quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Chegada de refugiados continuará se condições não mudarem

Questionada sobre o fato de se ter registrado, este ano, um recorde de mortes no Mediterrâneo (3.800), Marta Bronzin considerou que este número "demonstra que as causas que empurram as pessoas para sair não mudaram", referindo-se aos conflitos, como a guerra na Síria, mas também à pobreza extrema, que leva milhares de pessoas da África subsaariana a procurar a Europa através da rota central do Mediterrâneo.
A representante da OIM defendeu a necessidade de um "trabalho em conjunto" para garantir uma boa gestão das migrações e para que haja "benefícios para todos".
Em primeiro lugar, Marta Bronzin apontou a necessidade de colocar no centro "a proteção e a promoção dos direitos humanos fundamentais de todos, independentemente da categoria a que estas pessoas pertencem, tenham ou não direito à proteção internacional".
Outros pontos incluem não responder apenas aos "problemas imediatos", mas ter uma "visão mais ampla e de mais longo prazo" e que tenha em conta "as necessidades e os direitos dos próprios migrantes e as necessidades e vantagens dos países de origem, de trânsito e de destino", sustentou.
Sobre a resposta europeia à crise dos refugiados, Marta Bronzin defendeu o reforço do plano de recolocação, sem esquecer "a vulnerabilidade das pessoas e a perspectiva dos direitos humanos fundamentais".
Quanto à disponibilidade de Portugal para acolher cerca de dez mil pessoas, o dobro da quota atribuída, a chefe de missão da OIM considerou tratar-se de "um compromisso político muito forte, muito positivo, que deveria ser exemplo para outros países".
No mesmo sentido, o alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado, destacou que Portugal é um dos quatro países europeus que mais pessoas têm recolocado, referindo, até ao final deste ano, terá recebido mil refugiados.
Pedro Calado salientou que, no ano passado, a Europa recebeu 1,3 milhões de pedidos de asilo, o correspondente a 0,2% da população europeia.
"Se um continente dos mais ricos do mundo não consegue garantir a redistribuição equitativa destas pessoas, eu pergunto então que problema é que poderemos resolver enquanto, sublinho, União Europeia?", criticou.
Também a presidente do Conselho Português para os Refugiados, Teresa Tito de Morais, garantiu que o número que chegará a Portugal é "perfeitamente assimilável" e não vai "desestabilizar o tecido social", mas, pelo contrário, vai promover "trocas culturais muito grandes e incentivar zonas do país que precisam de ser desenvolvidas".
Teresa Tito de Morais representou, nesta cerimônia, o secretário-geral eleito da ONU, António Guterres, que recebeu o título de associado honorário da Associação Mutualista dos Engenheiros, bem como a presidente da Federação Nacional Bancos Alimentares contra a Fome, Isabel Jonet.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que se encontra em visita de Estado a Cuba, enviou uma mensagem destacando que a eleição do antigo primeiro-ministro português para liderar a ONU "pode ser um motivo de esperança em termos universais e é certamente um motivo de orgulho em termos nacionais".
Mundo ao Minuto
 www.miguelimigrante.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário