segunda-feira, 11 de abril de 2016

Senegaleses vivem entre a condição de estrangeiro e seus costumes

O cônsul do Senegal no Recife, Enio Castellar, alertar que é preciso ter cuidado com esse fluxo migratório num momento em que o País enfrenta uma recessão. “Acho que deveríamos fazer o contrário e ir pra lá. O Senegal se assemelha ao Brasil de 40 anos atrás e estão surgindo oportunidades para os empresários pernambucanos. O voo Recife-Cabo Verde é uma delas (o Senegal fica distante apenas uma hora do país vizinho) e a ampliação do Canal do Panamá vai permitir que navios com mais de 5 mil TEUs cheguem pelos portos pernambucanos ao invés de vir por Santos. Dessa forma, Recife e Dakar servirão como portal econômico do Atlântico Sul”, observa.


Enquanto as oportunidades econômicas vão se viabilizando, há uma preocupação com um tratamento adequado aos imigrantes. Criado há 4 anos, o Escritório de Assistência à Cidadania Africana em Pernambuco (Eacape) acompanha demandas jurídicas e sociais dos africanos no Estado. “Existe uma lacuna de políticas públicas para atender as demandas dos imigrantes. Recentemente conseguimos parceria com o Imip para que eles recebam atendimento de saúde”, destaca o gestor do Eacape, Altino Mulungu.

Em 2014, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco anunciou a criação de um Centro de Referência para Imigrantes, com previsão de inauguração para o ano passado. O JC procurou a secretaria para saber se o projeto foi adiante, mas não obteve retorno. A Associação dos Senegaleses de Pernambuco também está negociando parceria com a Prefeitura do Recife para oferecer curso de português para os imigrantes. “Outra solicitação é que eles possam frequentar cursos profissionalizantes, a exemplo do Senai. Aqui no Brasil e também no Senegal o setor de petróleo está se desenvolvendo e essa é uma área promissora para os jovens”, avalia o presidente Amadou Touré.

Em Pernambuco os senegaleses tiveram boa receptividade da população e dos comerciantes concorrentes. “Desde que não se venda produtos iguais no mesmo ponto não há problema. Em alguns momentos nos sentimos integrados e ao mesmo tempo estrangeiros. Estamos longe de casa e dos nossos costumes, mas agora vivemos aqui”, pondera Mame Mbengue. Resumindo esse sentimento em wolof seria como dizer: “suniu keur moy funiu deuck” ("a nossa casa é onde a gente está").

Jornal do Commercio

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