quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Austrália permite abusos contra refugiados para desestimular imigração

Um relatório da Anistia Internacional acusa o governo da Austrália de permitir que refugiados sofram abusos como forma de desencorajar outras pessoas a buscar asilo no país.

Os refugiados que chegam à Austrália são exilados na ilha de Nauru. A medida é prevista nas duras leis de imigração do país. O governo de Nauru aceitou receber refugiados que chegam à Austrlia em troca de ajuda financeira do governo australiano.

Esse acordo foi batizado de “Solução Pacífica”. Cerca de mil refugiados, incluindo 50 crianças, estão detidos na ilha. Desse total, 470 vivem em um campo de detenção criado pelo governo australiano. Os demais vivem espalhados pela empobrecida ilha.

Segundo Anna Neistat, diretora da Anistia Internacional que passou dias na ilha, os refugiados têm direitos básicos, como atendimento médico, deliberadamente negados. “O governo australiano está permitindo que essas pessoas sofram abusos. Ele paga para as companhias responsáveis pela detenção dos refugiados, paga o serviço de segurança e falha em proporcionar atendimento médico adequado. Isso é financiado por contribuintes australianos. E o mundo não sabe que esse lugar existe”, disse Neistat.

Nauru não costuma conceder visto de entrada a organizações humanitárias. Para coletar as informações, Neistat e Michael Bochenek, diretor da Ong que também participou da pesquisa, omitiram sua profissão no pedido de visto.
Ao longo de 12 dias Neistat e Bochenek entrevistaram 84 pessoas na ilha, incluindo crianças. Eles constataram que, além da falta de cuidados médicos, os refugiados são vítimas de violência e apresentam um quadro crescente de depressão e ansiedade.

“A política de exilar pessoas que chegam em barcos em busca de asilo é cruel ao extremo. Poucos países vão tão longe para deliberadamente causar sofrimento em pessoas que buscam segurança e liberdade”, diz o relatório.

Em nota, a International Health and Medical Services, companhia paga pela Austrália para prover cuidados médicos aos refugiados em Nauru, contestou o relatório. Na nota, a empresa diz que “rejeita a afirmação de que pessoas em busca de asilo em Nauru têm atendimento médico negado ou de qualidade precária”.


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