. Ele chegou ao país no dia 15 de setembro do ano passado e já trabalhou em um restaurante como auxiliar de cozinha. “Meu objetivo é assinar a minha carteira de trabalho mais uma vez, mas estou aceitando qualquer serviço temporário”, disse nas poucas palavras que conhece do português.
Os haitianos falam o crioulo e o francês. A República do Haiti é um dos países mais pobres da América, segundo o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Em 2010, um terremoto provocou a morte de mais de 200 mil pessoas. Desde então, o Brasil passou a receber os imigrantes. Há poucas semanas, o furacão Matthew trouxe mais tragédia para os haitianos.
Aos 24 anos, Franche Elvie Etienne não fala português e procura por uma ocupação remunerada. Ela desembarcou no Brasil há 17 dias e só vai regularizar a situação para trabalhar no dia 15 de fevereiro de 2017. “Tenho o sonho de estudar relações internacionais, mas preciso de um trabalho para ajudar a minha família. Estou gostando muito do Brasil”, contou.
Todos concluíram o ensino médio no Haiti e estão aceitando empregos na área de limpeza, jardinagem, pintura, auxiliar de cozinha e de pedreiro. Há algumas semanas, eles tiveram a água da casa cortada pela falta de recursos para pagar a conta. A alimentação chega por meio de doações.
Longe dos filhos e com medo de novas tragédias
Um dos poucos que falam português é o sushiman Claude Joseph, 40 anos, que está no Brasil há 15 meses. Acompanhado da mulher, ele deixou três filhos no Haiti e está prestes a ser pai pela quarta vez. “Falo com os meus filhos todos os dias pela internet, mas a saudade é grande. Lá eu tinha um comércio de roupas e de sapatos”, disse Joseph, que também é o tradutor dos seus colegas.
Dieland Stenio, 37, deixou a mulher e os quatro filhos no Haiti e veio em busca de oportunidades. Com a passagem do furacão Matthew pelo Caribe, ele temeu pela segurança dos familiares. “Nós ligávamos todos os dias, mas nada aconteceu com nenhum parente das pessoas que estão aqui. Pretendo trazer a minha mulher e os meus filhos nos próximos meses”, contou.
Aposentada é solidária com os estrangeiros
A aposentada Ângela Olinda Dalri, 57, auxilia os haitianos há mais de um ano. Ela começou um trabalho social distribuindo sopas para os moradores de rua e depois começou a receber jovens em situação de risco. Ao mesmo tempo, Ângela aluga quartos para estudantes da UFSC de outras nacionalidades. Com a chegada dos haitianos, ela abraçou a missão de auxiliar esses imigrantes.
Hoje, a principal preocupação da aposentada é conseguir trabalhos para os nove desempregados. “Eles já têm dificuldade de conseguir uma ocupação pelo idioma, mas esperar pela PF até fevereiro fica mais complicado. Como eles irão viver até lá? A justificativa informada foi a grande procura, mas deveríamos encontrar uma solução para essas pessoas. Estamos precisando da ajuda com alimentos também”, ressaltou.
PF atende 33 estrangeiros por dia
O chefe da comunicação social da Polícia Federal em Santa Catarina, delegado Luiz Carlos Korff, informou que a demora para o atendimento é pela grande demanda de estrangeiros na superintendência. A unidade tem a capacidade de atender 33 estrangeiros por dia, 160 por semana ou 700 por mês.
“Cada estrangeiro tem um tipo de solicitação diferente e, por isso, o atendimento precisa ser especializado”, explicou. No Estado, a superintendência já recebeu o registro de 64.466 estrangeiros, sendo 15.369 haitianos.
COMO AJUDAR
Claude Joseph: (48) 9838-9193

Ângela Olinda Dalri: (48) 9680-9134
Ângela (casaco vermelho) abraçou a missão de ajudar os haitianos - Daniel Queiroz/ND
Ângela (casaco vermelho) abraçou a missão de ajudar os haitianos - Daniel Queiroz/ND

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