segunda-feira, 10 de outubro de 2016

ESTREITANDO LAÇOS E TRAÇANDO NOVOS CAMINHOS NA MISSÃO COM OS MIGRANTES (Por Patricia Rivarola)



Para fazer memória do mês de setembro em três atividades com representação da Missão Paz e SPM, realizo uma adaptação livre em um texto, que aborda as atividades da Missão Paz, escrito pelo Padre Mário Geremia em maio de 2012 sob o título “Dimensões da presença e da ação pastoral junto aos migrantes e refugiados na Missão Paz”, onde juntos podemos, em uma breve pausa a qualquer momento, refletir sobre as atividades com as migrações, a representatividade da dimensão cultural atrelada as outras dimensões que envolvem o indivíduo na sua decisão de cruzar as fronteiras, a importância da manutenção de suas tradições e culturas como forma de inclusão, integração, seguir na caminhada. Assim, as atividades apresentadas neste mês de setembro representam justamente o valor da partilha, da aceitação do outro, que é diferente, possui sua dinâmica, mas deve ser convidado a se integrar e complementar a nossa cultura. 

O texto original pode ser lido na íntegra em: http://bit.ly/2dLYr49
O gesto de acolher é salvífico e ajuda a curar muitas dores, feridas, traumas. Motiva e capacita o migrante para seguir seu caminho e recomeçar sua vida. 

Nesta dimensão a Pastoral, por meio do Centro Pastoral e de Mediação do Migrante, reúne um grupo de profissionais entre assistentes sociais, psicólogo, advogados, sacerdotes, médicos e outros, que escutam as necessidades e histórias dos migrantes, com o objetivo de entendê-las, dar seu devido valor e buscar responder a estas necessidades emergentes. Realizam acompanhamentos aos migrantes e com os migrantes, dentro de um Programa de Mediação, dando suporte em temas como saúde, educação, trabalho e família.

Além destes processos, também está incluída a incidência política através de conscientização e participação em eventos e atividades em prol de elaboração ou execução de políticas públicas que incluam os migrantes à luz dos direitos humanos universais. E tem como apoio neste trabalho de acolhida, a Casa do Migrante, espaço de transição com capacidade para atender a 120 pessoas.
A Igreja da Paz reúne a todos os migrantes e comunidade local na manifestação da fé e partilha, respeitando cada cultura religiosa.

Abordemos a seguir as Dimensões:

CELEBRAÇÃO DA FÉ E EVANGELIZAÇÃO (Priorizando a Comunidade).

Espaços de celebração da vida com os sacramentos, festas dos (as) padroeiros (as), novenas, aniversários, benções, visitas. O que ocorre em comunhão com a igreja local e de forma ecumênica e no diálogo inter-religioso.
É uma das dimensões importantes de todo ser humano que deve ser alimentada para fortalecer a fé, a esperança e a motivação na caminhada. O migrante precisa constantemente destes momentos e espaços em sua vida.  Eles mesmos afirmam: “Em nosso caminho sempre existe um santuário e Deus sempre caminha conosco, ao nosso lado”.
Nas celebrações se valoriza muito toda a simbologia própria de cada cultura e a religiosidade popular de cada povo.

CULTURAL E INTER-CULTURAL (Priorizando a Sociedade).

A chave para esta dimensão é entender que a identidade do indivíduo, sempre dinâmica, é a base da inter-relação e integração verdadeira. 
Nesta dimensão a Pastoral do Migrante, e todos que fazem parte dela, tem um grande respeito pela identidade cultural de cada povo, por esse motivo os espaços físicos também são destinados à festas e encontros pátrios em respeito a cada bandeira que é única, original e possui a sua verdade.
Em contemplação à cidadania universal se incentiva a prática de encontros fraternais e de solidariedade, integração entre os povos por meio de suas culturas, deste modo a riqueza está na convivência com o diferente e com a diversidade humana, de onde se extrai a beleza na grandeza da natureza humana.
A presença e ação do CEM - Centro de Estudos Migratórios neste sentido é fundamental para a memória e para o conhecimento das diferenças culturais como riqueza para toda a sociedade. O CEM estuda, pesquisa, orienta e trabalha em parceria com o mundo acadêmico sempre com o objetivo de entender, guardar a memória e divulgar o mundo das migrações, mundo este que se move e move a história.

PARTICIPAÇÃO E COMUNHÃO NO CAMPO SOCIO-POLÍTICO. (Priorizando a verdadeira globalização).

Defender a vida, proteger os fracos e cuidar da natureza são os meios para se chegar a verdadeira globalização. Os caminhos se fazem através das parcerias e alianças, diálogos, com todas as “forças vivas e organizadas da sociedade”, governos dos níveis local, nacional e internacional que conduzam à construção de um mundo novo possível. A formação de “redes” entra como um fortificante a confrontar e enfrentar as organizações de violência e de morte que atuam hoje. E todos nós, como migrantes por vocação, além dos migrantes propriamente ditos devemos ser protagonistas nesta dimensão, de nossa própria organização e continuidade de nossa história. 

Como em todos os anos, por ocasião do mês da Bíblia, em setembro, a Comissão Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) indica um profeta para ser objeto de estudos nas comunidades e assim provocar discussões, reflexões e ações.

Neste ano, providencialmente, considerando a situação política e social do Brasil, foi indicado o Profeta Miqueias. Os trabalhos foram embasados no tema: “Para que n´Ele nossos povos tenham vida” e lema: “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus (cf. Mq 6, 8) ”.

A partir daí as igrejas realizaram seus encontros e convidaram as comunidades à reflexão e discussão sadia. O mesmo ocorreu na Região Episcopal da Brasilândia, zona norte de São Paulo, onde grupos de jovens, catequistas, grupos sociais, movimento de ocupação das escolas se reuniram no dia 4 de setembro para refletir a partir de textos do livro do Profeta e realizar demonstrações artísticas, testemunhos de trabalhos e ações comunitárias. A Missão Paz esteve presente nas pessoas do Padre Antenor Dalla Vecchia, pároco da Missão Paz, Manuel Patrick e Noemia Valentino, angolanos refugiados, e Patrícia Rivarola, brasileira, filha de migrantes, voluntária na comunidade paraguaia da Missão Paz, em atividades de rádio, integrante do Grupo Folklórico Alma Guarani – danças paraguaias, e membro da colegiada do SPM. Estivemos a convite da organização do evento para apresentar a Missão Paz, suas ações e atuações, dar testemunho sobre situação de refúgio a partir das falas do Manuel e da Noemia e a importância de um espaço onde os migrantes possam manifestar sua cultura e religiosidade, assim promover a integração com a comunidade local e outros grupos migrantes, a partir de uma apresentação de dança paraguaia.

Dentro deste mesmo espírito de partilha e conhecimento, no dia 15 de setembro, a comunidade do Santuário Santa Cruz da Reconciliação, no bairro do Butantã, em São Paulo, também recebeu a visita da Missão Paz, novamente com o Padre Antenor e Patrícia Rivarola, para conhecer e entender os trabalhos da Missão Paz. Foi realizada uma apresentação do que é a Missão Paz; as pessoas foram convidadas a refletir em conjunto com o texto do Padre Alfredinho sobre as vertentes abordadas nos atendimentos aos migrantes. E em seguida houve uma breve apresentação da cultura paraguaia por meio da dança da “Galopera”.

No dia 28/09, em um encontro de auditores dos projetos da Misereor, na cidade de Guarulhos, Roberval Freire e Patrícia Rivarola, representando SPM, Missão Paz e Grupo Folklórico Alma Guaraní com a dança paraguaia, levaram aos presentes um pouco da importância de parcerias, apoios, incentivos e resultados aos trabalhos de instituições como a Misereor, realizam às organizações que trabalham para o empoderamento e convivência do indivíduo, ou de um grupo social.

Para ilustrar, houve a apresentação de duas danças paraguaias onde o principal objetivo neste momento foi demonstrar o trabalho de um grupo que se reúne a partir de uma cultura migrante para promover um espaço de encontro, compromisso, valorização da cultura e história; a partir destes pontos se torna capaz de promover a integração cultural com a sociedade local. E é um trabalho simples, porém de grande responsabilidade para quem o coordena. Reforçando que a Missão Paz teve papel fundamental como espaço de incentivo às diversas manifestações culturais já que o Grupo Folklórico Alma Guaraní nasceu naquele local nos anos 1990 por iniciativa dos coordenadores da comunidade para reunir aos jovens que chegavam na cidade.
Estiveram presentes neste evento promovido pela Misereor, auditores de diversas regiões do país, representantes da Misereor Isabel Nunez, Irene Kaierle e Diogo Ferreira. Um agradecimento especial à Dione e irmã Delci. 









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