sábado, 30 de agosto de 2014

Nova Lei de Migrações deverá substituir Estatuto do Estrangeiro

Uma proposta de texto para uma nova Lei de Migrações, criada pela comissão de especialistas instituída pelo Ministério da Justiça, foi entregue ao ministro José Eduardo Cardozo, nesta sexta-feira (29). O documento deverá substituir o Estatuto do Estrangeiro, criado pela ditadura militar.
Cardozo explicou a necessidade de se ter uma legislação mais atual. “Nós quisemos reconhecer os direitos dos estrangeiros no Brasil e atender às expectativas de mudanças adequadas à nova realidade brasileira. O Brasil é um País que acolhe quem vem de outros países para tentar um vida melhor aqui. Nada mais justo do que termos uma nova lei proposta por especialistas e feita de maneira colaborativa com vários setores da sociedade”, explicou.  
As medidas propostas apontam para uma reforma no campo migratório, com a revisão administrativa no Departamento de Estrangeiros e do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare); a publicação de portarias que desburocratizam procedimentos; criação de mecanismos participativos junto à sociedade civil; início da estruturação de unidades de atendimento e acolhimento pelos governos locais, com convênios federais; maior inserção brasileira nos organismos e foros internacionais sobre o tema. 
Próximos passos
O texto da comissão de especialistas para a nova Lei de Migrações já foi enviado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDHPR), para os ministérios do Trabalho e Emprego e das Relações Exteriores. O projeto agora será analisado e encaminhado por um grupo de trabalho interministerial coordenado pela Secretaria Nacional de Justiça (SNJ/MJ) para a construção de um projeto definitivo do governo federal. 
Para a elaboração do anteprojeto de lei, versões preliminares do texto foram submetidas a críticas em duas audiências públicas. Os onze membros da comissão, formada por acadêmicos e servidores públicos, ouviram, por cerca de um ano, órgãos de governo, instituições internacionais, parlamentares, outros acadêmicos, entidades que lidam com migrantes e os próprios migrantes, como ocorreu durante a 1ª (Comigrar).
Apátridas

Durante o ato público de entrega do anteprojeto, Cardozo assinou um aviso interministerial encaminhando à Casa Civil um projeto de lei que reconhecerá como brasileiras pessoas sem nacionalidade reconhecida por algum Estado, os chamados apátridas.
Conferência de Migrações

A 1ª Conferência Nacional de Migrações e Refúgio (Comigrar), promovida pelo Ministério da Justiça em parceria com os Ministérios do Trabalho e das Relações Exteriores, com apoio de agências da ONU, também foi lembrada na cerimônia como um momento histórico para os migrantes no País. Foi a primeira vez que foram diretamente consultados para a formulação de políticas públicas.
Um comitê de migrantes entregou ao ministro o Plano de Atenção aos Migrantes, que sistematiza as 2.840 propostas coletadas e debatidas durantes os seis meses, além de mais de 200 etapas preparatórias da conferência que reuniu, em sua etapa nacional, quase 800 migrantes, acadêmicos e militantes de 30 nacionalidade distintas.


Anteprojeto de lei que garante direitos dos migrantes é lançado no MJ

Às 10h dessa sexta-feira, dia 29/8, o Ministério da Justiça apresentou anteprojeto de lei sobre migrações que reforma a atual estrutura legislativa sobre o tema. O texto foi construído por uma comissão de 11 especialistas, que recebeu contribuições da sociedade civil, e vai no sentido contrário do atual Estatuto do Migrante, criado em 1980, durante a ditadura militar.
 
Além de desburocratizar o processo de entrada e permanência regular, a proposta abandona a ideia de que os fluxos migratórios devem ser controlados sob a rubrica da segurança nacional, como acontece no atual Estatuto. Outro avanço é a criação de uma Autoridade Nacional Migratória, que assumiria as responsabilidades hoje compartilhadas entre os ministérios do Trabalho, das Relações Exteriores, da Justiça, além da Polícia Federal.
 
O projeto será encaminhado dentro do Executivo pelo MJ antes de seguir para votação no Congresso.
 
“A aprovação abriria caminho para a construção de uma ampla política migratória, apoiada em uma nova institucionalidade e no direito humano a migrar”, afirma Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas. “Agora, o governo precisa provar que seu discurso não é vazio e que a reforma será impulsionada de fato.”
 
Ao lado de outras organizações da sociedade civil, Conectas participou ativamente da construção do anteprojeto de lei apresentado hoje pelo MJ. Em conjunto com o Cels (Centro de Estudios Legales y Sociales), da Argentina, a entidade elaborou recomendações para o texto.
 
Improviso
 
Frente a chegada de novos fluxos migratórios e a falta de processos de regularização claros e desburocratizados, o governo tem utilizado mecanismos improvisados, que funcionam como um remendo para as limitações da lei atual. Um exemplo é a solução dada aos migrantes haitianos que chegam ao País sem ovisto humanitário. Mesmo sabendo que o pedido será recusado, eles são orientados pelas autoridades a solicitar o refúgio - o que lhes dá direito a emitir documentos e trabalhar com registro. Essa solução resolve situações pontuais, mas não cria um procedimento seguro e permanente de regularização que atenda as demandas das migrações motivadas por razões sociais, econômicas e ambientais.

Segundo dados da Acnur (Agência da ONU para os Refugiados), entre 2010 e 2013 houve um aumento de 826% nos pedidos de refúgio feitos ao Brasil. As solicitações passaram de 566 para 5256.
  

“Nos últimos anos, o governo têm lançado mão de ações improvisadas e insustentáveis para dar resposta aos migrantes sem documentos de entrada e permanência, como é o caso da maioria dos haitianos que entram no País pelo Acre”, explica Camila. “A nova lei pode dar fim a essas soluções temporárias, que mantêm e aprofundam a vulnerabilidade dessas pessoas.”
 
Outros projetos
 
Além do anteprojeto apresentado hoje, outras duas propostas de reforma mais tímida da legislação sobre migrações tramitam no Congresso. Uma delas (PL 5.655/2009) é do próprio Ministério da Justiça e apenas atualiza o Estatuto do Estrangeiro, suprimindo a referência à ‘segurança nacional’ e mencionando os direitos dos migrantes de maneira genérica. O segundo projeto (288/2013), de autoria do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), já foi aprovado em duas comissões no Senado e aguarda votação na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

Conectas

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O México procura conter a migração centro-americana em direção aos EUA

O plano Fronteira Sul do Governo mexicano, anunciado em julho, já conseguiu tirar do trem La Bestia (A Besta) mais de 6.000 pessoas, conforme anunciou a coordenação oficial do plano, sem especificar desde quando nem em que pontos. As autoridades mexicanas insistem que a política de reforçar as fronteiras com a América Central visa garantir a segurança dos migrantes, mas algumas organizações dizem que a decisão só conseguiu aumentar os perigos enfrentados pelos viajantes sem documentos e “torná-los mais vulneráveis”.
O La Bestia, o trem de carga utilizado pelos migrantes como meio de transporte para atravessar o México em direção aos Estados Unidos, é tão famoso por seus perigos que também é conhecido como “o devora-vidas”. O coordenador de Atenção Integral para a Migração na Fronteira Sul, Humberto Mayans, explicou na terça-feira que as medidas do Governo mexicano têm por objetivo “respeitar a dignidade” dos migrantes e anunciou que serão completadas com o monitoramento por satélite das rotas do La Bestia, além de patrulhas para evitar delitos.
Mas estas medidas não detêm nem vão deter o fluxo de migrantes em direção ao tão ansiado Norte. É isso, pelo menos, que dizem alguns dos defensores dos direitos dos migrantes. Rubén Figueroa, da organização Movimento Migrante Centro-americano, explica que os centro-americanos começaram a recorrer a rotas alternativas para evitar os agentes de fronteira enviados à zona sul. É o caso de Arriaga, em Chiapas, no sudeste do país, a 200 quilômetros da fronteira com a Guatemala e um dos pontos de partida do La Bestia. De acordo com cálculos de Figueroa, de 500 migrantes que embarcavam no La Bestia em Arriaga todos os dias, hoje embarcam apenas 15 ou 20. Em Tenosique, Tabasco, o outro ponto de partida, situado a 50 quilômetros da fronteira, de 250 pessoas, hoje apenas cerca de 30 embarcam no trem. “Estão usando rotas muito mais perigosas e desconhecidas. Nosso trabalho é descobrir quais são para fazer o trabalho de acompanhá-los”, comenta Figueroa.
“Não vão detê-los nunca. Agora eles caminham pela trilha do trem, o que é muito mais perigoso”, explica Germán Guillermo Ramírez Mendoza, presidente da Casa do Migrante Santa Faustina, em Coatzacoalcos, Estado de Veracruz. “As pessoas continuam a chegar, do mesmo jeito. Antes viajavam em grupos de 200, 500 ou até 800 pessoas e podiam se proteger melhor”, ele explica. “Quanto menores são os grupos, mais perigos os migrantes correm.”
Localizado a 320 quilômetros de Arriaga e 370 quilômetro a oeste de Tenosique, Coatzacoalcos é um dos muitos pontos de “descanso” na longuíssimo trajeto percorrido pelos migrantes centro-americanos em direção aos EUA, durante o qual estão expostos a roubos, abusos, extorsões, estupros e assassinatos. A Casa do Migrante Santa Faustina tem capacidade para abrigar 100 migrantes, que ficam nela por um mês, em média, antes de seguir caminho.
Eles são roubados e espancados; caminham centenas de quilômetros porque pensam que nos Estados Unidos ainda existe uma oportunidade.
Um trabalhador de uma Casa do Migrante no México
O Governo mexicano insiste que o objetivo primordial de impedir os migrantes de embarcar no La Bestia (as medidas para isso incluem o aumento da velocidade das máquinas) é evitar os riscos que isso acarreta. Centenas de pessoas já morreram ou ficaram mutiladas em acidentes ocorridos quanto tentam subir no trem ou são lançados dele.
O Governo mexicano anunciou as medidas pouco depois de alarmes dispararem em Washington: de outubro de 2013 até junho passado, pelo menos 57.000 menores foram detidos na fronteira entre México e Estados Unidos. Barack Obama quebrou recordes de número de deportações (quase dois milhões durante seu Governo) e atribuiu a seus opositores republicanos a imobilização legislativa da reforma migratória, a grande questão pendente de sua administração.
A Associação de Migrantes Retornados com Deficiências, formada por centro-americanos que ficaram mutilados em acidentes ocorridos no caminho para os EUA, organizou em abril um protesto na Cidade do México para reivindicar do Governo de Enrique Peña Nieto uma indenização pelos abusos cometidos no território mexicano. Entre suas propostas está a criação de um “visto humanitário” válido por um mês, que serviria para permitir o trânsito livre dos emigrantes durante esse período. Atualmente o México exige visto de turista dos cidadãos da Guatemala, El Salvador, Honduras e Nicarágua.
Até o momento, o Governo mexicano outorga uma carteira de “visitante regional”, válida por cinco anos, que permite a guatemaltecos e belizenhos permanecer no país por pelo menos três dias. Mayans informou que no mês de agosto foram entregues 10.000 carteiras.
A travessia do México é feita a grosso modo por três rotas: a do Golfo, o leste do país, que passa por Veracruz e cujos destinos principais são Reynosa e Matamoros; a central, que, entre outros Estados, passa por Zacatecas, San Luis Potosí, Coahuila e Nuevo León e chega principalmente a Nuevo Laredo e Ciudad Juárez, e a do Pacífico, mais longa, cujo ponto “de descanso” é Guadalajara, no oeste do país, e cujo destino final é Tijuana, vizinha de San Diego, na Califórnia.
Esse é o caminho de milhares de quilômetros pelo qual passam todos os dias crianças, mulheres e adultos centro-americanos para tentar sentir um gostinho do sonho americano. “Eles são roubados e espancados; caminham centenas de quilômetros porque pensam que lá, nos Estados Unidos, é possível fazer alguma coisa, que ainda existe uma oportunidade, que ainda é o mesmo país de dez anos atrás. Eles viajam a pé, outros de ônibus; descem de um veículo e sobem em outro, para não serem vistos. Embarcam aos montes. E é a brincadeira com a Imigração: ‘Eu te mando embora e você volta’. Aqui há sujeitos que já passaram até cinco ou dez vezes”, Ramírez garante. “E tudo isso para colocar comida na mesa.”
EL PAIS


A Alemanha expulsará os imigrantes que não tenham trabalho em seis meses

 “Aquele que engana, terá que voar!” Com este slogan, a União Social-Cristã da Baviera (CSU) iniciou, no final do ano passado, uma campanha destinada a impedir a chegada de trabalhadores búlgaros e romenos - sobretudo de etnia cigana - que vêm ao país para se aproveitar do generoso sistema social que impera no país. Quase oito meses depois, o governo federal se inclinou frente à pressão de um dos sócios da coalizão e aprovou, esta quarta-feira, um delicado e controvertido pacote de medidas que deve regulamentar, com inédita mão-de-ferro, a chamada “imigração da pobreza”.
O pacote de leis, que foi apresentado esta quarta-feira à imprensa pelo ministro do Interior, Thomas de Maizière e seu colega de Trabalho, Andrea Nahles, concede entre outras medidas, um prazo de seis meses para que os trabalhadores da UE procurem um trabalho na Alemanha. Se não encontrarem um emprego nesse tempo, serão obrigados a abandonar o território alemão.
Quando a lei entrar em vigor (embora não tenha sido fixada uma data para que o projeto de lei seja submetido ao Parlamento federal), as autoridades também terão em seu poder o recurso de expulsar e proibir o regresso ao país durante cinco anos, de todos os imigrantes que tenham tentado, usando mentiras, receber a chamada “ajuda para crianças”. Para impedir a fraude, todos os solicitantes de ajuda social deverão apresentar um número de identificação fiscal, uma medida que pode garantir, por exemplo, o número de pessoas que integram a família do solicitante.
“A livre circulação é uma parte indispensável da integração europeia, mas não podemos fechar os olhos aos problemas que ela pode suscitar”, disse o ministro Maizière. “Livre circulação, sim; abusos, não!”, afirmou Andrea Nahles.
Os dois ministros também afirmaram que o pacote de medidas inclui uma importante ajuda financeira para as regiões que foram afetadas pela chegada de imigrantes. No curso do ano, o Governo colocará à disposição dos estados uma ajuda de 25 milhões de euros (75 milhões de reais) e está em estudo outro pacote de 250 milhões de euros.
A ideia de endurecer a chegada ao país dos “imigrantes pobres” foi de Horst Seehofer, chefe do governo regional da Baviera, que os batizou como “perigosos turistas sociais” e deu ordens de utilizar as perigosas armas do populismo para dificultar a chegada ao país dos trabalhadores romenos e búlgaros que foram beneficiados pelo direito à livre circulação a partir de 1º de janeiro deste ano.
“O que não queremos é uma imigração para nosso sistema de previdência social”, disse o político bávaro numa tentativa de justificar a odiosa campanha que seu partido iniciou e que, na época, provocou uma perigosa crise no governo. Para impedir problemas maiores à unidade do governo, a chanceler Angela Merkel e o vice-chanceler e ministro da Economia, Sigmar Gabriel concordaram em janeiro na criação de uma comissão de especialistas para analisar o problema e procurar soluções destinadas a impedir a fraude nos benefícios sociais.
O trabalho dos especialistas foi resumido em um documento de 133 páginas que recebeu o pomposo título de “Questões jurídicas e desafios no uso dos sistemas de previdência social por parte dos cidadãos nacionais dos Estados membros da UE”, cujo primeiro rascunho foi apresentado em março passado ao Conselho de Ministros. A decisão do Governo foi qualificada como “populismo barato” pelos Verdes, enquanto que a poderosa Confederação de Sindicatos alemã (DGB) afirmou que o relatório dos especialistas não dava detalhes da fraude que deseja combater.
El Pais 

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A Conferencia sobre as Políticas Publicas de Migrações na Missão Paz


 : Avanço e desafios em nível nacional  foi realizada na terça feira dia 26 agosto no auditório da Missão Paz São Paulo e foi uma oportunidade para o dialogo entre os setores envolvidos na formulação de Política migratórias ,o evento foi uma parceria entre a Missão  Paz,  Rede Internacional da Migração Scalabrini (SIMN) e Fundaçao Scalabrini Chile  . A  participação de imigrantes de varias nacionalidades , como  autoridade  do governo como Paulo Sergio Almeida do Conselho Nacional da Migração, Representante da OIM para o Brasil Jorge Perassa , Padre Leonir Chiarello da Scalabrini Intenational Migration Network, Assim como Padre Paolo Parise da Missão Paz,e  Daisy Ventura da Comissão de especialistas  que elaboraram o novo projeto de lei para as migrações , Padre Leonir Chiarello diz que” A importância e a reflexão de hoje onde podamos definir elementos que permitam projetar políticas publicas sobre as migrações”.

O Professor Duval Magalhaes da Pontificia Universidade Catolica de Minas disse que o recrudescimento das migrações nas ultimas décadas é resultado da reestruturação econômica e produtiva em escala global     dos anos 80 o que gerou uma mudança nos processos de mobilidade de capital e de populações , demandando uma nova  compreensão do fenômeno migratório e revisão de paradigmas nacionais ao respeito do tema

A irma Rosita Milesi , do Instituto Migraçoes e Direitos Humanos (IDMH) Lembrou que as políticas publicas  para a Migração , precisam quatro aspectos como: político, econômico –laboral, social e cultural.

O aumento do numero de imigrantes e refugiados de acordo com os participantes tem desafiado ao pais , que não estava preparado para receber a quantidades de pessoas que tem chegado nos últimos anos de acordo com Paulo Sergio de Almeida Brasil era um pais de Emigrantes agora e de Imigrantes “Essa é uma realidade que hoje nos coloca diante de um desafio , que é estruturar os serviços públicos para o atendimento, apoio e integração dos migrantes assinalou “.

A conferencia foi um espaço de reflexão com a finalidade de  debater os problemas vinculados aos atuais fluxos migratórios .


Miguel Ahumada

ONU diz que Itália não pode combater imigração sozinha

Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou nesta terça-feira (26) que a Itália não pode ser deixada sozinha no combate à crise de imigração no Mar Mediterrâneo, palco de incontáveis tragédias com barcos superlotados de estrangeiros ilegais que partem da costa africana rumo à Europa.    
"Não deve ser exclusivo de um só país o dever de fazerfrente ao maciço fluxo de imigrantes. Deve haver um esforço internacional para ajudar os que recebem os imigrantes e para que retornem as condições de paz e prosperidade nas nações de origem", declarou.    
No caso mais recente, registrado na segunda-feira (25), um barco com mais de 350 pessoas a bordo afundou no canal da Sicília, deixando pelo menos 24 mortos.

 Agencia Ansa

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Juiz admite dificuldades na aplicação de medidas para beneficiar presos estrangeiros

A situação dos presos estrangeiros no Brasil, de uma forma geral, não difere de um estado para outro. “É muito ruim”, admitiu o juiz da segunda vara federal criminal, Mário Jambo, conhecido por deliberar liberdade condicionada a penas alternativas como, por exemplo, leitura de livros, matrícula regular em cursos via internet ou profissionalização.    Os condenados na Justiça Federal, geralmente, têm a ver com o tráfico internacional de drogas e a grande maioria foi presa no papel de “mula”, a pessoas que transporta a droga, geralmente ingerida ou adesivada ao corpo.Matéria publicada domingo passado (24 de agosto) pelo NOVO JORNAL revelou que de 2009 a 2014 foram presos pela Polícia Federal 47 estrangeiros em Natal por tráfico internacional de drogas.   Atualmente, no sistema prisional do Rio Grande do Norte, apenas nove estrangeiros cumprem pena, a maioria, por envolvimento com drogas. A PF não tem mais carceragem. Depois de presos, os estrangeiros ficam numa sala de contenção e logo depois são transferidos para o sistema estadual.    Por serem estrangeiros há toda uma dificuldade na aplicação de medidas que poderiam beneficiá-los. Na Justiça Federal, os juízes procuram, quando há oportunidade de o preso estrangeiro responder o processo em liberdade, fazer um acompanhamento individual. É estabelecida uma freqüência à Justiça ou trabalhos na biblioteca quase todos os dias.   Um dos juízes que mais aplica a liberdade para cumprimento do resto do processo penal com medidas alternativas é Mário Jambo. Uma exceção dentro do sistema prisional no Brasil. Normalmente, pela condição de estrangeiros, os juízes não deferem a oportunidade do preso responder o processo em liberdade.    Segundo Mário Jambo, isso se dá por causa de uma preocupação cautelar. Os juízes temem que o estrangeiro em  liberdade fuja.  Por isso, esses presos acabam sendo discriminados pelo não direito às penas alternativas.Mário Jambo, ao contrário da maioria dos juízes,  busca dar oportunidades à ressocialização do preso estrangeiro.“Eu trato de forma igual estrangeiros e brasileiros”, ressalta o juiz. Ele explica que não faz nada além de cumprir preceitos constitucionais.    O Artigo 1º da Constituição brasileira tem como fundamento, no item 3, a dignidade da pessoa humana. De acordo com juiz, a prisão de um estrangeiro no Brasil é um fato circunstancial que não pode se  sobrepor em circunstâncias essenciais, que é a dignidade da pessoa humana. “Não é nenhum favor o que eu faço”, comenta ao retrucar que está cumprindo um fundamento da Constituição  nesse aspecto de aplicação da pena.     Há cerca de um ano e meio, o juiz mandou um ofício ao Conselho de Imigração do Ministério do Trabalho (CNIg) que define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil para que eles colocassem em discussão a necessidade de essas pessoas terem um visto provisório de trabalho, mesmo que diferenciado durante o tempo do processo. “Seria uma oportunidade para que esses presos pudessem ter um trabalho”, explica Mário Jambo, que ainda não recebeu do Ministério de Trabalho resposta definitiva à sua demanda.    O juiz da Segunda Vara Federal do RN acha um equívoco o entendimento da Justiça do Trabalho não dar o visto de trabalho aos condenados estrangeiros por considerá-los ilegais no Brasil. “Eu discordo completamente: a partir do momento que eles estão cumprindo uma ordem judicial, eles estão legais no país”, analisa. Há vários casos em que os chamados “mulas” que tiveram oportunidade de responderem o processo de liberdade e, quando soltos, tiveram dificuldade de sobreviver sem emprego.

NOVO JORNAL

Pleno emprego atrai mais estrangeiros

O número de carteiras de trabalho emitidas até agosto para estrangeiros em Maringá já é superior ao total dos 12 meses de 2013. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 402 documentos foram emitidos nos primeiros oito meses de 2014, ante 333 em todo o ano passado.

De acordo com o gerente regional do Trabalho e Emprego em Maringá, Paulo Pedrozo, o principal fator para a alta foi a abertura do País para haitianos – nacionalidade que lidera o ranking de pedidos. A imigração do Haiti se intensificou em 2010, quando um terremoto matou 300 mil pessoas e destruiu grande parte do país. Desde então, a emissão de carteiras para estrangeiros na cidade subiu 428%.

"Maringá é uma cidade que tem fama de gerar muito emprego. Por isso tem atraído esse público. A demanda está muito grande. Em geral, temos cada vez mais dificuldade em atender os estrangeiros, porque não temos profissionais suficientes", ressaltou Pedrozo.

A cientista social e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Marivânia Conceição de Araújo avalia como positivo o recebimento de estrangeiros no mercado de trabalho. "Em um primeiro momento, as pessoas podem ficar espantadas ou ameaçadas, por este contexto gerar uma disputa maior por vagas. Mas a tendência é que esse movimento gere crescimento para a cidade e ajude a fazer com que os maringaenses abram suas relações para o novo", avalia.
Oportunidade
Na Romagnole, fabricante de produtos elétricos com sede em Mandaguari (30 km de Maringá), a contratação de haitianos começou no ano passado. Segundo a gerente executiva de Gestão de Pessoas, Cristiane Zagui, atualmente 60 estrangeiros trabalham na fábrica.

"Estávamos passando por uma situação de alta demanda por mão de obra, e eles, em busca de oportunidades. São todos muito trabalhadores, empenhados, e têm vontade de ficar", avalia a gerente.

Gregory Jean, 25 anos, foi contratado em 2013. A qualidade de vida e a remuneração o motivaram a incentivar a vinda da esposa e de quatro primos. "Gosto muito do trabalho, é tudo muito seguro. Aqui tudo é melhor. O salário é melhor, a vida é melhor", diz Jean.
Intercâmbio
Há um ano, o atendimento em um restaurante de comida oriental de Maringá ganhou tempero lusitano. Foi quando a portuguesa Carolina Candeias Costa Silva, 27, teve a carteira de trabalho brasileira assinada pela primeira vez. Hoje ela é caixa no estabelecimento.

"Como já tinha experiência em atendimento, tive facilidade de aprender e ajustar meus conhecimentos – e a velocidade da minha fala – a uma cultura diferente", relatou a portuguesa, formada em Arqueologia.

A admissão de Carolina segue dinâmica diferente das contratações em massa feitas por grandes indústrias. Além da mão de obra, o principal aspecto considerado pelo sócio-proprietário do restaurante, Leonardo Almeida Gohara, foi a possibilidade de a presença da estrangeira promover o intercâmbio cultural entre a equipe e o público.

"Foi uma soma de fatores, como a responsabilidade, a atenção com os clientes, a facilidade de aprender as tarefas e a experiência de vida dela. Ter uma colaboradora estrangeira também é algo que desperta atenção dos clientes".


ODIARIO.COM

sábado, 23 de agosto de 2014

PF faz operação para fiscalizar trabalho irregular de estrangeiros



A Polícia Federal e o Ministério do Trabalho e Emprego fiscalizaram 18 estabelecimentos  comerciais na manhã deste sábado (23), em Armação dos Búzios, na Região dos Lagos, com o objetivo de coibir o trabalho irregular de estrangeiros. A ação surgiu após denúncia recebida pela Polícia Federal de que Búzios teria sido uma das cidades fluminenses que mais recebeu estrangeiros, principalmente sulamericanos, durante a Copa do Mundo, e que eles permaneceram trabalhando de maneira irregular.
Nove policiais federais e três fiscais do MTE fiscalizaram restaurantes, bares e hotéis. Um restaurante foi autuado e multado em R$ 2.843 por empregar estrangeiro sem visto de trabalho e um estrangeiro foi multado em R$ 165 por não possuir a documentação.


 G1

Chegada de imigrantes estrangeiros diminui em Criciúma

A chegada de imigrantes estrangeiros diminui na maior cidade do Sul do Estado. De acordo com a secretaria de Assistência Social de Criciúma, nesta semana, nenhum novo imigrante chegou no município. “Diminuiu. Cinco ganeses que já estavam no país vieram para a cidade buscar o registro. De outros países não houve nenhum registro”, destaca a secretária da pasta, Solange Barp.
Até então, não é possível precisar o número exato de imigrantes vivendo na cidade. Conforme Solange, há uma grande resistência por parte dos estrangeiros em fazer o cadastro com a Prefeitura Municipal. A estimativa da Assistência Social é de que pelo menos 500 imigrantes estrangeiros estejam em Criciúma e região. Grande parte deles já conseguiram regularizar a permanência no país junto ao Ministério do Trabalho e já foram empregados. A grande maioria se colocou em vagas disponível no ramo da alimentação e da construção. “São poucos os que ainda não estão trabalhando. As empresas estão procurando e nós os encaminhamos para a seleção”, explica Solange.
O recurso buscado por uma comitiva do município entre os dias 13 e 14 deste mês, em Brasília, para auxiliar os imigrantes que entraram no país com o pretexto de prestigiar a Copa do Mundo e acabaram se estabelecendo em algumas cidades do Brasil, como Criciúma, ainda não foi liberado. A expectativa é de que o subsídio seja encaminhado a partir de setembro. “Na sexta-feira passada, dia 18, veio uma equipe do setor social do Estado e do Governo Federal. Eles pediram um levantamento para abrir um acerto. Temos o pedido de 50 auxílios e eles abriram margem para 500 beneficiados”, esclarece Solange.
Na próxima semana, os 25 ganeses que residem em um porão, no bairro Pinheirinho, serão transferidos para o Lote 6, perto da Gruta de Criciúma (apenas referência) em duas casas providenciadas pelo município. “Tivemos uma semana calma. Deu para parar e pensar, fazer visitas e ver o que está faltando, como alimentação e material de limpeza”, completa a secretária.
No início do mês de agosto também foi observada a chegada de dez mulheres, vindas de Gana. A expectativa era de que esse número também aumentasse, mas não ocorreu. “Eu acredito que com o surto de Ebola (vírus que causou uma epidemia no continente africano com mais de mil mortes) o país de origem fechou as fronteiras e limitou a saída deles”, justifica Solange ao destacar que o momento, para o município, é de preparação para um possível novo pico de imigração na cidade. “Temos que aproveitar essa trégua para planejar e nos organizar sobre como agir em situações futuras”, conclui.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

“Ya nunca más esclavos, sino hermanos”, el Papa para la Jornada Mundial de la Paz

El Papa Francisco anuncia el tema del mensaje para la 48a Jornada Mundial de la Paz que se celebrará el uno de enero de 2015: “Ya nunca más esclavos, sino hermanos”. Con frecuencia se piensa que la esclavitud sea un hecho que pertenece al pasado. Sin embargo, esta plaga social se encuentra fuertemente presente también en el mundo de hoy. El Mensaje para el 1º de enero de 2014 estaba dedicado a la fraternidad: “La Fraternidad, fundamento y camino para la paz”. El ser todos hijos de Dios hace, en efecto, a los seres humanos, hermanos y hermanas con igual dignidad. La esclavitud hiere mortalmente dicha fraternidad universal y, por tanto, la paz. La paz, en efecto, tiene lugar cuando el ser humano reconoce, en el otro, un hermano que posee la misma dignidad. 
En el mundo contemporáneo, son múltiples los abominables rostros de la esclavitud: el tráfico de seres humanos, la trata de los migrantes y de la prostitución, el trabajo esclavo, la explotación del hombre por el hombre, así como la mentalidad esclavista respecto de las mujeres y los niños. Y sobre esta herida especulan vergonzosamente individuos y grupos aprovechando la situación causada por tantos conflictos en curso en el mundo, así como por el contexto de la crisis económica y de la corrupción. 
¡La esclavitud es una terrible laceración abierta en el cuerpo de la sociedad contemporánea, es una gravísima herida en la carne de Cristo! Para combatirla eficazmente, es necesario ante todo reconocer la inviolable dignidad de toda persona humana, además de mantener inamovible la refereiatncia a la fraternidad, que requiere la 
superación de la desigualdad, en base a la cual un ser humano puede hacer esclavo a otro, y el consiguiente compromiso de proximidad y gratuidad a favor de un camino de liberación e inclusión para todos. El objetivo es la construcción de una civilización fundada sobre la igual dignidad de todos los seres humanos, sin discriminación alguna. Para ello, es necesario también el compromiso de parte de los ámbitos de la información, de la educación, y de la cultura en favor de una sociedad renovada y configurada para la libertad, para la justicia y, por tanto, para la paz. La Jornada mundial de la Paz ha sido deseada por Pablo VI y es celebrada cada año el primero de enero. El Mensaje del Santo Padre es enviado a las Cancillerías de todo el mundo e indica además la línea diplomática de la Santa Sede para el año que comienza.

Radio Vaticano

Com uma bola no pé, solicitante de refúgio busca realizar seu sonho no Brasil

Como muitos rapazes da sua idade, o guineense Abdoulaye Kaba, de 16 anos, sonhava em ser um jogador de futebol. Mas ele não imaginava que realizaria esse sonho a mais de cinco mil quilômetros da sua terra natal. E logo no Brasil, o país que acabou de sediar a Copa do Mundo de 2014.
 Abdoulaye chegou ao Brasil sozinho, em 2012, quando tinha 14 anos de idade. Ele e sua família sofriam perseguições políticas após a prisão de seu pai. Como era o filho mais velho, as pressões sobre ele eram maiores e, por isso, um amigo da família resolveu ajudá-lo a deixar seu país. Seu pedido foi homologado em agosto pelo CONARE, e Abdoulaye passou a ser oficialmente refugiado no Brasil.
“Optei pelo Brasil porque aqui é o país do futebol. Em Guiné, eu já jogava bola e participava de campeonatos desde os sete anos de idade. Como fui forçado a deixar meu país, quis vir para um lugar que tivesse a ver com essa minha paixão pelo esporte”, explica Abdoulaye.
Depois de instalado no Rio de Janeiro, Abdoulaye voltou a estudar e a treinar futebol. Ele treina no projeto social Karanba (localizado em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio), que é coordenado pelo ex-jogador norueguês Tommy Nielsen.
“Sou fã do Seedorf, jogador que foi um grande ídolo do Botafogo. Espero um dia jogar como ele”, afirma o jovem refugiado, que chegou a realizar testes para entrar no time carioca. Botafoguense de coração, Abdoulaye sonha em defender a camisa do seu time um dia.
Abdoulaye já se considera adaptado à vida no Brasil, e até torceu pela seleção brasileira na Copa do Mundo. Como todo torcedor, ficou decepcionado com a performance da seleção, mas é só elogios com o Brasil. Em português quase perfeito, ele afirma que os brasileiros tratam muito bem os estrangeiros e que se sente acolhido aqui. Para ele, a maior dificuldade é a distância de sua família.
“A parte mais difícil de ser um refugiado é ficar longe dos meus pais e dos meus irmãos. Fora isso, a vida no Brasil é muito boa”, finaliza. 
 Beatriz Oliveira
 ACNUR


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Criação de lei de migrações é dívida histórica do Brasil

Dezenas de milhares de migrantes sul-americanos chegaram ao Brasil a partir dos anos 1990, de forma lenta e contínua. Ou talvez centenas, não se sabe bem. Deles ouvimos falar pouco e, em geral, pejorativamente. Por exemplo, quando dos incontáveis flagrantes de trabalho em condições análogas à escravidão. De regra, dos países mais pobres da América Latina não conhecemos mais do que os estereótipos de sua história, literatura, música ou gastronomia.
Com a crise econômica no Velho Continente, nos últimos anos cresceu igualmente a migração de europeus. Mas foi a recente chegada de alguns milhares de migrantes negros que levou a política migratória brasileira à pauta das grandes redações, quase sempre apresentando a migração como "problema" ou "crise" a solucionar.
“Fechar as fronteiras” para a imigração em um contexto de intensa mobilidade humana e enorme desigualdade entre os países não tem ajudado a diminuir as migrações, apenas tem ajudado a tornar os trabalhadores imigrantes mais vulneráveis à exploração e ao preconceito. Na Europa e nos Estados Unidos, a crueldade tem sido inversamente proporcional à dissuasão, como bem demonstram os naufrágios na costa italiana e as crianças da América Central que caminham a pé até a fronteira norte-americana. A boa notícia é que o ser humano, mesmo nas condições mais adversas, não desiste de tentar uma vida melhor. Os migrantes só deixarão de vir quando o Brasil deixar de ser uma potência emergente.
Assim, as migrações internacionais, outrora dirigidas ao Norte, hoje repartem-se quase igualmente entre Norte e Sul. Além disso, uma política migratória restritiva implicaria, no caso das porosas fronteiras do Brasil, um investimento descomunal no aparelho de segurança, em detrimento das políticas públicas que nos fazem tanta falta.
Por outro lado, desde que os haitianos chegaram às manchetes, diante da opinião pública a migração e o refúgio parecem ser a mesma coisa, embora nomeiem processos bem distintos. Enquanto o migrante se desloca por vontade própria, quase sempre em busca de trabalho e vida digna, o refugiado teme por sua integridade física e moral caso permaneça em seu país de origem. No entanto, como a lei vigente no Brasil não permite que os estrangeiros em busca de emprego – ou que trabalhem no mercado informal, como quase metade dos brasileiros – permaneçam regularmente no país, muitos deles são levados a solicitar refúgio apenas para ter algum documento (o protocolo do pedido), esperando conseguir um emprego até a esperada resposta negativa do Estado brasileiro.
Ocorre que nem um emprego aqui conquistado será garantia da regularização migratória, pois no Brasil, em relação ao estrangeiro, o Estado tudo pode. Para os imigrantes, a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) é bem mais do que uma lembrança. A eles se aplica o Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815), assinado pelo general João Figueiredo em 1980, cujas principais características são o alto grau de restrição e burocratização da regularização migratória, a discricionariedade absoluta do Estado, a restrição dos direitos políticos e da liberdade de expressão, além de explícita desigualdade em relação aos direitos humanos dos nacionais.
É verdade que, à margem da lei, ocorreram avanços no Brasil, e acomodações entre a lei e a realidade migratória foram produzidas. Sem a revogação do Estatuto do Estrangeiro, contudo, não há como evitar um serviço à la carte. É o caso das empresas que desejam trazer trabalhadores estrangeiros, para quem o governo tem facilitado a tramitação dos pedidos de autorização para trabalho. Promove, assim, a migração seletiva tão sonhada pelos setores que necessitam de "mão-de-obra qualificada". Detalhe: a ser descartada quando não mais for necessária.
Cabe, então, questionar: quem ganha com a dificuldade de regularização migratória, além dos coiotes? No terreno da mistificação, talvez haja sentido em tornar impossível ou sofrida e lenta a regularização migratória.
Há quem tema uma invasão estrangeira, embora, apesar do fluxo contínuo de migrantes nos últimos dez anos, em pleno 2014, as maiores estimativas da presença de estrangeiros no Brasil não ultrapassem o percentual de 0,5% da população, muito menos do que os cerca de 1% de brasileiros que teriam emigrado para o exterior. Há quem confunda estrangeiro e criminoso, embora não exista estudo sério que comprove maior criminalidade entre os estrangeiros, em lugar algum do mundo. Ademais, a lei penal é igual para todos, dela não escapando nem brasileiros, nem estrangeiros.
Num país pródigo em surtos de dengue e endemias diversas, outro mito é de que os estrangeiros nos trarão doenças. Há até quem fale como se os estranhos, sobretudo se forem pobres e pretos, nos fossem roubar o paraíso. Trocando o mito pela realidade, nós que vivemos num país marcadamente desigual, onde campeiam violência, machismo, racismo e homofobia, temos uma grata surpresa: apesar de tudo, há quem aqui veja esperança e oportunidade de trabalho.
Em contrapartida, há quem calcule dividendos políticos ao atender demandas de setores específicos; para não olvidar os que costumam explorar a vulnerabilidade adicional dos estigmatizados como “clandestinos”.
Nas diferentes esferas federativas, o Estado também padece com a falta de uma lei decente. Não há estatísticas confiáveis sobre migrações, pela óbvia razão de que a situação irregular convida à sombra. O custo político também é elevado para os governantes, obrigados a enfrentar os fluxos pontuais de migrantes sem o devido amparo legal, o que acarreta grande desgaste para todos os envolvidos, como foi o caso na chegada dos haitianos ou dos ganeses. Sem o intenso trabalho de entidades sociais, alguns desses fluxos pontuais se converteriam em verdadeiras crises humanitárias.
Por tudo isto, o Ministério da Justiça criou uma comissão de especialistas que, depois um ano de trabalho, e sobretudo de escuta das instituições públicas e das entidades sociais que se ocupam do tema das migrações no Brasil, apresentou um anteprojeto de lei de migrações.
A palavra estrangeiro é substituída por migrante. O ideário da segurança nacional dá lugar ao alinhamento da lei com a Constituição Federal de 1988 e os tratados internacionais de direitos humanos em vigor no Brasil. Uma autoridade migratória civil passa a se ocupar da regularização migratória, facilitada e desburocratizada, tornando possível que um migrante aqui permaneça regularmente por até um ano em busca de emprego. Os direitos entre nacionais e migrantes são equiparados, nos limites da Constituição.
Caso prospere, o anteprojeto honra uma dívida histórica do Brasil para com os migrantes que contribuíram, de modo decisivo, com seu desenvolvimento. Honra também a democracia, eliminando mais um entulho autoritário que parasita o presente e hipoteca o futuro do país.
Esperamos que, em breve, o Brasil se torne um exemplo de política migratória inclusiva, explorando todo o potencial da mobilidade humana internacional a seu favor. As migrações constituem um terreno privilegiado para que o Brasil se transforme num novo tipo de potência, abrangendo em suas políticas públicas os migrantes, e deles colhendo, mais do que seus impostos e sua força de trabalho, sua extraordinária riqueza cultural. A que sabemos discernir facilmente nos europeus pobres que aqui aportaram no passado, assim como nos ricos que hoje chegam, mas que nossos preconceitos, também importados, dificultam que a reconheçamos naqueles que mais se parecem conosco.
*Professoras da Universidade de São Paulo, integrantes do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais e da Comissão de Especialistas criada pelo Ministério da Justiça para elaborar o Anteprojeto de Lei de Migrações


Por Deisy Ventura e Rossana Rocha Reis

Minas lidera lista de trabalho escravo

O número de trabalhadores resgatados da condição de trabalho escravo ou degradante cresceu mais de 20% em 2013 em relação ao ano anterior no país. No primeiro semestre deste ano, o crescimento das ocorrências se manteve e 421 pessoas foram libertadas. Minas ocupa o primeiro lugar nesse ranking ruim: 91 pessoas em situação de escravidão. Praticamente 50% das ocorrências foram verificadas na construção civil e em áreas urbanas. Os dados divulgados ontem no lançamento da Campanha Estadual de Enfrentamento ao Trabalho Escravo ou Degradante, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), apontam para novas modalidades do crime, já que a escravidão está se moldando às exigências do mercado.

Com mercados competitivos, mais de 50% dos trabalhadores resgatados no Brasil estão nas cidades, onde estrangeiros como bolivianos, peruanos e haitianos também dividem com brasileiros as ocorrências. “O trabalho escravo, degradante, extenuante, exaustivo ou forçado se transforma de acordo com o mercado”, observa o desembargador Emerson José Lage, coordenador da campanha. Segundo o magistrado em Minas a situação é semelhante e o trabalho escravo ou degradante não está restrito ao campo mas avança em ritmo acelerado para as áreas urbanas.

A entrada de estrangeiros no Brasil, como os haitianos que chegam ao estado em busca de trabalho e renda, é uma razão a mais de alerta para os órgãos de fiscalização. “O trabalho escravo atinge segmentos de pequeno a grande porte e, no geral, capta trabalhadores vulneráveis, extremamente pobres, sem acesso a escola e a serviços básicos, inclusive a programas do governo. Eles começaram a trabalhar com pouco mais de 11 anos”, reforça Antônio Carlos de Mello, representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na unidade de combate ao trabalho escravo. Segundo o especialista, o Brasil vai continuar atraindo trabalhadores estrangeiros, mas ainda não tem definido como tratará a questão para evitar situações que ferem a lei. 

PREVENÇÃO 
A partir de, diversas ações de caráter preventivo vão acontecer em todas as regiões de Minas levando informação às instituições e às escolas para esclarecer e prevenir sobre o trabalho degradante que atinge crianças e adultos, brasileiros e estrangeiros. Emerson Lage reforça que as ações de fiscalização e autuações também integram a campanha. Segundo ele, o objetivo da rede de proteção que tem participação do Judiciário, governo federal, Ministério Público e instituições como a OIT, é reduzir o número de nomes nas listas que são crescentes no país. 

 Além de criar uma rede de prevenção, a ação estadual está apoiando a regulamentação da Emenda Constitucional 81/2014, que tem o objetivo de tornar o trabalho escravo ou degradante economicamente inviável, já que a medida prevê a expropriação de bem de quem pratica a fraude. No primeiro semestre, os resgates de trabalhadores em Minas resultaram de oito ações de fiscalização do Ministério Público do Trabalho. No Espírito Santo, segundo colocado no ranking, foram resgatados 86 trabalhadores em uma única ação. 
Também foi inaugurado em Minas o Comitê Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas com representantes da Justiça Federal, Estadual do Trabalho.

EM COM.BR

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Estrangeiros com residência permanente podem ter direito a votar e concorrer a vereador

Os estrangeiros com residência permanente no Brasil há mais de cinco anos poderão exercer o direito de voto e se candidatar ao cargo de vereador, caso seja aprovada proposta pronta para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Relatório da senador Lúcia Vânia (PSDB-GO) reúne o teor de três propostas de emenda à Constituição com temas correlatos: as PECs 14/2007, 88/2007 e 25/2012. A primeira proposta, do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), visa a garantir o direito de manifestação dos estrangeiros, já que o 
Brasil foi formado com a participação de imigrantes dos diversos continentes. Já a PEC 88, do ex-senador Sérgio Zambiasi, sugere reciprocidade na garantia de direitos políticos a estrangeiros com nações que asseguram o voto a brasileiros natos, como Nova Zelândia, Dinamarca, Holanda, Suécia, Finlândia, Bélgica, Chile, Venezuela, Colômbia, Paraguai e Uruguai.

A PEC 25, do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), garante uma série de direitos aos estrangeiros, entre os quais o direito ao voto àqueles com residência permanente no país.

Lúcia Vânia diz que o 
Estado brasileiro não pode permanecer indiferente à necessidade de dar voz e voto às grandes correntes migratórias que vêm viver sob sua jurisdição. Para ela, não é correto tornar os residentes “homens de segunda classe por não poderem influenciar as decisões de políticas públicas que lhes dizem respeito e não terem nenhum tipo de poder para assegurar a atenção do governo relativamente às suas reivindicações”.

Além da possibilidade de voto, a PEC estende aos estrangeiros direitos inerentes aos 
brasileiros, de igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e de inviolabilidade do direito à vida, à liberdade e à igualdade.

Lucia Vânia registra ainda que as alterações propostas não modificarão a disciplina constitucional relacionada ao preenchimento dos cargos públicos de relevo que a Constituição reserva, em defesa do interesse nacional, a brasileiros natos. Com isso, seguirão privativos de brasileiros natos os cargos de presidente da República e vice, dos ocupantes da ordem sucessória do Presidente – presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal -, assim como os de diplomata, oficial das Forças Armadas e ministro da Defesa.

Agencia Senado

Publicadas novas regras sobre permanência de estrangeiros no Brasil

Com a regulamentação brasileira, o estrangeiro tem garantido o direito de permanência e o recebimento de carteira de identidade
O Ministério da Justiça publicou no Diário Oficial da União desta terça-feira (19), portaria que dispõe sobre a desburocratização do procedimento de permanência definitiva de estrangeiros no Brasil. 
A publicação facilita o registro de estrangeiros com base nas modalidades de reunião familiar, prole, casamento e união estável, e de transformação em registro permanente previsto no Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul. O documento institui, ainda, um grupo de trabalho sobre processos de estrangeiros. 
Com a regulamentação brasileira, o estrangeiro incluído nas modalidades citadas anteriormente tem garantido o direito de permanência e o recebimento de carteira de identidade.
No caso da permanência do estrangeiro com base em reunião familiar, por exemplo, o estrangeiro precisa apresentar:
§  requerimento próprio;
§  cópia autenticada nítida e completa do passaporte;
§  atestado de antecedentes criminais expedido pelo país de origem, legalizado junto à repartição consular brasileira no país em que foi expedido e traduzido por tradutor público juramentado no Brasil, ou expedido por seção consular no Brasil;
§  prova do grau de parentesco entre o chamante e o chamado.
 
Já no caso de permanência do estrangeiro no Brasil com base em prole brasileira (filhos), além do requerimento e cópia autenticada de toda a documentação, o estrangeiro precisa apresentar uma declaração - com firma reconhecida- confirmando que a prole vive sob sua guarda e dependência econômica.
A decisão altera a portaria nº 1.351, de 8 de agosto de 2014 e entra em vigor no dia 1º de setembro de 2014.
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Portal Brasil