quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Imigração é a solução para a queda demográfica no Ocidente


O demógrafo norte-americano Carl Haub considera que a imigração é a melhor forma de combater a baixa natalidade nos países ocidentais, Portugal incluído, mas a falta de empregos anula essa solução.
«Sem empregos não há imigração», disse à agência Lusa o especialista, que se deslocou a Portugal pela primeira vez para participar no encontro “Presente no futuro – Os Portugueses em 2030”, que decorre em Lisboa, na sexta-feira e no sábado.
A situação portuguesa é idêntica à que se regista em quase toda a Europa e nos países desenvolvidos da Ásia, como o Japão, a Coreia do Sul, Singapura ou Taiwan.
Em Portugal a taxa de fertilidade actual é de 1,3 filhos por mulher, num continente onde a média é de 1,9. A Letónia apresenta o valor mais baixo (1,1), seguido da Hungria e da Bósnia-Herzegovina (1,2), de acordo com a tabela referente a este ano da instituição norte-americana Population Reference Bureau (PRB), onde Carl Haub, 67 anos, produziu em 1980 a base de dados da população mundial mais consultada, a World Population Data Sheet.
A taxa europeia mais alta ocorre na Irlanda (2,1), único país que apresenta o valor que os demógrafos consideram o mínimo para assegurar a manutenção da população na geração seguinte. A Islândia, a França e o Reino Unido são os países que se seguem, todos com uma taxa de dois filhos por mulher.
Em termos de comparação, em África a taxa média por mulher é de 4,7 filhos e o Níger detém mesmo recorde mundial: 7,1, ainda segundo a tabela do PRB.
O especialista diz que «não há uma causa específica» para a situação registada no Ocidente, mas antes um conjunto de circunstâncias.
Entre elas o desemprego, que torna imprevisível o futuro dos jovens e lhes faz adiar ou cancela definitivamente os planos para terem filhos.
Depois há a resposta que se deve colocar nos tempos actuais às novas gerações: «O que é importante na vida?». Na Alemanha a maioria das respostas é «viajar», afirma Carl Haub.
Adianta que a população germânica tem sido das mais apoiadas pelo estado, de modo a aumentar o número de filhos, mas mesmo assim não ultrapassou este ano a taxa de 1,4, apenas uma décima acima de Portugal. Também em França e na Suécia tem havido esse investimento, acrescenta.
Nos anos 1990, depois da queda do muro de Berlim, a Rússia, então a braços com uma taxa de fecundidade de apenas 1,1, decidiu pagar 9.000 dólares (quase 7.000 euros aos câmbios actuais) a cada mulher que tivesse o segundo filho.
A taxa subiu e hoje no país cada mulher tem, em média, 1,6 filhos, o valor mais alto da Europa de Leste.
Contudo, e de um modo geral, «as coisas estão a mudar devagar», porque «os governos não estão a prestar atenção suficiente ao assunto», que exige «políticas de longo prazo».
Mesmo que a tendência em Portugal se altere, como prevêem as projecções mais optimistas dos demógrafos para 2030, e suba para os 2,0, a diminuição do número de nascimentos vai continuar a diminuir porque manter-se-á a descida do número de mulheres em idade de ter filhos.
Carl Hub considera que a situação de austeridade e dificuldades económicas que país vive irá «agravar ainda mais» a baixa natalidade.
Uma das soluções, defende, é adiar a idade da reforma e usar o dinheiro que se poupa com isso no apoio às famílias para haver «mais gente jovem».
Lusa/SOL

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